sexta-feira, 24 de outubro de 2025

TEMOS O SUFICIENTE

 
Despertamos pela manhã, abrimos o computador, mergulhamos nas redes sociais e nos enchemos de tristeza.
Os amigos parecem donos do mundo, sorrisos e mais sorrisos como se nada de ruim lhes acontecesse. 
Postagens no jardim de casa, na piscina, na sala luxuosa.
Parece que não trabalham. 
Vivem em férias. 
Fotos na praia, na neve, em meio a uma paisagem paradisíaca. 
Todos lindos, sarados, fazendo ioga, pilates. 
Descobrimos que as redes sociais nos forçam a colocar o foco naquilo que falta em nossas vidas. 
Como os comerciais de TV, desejam nos convencer de que somente seremos felizes se adquirirmos o carro do ano, o apartamento em condomínio de luxo, o celular que acabou de chegar ao mercado. 
Isso nos recorda algo que aconteceu ao médium mineiro Francisco Cândido Xavier quando um amigo da capital o visitou em Uberaba. 
Enquanto tomavam o café em canecas comuns, o visitante falou a Chico tudo quanto conquistara nos últimos cinquenta anos.
Tinha apartamentos em mais de uma zona praieira, uma conta polpuda, investimentos de variada ordem. 
Tinha centenas de ternos de grife e sapatos caríssimos, carros, barcos. 
No entanto, Chico continuava do mesmo jeito. 
Uma casa simples, as roupas de sempre. Tudo isso foi penetrando a alma do mineiro. 
O amigo foi embora e Chico se permitiu visitar a praia da depressão. 
Logo estava com os pés na água, adentrando o mar... 
O discurso do amigo lhe fervilhava no cérebro: ele não tinha nada. 
Nem se casara, nem tinha filhos, netos. 
CHICO XAVIER E EMMANUEL
Então, o benfeitor espiritual lhe apareceu, indagando das razões de tanta tristeza. 
Depois de ouvir todas as queixas e a relação enorme de tudo que Chico não tinha, falou: 
-Chico, você só tem um corpo. Você veste uma roupa de cada vez, você não precisa ter centenas de ternos. Para que você quer muitos pares de sapatos? Você só tem dois pés. Você não é uma centopeia. 
Finalmente, quando o médium disse que nem se casara, não tinha filhos, não teria netos, recebeu o esclarecimento: 
-Chico, você se casou. Casou comigo, com o compromisso. Não pode reclamar de não ter filhos. Os livros que juntos escrevemos são nossos filhos. E se os filhos são nossos livros, as suas traduções são nossos netos. 
Chico foi saindo de seu estado de tristeza para se dar conta do quanto tinha, do quanto estava legando para a Humanidade.
Mesmo quando ele se fosse, ficaria seu patrimônio inestimável, que nem requisitava inventário. 
Já havia sido ofertado para o mundo: os livros de sua produção mediúnica. 
Cabe nos perguntarmos: 
-Em nossa vida, o que é essencial? De que mais precisamos além do que temos: comida, água, agasalho, abrigo?
Lembremos: em qualquer ponto da jornada em que nos encontremos, a aceitação e a gratidão para tudo quanto usufruímos é o maior passo na direção da almejada felicidade. Temos muitas vontades e muitos desejos. 
Em verdade, a lista infinita de desejos não será capaz de trazer a felicidade se não pudermos reconhecer, com gratidão, que temos o suficiente. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo O que é essencial, de Paula Abreu, da revista Vida Simples, novembro/2016, nº 177, ed. Caras e no curta As coisas que Chico Xavier não tinha, de Raul Teixeira, disponível no @canalfep 
Em 24.10.2025

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