sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

É TEMPO, É HORA!

Helena Kolody
Se tens um elogio a proferir, 
É tempo agora. 
Não aguardes que o vento da morte
Desvaneça da areia da vida 
O nome que o merece. 
Se há um agravo pungente a perdoar, 
É tempo, é hora. 
O mais fundo rancor não resiste 
A um apelo de braços abertos. 
* * * 
O poema de Helena Kolody nos faz lembrar do tempo de agora. 
E se pensarmos bem, é o único que temos sob nosso controle. 
Assim, o convite é que deixemos brotar os bons sentimentos quando eles surgirem. 
Não os escondamos, não os deixemos abafar em meio a tantas interferências de nosso íntimo e do mundo. 
Quem sabe, numa palavra amiga, num elogio sincero, está a força que o outro precisa para se reerguer, para voltar a crer em si mesmo e seguir adiante sem medo. 
Quem elogia não se faz menor do que o elogiado.
Muitas vezes o orgulho predominante em nós freia tais expressões espontâneas em nome de uma falsa autopreservação. 
Tolo orgulho. 
Quem elogia, humildemente reconhece a grandeza fora de si e aprende com ela. 
Esse mesmo orgulho também nos impede, quase sempre, de perdoar ou mesmo pedir perdão. 
E como é importante o processo de romper com o ódio, de seguir adiante. 
Não se trata necessariamente de esquecer, pois em muitos casos a memória não esquecerá. 
Trata-se de um acordo íntimo de abdicar do mal da vingança e dos pensamentos negativos. 
Seguir a vida carregando rancor é seguir mais pesado, carregando um peso que não nos pertence. 
Por isso, é tempo, é hora. 
Não deixemos para amanhã. 
Se precisarmos pedir perdão, juntemos as forças, oremos e vençamos essa barreira interior. 
Não importa o retorno do outro lado. Se seremos ou não bem recepcionados, se seremos ouvidos. 
Não coloquemos expectativas no outro. 
A vitória estará em nosso próprio movimento, na nossa iniciativa, naquilo que tivemos que deixar para trás para estarmos ali, abandonando qualquer vaidade, arrogância, para formularmos o pedido de perdão. 
É tempo agora. 
Não deixemos para amanhã. 
Não deixemos para depois a melhor oportunidade. 
Não aguardemos que o vento da morte desvaneça da areia da vida o nome que o merece... 
Nunca estivemos tão vivos, tão prontos para agir, para decidir, como hoje. 
* * * 
Nem cedo, nem tarde. 
O presente é hoje. 
O passado está no arquivo. 
O futuro é uma indagação. 
O próprio Mestre Jesus, percebendo essa característica humana de não viver em seu próprio tempo, alertou: 
-Não vos inquieteis pelo dia de amanhã, pois o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. 
São alertas para que vivamos o dia de hoje. 
Para que estejamos mais presentes em nossos atos e decisões, evitando a escravidão a certos automatismos do mundo atual. 
Quem vive demais no passado ou no futuro cria um presente inquieto e automatizado. 
Percebamos isso. 
Um presente em que não se tem mais tempo para nada. 
Por que será? 
Por que estamos tão repletos de compromissos que nos impedem de desfrutar a verdadeira vida? 
Do que andamos fugindo? 
Pensemos sobre isso. 
Lembremos: é tempo agora. 
É tempo, é hora. 
Redação do Momento Espírita, com base no poema Agora, de Helena Kolody, do livro Infinita sinfonia, ed. Insight e no cap. Agora, não depois, do livro Hora certa, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. GEEM. 
Em 28.2.2025

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

A MELHOR OPÇÃO

Em uma conhecida passagem do Evangelho, Jesus foi recebido por uma mulher, chamada Marta, em sua casa. 
Ela possuía uma irmã, chamada Maria, que se assentou aos pés de Jesus para lhe ouvir as palavras. 
Enquanto isso, Marta se desdobrava nas lides domésticas. Descontente com a situação, pediu que o Mestre dissesse à irmã para ajudá-la. 
Este, porém, lhe respondeu que ela se ocupava de muitas coisas, quando apenas uma era necessária. 
Afirmou que Maria escolhera a melhor parte, a qual não lhe seria tirada. 
* * * 
Perante as exigências do mundo, é interessante ter esta lição em mente. 
Para não desperdiçar a vida em quimeras, convém ter uma clara noção do que é realmente importante. 
Todos os homens são seres espirituais vivendo momentaneamente na carne. 
Sua morada natural é no plano espiritual. 
As experiências encarnatórias se sucedem ao longo dos milênios, a fim de que o aprendizado ocorra. 
À custa de suas experiências e méritos, gradualmente, cada Espírito avança em intelecto e em moralidade. 
Entretanto, nessa vasta caminhada vários erros são cometidos. 
A Lei Divina jamais pode ser burlada e rege o mundo com base em justiça e em misericórdia. 
É imperioso que todo mal feito seja reparado. 
Mas a forma como a reparação ocorre depende da disposição do aprendiz da vida. 
Mediante o serviço ativo no bem, ele pode anular os efeitos do mal que semeou no pretérito. 
Mas, se não amar e servir o suficiente, pode apenas colher os efeitos do infortúnio. 
Trata-se de uma escolha pessoal e intransferível. 
Equívocos do pretérito muitas vezes se resolvem na feição de dolorosas enfermidades. 
Ao renascer, o Espírito traz em si as matrizes de doenças que lhe possibilitarão o necessário resgate. 
Contudo, essas doenças podem ou não eclodir. 
Mesmo quando eclodem, sua gravidade ou mesmo sua cura depende da vida que a pessoa escolheu levar. 
Se ela optou por viver de modo digno e bondoso, talvez a doença programada jamais se instaure. 
Afinal, o amor a cobrir a multidão de pecados representa umas das facetas da misericórdia divina. 
Assim, reflita sobre a sua vida. 
Pense nas oportunidades que se apresentam em seu caminho. 
Você está escolhendo a melhor parte? 
Ou está cuidando apenas de ser mais rico e importante do que os outros? 
Gasta seu tempo em causas nobres, ampara os caídos, educa os ignorantes? 
Ou apenas cuida de muito descansar? 
Se você fosse um anjo, por suas opções anteriores, não mais viveria na Terra. 
Assim, em seu passado certamente há muitos equívocos que clamam por correção. 
Procure escolher a melhor parte, pois ela não lhe será tirada. 
Amar e servir são uma opção muito melhor do que padecer. 
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 14.5.2019.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

NOSSA DUALIDADE

A psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross, visitando o campo de concentração Majdanek, na Polônia, ficou horrorizada ao lembrar que ali mais de trezentas mil pessoas haviam morrido. 
Fora uma verdadeira usina de morte de Adolf Hitler. 
Enquanto percorria os alojamentos sinistros, questionou como era possível tamanha crueldade. 
Era-lhe difícil compreender como seres humanos podem agir de forma tão criminosa com relação a outros seres humanos, em especial a crianças inocentes. 
Seus pensamentos foram interrompidos por uma voz calma e segura de uma jovem: 
-Se você tivesse sido criada na Alemanha nazista, também seria capaz de fazer isso. 
Elizabeth reagiu dizendo que fora criada por uma boa família e era uma pacifista. 
No entanto, antes de deixar a Polônia, ela haveria de passar por momentos perigosos e afligentes. 
Caminhando por uma estrada de cascalho, suava de febre. 
Seu objetivo era retornar à Suíça. 
Sentia-se fraca. 
A fome a dominava. 
Então, ela pareceu vislumbrar a figura de uma menina em uma bicicleta, comendo um sanduíche. 
E confessa: 
-Por um instante considerei a possibilidade de roubar aquele sanduíche arrancando-o da mão da criança. 
Nesse impasse, ela revive, em sua mente, as palavras da jovem:
-Cuidado, há um Hitler dentro de nós! 
Ela se assusta, se controla. 
Logo mais, seria encontrada por uma mulher, conduzida a um hospital e atendida. 
Mas, esse fato a levaria a escrever, anos mais tarde: 
"Cada um de nós tem dentro de si um Gandhi e um Hitler. O Gandhi corresponde ao que há de melhor em nós, nosso lado capaz de maior compaixão, enquanto o Hitler corresponde aos nossos aspectos negativos e mesquinhos."
Nosso desafio é desenvolver o que há de melhor em nós e nos outros.
Aprender as lições de curar nosso Espírito – nossa alma – e de trazer à tona a pessoa que realmente somos. 
Gandhi foi muito mais do que um líder político do século XX. 
Foi um ícone da não violência. 
Sua maneira de agir ultrapassou fronteiras e continentes, inspirando milhões de pessoas ao redor do mundo. 
Ele declarou que era incapaz de odiar. 
Através de uma disciplina baseada na oração, procurava amar a todos. 
A sua era a filosofia da não violência. 
Outros líderes, em seus próprios países, se inspiraram nele para lutar pela justiça social e pelos direitos civis. 
Tudo isso nos afirma que podemos superar a fera que, eventualmente, resida em nós. 
Podemos domá-la, dominando nossas más paixões. 
Quando optarmos pela lei de amor, tão profundamente ensinada pelo Mestre de Nazaré, abandonaremos as lutas contra nossos irmãos. 
A guerra será banida da Terra, quando entendermos que somos uma única família, num imenso lar, chamado Terra. 
E tudo que nos compete é nos darmos as mãos, aprendendo a lição do mútuo apoio, para que com rapidez implantemos o reino de paz, de igualdade, que todos desejamos. 
Afinal, nosso destino final é a perfeição. 
Por que não a aceleramos? 
Então, depois de uma vida plena de bons exemplos, poderemos deixar esta Terra para dançar em todas as galáxias, como Espíritos libertos. 
Seres imortais que instalamos em nós o reino de Deus. 
Redação do Momento Espírita, a partir do artigo Vou dançar em todas as galáxias, de Adilton Pugliese, da revista Reformador, de setembro/2024, ed. FEB. 
Em 26.02.2025

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

O MELHOR MOMENTO

Se alguém lhe perguntasse, de todos os momentos da sua vida, qual o mais importante, o que você responderia? 
O momento do seu nascimento? 
A sua infância? 
A sua juventude? 
O dia em que seu filho nasceu? 
O dia da sua formatura? 
Com certeza, cada um de nós elegeria um melhor momento. 
E, contudo, o melhor momento para todos nós é o momento presente.
É aquele que estamos vivendo. 
Vejamos. 
O passado já passou e nos deve ter servido de experiência positiva. 
O futuro ainda está para vir. 
Portanto, o melhor momento é o presente. 
É aquele que estamos usufruindo. 
Por isso mesmo é que o Mestre de todos nós asseverou que a cada dia bastam as suas próprias preocupações, convidando-nos a viver com intensidade o dia presente. 
Quantos de nós aproveitamos o momento presente? 
Aproveitar no sentido de usufruir dele toda a experiência, o prazer que ele pode nos ofertar. 
Vejamos: quem de nós toma o café da manhã pensando no café da manhã? 
Normalmente, estamos nos servindo do café e pensando no dia de trabalho que nos aguarda. 
Por vezes, assistimos a TV ou lemos o jornal, enquanto o café vai sendo simplesmente engolido. 
Nem desfrutamos do sabor do pão, do suco, do leite, da fruta.
Precisamos fazer várias coisas ao mesmo tempo, porque não temos tempo para tudo. 
Quem de nós come uma maçã, pensando na maçã, sentindo todo seu sabor? 
Quem de nós saberia dizer quantos cheiros têm uma maçã?
Possivelmente a criança que ainda vive essa fase de apreciar cada coisa à sua vez, nos falaria do cheiro da maçã verde, da maçã madura, da maçã podre. 
Pensando neste momento importante, que é o presente que estamos vivendo, estabeleçamos um roteiro de vida padrão ideal para nós.
Reservemos um pequeno espaço de tempo entre os nossos tantos afazeres para a beleza. 
Despertemos cedo, a fim de acompanhar o nascer do dia, embriagando-nos com a luz. 
Caminhemos por um bosque, um jardim, uma alameda, silenciosamente, por alguns minutos, aspirando o ar da natureza. Permitamos que o leve ar da manhã nos penetre profundamente os pulmões. 
Sintamos como ele nos beneficia. 
Contemplemos uma noite estrelada e nos perguntemos quantos olhos nos espiam, dessa imensidão. 
Contemplemos uma rosa, em pleno desabrochar, pétala a pétala.
Sintamos o seu perfume se espalhando no ar. 
Detenhamo-nos por um instante ao lado de uma criança, descobrindo-lhe o sorriso e a inocência. 
Conversemos com um ancião tranquilo. 
Enfim, abramo-nos à beleza que existe em tudo e nos adornemos com ela. 
* * * 
Estamos mergulhados no amor de Deus. 
Jamais nos esqueçamos disto. 
Deus está em nós e ao nosso redor. 
Busquemos descobri-lO e nos deixemos conduzir por Ele, com sabedoria. 
Somos herdeiros do Universo. 
Permitamos que o amor de nosso Pai nos comande a vontade e os passos, facultando-nos crescer com menor dose de sofrimento.
Plenificados em Deus, vivamos o momento presente com toda a exuberância, retirando dele o melhor para as nossas próprias vidas. 
Redação do Momento Espírita, com pensamentos dos caps. LXXI e CXVII, do livro Vida feliz, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. 
Em 06.01.2012.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

TODOS TEMOS JEITO

A juíza Mindy Glazer e um réu de nome Arthur Booth tiveram um encontro inusitado em um tribunal há cerca de dez anos. 
O vídeo, que ficou bastante conhecido nas redes sociais, mostra o momento em que o réu, condenado por assalto a dez anos de prisão, já em trajes penitenciários, recebe a condenação em frente à juíza.
Antes de sentenciá-lo ela pergunta: 
-Você cursou o Ensino Médio na Nautilus? 
Imediatamente Arthur desaba e começa a chorar. 
Ambos haviam se reconhecido. 
Haviam sido colegas de escola. 
Ele se desespera, caindo em si, percebendo onde sua vida o havia levado. 
Não podia acreditar. 
A juíza, claramente sensibilizada, olha para todos ao redor e diz: 
-Ele era um garoto excelente. Era um dos melhores jovens no Ensino Médio. Eu costumava jogar futebol com ele e vejam o que aconteceu.
O homem estava transtornado. 
O remorso chegava com todo seu peso. 
Ainda, na despedida, ela pôde lhe dizer: 
-Senhor Booth, espero que o senhor possa mudar a sua vida. 
Para quem assiste ao vídeo, a história acaba ali, mostrando como duas pessoas podem tomar caminhos tão distintos. 
No entanto, ela segue adiante e fica mais bonita. 
Arthur não precisou cumprir os dez anos de reclusão. 
Foi liberado antes por bom comportamento. 
No dia de sua saída da prisão, além da família para recebê-lo, teve uma grande surpresa. 
A juíza Mindy Glazer estava lá aguardando a sua saída e os dois se abraçaram. 
Entre lágrimas e sorrisos ela lhe diz: 
-Você vai mudar sua vida e vai fazer algo bom por alguém, prometa-me. 
Arthur mudou de vida e sempre diz que a juíza foi uma grande inspiração para ele. 
Ele se tornou gerente de uma empresa farmacêutica no Estado da Flórida e vive bem. 
Arthur conta sua história para inspirar outros jovens para não se envolverem com drogas e com o mundo do crime. 
* * * 
Todos temos jeito. 
Jamais nos deixemos abater por pensamentos derrotistas como: 
-Esse aí não tem mais jeito. Fulano se perdeu e não tem mais salvação nesta vida. 
Ainda nesta existência há como mudar os caminhos e retomar o rumo. 
Talvez não consigamos consertar tudo, voltar a como as coisas eram antes dos grandes equívocos. 
Mas podemos mudar algumas rotas e tentar novos começos.
Mesmo depois de velhos, ainda temos jeito. 
Sempre podemos mudar, aprender algo novo, reinventar a vida.
Perdoar. Perdoarmo-nos. 
Pedir perdão a alguém e nos oferecermos para ajudar de alguma maneira. 
Podemos ter quebrado algumas louças em pedacinhos e dizer: 
-Não há mais como juntar, não sabemos nem onde estão os pedaços.
E mesmo que conseguíssemos, elas nunca ficariam como antes.
Talvez não possamos consertar o quebrado, mas temos chance de aprender a arte da cerâmica e construir novas obras. 
Para as leis divinas isso também significa consertar, refazer caminhos, reajustar-se. 
Nunca pensemos que é tarde demais. 
Não nos deixemos abater pelo pessimismo que teima em nos incutir pensamentos como: 
-O mundo não tem jeito, a Humanidade não tem jeito.
Todos temos algum jeito. 
Agora ou depois. 
Todos podemos nos consertar. 
Redação do Momento Espírita 
Em 24.02.2025

domingo, 23 de fevereiro de 2025

O MELHOR MÉTODO DE ENSINO

Em determinado programa televisivo, assistimos a um depoimento inédito.
O entrevistado é diretor de um colégio do nosso país e fez questão de detalhar o seu empreendimento, incentivado pela apresentadora.
Expôs a sua maneira de dirigir a escola e como isso está modificando o comportamento de professores e alunos. 
Com naturalidade, explicou que está convicto de que o exemplo sempre foi e continua sendo o melhor método de ensino. 
Relatou que, ao chegar ao colégio, percebeu que os professores faziam suas refeições em local diverso dos alunos. 
Também que os banheiros eram diferenciados. 
Para demonstrar que todos têm os mesmos direitos, embora tendo deveres distintos, colocou em prática sua maneira de educar.
Começou por entrar na fila dos alunos na hora da refeição e participar com eles da mesma mesa. 
Em poucos dias os demais professores aderiram à mesma prática, criando um clima de maior aproximação entre os alunos e o corpo docente. 
Ao utilizar o mesmo banheiro dos alunos percebeu a falta de cuidados, os papéis jogados pelo chão. 
Começou por explicar que aquele colégio era de todos, dele inclusive, e que não gostaria de vê-lo sujo, depredado, feio. 
Após uma limpeza geral, realizada por todos, o asseio, a boa apresentação foram mantidos. 
A aproximação descontraída, os diálogos informais direcionados e os exemplos praticados, acabaram por aproximar, solidarizar e produzir crescimento em todos os sentidos. 
Pais, professores, direção e alunos se uniram e os resultados estão sendo os melhores possíveis, concluiu, entusiasmado, o professor. 
* * * 
Ser professor é assumir grande missão na vida. 
A missão de estimular a consciência crítica dos alunos por meio de atividades participativas para que se sintam aptos ao exercício da cidadania. 
Exemplificar cooperação, participação, efetuar trocas constantes de conhecimentos, demonstrar respeito ao próximo, conduz à autovalorização e consequente transformação do ser humano. 
A instrução atua de fora para dentro, mas a educação age em sentido contrário, pois consiste em trazermos para fora as potencialidades inerentes a cada ser humano. 
Da mesma forma que a planta necessita de estímulos exteriores para desabrochar e dar frutos, o ser humano precisa de incentivos e exemplos para exteriorizar sua luz interior. 
Jesus conclamou: 
-Brilhe a vossa luz!-deixando claro que temos luz em nós. 
Somente a educação despertará o desejo de brilhar. 
O cultivo da inteligência e o aperfeiçoamento do campo íntimo mostrarão saber e virtude, o que não se consegue somente com a instrução. 
Ao se mover a vontade sem constrangimento, pode-se tocar o coração, permitindo que a luz interior brilhe. 
Importante que todos nos sintamos parte da sociedade a que pertencemos. 
A educação é o despertar da divindade da alma, num processo autônomo, livre, que se dá principalmente ao contato do amor do educador. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 28.02.2018.

sábado, 22 de fevereiro de 2025

AS DORES DO VIVER

Quem passou pela vida em branca nuvem. 
E em plácido repouso adormeceu, 
Quem não sentiu o frio da desgraça, 
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem, e não homem, 
Só passou pela vida, não viveu. 
 * 
O poeta expressou em poucos versos a grande verdade: a vida não é indolor. 
Podemos olhar para quem tenha muito dinheiro, fama, sucesso e pensar que tudo lhe sorri. 
No entanto, desconhecemos seus problemas íntimos, perdas que tenha sofrido, as lutas para alcançar o patamar em que se encontra e ali se manter. 
As horas de ensaio, a superação de dores físicas ou morais para não cancelar o próximo show. 
Sorrisos no palco, dança, canções. 
Mas, quando todos se vão, quando acaba a apresentação, quando cessam os aplausos, o que resta? 
Recordamos de um orador que, certa feita, nos disse que depois da ovação na oratória, dos tantos autógrafos nos seus livros, quando ele voltava para sua casa, fechada a porta, estava sozinho. 
Ele não tinha ninguém. 
Ninguém com quem compartilhar o café, o lanche, as impressões de tudo que sentira e vivera naquelas horas. 
Não tinha quem lhe pudesse preparar um chá, pôr a mesa, dirigir-lhe uma palavra. 
Por vezes, nós nos dizemos cansados da família. 
São tantas tarefas, problemas e ruídos quando desejaríamos ter um pouco de sossego. 
Contudo, alguém enfrenta a quietude de um apartamento a sós. 
Seus amores se foram. 
E somente a sombra do silêncio lhe recebe os lamentos da alma, e enxerga as lágrimas que verte. 
Viver é um desafio constante: lidar com o inesperado desagradável, o sonho desfeito ou nunca concretizado. 
Algumas dores são tão profundas que, como disse alguém, nem as quatrocentas mil palavras da língua portuguesa conseguem expressar.
Mas, afinal, para que serve a dor? 
Escreveu um filósofo poeta: para polir a pedra, esculpir o mármore, fundir o vidro, martelar o ferro. 
Serve para edificar o templo magnífico, onde se combinam todas as artes para exprimirem o divino. 
A dor é um meio de que usa o poder infinito para nos chamar a si e, ao mesmo tempo, tornar-nos mais rapidamente acessíveis à felicidade espiritual, única duradoura. 
É o processo pelo qual passa o bloco grosseiro que, para mostrar a perfeição da estátua que oculta em seu interior, sofre os golpes duros do cinzel do escultor ou o vagaroso e persistente trabalho do buril.
Um amigo nos confidenciou que observara que, quando estava passando por sérios problemas, sofrendo duras provações, produzia textos mais belos e profundos. 
O homem precisa do sofrimento como o fruto da vinha precisa do lagar para que se possa extrair o suco precioso. 
Para que triunfe o espírito, rebentando em sublimidade, para que o poeta ache os acentos imortais, o músico os suaves acordes, o coração precisa do aguilhão do luto e das lágrimas, da ingratidão, das traições da amizade, das angústias. 
A dor é uma bênção, diz um benfeitor espiritual, que Deus envia aos Seus eleitos. 
Então, não a procuremos, mas, quando ela se apresentar, tiremos dela todo o proveito que pode nos oferecer ao Espírito e ao coração.
Redação do Momento Espírita, com transcrição dos versos do poema Ilusões da vida, de Francisco Otaviano e com base na parte 3, cap. XXVI e XXVII do livro O problema do ser, do destino e da dor, de Léon Denis, ed. FEB. 
Em 22.02.2025

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

AINDA CUIDO DAS TUAS FLORES

Ainda cuido, sim, das tuas flores. 
Ainda visito a casa de vidro, com o horto lá erguido. 
Não tenho teu jeito. 
Os dedos finos, os dedos verdes, eram apenas teus. 
Assim, nada está como antes. 
Os antúrios, sempre corados, empalideceram. 
As begônias sentem falta das conversas da tarde. 
As gérberas andam distraídas, sempre olhando longe, para onde tu não estás. 
E a orquídea negra, bem, a orquídea negra não floresce mais... 
Há duas semanas mudou de canteiro.
Acho que foi florir mais perto de ti. 
Ainda cuido, sim, das tuas flores. 
Do que restou, delas e de mim. 
Do que restou do tempo entre nós dois. 
Da rega e da poda, da tulipa e do jasmim. 
O filho doutor, carinhoso, receitou: banho de mar e de jardim! 
No entanto, havemos de convir: 
Saudade não tem cura. Saudade não tem fim. 
* * * 
Depois que partiram do círculo carnal, aqueles a quem amas, tens a impressão de que a vida perdeu a sua finalidade. 
As horas ficam vazias, enquanto uma angústia que te dilacera e uma surda desesperação que te suga as energias se fazem a constante dos teus momentos de demorada agonia.
Temes não suportar tão cruel sentimento. 
Conseguirás, porém, superá-lo. 
Muito justas tuas saudades e sofrimentos. 
Não, porém, a ponto de levar-te ao desequilíbrio, à morte da esperança, à revolta. 
Os seres a quem amas e que morreram, não se consumiram na voragem do aniquilamento. 
Eles sobreviveram. 
A vida seria um engano, se fosse destruída pelo sopro da morte que passa. 
A vida se manifesta, se desenvolve em infinitos matizes e incontáveis expressões. 
A forma se modifica e se estrutura, se agrega e se decompõe, passando de uma para outra expressão vibratória, sem que a energia que a vitaliza dependa das circunstâncias transitórias em que se exterioriza. 
Não estão portanto, mortos, no sentido de destruídos, os que transitaram ao teu lado e se transferiram de domicílio. 
Prosseguem vivendo aqueles a quem amas. 
Aguarda um pouco, enquanto orando, a prece te luarize a alma e os envolvas no rumo por onde seguem. 
Esforça-te por encontrar a resignação. 
O amor vence, quando verdadeiro, qualquer distância e é ponte entre abismos, encurtando caminhos. 
Da mesma forma que anseias por tornar a senti-los, a falar-lhes, a ouvi-los, eles também o desejam. 
Necessitam, porém, evoluir, quanto tu próprio. 
Libertando-os, eles prosseguirão contigo, preparar-te-ão o reencontro, aguardar-te-ão... 
* * * 
Cada Espírito é um plano minucioso de evolução do Pai Maior. 
Cada um de nós é uma individualidade. 
Haverá momentos em que estaremos mais ou menos próximos daqueles que amamos, como já acontece na própria existência carnal.
Os filhos crescem, vão morar fora de casa; viajam para cursos no Exterior. 
Irmãos queridos, pelas necessidades do trabalho, mudam-se para outras cidades. 
Não os temos mais ao alcance do abraço diário, mas não é por isso que deixaram de existir e também que o amor deixou de resplandecer. 
Assim, assimilemos esta verdade gradualmente: quando falarmos de morte, não pensemos em termos de adeus, mas sim de até logo mais.
Redação do Momento Espírita, com base no poema Glashaus, do livro Há verso em tudo, ed. Immortality Books; e no cap. 56, do livro Sementes de vida eterna, por Espíritos Diversos, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 21.02.2025

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

ONDE ESTÁ O CÉU?

O pai voltou do funeral. 
Por trás da porta, seu filho de sete anos, olhos arregalados, amuleto dourado pendurado no pescoço, mergulhado em pensamentos difíceis demais para sua idade. 
O pai pegou-o nos braços e o menino perguntou: 
-“Onde está a mamãe?”
-"No céu”, respondeu o pai, apontando para o azul imenso. 
O menino ergueu os olhos e se quedou a contemplar o céu infinito.
Sua mente confusa lançou um brado na noite: 
-“Onde está o céu?”
Não ouviu resposta. 
E as estrelas pareciam lágrimas ardentes daquela escuridão taciturna.
* * * 
O relato sensível do Nobel de Literatura de 1913, Rabindranath Tagore, nos convida a importantes reflexões. 
Ao nos depararmos com o fenômeno da morte em nosso mundo, inevitável também tenhamos que aprender a lidar com a ideia de perda, de falta, de ausência. 
Como consolar um pequeno que acabou de enfrentar a desencarnação de um pai, de uma mãe? 
Que explicações são suficientes? 
O que poderia acalentar tão ingênuo coração? 
Curioso é que alguns de nós, mesmo depois de adultos, sofremos tanto quanto crianças, nessas mesmas circunstâncias. 
Dizer adeus para um pai, para uma mãe, aqueles que foram nossos primeiros laços no mundo, parece algo grande demais para lidar. 
Se há amor, haverá lágrimas. 
Não tenhamos receio de sofrer. 
Sofrer nos faz grandes, sofrer faz parte da construção do amor maior em nós. 
Não tenhamos vergonha da própria dor, não guardemos o choro no escondido da alma, pois lá ele vira vulcão adormecido que uma hora entra em erupção. 
Sentimentos bons precisam ser vividos em exuberância. 
Se a saudade quer chorar, quer se manifestar com lembranças felizes, com gratidão, deixemos que ela verta abundantemente. 
No entanto, fiquemos atentos, pois nossos sentimentos ainda são, por vezes, imaturos, egoístas e presos a armadilhas perigosas. 
Fiquemos atentos ao desespero, quando a dor ultrapassar os limites da saudade e virar desesperança. 
Esse é o momento de dizermos a nós mesmos: já é o suficiente. 
Esse é o momento de pensarmos sobre outro fator que envolve o fenômeno da morte: ela é uma passagem, não um fim. 
Nossos amores continuam existindo da mesma forma que existiam antes. 
Ninguém se acaba. 
A morte é o final de uma etapa, quando deixamos aqui a veste corporal, utilizada durante um tempo e retornamos à pátria universal.
E aqui não se trata de força de expressão. 
Não se trata do céu dos antigos, que ninguém sabia onde estava.
Aprendemos dos benfeitores espirituais que no instante da morte a alma retorna ao mundo dos Espíritos de onde havia se afastado momentaneamente. 
Pensemos: onde é nosso verdadeiro lar, do qual nos afastamos temporariamente e ao qual temos que voltar? 
Como isso muda nossa perspectiva sobre as coisas. 
Por fim, o mais belo de tudo: se continuamos existindo, se uns retornamos à pátria espiritual antes do que outros, é mais do que natural que também venha a ocorrer em seu devido tempo o reencontro. 
Se há amor, haverá sempre reencontro. 
Redação do Momento Espírita, com base em trecho da parte 2, cap. XXI, do livro O fugitivo, de Rabindranath Tagore, ed. Macmillan Company e na parte II, cap. III, questão 149 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 20.02.2025

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

QUANDO ELA SE APROXIMA

Acontece, por vezes. 
Chega-nos a notícia de alguém próximo que sofreu um acidente e partiu. 
De outras, a surpresa ante a informação de que nosso companheiro de trabalho, saudável, ao lado do qual desenvolvemos tarefas nobres, teve um infarto ou um Acidente Vascular Cerebral e se foi. 
Ou apenas o amigo de uma amiga que deixou as paisagens terrenas para adentrar a pátria que deixara, há pouco tempo. 
A tristeza nos toma, mesmo que por breves momentos. 
Afinal, temos a certeza da vida que não se finda, da realidade espiritual que nunca morre, após o primeiro sopro da Criação divina.
O Espírito é imortal. 
Nosso pensamento voa até aquele que se foi, assim, surpreendendo-nos, rogando para que seja bem acolhido na Espiritualidade. 
Quiçá, possa ter, ao lado de seu anjo de guarda que o receberá, familiares e amigos que haviam partido antes. 
Pensamos que poderá ficar feliz por rever afetos que o haviam deixado há algum tempo. 
Pensamos tantas coisas: em visitar os familiares, em ir abraçá-los nesse transe de separação, que sempre fere a alma; em enviar mensagem de apoio; oferecer o ombro para o desaguar das lágrimas... 
De uma forma bem especial, não deixamos de questionar a nós mesmos: 
-E se fosse eu quem estivesse partindo agora? Estaria preparado para enfrentar o além da tumba, valoroso e tranquilo? Teria preocupações inúmeras a me tomar a mente, a me perturbar a partida? Desejaria ter dito muito mais eu te amo, eu te perdoo, eu te desculpo? Ou quem sabe: Você pode me perdoar? Pode me desculpar? Como me defrontaria com a própria consciência? Teria muitas coisas das quais me envergonhar? Poderia contemplar meu anjo de guarda sem corar as faces do Espírito que nada ocultam? 
São reflexões que nos assaltam. 
Momentos que nos fazem rever a própria vida, as atitudes.
Momentos que nos exigem rever a lista dos afazeres, e voltar a catalogá-los como imediatos, a curto ou médio prazo. 
Rever a lista para constatar o que estamos deixando para depois e depois... que poderá não chegar. 
São reflexões que nos remetem a entusiasmo redobrado na tarefa a que nos dedicamos. 
Também a retomar um ideal acalentado há anos e que, por algum motivo, colocamos para debaixo da pilha das nossas intenções.
Pensemos a respeito. 
O que há de mais fatal para todos nós é o instante da morte. 
Hoje, amanhã ou mais tarde, a indesejada das gentes chegará e nos dirá: 
-Vem comigo. 
Que estejamos preparados. 
Que possamos partir com a certeza de que fizemos tudo que nos era possível: instruímo-nos, educamos nossos filhos, realizamos muito bem aquilo a que nos dedicamos, profissionalmente ou em voluntariado. 
Também com a certeza de que deixamos pegadas luminosas que alguém poderá seguir: um exemplo de virtude, um exemplo de dedicação, uma semeadura de amizades e amores. 
A vida é maravilhosa e nos é dada para grandes coisas. 
Aproveitemos o dia que amanhece, as horas mornas da tarde ou as do anoitecer que já nos abraçou. 
Vivamos bem. 
Cresçamos. Amemos. 
Um dia, partiremos daqui. 
Que estejamos bem nesse dia, despedindo-nos em paz... 
Redação do Momento Espírita 
Em 19.02.2025

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

DOIS PESOS

CHICO XAVIER
Coisa estranha! O meu defeito. 
Em mim é coisinha à toa, 
Mas toma a forma de crime 
Se o vejo noutra pessoa.
A pequena trova revela uma prática de muitos de nós, a de apontarmos, escandalizados, os defeitos dos outros. 
Apontamos e apontamos, quando não em palavras, julgando pelo pensamento. 
Já paramos para pensar por que temos esse comportamento? 
Por que nos escandalizamos com isso ou aquilo? 
Por que certas coisas nos incomodam tanto? 
Será que somos os grandes defensores da verdade, dos valores e dos bons costumes? 
Ou haverá, em nós, algo mais que não estamos percebendo?
Consideremos que, em grande parte das vezes, existem atitudes e reações nossas, que nos passam despercebidas. 
Em verdade, para não precisarmos lidar com algumas questões internas, preferimos apontá-las nos outros. 
É uma forma de transferência. 
Por falta de autoconhecimento, ao invés de enxergarmos os nossos vícios, encarando-os de frente, acabamos descobrindo-os numa espécie de espelho: o outro. 
Somos muito parecidos moralmente. 
Muitos estamos aqui para cuidar de áreas semelhantes da alma, trabalhar questões comuns do caráter que precisam de reforma urgente. 
O espelho do outro nos mostra aquilo que deveríamos ver em nós mesmos. 
Isso nos incomoda de uma forma indescritível, gerando a crítica mordaz, gerando a condenação, o comentário menos feliz. 
Curioso como não existe fórmula para fugir de nós mesmos e de nossa realidade. 
E como é fundamental e urgente a jornada do autodescobrimento.
Uma vez percebendo quem somos, onde estamos, com o que precisamos lidar, podemos, inicialmente, acolher a nós mesmos, validando tudo isso, sem qualquer mecanismo de negação. 
Não se trata de passar a mão na própria cabeça ou vitimizar-se. De forma alguma. 
Trata-se de uma postura de autocompaixão na qual nos permitimos ser quem somos e nos amarmos por isso. 
Trata-se de uma visão madura de quem se vê como está e se prepara para ser como estará mais adiante, entendendo-se como ser em evolução. 
Olharmo-nos e dizer: 
-Isso é o que construí até hoje. 
Muitas lacunas a serem preenchidas? 
Desequilíbrios em diversas áreas? 
Com certeza, sim. 
Porém, também muitas conquistas, pontos fortes a serem considerados, potencialidades e virtudes em andamento.
Autodescobrir-se é perceber-se como um ser em formação, fortalecido por tudo aquilo que já está alcançado e sem vergonha do que ainda não está pronto. 
Uma das consequências imediatas quando iniciamos a trilhar o caminho do autoconhecimento é julgar menos, é notar menos o cisco no olho do outro. 
Cuidaremos então da nossa administração, sem querer ditar regras para a vida alheia ou mesmo mostrar ao outro o quão equivocado ele está. 
Percebamos que práticas como essas satisfazem mais os vícios do nosso ego do que desenvolvem os gérmens da caridade adormecida na intimidade do ser. 
Cuidemos dos nossos defeitos, sem nos preocuparmos com os do outro. 
Já teremos realizado um substancial trabalho a bem do mundo que desejamos melhor. 
Muito melhor. 
Redação do Momento Espírita, com citação do poema Dois pesos, o livro Chão de flores, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. 
Em 18.02.2025

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

A MELHOR IDADE DO AMOR

Sábado, dez horas e vinte e um minutos. 
Chuva insistente de outono. 
Um casal adentra a uma panificadora para tomar café:
- Dois cafés com leite e três pães de queijo, por favor. 
Ela parece um pouco agitada. 
Não tira os olhos dele. 
Ele parece tranquilo, dessas pessoas que já conseguem viver num tempo um pouco mais lento do que o do relógio. 
A diferença de idade é gritante. 
Não mais de quarenta, ela. 
Próximo aos oitenta, ele. 
Ele olha para fora pela janela entreaberta. 
Ela sorri, carinhosa. 
-Todos os seus filhos nasceram aqui nesta cidade? 
Ele pensa um pouco... 
- Sim, todas elas... Três filhas. 
-E você? Onde nasceu? – Volta a inquirir a mulher. 
-Eu não sou daqui. Nasci no Interior... longe da cidade. 
-E o que você lembra de lá? 
-Ah... Muitas coisas... – Responde ele, com leve sorriso. 
Então, silencia. 
Parece fazer algum esforço para recordar de algo especial, mas logo desiste. 
Volta a olhar para fora, procurando a chuva fina. 
-Sabe... Acho que tive uma vida feliz... 
Ela permanece interessada. 
Um interesse de primeiro encontro. 
Observa os cabelos brancos dele, a tez um pouco castigada, os olhos azuis. 
Respira fundo. 
Alguém poderia dizer que é o respirar de quem está apaixonado.
-Você só casou uma vez? – Pergunta ela, com certo embaraço na voz.
-Sim. Tereza. Mãe de minhas meninas. Que Deus a tenha. 
Ela fica um pouco emocionada e constrangida, repentinamente.
Esboça um sorriso para disfarçar. 
Olha para a mesa. 
Ainda resta um pão. 
-Pode comer. Já estou satisfeita. 
-Almoçamos juntos amanhã? – Pergunta ele, ansioso por ouvir um sim. 
-Sim... Claro que sim. É dia de almoçarmos juntos. Você sabe que gosto muito de estar com você, de ouvir suas histórias... 
-Estou um pouco esquecido hoje, eu acho. Contei pouco... 
-Não tem problema. – Diz ela, carinhosa. - Tem dias que a gente está com a memória mais fraca mesmo. 
-Doutor Maurício disse que é importante ficar puxando as coisas da memória sempre. Ele diz que é como um exercício físico que fazemos para não “enferrujar”. – Conclui ele. 
-É verdade... – Ela suspira. – Precisamos cuidar da memória...
Novamente um longo silêncio entre os dois. 
Ele volta a vislumbrar o exterior, contemplativo. 
Ela nota seu rosto em detalhes, ternamente. 
Fecha os olhos, por um instante, como se fizesse uma breve oração, uma rogativa sincera a uma Força Maior. 
Volta a abri-los, vagarosamente, e então pergunta: 
-Pai... Pai... Posso pedir a conta? 
Ele acena positivamente. 
A conta chega. 
Ela se levanta primeiro, vai em direção a ele, envolve-o num abraço e o ajuda a levantar. 
Aquela era a rotina de todo sábado, às dez horas e vinte e um minutos, nos últimos dez meses. 
* * * 
Foram nossos genitores que nos proporcionaram um corpo, abençoado instrumento de trabalho para o nosso progresso, bem como um lar. 
Pensando em tudo isso, louve aos seus pais. 
Cuide deles, agora quando estão velhos, alquebrados, frágeis ou doentes. 
Faça o possível para não os atirar nos tristes quartinhos dos fundos da casa, aonde ninguém vai. 
Não se furte à alegria de apresentá-los aos seus amigos e às suas visitas. 
Ouça o que eles tenham a dizer. 
Quando estejam em condições para isso, leve-os para as refeições à mesa com você. 
Retribua, assim, uma parcela pequena do muito recebido por seus genitores anos atrás. 
Redação do Momento Espírita com pensamentos finais do cap. 7, do livro Ações corajosas para viver em paz, pelo Espírito Benedita da Silva, psicografia de José Raul Teixeira, ed. Fráter. Disponível no CD Momento Espírita, v. 19, ed. FEP. 
Em 12.8.2017.

domingo, 16 de fevereiro de 2025

A MELHOR IDADE

Qual será a melhor idade para o ser humano? 
É comum se denominar melhor idade a que está acima dos cinquenta e oito anos. 
Pessoas mais maduras costumam brincar, indagando: 
-Melhor idade para quê? Para morrer, para ficar doente, ficar sozinho, para cair? 
E por aí vão, desfiando o rosário do que acreditam acompanhe aqueles que se encontram beirando a casa dos sessenta anos para mais. 
Se perguntarmos, no entanto, às pessoas, qual consideram ser a melhor idade, as respostas variam ao infinito. 
Vejamos que, quando somos crianças, de um modo geral, ficamos ansiosos para crescer, ter mais anos somados à nossa idade porque isso significa maior independência. 
Afinal, os irmãos mais velhos têm liberdade para fazer uma série de coisas que nos são interditadas. 
Com dez anos, poderemos andar no banco da frente do carro.
Com doze anos, teremos liberdade para assistir certos filmes.
Quando estamos na adolescência, desejamos galgar os degraus da juventude com presteza. 
Afinal, a juventude é o momento glorioso para os desafios serem vencidos, um a um: a faculdade, as viagens internacionais, a possibilidade de um emprego. 
Em alguns momentos, ansiamos pela madureza porque olhamos aqueles que já concluíram os estudos universitários e estão triunfando em suas profissões. 
Olhamos para os que têm certa estabilidade financeira e os invejamos. 
Os que já constituíram a família e desfrutam da alegria da maternidade e da paternidade. 
Ah, quando chegarmos lá! 
É bem natural, também, que, em certas fases mais duras da vida ou de muitas cobranças e deveres, olhemos para os anos passados e expressemos: 
-Eu era feliz e não sabia. Que saudades da minha infância: sem maiores compromissos, sem ter tanta conta para pagar, sem ter que levantar tão cedo, todos os dias, para atender a agenda lotada. 
Ou nos recordamos da juventude e lamentamos o tempo passado. Como era boa a juventude. 
Saíamos para dançar à noite e, no dia seguinte, aguentávamos o trabalho, sem maiores problemas.
Viajávamos nos finais de semana, para a praia, jogávamos futebol e, na segunda-feira, lá estávamos nós, no batente.
Somos assim mesmo: ora olhando para a frente, vivendo a ansiedade dos dias futuros. 
Ora contemplando o passado, que nos parece mais feliz do que quando por ele transitamos. 
Então, qual será a melhor idade: a infância, a adolescência, a juventude, a madureza, a velhice? 
* * * 
Acreditemos: a melhor idade é sempre aquela que estamos vivendo, com sabedoria, desfrutando minuto a minuto, dia a dia. 
Cada fase tem seu encanto. 
A infância é o período dos folguedos, das brincadeiras despreocupadas, do amanhã risonho e pleno de fantasias. 
A adolescência é o período das descobertas, das paixões que explodem pela manhã e morrem com o entardecer. 
A juventude é o período das conquistas, as surpresas com o curso escolhido, o diploma conquistado arduamente, a carreira que se inicia, a constituição de um novo lar. 
Na madureza, a carreira exitosa, os filhos crescidos, novos horizontes que se abrem. 
E a velhice é a idade de gozar o aconchego dos netinhos, de realizar as viagens sonhadas em tantos dias, planejar ainda e sempre o amanhã. 
Portanto, a melhor idade é aquela em que nos encontramos por ser a única sobre a qual podemos agir. 
Por isso, vivamos intensamente o dia de hoje, com a nossa melhor idade. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 31, ed. FEP. 
Em 22.03.2017.

sábado, 15 de fevereiro de 2025

AS MELHORES COISAS

A gentil senhora caminhava a passos lentos na beira do mar. Seus pensamentos bailavam apressados em várias direções: os filhos, os netos, as recordações do passado, saudades tantas. 
Correu as mãos pelos cabelos cobertos pela neve do tempo e também pelas marcas profundas de seu rosto, que registravam todos os anos que haviam ficado para trás.
Todavia, havia marcas também em seu coração. 
A sensação era de que lhe faltava algo. 
Em meio a tantos pensamentos, ela nem havia percebido que a abóbada celeste tornara-se negra, salpicada do cintilar misterioso das estrelas. 
Cansada, sentou-se para contemplar o grande espetáculo que se apresentava à frente: no horizonte, o mar encontrava o céu, revelando a perfeita harmonia existente em toda a Criação. 
De repente, notou que, muito longe, uma estrela cadente riscava o firmamento, tornando o espetáculo ainda mais belo.
Ela se lembrou dos dizeres de sua avó, que recomendava fazer um pedido quando se presenciasse uma estrela cadente. 
Sem titubear, em seu foro íntimo buscou inspiração para realizar um pedido. 
Pensando em seus filhos, percebeu que todos, cada qual à sua maneira, estavam realizados e bem sucedidos nas suas vidas. 
Seus netos, igualmente, eram crianças saudáveis e felizes.
Seu casamento, embora fosse viúva há muitos anos, havia sido muito próspero, baseado no respeito mútuo e no companheirismo inabalável. 
A sua saúde, mesmo apresentando certa fragilidade trazida pelos anos, ia muito bem, possibilitando que ela tivesse dias afortunados e uma excelente qualidade de vida. 
Recorrendo mais uma vez à sua memória, lembrou-se de vários momentos de amargura pelos quais passou, ao longo dos seus quase oitenta anos. 
Por outro lado, percebeu que os havia superado, aprendido com eles, se tornado mais experiente e que muitos deles a haviam transformado numa pessoa melhor e mais forte.
Dessa forma, decidiu não realizar nenhum pedido. 
Respirando fundo e sentindo a brisa benfazeja do mar, apenas agradeceu. 
E a sensação de que algo lhe faltava desapareceu, pois ela percebeu que não era feita daquilo que lhe faltava e, sim, daquilo que já possuía. 
* * * 
Muitas vezes, no curso de nossas vidas, passamos largo tempo devotados àquilo que não temos, que nos esquecemos de valorizar o que já conquistamos. 
As mídias, de forma geral, nos impõem tantos padrões sociais e de beleza que quase não mais nos reconhecemos em função do que somos e sim em função do que temos. 
Por isso, no meio de tantos desejos e sonhos de conquista, lembremo-nos de agradecer ao Criador pela família, pelos amigos, pelo trabalho, pelos momentos felizes e, até mesmo, pelos de dificuldades, os quais contribuem, de forma expressiva, para nosso desenvolvimento intelecto-moral. 
Em nossas rogativas, não mais peçamos a Deus as melhores coisas do mundo, pois percebemos que as melhores coisas da vida Ele já nos concedeu. 
As melhores, pois são as mais necessárias para nosso progresso. 
Pensemos nisso hoje e sempre! 
Redação do Momento Espírita. 
Em 18.9.2013.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

A CRÍTICA

Convidada a fazer uma conferência a respeito da crítica, ela compareceu ante o auditório superlotado, carregando pequeno fardo. 
Após cumprimentar os presentes, retirou os livros e a jarra de água de sobre a mesa, deixando somente a toalha branca. 
Em silêncio, acendeu lâmpada potente, enfeitou a mesa com dezenas de pérolas que trouxera no embrulho e com várias dúzias de flores frescas e perfumadas.
Ante o público que lhe acompanhava todos os gestos, ansioso por lhe ouvir a palavra, com cuidado apanhou na sacola diversos enfeites de expressiva beleza, e os enfileirou com graça. 
Tomou de um exemplar do Novo Testamento em rica capa dourada e o colocou ao centro da mesa. 
Finalizando a arrumação, diante do assombro de todos, depositou em meio aos demais objetos pequenina lagartixa, num frasco de vidro. 
Só então se dirigiu ao público, perguntando: 
-O que é que os senhores estão vendo? 
Muitas vozes se ergueram, desejosos quase todos de dizer o que viam sobre a toalha branca: 
-Um bicho! Um lagarto horrível! Uma larva! Um pequeno monstro! 
Esgotados breves momentos, nos quais a convidada permitiu que a plateia se manifestasse, livremente, dizendo do que estava vendo, ela considerou: 
-Assim é o espírito da crítica destrutiva, meus amigos! Nenhum dos senhores mencionou a brancura e delicadeza da toalha de seda que recobre a mesa. Não viram as flores, não elogiaram a sua beleza, nem sentiram o seu perfume. Não perceberam as pérolas, nem os tantos objetos que espalhei, alternando tamanhos e cores. Não atentaram para o Novo Testamento. Muito menos para a luz faiscante que acendi no início. Mas não passou despercebida, aos olhos da maioria, a diminuta lagartixa, dentro de um vidro. Sorridente, concluiu sua exposição esclarecendo: Nada mais tenho a dizer...
Levantou-se e se retirou do ambiente. 
* * * 
Quantas vezes temos sido cegos para as coisas e situações valorosas da vida. 
Acostumados a ver somente os fatos que evidenciam o lado ruim da sociedade humana, volvemos o olhar para os detritos morais das criaturas. 
Assim, criticamos a mídia por enfatizar as misérias humanas, os desvalores, as fofocas e as intrigas. 
Mas, em verdade, isso tudo só vem a lume, ganha espaço nas manchetes, nas redes sociais porque nós apreciamos. 
Porque buscamos esses conteúdos e até deixamos nossos likes, depois da leitura ou da visualização. 
Sem falar que nos tornamos os divulgadores porque compartilhamos com amigos, conhecidos, parentes próximos e distantes, alimentando nossos grupos de contatos. 
É imperioso atentarmos para os nossos valores ou desvalores, antes de levantarmos a voz para criticar a sociedade e os meios de comunicação em geral. 
É relevante descobrirmos os divulgadores de coisas edificantes e nos candidatarmos a engrossar essas fileiras.
Com esse procedimento, exaltando o bem, em detrimento do mal, evidenciando a paz em vez da guerra, com a elevação do perfume sobre os odores fétidos, estaremos colaborando, de maneira efetiva, para a melhoria deste mundo em que nos encontramos. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 7, do livro Bem-aventurados os simples, pelo Espírito Valerium, psicografia de Waldo Vieira, ed. FEB. 
Em 14.02.2025.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

UM HOMEM DE DECISÃO!

WALT ELIAS DISNEY
Em 5 de dezembro de 1901, na cidade de Chicago, nascia o gênio do desenho animado, Walter Elias Disney, quarto filho de uma família pobre. 
Walt Disney, como é conhecido, foi um homem que acreditou em seus sonhos e fez de tudo para realizá-los. 
Decisão, vontade, persistência e muita criatividade eram as virtudes mais marcantes desse homem que construiu um império, tendo como capital inicial apenas o seu talento artístico. 
Seu lema era: 
Se nós podemos sonhar, nós podemos fazer.
Quem não conhece muitos de seus sonhos que viraram realidade e encantam adultos e crianças, como o personagem Mickey Mouse e a Disneylândia, o primeiro parque temático do mundo? 
Ele nunca desanimou. 
Sua primeira criação foi o coelho Oswald. 
Um desentendimento com seu distribuidor ocasionou a perda dos seus direitos sobre esse personagem. 
Ele partiu para uma nova criação. 
Nasceu o ícone que se tornou o mais famoso rato do mundo. Walt Disney não pretendia sensibilizar somente os corações infantis, conforme ele mesmo afirmou: 
-Não faço filmes especialmente dedicados às crianças. Chamemos a criança de inocência. Mesmo o pior de nós não é desprovido de inocência, ainda que ela esteja profundamente enterrada. Em minha obra, tento alcançar e falar a essa inocência. 
Ele não se deixou levar pelas circunstâncias desfavoráveis que o rondavam. 
Um dia, resolveu segurar o leme de sua própria embarcação. Eis o que ele escreveu: 
-Depois de muito esperar, num dia como outro qualquer, decidi triunfar... Decidi não esperar as oportunidades e sim, eu mesmo buscá-las. Decidi ver cada problema como uma oportunidade de encontrar uma solução. Decidi ver cada deserto como uma possibilidade de encontrar um oásis. Decidi ver cada noite como um mistério a resolver. Decidi ver cada dia como uma nova oportunidade de ser feliz. Nesse dia descobri que meu único rival não era mais que minhas próprias limitações e que enfrentá-las era a única e melhor forma de superá-las. Nesse dia, descobri que eu não era o melhor e que talvez eu nunca tivesse sido. Deixei de me importar com quem ganha ou perde. Agora me importa simplesmente saber melhor o que fazer. Aprendi que o difícil não é chegar lá em cima, e sim deixar de subir. Aprendi que o melhor triunfo é poder chamar alguém de "amigo". Descobri que o amor é mais que um simples estado de enamoramento. "O amor é uma filosofia de vida.” Nesse dia, deixei de ser um reflexo dos meus escassos triunfos passados e passei a ser uma tênue luz no presente. Aprendi que de nada serve ser luz se não iluminar o caminho dos demais. Nesse dia, aprendi que os sonhos existem para se tornarem realidade. E desde esse dia já não durmo para descansar... Simplesmente durmo para sonhar.
* * * 
Certamente, um homem de decisão. 
Um exemplo de perseverança e força de vontade. 
E nós, já resolvemos tomar o leme da nossa embarcação?
Caso ainda não tenhamos feito isso, hoje é o dia mais adequado, perfeito para isso. 
Afinal, se nós podemos sonhar, nós podemos fazer.
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com transcrição de texto atribuído a Walt Disney. 
Em 12.02.2025

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

O MELHOR DOS LUGARES

Conta a tradição persa que uma caravana viajava há dias pelo deserto. 
Já não havia uma gota d’água para aplacar a sede. 
De repente, os caravaneiros encontraram um poço. 
Fizeram descer por ele uma vasilha, mas a corda arrebentou.
Com a segunda e a terceira, aconteceu o mesmo. 
Decidiram, então, que um dos viajantes desceria amarrado a uma corda. 
Ele também não voltou. 
Desceu o segundo e esse também não voltou. 
Foi quando um sábio, que viajava com eles, se ofereceu para descer.
Assim foi feito. 
Ao chegar ao fundo do poço, ele encontrou um monstro horripilante que se achava o guardião do poço. 
Ele disse ao sábio: 
-Agora você também é meu prisioneiro e só terá sua vida poupada se der a resposta certa à minha pergunta. 
-Pois pergunte, disse o sábio. 
E o monstro questionou: 
-De todos os lugares do mundo, qual é o melhor? 
Diante da pergunta, o sábio pensou que estava cativo e impotente nas mãos do monstro. 
Se dissesse que o melhor lugar seria a sua própria terra, estaria desprezando a morada do monstro. 
Por fim, respondeu: 
-O melhor lugar do mundo é aquele onde se tem amigo íntimo, ainda que esse lugar seja o fundo da Terra. 
-Bravo! - Exclamou o monstro._ Você é um verdadeiro homem e sua sabedoria salvou a sua vida e a de seus amigos.
* * * 
O melhor dos lugares é onde se tem um amigo. 
Amigo sincero, devotado. 
Aquele que, no dizer do Mestre de Nazaré, dá a sua vida pela do seu amigo. 
Amigo é alguém que nos fala, olhando nos olhos e diz o que precisamos ouvir. 
Contudo, embora diga verdades e nos aponte erros, não nos destrói com sua fala ou com sua argumentação. 
Dosa as palavras, utilizando-as na medida certa e como se ofertasse uma pedra preciosa, coloca-a em um estojo aveludado, a fim de que não nos fira a sensibilidade. 
Quando nos aponta defeitos, não tem como intuito nos destruir, senão auxiliar o amadurecimento de nós mesmos.
Por isso, não nos repreende publicamente, nem expõe nossas mazelas, que conhece intimamente. 
Amigo é aquele que está conosco, não para matar o tempo, mas sim para viver em abundância horas de felicidade. 
É alguém que assiste um filme, lê um livro e enriquecendo-se com eles, os recomenda, sem, contudo, nos retirar o prazer de os conhecer por nós mesmos. 
Amigo é alguém que, quando distante, parece continuar presente. 
Sua voz, sua ternura, seus atos são acionados pela nossa memória, a cada vez que a saudade deseja fazer morada n´alma. 
Para essa criatura, devemos dar o melhor de nós próprios. 
Ele deve receber nossa atenção, nossa afeição, nossa lealdade. 
Se ventos borrascosos tentarem empanar o brilho do sentimento que nos une, não esqueçamos dos dias felizes, das horas amargas juntos vividas. 
Recordemos de quantas vezes a amizade dele nos socorreu, nos preencheu o vazio. 
Lembremos de quantas vezes compartilhamos desejos, ideais, esperanças, sem palavras. 
 Lembremos... Lembremos... 
* * * 
Cultiva a amizade, preserva os amigos nos dias felizes.
Quando chegarem as horas de solidão e sentires ausência de afagos, sempre encontrarás nas amizades sólidas o preenchimento das tuas necessidades. 
Redação do Momento Espírita, com base em conto persa, de autoria ignorada. 
Em 22.05.20