quarta-feira, 31 de maio de 2023

JUNTOS

 Jack Canfield, Mark Victor Hansen
Bob era um veterano da guerra do Vietnã. 
E na guerra deixou suas duas pernas, à conta da explosão de uma mina.
Foi recebido em seu país, como herói. 
Mas, verdadeiramente herói ele demonstrou ser, vinte anos depois de seu retorno. 
Isso porque o verdadeiro heroísmo brota do coração.
Era o ano de 1985 e ele trabalhava em sua garagem, num dia quente de verão. De repente, a tranquilidade das horas foi rompida pelos gritos de uma mulher. Bob verificou que os gritos vinham da casa vizinha e, com rapidez, moveu sua cadeira de rodas naquela direção. Entretanto, a vegetação densa que ali existia, não permitia o acesso da cadeira. Os gritos continuavam, desesperadores e ele não teve dúvidas. Jogou-se ao chão e foi se arrastando, entre os arbustos. Quando chegou à casa ao lado, percebeu que os gritos vinham da piscina. Era a mãe de uma criança de apenas três anos que assim se expressava, quase em histeria. A criança caíra na piscina. Era uma garotinha com deficiência física: nascera sem os braços. Não tinha como nadar. Bob mergulhou até o fundo e trouxe a pequena Stephanie de volta. Ela não tinha pulso, o rosto estava azulado. Não respirava. Ele praticamente ordenou à mãe que chamasse os bombeiros, enquanto iniciou manobras de ressuscitação na criança. Quando a mãe retornou, ainda aflita, informou que os paramédicos iriam demorar um pouco, pois se encontravam em outro atendimento. Ela chorava, sem saber o que fazer. Mas Bob foi quem a sossegou. 
-Não se preocupe. Eu fui os braços dela para sair da piscina. Agora sou os seus pulmões. Não se preocupe. Juntos, vamos conseguir. 
Alguns segundos mais e a menininha tossiu, recobrou a consciência e começou a chorar. Mãe e filha se abraçaram. 
-Como você sabia que tudo ia dar certo? 
Perguntou depois, ao veterano de guerra, a vizinha agradecida. 
-Minha senhora, quando a mina explodiu, arrancando-me as pernas, eu estava sozinho num campo. Não havia ninguém para ajudar. Apenas uma menininha vietnamita. Enquanto eu lutava, me arrastando, para chegar ao seu vilarejo, ela ficava repetindo, num inglês atravessado: "Está tudo bem. Você vai viver. Eu ser suas pernas. Juntos nós conseguir." Bem, eu consegui com a ajuda da garotinha. Agora, foi a minha oportunidade de retribuir o favor. E fico feliz por isso. É uma forma de dizer a Deus que agradeço por estar vivo. 
* * * 
Quase sempre colocamos limites para nossas atuações no bem.
Pensamos muito antes de agir. 
O que faz que, por vezes, o socorro chegue atrasado. 
Dizemos que não temos dinheiro para ajudar a quem precisa, que não temos tempo, que não sabemos o que fazer. 
Pensemos um pouco: quem realmente se importa com o outro e quer, age.
Com o que tem, como pode, onde possa. 
Mesmo porque, por vezes, somos a única opção de auxílio a alguém.
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Juntos nós vamos conseguir, de Dan Clark, do livro Histórias para aquecer o coração das mulheres, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Jennifer Read Hawthorne e Marci Shimoff, ed. Sextante. 
Em 19.1.2021

terça-feira, 30 de maio de 2023

A RIQUEZA DA DIVERSIDADE

É natural que a vida nos oportunize o encontro de pessoas muito diferentes de nós. 
Somos reflexos de nossa história de vida, do meio cultural em que crescemos, da educação que recebemos. 
Cada qual se apresenta como resultado de todo esse processo e, dessa maneira, interagimos com o mundo. 
Além das experiências atuais, somos também o somatório das experiências de vidas anteriores. 
É possível que tenhamos peregrinado por diferentes continentes, diferentes raças. 
Não raro, vivemos em corpos masculinos e femininos. 
Tudo isso nos fala da bagagem que trazemos enquanto Espíritos imortais.
É compreensível, assim, que nossos caminhos se cruzem com os de pessoas muito diferentes de nós, razão pela qual nem sempre elas irão concordar com nossa visão de mundo. 
Com frequência, nos depararemos com pessoas distantes dos nossos comportamentos e valores morais. 
Nada disso deve nos causar espanto e nem podemos imaginar que deveria ser de outra forma. 
A riqueza da natureza humana está na sua complexidade e na sua diversidade. 
As expressões musicais da Ásia diferem muito das músicas tradicionais da África. 
A lógica e compreensão de mundo dos ocidentais são muito distintas das cultivadas pelos povos do Oriente. 
As expressões religiosas, do poli ao monoteísmo, são muito variadas, permeando todos os continentes. 
Por isso, cada qual se expressa no mundo com suas crenças, visões e valores próprios. 
Cada um de nós, igualmente, se apresenta da maneira como pode, como consegue, dentro do processo evolutivo construído. 
Assim, qualquer tentativa de minimizar ou desvalorizar aquilo que não faz parte do nosso universo e contexto, é desrespeitoso de nossa parte. 
Não temos o direito de impor nossos valores e opiniões ao outro. 
Quando solicitados, podemos expor nossa opinião, nossa visão e posicionamento. 
Mas, sempre no espírito de troca, de aprendizado, de respeito. Jamais devemos classificar culturas, opiniões, credos como se houvesse alguma melhor ou pior. 
Seguindo por esse mesmo princípio, temos o dever de respeitar o outro. 
A tolerância deve estar sempre presente em nossas relações. 
Quando afogados em nossa prepotência e egocentrismo desejamos impor nossas verdades aos demais. 
Desrespeitamos a visão alheia, como se a nossa fosse uma verdade universal, o que é uma ilusão.
A nossa religião é a melhor para nós. 
Com certeza, não o é para muitos outros. 
As nossas opções políticas são as mais adequadas para nós. 
Contudo, não para todos. 
A cor dos cabelos, o modo como nos vestimos são os melhores para nós.
Entretanto, a Humanidade não cabe em nosso olhar de mundo pessoal e restrito. 
Dessa forma, quando nos depararmos com o diferente, não julguemos, não desrespeitemos. 
Ao contrário, permitamo-nos celebrar a riqueza da diversidade. 
Afinal, cada um se apresenta como pode, ou acha melhor, naquilo que já conquistou em sua trajetória. 
Lembremos, acima de tudo, que todos somos filhos do mesmo Pai, criados e mantidos pelo mesmo Deus. 
Redação do Momento Espírita 
Em 30.05.2023

segunda-feira, 29 de maio de 2023

CUIDAR DO BROTO

Hippolyte Léon Denizard Rivail
Allan Kardec
Quando as notícias nos chegam, nos assustam. 
De forma especial, quando envolvem educadores, crianças, escolas, mais nos chocam. 
Afinal, todos temos filhos, netos, sobrinhos, irmãos, amigos que frequentam a escola. 
Então, quando a vida de uma educadora é ceifada, quando crianças são agredidas por outra criança, no ambiente escolar, nos perguntamos: 
-O que fazer? Como evitar? De quem é a culpa? 
As discussões logo se levantam. 
Rodas de conversa televisivas, entrevistas se reprisam. 
E os comentários surgem: 
-Você viu? Ficou sabendo? 
Mas, por fim, parece que tudo se resume nisso. 
A vida segue. 
Temos muito o que fazer.
Exatamente nesse ponto é que temos nos enganado. 
Sobre onde ou em que estamos investindo nosso tempo, nossos esforços, nossos recursos, sejam eles intelectuais ou materiais.
A letra de uma bela canção, em um de seus versos, nos diz: 
E há que se cuidar do broto, para que a vida nos dê flor e fruto. 
Aí está a resposta: precisamos cuidar do broto. 
Tudo se volta, portanto, para os cuidados com a infância, com a criança e sua educação. 
Educação como arte de formar os caracteres, os homens, como tão bem propôs o ilustre pedagogo francês Rivail: 
-A educação é a arte de fazer eclodir, nas crianças, os germes da virtude e abafar os do vício; de desenvolver sua inteligência e de lhes dar instrução própria às suas necessidades. Enfim, de formar o corpo e de lhes dar força e saúde. 
Numa palavra, a meta da educação consiste no desenvolvimento simultâneo das faculdades morais, físicas e intelectuais. 
E de quem é tal responsabilidade? 
Nossos olhos se voltam para os pais em um primeiro momento. 
Curioso, inclusive, como nos apressamos, em nosso instinto acusatório, apontando, nos momentos dramáticos: 
Faltou pai e mãe. Culpa dos pais que não educaram. 
Com certeza, como pais nos compete a responsabilidade primeira da educação. No entanto, nossa reflexão precisa ir um pouco além, enquanto sociedade.
Será que estamos instrumentalizando os pais para executarem sua missão da melhor forma possível? 
Ninguém nasce sabendo ser pai, sabendo ser o melhor educador possível.
Tudo se aprende. 
Estamos nos preocupando em formar-nos, como pais, para essas missões tão importantes? 
Imaginemos que somos uma grande aldeia. 
Há um provérbio africano que diz: 
-É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança. 
Estamos sendo essa aldeia? 
Estamos amparando os pais? 
Principalmente aqueles menos esclarecidos, ou com algum tipo de limitação? 
A aldeia também cuida da escola e tem nessa instituição muito mais do que um templo de saber intelectual, mas um lugar onde se aprende a conviver e a ser.
Estamos cuidando de nossas escolas?
Ou deixando em segundo plano? 
Ou ainda transformando-as em meros negócios? 
Será esse o objetivo de uma escola? 
Virar uma empresa, onde se trocam mensalidades por conhecimento dentro de uma caixa? 
Pensemos sobre isso.
Cuidemos do broto. Cuidemos de quem cuida dos brotos, do nosso e dos brotos de toda a aldeia. 
Se quisermos ter flores e frutos, não há outro caminho. 
Redação do Momento Espírita, com citação de trecho do livro Plano Proposto para a Educação Pública, de Hippolyte Léon Denizard Rivail Livraria Dentu, Paris, 1828 e verso da canção Coração de Estudante, de Milton Nascimento. 
Em 29.5.2023.

domingo, 28 de maio de 2023

JULGAMENTOS PRECIPITADOS

Quantas vezes já aconteceu? 
Um servidor dedicado, após anos de trabalho irrepreensível, comete um deslize. Logo, todos os tantos anos de dedicação são esquecidos. Sobre ele recaem acusações, desconfianças. 
Um amigo de infância, adolescência, juventude, alguém com o qual rimos, choramos, confiamos, comete uma pequena falha. 
Diz-nos um não. 
É o suficiente. 
Anos de convivência são sepultados de um só golpe. 
Um voluntário que serve dedicada e perseverantemente meses, anos, sempre sorridente, feliz, um dia, por algo que lhe ocorre e o perturba, se exaspera, fala mais alto. 
Logo, tudo que fez até então é esquecido e somente aquele gesto de um momento de irreflexão é apontado, falado, julgado. 
São retratos da vida. 
Ocorrem em muitos lugares. 
E nos fazem recordar de uma história muito interessante. 
A de um pai que desejava ensinar aos seus quatro filhos a respeito de julgamentos. Assim, a cada um enviou em uma estação diferente do ano a uma terra distante para observar uma determinada árvore. O primeiro filho chegou no inverno, o segundo na primavera, o terceiro no verão e o quarto no outono. O primeiro informou que a árvore era feia, além de seca e toda distorcida. O segundo disse que, ao contrário, a árvore estava carregada de botões, cheia de promessas. O outro filho contestou aos dois irmãos e afirmou que viu a árvore coberta de flores. Que elas tinham um cheiro tão doce e eram tão bonitas, que ele arriscaria dizer que eram a coisa mais graciosa que ele jamais havia visto. Finalmente, o quarto filho falou que a árvore estava tão cheia de frutas, tão carregada de vida, que chegava estar arqueada. O pai, ponderado, explicou que todos estavam certos, no entanto, cada um deles julgara a árvore exatamente pela época do ano em que a havia visto. 
-Na vida, continuou, também é assim. Quase sempre somos precipitados nos julgamentos. Para julgar com acerto, compete-nos observar com atenção, colher informações detalhadas.
 * * * 
Dessa forma, não julguemos situações e pessoas por um momento apenas.
Consideremos que todos passamos pelos dias desolados do inverno. 
Dias de tristeza, de solidão, de problemas superlativos. Nessa estação da vida, parecemos árvores de galhos retorcidos. 
Contudo, quando a esperança faz morada na intimidade, carregamo-nos de promessas, de botões prontos a explodirem em flores. 
Então, acenamos com cores vibrantes, flores perfumadas, graciosas que, logo mais, se transformarão em produção abundante de frutos. 
Pensemos nisso e não façamos julgamentos precipitados de situações, de pessoas, de companheiros, de amigos. 
Verifiquemos, antes, em que estação do ano estagia a alma de quem vamos julgar.
E, se descobrirmos que o inverno envolve aquela criatura, estendamos a contribuição do sol da nossa amizade, o adubo do nosso auxílio, a proteção do nosso carinho.
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto A pereira, de autoria desconhecida. 
Em 17.6.2015.

sábado, 27 de maio de 2023

JULGAMENTOS APRESSADOS

O final do ano permite a realização de muitas reuniões para comemorar o Natal e celebrar a amizade. 
A troca de presentes na brincadeira conhecida como amigo secreto é uma dessas.
Naquele escritório, o grupo de trabalho se reuniu. Cada um levou um presente para oferecer. Os pacotes foram colocados numa mesa e cada participante sorteou um número para si. Carla viu uma pequena sacola de uma chocolataria famosa e muito cara. Seus olhos brilharam. Não tinha possibilidade de comprar aqueles chocolates tão finos e desejou, ardentemente, ser a felizarda que os ganharia. Mas, para tornar a brincadeira diferente, ficou estabelecido que cada número sorteado deveria ir até a mesa e escolher um pacote. No entanto, se alguém desejasse, na sua vez de escolher, poderia reivindicá-lo. Carla não tirava os olhos da sacolinha vermelha e sonhava com o sabor daquele chocolate. Era muito caro para seu orçamento tão apertado. Para sua alegria, ninguém escolhia os doces. As pessoas preferiam as sacolas grandes, mais vistosas. Quando chegou sua vez, mal podia acreditar: finalmente, poderia saborear o chocolate tão sonhado! No entanto, um par de olhos a observava há um bom tempo. A gerente percebera a atenção de Carla para a sacola. Foi a última a ser sorteada, e não quis pegar o presente disponível. Deu um giro pela sala, gracejando dos colegas que tentavam esconder seus presentes e, finalmente, encaminhou-se para Carla, pedindo os chocolates. Alguns colegas riram. Outros suspiraram aliviados. Os que conheciam Carla e sabiam de suas dificuldades, haviam presenciado sua alegria ao pegar a sacola e ficaram perplexos. A gerente nem gostava de chocolate e, mesmo que gostasse, tinha condições de adquirir. Por que fazia aquilo? Carla ficou triste, mas sabia que a brincadeira era daquela forma. Entregou a sacola e pegou o presente que sobrara sobre a mesa. Era um jogo de canecas para café. A gerente se foi, sem olhar para trás. Ninguém tivera coragem de falar abertamente o que pensava. Afinal, era a chefe! Depois que ela foi embora, no entanto, começou o falatório. Alguns se revoltaram. Aquela brincadeira desvirtuava o espírito natalino, fomentava o egoísmo e estimulava a cobiça. Outros defendiam que era apenas uma brincadeira e acusavam as pessoas de não saberem brincar. Houve quem retrucasse que é nas brincadeiras que se revela a verdadeira essência. A discussão ia longe, com muitos ataques e poucas defesas. Carla, inicialmente, não quis entrar na discussão. Mas acabou por se considerar vítima e foi embora chateada. Na segunda-feira, ao chegar ao trabalho, encontrou sobre sua mesa uma grande sacola vermelha, repleta com os mais finos chocolates. Junto, havia um cartão: Você merecia mais do que aquela sacolinha. Feliz Natal. A mulher, que todos haviam julgado, quisera fazer um agrado para Carla. Com seu gesto, acabara ensinando uma valiosa lição sobre a inconveniência de julgamentos apressados. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 28.3.2016.

sexta-feira, 26 de maio de 2023

A FELICIDADE DOS BONS

Como é importante sonhar. 
Como é necessário olhar adiante e, num breve vislumbre, perceber aonde se vai chegar, um dia, que pode ser próximo ou distante. 
Depende de nós. 
Quando ouvimos falar de anjos, de santos, de almas superiores, já imaginamos em que consistirá a felicidade para eles? 
Algo que poderia também ser entendido como: 
-Que tipo de felicidade sentem esses seres que estão à nossa frente, que são bons e não mais possuem as viciações morais que nos cercam aqui na Terra? 
Almas que desfrutam dessas felicidades que desconhecemos nos dizem que são felizes por poderem conhecer todas as coisas. 
Também por não terem ódio, ciúme, inveja, ambição e nenhuma das paixões que fazem a infelicidade dos homens. 
O amor que os une é a fonte de uma suprema felicidade. 
Não experimentam as necessidades e sofrimentos nem as angústias da vida material. 
Ficam felizes com o bem que fazem. 
A primeira frase nos mostra interessante nuance dessa felicidade: conhecer todas as coisas. 
Recordamos do Conhecereis a verdade e ela vos libertará, proposto pelo Mestre de Nazaré. 
A libertação da ignorância é uma razão autêntica de felicidade. 
Conhecer todas as coisas, compreender as leis que regem o Universo e conhecer a si mesmo, faz parte desse processo inevitável de amadurecimento do ser. 
A busca pela verdade nos leva a compreender melhor a vida, entender melhor o outro e a nós mesmos. 
Eis o porquê de ser um dos caminhos da felicidade verdadeira. Em sua descrição de felicidade, esses seres do bem ressaltam que são felizes porque não sentem ódio, ciúme, inveja, ambição. 
Eles descrevem, nesses itens, as paixões humanas em seu extremo vicioso. Obviamente que todos aqueles que ainda guardamos no coração esses sentimentos, não nos permitimos desfrutar a felicidade. 
Essas paixões em descontrole são cargas pesadas, manchas, detritos que poluem o coração e não nos permitem alçar voo mais alto. 
Destacam, por fim, esses seres que o amor que os une é a fonte de uma suprema felicidade. 
Atentemos para essa compreensão a respeito do amor. 
O amor que une, que trabalha ao lado, que coopera. 
Não se trata de relações uniformes, de pessoas iguais, de pensamentos homogêneos. 
Trata-se de mostrar que o amor se sobrepõe a qualquer diferença. 
Por fim, indicam: 
-Ficamos felizes com o bem que fazemos. 
Eis desvendada mais uma das grandes belezas do amor: ele se alimenta do bem que faz e não do bem que recebe. 
A lei universal do amor proporciona a quem ama esse alimento, esse júbilo inigualável, que suplanta de longe o mais intenso prazer efêmero desfrutado na Terra. 
* * *
Talvez, ouvindo tudo isso, pensemos: 
-Estamos tão longe disso... 
Mas se quisermos mudar a lente, podemos imaginar: 
-Um dia estaremos amando assim! 
Então, pensemos: 
-O que podemos fazer hoje para começar a construir essa felicidade? 
Um passo de cada vez. 
Uma atitude de cada vez. 
Felicidade se constrói, não se ganha. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base na pt. 4, cap. 2, questão 967, de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 25.5.2023.

quinta-feira, 25 de maio de 2023

JULGAMENTO DOS HOMENS

Já afirmou Jesus e o Evangelista Mateus anotou: 
-Um profeta só não é honrado em sua terra e na sua casa. 
Na linguagem popular, dizemos que ninguém é reconhecido enquanto está entre os homens. 
Isso quer dizer que ninguém goza de crédito entre os seus ou entre as pessoas no seio das quais vive. 
Exceções raras existem, é verdade. Mas, são exceções.
O hábito de se verem desde a infância, em todas as circunstâncias ordinárias da vida, estabelece entre os homens uma espécie de igualdade material. 
Isso, muitas vezes, faz que a maioria deles se negue a reconhecer a superioridade num deles. 
Alguém que saiu do mesmo meio que eles, de quem foram companheiros e cujas fraquezas testemunharam. 
Também o orgulho não lhes permite reconhecer o ascendente do outro. 
Quem quer que se eleve acima do nível comum está sempre em luta com o ciúme e a inveja. 
Os que não têm condições de chegar onde aquele se encontra, se esforçam por rebaixá-lo, pela difamação, pela calúnia ou simples indiferença. 
De outro lado, em geral, os que não privam da presença constante da pessoa, que o conhecem por seus escritos, seus quefazeres, o admiram. 
Por não terem contato com ele, o idealizam acima da condição de Humanidade.
Parece que não deve ter falado nem sentido como os demais homens; que sempre se expressou de forma sublime, sem nenhum laivo de impaciência ou qualquer sentimento menos nobre. 
A questão é mais ou menos semelhante, depois da morte. 
O que resta na lembrança das pessoas é o que subsiste. 
Por isso, agora tem o reconhecimento pleno. 
E exatamente quanto mais longínqua se torna a lembrança do homem corporal, seus atos e seus feitos são mais admirados. 
Isso explica porque aqueles cuja passagem pela Terra se assinalou por obras de real valor são mais apreciados depois de mortos. 
São julgados com mais imparcialidade, porque, já tendo desaparecido os invejosos, cessaram os antagonismos pessoais. 
* * * 
Considerando essa forma do mundo agir, não se detenha em sua jornada de luz. 
O que importa mesmo é fazer o que é correto, o que é bom, sem aguardar aplausos do mundo. 
O que quer que nossa consciência assinale como o dever, a prestação de serviço, o bem, deve ser realizado, sem esperar dos homens o reconhecimento. 
Sigamos o exemplo de Jesus. 
NEle, Seus compatriotas apenas viam o filho do carpinteiro, o irmão de homens ignorantes. 
Não percebiam o que lhe dava superioridade. 
Verificando Jesus que Sua palavra tinha menos autoridade sobre os Seus, que O desprezavam, preferiu pregar para os que O escutavam. 
Todos aqueles a quem inspirava simpatia. 
Se o Cristo foi desprezado, que não dizer de nós? 
Mas Ele não cessou Sua semeadura, nem estancou os jorros de luz. 
Até hoje, Seus ditos e Seus feitos crescem em valor, tanto mais estudados e qualificados. 
Ele é nosso Modelo e Guia. Sigamo-lO. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. XVII, item 2, do livro A gênese, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 22.4.2021.

quarta-feira, 24 de maio de 2023

JULGAMENTO ALHEIO

Famosos são os julgamentos da História. 
O de Nuremberg, que o mundo todo acompanhou, opinando pela punição dos que, barbaramente, durante a Segunda Guerra Mundial, haviam torturado e matado seres humanos. 
O de Jesus, em que se verifica a injustiça gritando alto e superando o bom senso da justiça e da verdade.
Julgamentos de pessoas famosas que cometeram atos criminosos ou desabonadores. 
Julgamentos de criminosos que, de alguma forma, envolveram pessoas famosas, como o caso do raptor do filho de Lindenberg. 
Em tais processos, sempre a opinião pública se inflama e, de alguma forma, influencia os próprios jurados, de maneira a que esses condenem ou absolvam.
Desde as primeiras idades, quando a chama tênue do pensamento de justiça acendeu no homem, ele começou a julgar os seus irmãos. 
Muitas vezes, o sentimento de justiça ficou empanado pelas paixões e interesses mesquinhos, levando o homem a cometer erros, punindo seu semelhante com o cerceamento da liberdade, o confisco de bens e a morte. 
Nos dias atuais, prosseguimos a julgar o semelhante com todo rigor, sem estabelecer critérios e princípios básicos. 
Afoitos, opinamos e damos a nossa sentença tão logo a imprensa torne pública a conduta dessa ou daquela criatura, embora desconhecendo detalhes e razões. 
E não tememos aumentar um pouco a intensidade da falta cometida, mesmo para justificar a impiedade com que julgamos e a sentença que proferimos. 
Por vezes, a inveja por não ter conseguido alcançar a posição social, o cargo ou a função do julgado, nos incita ainda mais ao julgamento arbitrário. 
E, mesmo assim, prosseguimos a nos afirmar cristãos. 
Seguidores de Jesus que ensinou: 
-Não julgueis para não serdes julgados, porquanto sereis julgados conforme houverdes julgado os outros. 
Há necessidade de cultivarmos a indulgência e a empatia. 
A indulgência para olharmos os que erram com olhos de quem sabe que o equivocado é sempre um Espírito enfermo. 
Não necessita do nosso frio julgamento, mas do nosso auxílio para superar sua problemática. 
A empatia, a fim de nos situarmos no lugar daquele que julgamos e nos indagarmos se fôssemos nós os julgados, como nos sentiríamos? 
Fosse nosso filho o julgado, como estaria o nosso coração? 
A questão do julgamento nos parece fácil, porque os que são trazidos à barra pública do Tribunal não passam de números. 
Sequer nos recordamos que são seres humanos. 
Mas são Espíritos imortais, exatamente como nós, e merecem receber justiça, não impiedade ou a carga das nossas frustrações. 
* * * 
A autoridade para censurar está na razão direta da moralidade daquele que censura.
Aos olhos de Deus, a única autoridade legítima é a que se apoia no exemplo do bem. 
A base da Justiça Divina se assenta na misericórdia de nosso Pai Criador.
É por esse motivo que Ele nos concede a reencarnação como bendita oportunidade de reparação de nossas faltas, ao tempo que nos faculta crescer e produzir no bem.
Redação do Momento Espírita. 
Em 16.11.2011.

terça-feira, 23 de maio de 2023

OUÇAMOS AS CRIANÇAS

Maria Helena Marcon
Que pode fazer uma criança ante o mundo em convulsão? 
Que pode dizer ao mundo adulto, quando as guerras estouram, em toda parte? 
Por que, eu me pergunto, se investe tanto em armas enquanto a fome, a miséria e as doenças matam a infância? 
Por que se prefere ouvir discursos que proclamam a desunião, a ambição, em vez de se reprisar as lições do Evangelho de Jesus? 
Que mundo é este onde não se olha para o amanhã?
Seria muito importante que se ouvissem as vozes das crianças. 
Elas querem ter um jardim para brincar. 
Um jardim com flores perfumadas, colorindo a paisagem e relva verde para poderem rolar, contentes, mantendo contato com a terra mãe. 
Um campo tranquilo para poderem correr, ou jogar bola, imaginando que são craques do futebol, aplaudidos pelo mundo. 
Elas desejam ter liberdade, sem precisarem permanecer confinadas em apartamentos ou assustadas, nos bancos escolares, temendo ditas balas perdidas de metralhadoras assassinas. 
Desejam não precisarem ser retidas em campos de refugiados, esperando que chegue o pão, a água, a vacina, o fim dos conflitos. 
Elas desejam crescer, com a possibilidade de ilustrarem suas mentes, sem medo das críticas tolas ou de comandos arbitrários. 
Desejam crescer para ocupar lugares na Academia de Letras, de Ciências. 
Querem brilhar no mundo para torná-lo mais luminoso, mais pleno de luz.
Desejam crescer para se tornarem homens honrados, que enobreçam o país, contribuindo, de forma eficaz para o seu desenvolvimento. 
As crianças:
-Queremos ter nossos pais, retornando ao lar a cada final de tarde ou começo da noite. 
-Queremos ter pais que nos conduzam à escola, nos levem a passear, nos contem as histórias de suas próprias vidas. 
-Desejamos saber sobre o ontem, as lutas enfrentadas para ser construído o atual palco da vida. 
-Desejamos que leiam histórias para nós, mesmo que saibamos ler. E, por vezes, até melhor do que eles. Porque o que confere encanto especial a uma leitura, é a voz de um pai, de uma mãe, afirmando que seu tempo é também nosso. 
-Queremos crescer tendo, ao nosso lado, esses anjos de guarda que Deus nos ofereceu. Anjos que nos deram a vida, ou nos adotaram em um gesto de amor. Anjos que nos instruam, nos eduquem, nos amem. 
-Queremos ter um lar que nos abrigue. Pode ser pequeno, modesto, mas um lar. Porque o lar é feito de amor, com argamassa de ternura e coberto com telhas de carinho. 
-Desejamos um país que se importe com a educação dos seus filhos. Uma nação de paz que fomente o trabalho honesto, que evidencie os homens de valor, que se preocupe com o desenvolvimento da cidadania.  Um país onde se cante o hino pátrio, muitas vezes, não somente no Dia da Independência; onde se respeite os símbolos pátrios, se valorize as cores da bandeira. Um país onde se valorize o passado, se trabalhe o presente e se elabore o futuro. Um país onde se louve o estudo, a honestidade, o esforço individual. Um país de homens nobres, de políticos que se preocupem com o povo, seus irmãos. 
-Será que podem nos ouvir? 
-Queremos alcançar o futuro. 
-Ter um amanhã. 
-Podem nos atender? 
Redação do Momento Espírita, com base na mensagem Quereres das crianças, pelo Espírito Marina, recepcionada por Maria Helena Marcon, no Centro Espírita Ildefonso Correia, em 20.3.2023. 
Em 23.05.2023.

segunda-feira, 22 de maio de 2023

SEGURANDO UM BEBÊ NOS BRAÇOS

-Você já segurou um bebê recém-nascido no colo? 
A maioria de nós talvez sim. 
No entanto, perguntamos uma vez mais: 
-Será que você tinha plena consciência do que segurava nos braços? 
Para os pais de primeira viagem há uma mistura de emoção com receio. 
Para os avós, aquela curiosidade de saber com quem se parece. 
Para os profissionais da área médica, o necessário olhar técnico: 
-Está tudo bem com a criança? Respira adequadamente? Cor de pele, tônus muscular, membros. 
Convidamos você, numa próxima oportunidade, a desenvolver um olhar diferente, sem as paixões e preocupações corriqueiras. 
Façamos juntos a experiência. 
Percebamos primeiro o tamanho.
Incrível as dimensões de tudo nesse pequenino corpo. 
Notemos a perfeição dos dedos das mãos, como eles são desenhados em ricos detalhes. 
Frágeis. 
Parece que qualquer coisa poderá quebrá-los. 
Vejamos os pés. 
Que escultura magnífica! 
Os ossos todos formados. 
Uns pés magrinhos, outros rechonchudos. 
Talvez não consigamos perceber, mas ali estão as características dos pés do pai, dos pés da mãe. 
As heranças genéticas produzem um espetáculo lindíssimo, colocando em nós essa assinatura física, essa parecença corporal. 
Sabedoria Divina, desejando que nos sintamos muito próximos de quem nos deu a vida física. 
Silenciemos um pouco e tentemos escutar a respiração. 
Quem sabe até as batidas cardíacas. 
Respiração rápida. 
O coração bate de 130 a 150 vezes por minuto! 
Esse reduzido organismo está cheio de energia. 
É o amanhecer de uma nova encarnação louvando a vida. 
Ele nasce ouvindo muito bem, uma vez que começa a desenvolver a audição a partir dos cinco meses de gestação. 
Enquanto no útero, ele escuta o som dos movimentos dos órgãos maternos e, principalmente, o coração da genitora, numa intensidade que pode chegar a 95 decibéis – tanto barulho quanto um helicóptero em pleno voo. 
Notemos os traços do rosto. 
As tentativas de abrir os olhos. 
Quanta fragilidade e, ao mesmo tempo, quanta força. 
A força da natureza que nos dá novas oportunidades em vestes corporais.
Lembremos, contudo, que, embora encantadora, é apenas uma veste. 
Recebida no ventre da mãe e que deverá ser entregue mais adiante, na aduana da desencarnação. 
Costumamos dizer que o ser, a essência, está ali dentro. 
É quase isso, pois nossa linguagem e compreensão ainda não nos permitem perceber além. 
O ser, o Espírito, está no comando desse novo corpo material que lhe servirá de instrumento de evolução em mais um capítulo de sua história sem fim. E tudo isso, toda essa grandiosidade, está em nossos braços. O que podemos lhe dizer? Que sentimento podemos lhe oferecer? O que Jesus diria se tivesse uma criança em seus braços? Talvez lembrasse de uma das suas bem-aventuranças, a que fala dos limpos de coração... Ou, quem sabe, recordaria da lição das criancinhas: O reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas. Ou ainda, simplesmente lhe diria, sem palavras, alcançando-o pela escuta da alma: Tenha uma boa vida. Estarei contigo. 
Redação do Momento Espírita 
Em 22.5.2023.

domingo, 21 de maio de 2023

O QUE ACONTECE QUANDO VOCÊ COMEÇA A FREQUENTAR UM CENTRO ESPIRITA?

Quando você entra em um centro espírita, você não se torna médium. A não ser que você já tenha nascido com o corpo físico preparado para isso, você não começa a ver ou a ouvir os Espíritos. 
Quando você entra em um centro espírita, não existe nenhuma espécie de recado dos Espíritos Superiores direcionado exclusivamente a você. Tampouco seus familiares desencarnados te enviarão cartas dizendo o que você deve ou não fazer da vida. 
Quando você entra em um centro em espírita, as pessoas não vão te contar quem você foi ou fez em suas vidas passadas.Se essas informações fossem necessárias você se lembraria por conta própria.Basta saber que você colhe hoje aquilo que plantou em outras existências até para que você passe a semear com mais sabedoria e amor no seu dia de hoje. 
Quando você entra em um centro espírita, você não recebe a solução mágica para resolver seus problemas. Suas dores continuarão a existir. Suas perdas, suas mágoas, suas dificuldades de relacionamento ou o que quer que você enfrente na vida. 
Quando você entra em um centro espírita, você definitivamente não está salvo. Seu lugar no céu jamais poderá ser comprado até porque a ideia de céu do Espiritismo nada tem a ver com anjos tocando harpa nas nuvens, e sim com a consciência tranquila do dever cumprido. 
A verdade, que poucos compreendem ou querem compreender, é que quando você começa a frequentar um centro espírita absolutamente nada muda em sua vida.
Acredite. Nada mesmo. 
A não ser que você tome a decisão de mudar, que você compreenda que precisa realizar melhorias em si mesmo, que aceite o convite da reforma íntima e moral, tudo continuará da mesma forma que já estava. 
Ninguém pode viver nossa vida ou dar por nós os passos que nos cabem. 
Compete a cada um de nós a construção da nossa própria felicidade.
Essa noção de responsabilidade individual, tão pouco considerada nos dias atuais, é, com certeza, uma das primeiras lições, entre tantas outras, que você aprenderá quando de fato entrar em um centro espírita.
Autor desconhecido

sábado, 20 de maio de 2023

O JUGO SUAVE

Em conhecida passagem do Evangelho, Jesus afirma: 
-Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo. 
O convite é tentador, pois o Mestre promete alívio para as dores humanas. 
Também garante repouso para as almas, ao afirmar que Seu jugo é suave e Seu fardo é leve. 
Em um mundo turbulento, alívio, repouso, suavidade e leveza são autênticos tesouros. 
Em meio à correria da vida moderna, é possível ser rico de tudo, menos de paz. Por vezes, as tarefas e os compromissos surgem esmagadores. 
Na busca de sucesso e de bens materiais, as pessoas perdem a noção do que realmente importa. 
As horas de trabalho são multiplicadas, talvez desnecessariamente. 
Para comprar um carro mais novo ou uma casa maior, abre-se mão de um precioso tempo de repouso ou meditação. 
A convivência familiar torna-se algo secundário. 
Garante-se que os filhos tenham acesso às melhores escolas, mas se abre mão de transmitir-lhes valores. 
Os jovens são instruídos, mas não educados. 
Para lucrar bastante, profissionais deixam de lado a ética. 
Passam a ter vergonha de si próprios, enquanto ganham muito dinheiro. 
Com o objetivo de terem companhia, ainda que temporária, muitas mulheres abdicam de sua dignidade feminina. 
Para parecerem modernos, jovens aceitam experimentar cigarros, bebidas e drogas.
Tudo parece valer a pena, desde que seja possível surgir aos olhos alheios como bem-sucedido. 
Entretanto, a alma permanece carente de paz. 
As conquistas materiais cintilam, mas os seus possuidores adoecem, desenvolvem problemas de sono e distúrbios psicológicos os mais diversos.
São ricos de coisas e de distrações, mas lamentáveis em seu desequilíbrio. 
Estão conquistando o mundo, mas perdendo a si próprios. 
Nesse contexto turbulento, convém recordar as palavras do Cristo. Ele ofereceu alívio, repouso, suavidade e leveza. 
São genuínos tesouros, que ninguém pode roubar. 
Oscilações da Bolsa de Valores, desemprego, doenças e traições, nada consegue afetar o verdadeiro equilíbrio espiritual. 
Quem adquire paz de espírito jamais a perde. 
Mas é importante observar que Jesus não apenas fez o oferecimento. 
Também recomendou que se aprendesse com Ele, que é brando e humilde de coração. 
Ou seja, é preciso seguir os exemplos do Cristo, a fim de se viver em paz. 
Ele enfatizou a importância da brandura e da humildade. 
Assim, para não se perder nas ilusões mundanas, importa manter-se humilde.
Igualmente convém desenvolver brandura, não se imaginar em combate feroz com os semelhantes. 
Não é preciso vencer ninguém para ser feliz. 
Instruir-se e trabalhar, pois isso é necessário à vida. 
Mas não gastar tempo em disputas vãs ou ilusões passageiras. 
Jamais admitir corromper a própria essência, mesmo diante das maiores tentações.
Havendo dúvida sobre a conduta correta, recordar a figura digna e sábia de Jesus.
Ter em mente os sublimes exemplos do Cristo é o melhor antídoto contra ilusões que apenas causam sofrimentos. 
Segui-los pode não ser fácil, mas eles constituem um jugo suave, na medida em que propiciam a verdadeira paz. 
Pense nisso. Redação do Momento Espírita. 
Em 25.10.2017.

sexta-feira, 19 de maio de 2023

LINHAS CERTAS

Não posso deixar de lhe dizer, ao ouvir o som insistente dessa chuva de todo final de verão, que em tudo há grande lição. 
Você se queixa desse ou daquele acontecimento desagradável. 
Você gostaria que não fosse assim. 
As coisas parecem que estão sempre fora do lugar, fora de onde deveriam estar.
Hoje é chuvarada em demasia, mês que vem a seca que ameaça a qualidade do ar.
Tudo fora da ordem, fora do que deveria ser. 
Em determinada região, a abundância de recursos ou condições. 
Em outra, a escassez de quase tudo. 
Tão estranho e ameaçador. 
Aí é que começa a lição. 
Nada está fora do lugar, ou melhor, talvez apenas um único elemento: a nossa leitura. 
O dito popular afirma que Deus escreve certo por linhas tortas. 
Pois bem, podemos fazer uma releitura e dizer que Deus escreve certo por linhas certas: tortas estão as nossas lentes. 
Lentes do leitor. 
Na natureza tudo está em perfeito equilíbrio. 
O que acontece é que, quase sempre, estamos enxergando apenas a parte e não o todo. 
A natureza tem seus ciclos, suas estações, as épocas, necessárias para cada uma das suas manifestações. 
Tempo de semeadura, tempo de colheita. 
Tempo de frio. 
Tempo de calor. 
Necessárias para um equilíbrio global. 
Assim como ocorre nos acontecimentos de nossa vida. 
Todas as estações nos trazem grandes lições. 
Aquilo que chamamos de desagradável, de mal, que nos chateia os dias, pode ser essa chuva que não para. 
Percebamos, porém, que ela está nos dando muitas oportunidades. 
Está preenchendo os nossos mananciais de paciência, de indulgência, de confiança.
Essa chuva está nos tornando mais fortes, mostrando quanto somos capazes de resolver problemas sem desanimar, o quanto podemos seguir adiante, entendendo que depois de tudo isso ela passa. 
Sim, ela passa. 
E quantas vezes ela já passou... 
Ah, essa nossa memória... 
Quantas estações difíceis, quantas lutas... 
Quantas vezes já tivemos que reconstruir tudo. 
Lembremos do quanto já fizemos, do quanto fomos capazes de realizar quando acreditamos que não conseguiríamos. 
Corrijamos a lente. 
Troquemos por outra, se for o caso. 
Há quanto tempo estamos com os mesmos óculos? 
Leiamos, interpretemos, traduzamos os acontecimentos de forma mais inventiva, mais inteligente. 
E até com bom humor. 
Por que não? 
Permitamo-nos rir de nós mesmos, levemos tudo com mais leveza. 
Percebermo-nos por esse viés é, muitas vezes, uma terapia muito agradável. 
Só temos a ganhar. 
E, da próxima vez que ficarmos tentados a reclamar da chuva que não para, dos dias de estiagem que não têm fim, da temperatura muito alta, muito baixa, pensemos melhor. 
Reclamar é sofrer duas vezes. 
Entender é aprender com a experiência e crescer com ela. 
Deus continua escrevendo muito bem. 
Suas linhas continuam muito perfeitas. 
Que tal darmos uma revisada em nossas lentes trincadas, riscadas, distorcidas? 
E que tal aprendermos a escrever com ele também? 
Desde algum tempo, andamos com a caligrafia um pouco sem prática. 
Observemos as lições da natureza. 
Espelhemo-nos no Criador e escrevamos nossa história com mais dedicação à beleza. 
Redação do Momento Espírita
Em 19.05.2023.
http://momento.com.br/pt/index.php

quinta-feira, 18 de maio de 2023

ANALFABETOS DE CÉU

Numa escola de ensino fundamental, uma menina de sete anos faz um desenho de uma paisagem com tintas coloridas. 
Era a tarefa do dia na aula. 
Pintar um lugar onde eles gostariam de estar. 
A menina se esmerou com a palheta de cores, e produziu, empolgada, sua obra de arte. 
Ansiosa, levantou-se da cadeira e foi mostrar à professora. 
Ao ver a pintura, a educadora notou algo estranho já de súbito. 
Disse baixinho um muito bem, para incentivar a criança, fez um carinho e pegou o desenho em mãos. 
Os trabalhinhos seriam expostos no outro dia no mural da escola. 
No intervalo para o lanche, a professora não se conteve, pegou o desenho e foi mostrar às outras que se encontravam na secretaria da escola. 
Ela queria uma opinião sobre aquilo. 
Algumas delas eram mais entendidas em psicologia infantil, e quem sabe poderiam ajudá-la a decifrar o que estava pintado ali. 
O que será que ela quis dizer com isso? 
Isso deve estar mostrando algum sentimento, algo que ela tem guardado. 
O que será? 
As amigas de profissão não souberam dizer. 
Algumas disseram que não era nada, que não deveria se preocupar. 
Mas ela estava encafifada. 
Voltou à sala de aula, e resolveu que, ao final do período, iria conversar com a menina e perguntar a ela o que significava. 
Chamou-a então, com discrição, à sua mesa e perguntou, com a pintura na mão:
-Querida, você pode explicar algo para a tia? 
A criança acenou com a cabeça. 
-Se o céu é azul, por que você desenhou um céu cor-de-rosa? 
-Mas o céu não é azul, professora! 
Respondeu ela, com educação.
-Quem diz que o céu é azul é analfabeto de céu! Ontem, no final da tarde, o céu atrás de minha casa estava assim, rosa. Esses dias vi um céu laranja! À noite ele é sempre preto, ou azul escuro, mas de dia ele pode ser cinza claro, cinza escuro, vermelho... Sabe... Uma vez vi uma tempestade tão grande no céu, que ela chegou a pintar o céu de verde! Não é todo mundo que acredita, mas eu vi, era verde. 
A menina fez um verdadeiro discurso sobre as cores do céu, deixando boquiaberta a professora desatenta. 
Ela nunca havia parado para pensar nisso. 
Aceitou tão facilmente a verdade, o clichê de que o céu é azul, que acabou esquecendo a variedade de cores possíveis no zimbório terreno. 
Percebeu então como as crianças têm uma sensibilidade admirável, e que muito tinha a aprender com elas. 
Com certeza, na próxima vez, antes de achar que possa existir algum problema numa criança, iria se analisar, para perceber se não era sua sensibilidade que precisava de escola. 
* * * 
Toda criança é especial, e merece ser tratada como tal. 
Da mesma forma como nem sempre o céu é azul, cada criança tem suas particularidades, e os educadores precisam estar atentos a elas. 
Não se pode usar uma mesma fórmula, um mesmo padrão de ensino ou educação no lar, para todas as crianças. 
Faz-se necessário ajustes, adequações, atenções individualizadas. 
Todo céu é belo, mesmo sendo amarelo, rosa, vermelho ou negro. 
Redação do Momento Espírita Disponível no CD Momento Espírita, v. 13, ed. FEP. 
Em 18.05.2023.

quarta-feira, 17 de maio de 2023

JUDAS E MARIA

CHICO XAVIER E MÃE MARIA
Depois de ter passado muito tempo sobre os quadros sombrios da crucificação no Calvário, Judas, o traidor do Cristo, agora cego no Além, estava solitário e profundamente triste... 
Era triste também a paisagem, o céu se mostrava nevoento... 
Cansado de remorso e sofrimento, sentou-se e as lágrimas brotaram quentes de seus olhos melancólicos... 
Naquele instante, nobre mulher, vinda de planos superiores, envolta em celestes esplendores, que ele quase nem conseguia perceber, chega e afaga a cabeça do infeliz. 
Em seguida, num tom de carinho profundo, quase que em oração, ela diz: 
-Meu filho, por que choras? 
-Por acaso não sabes? - Responde o interpelado, claramente transtornado.- Sou um morto-vivo. Matei-me e novamente estou de pé, sem consolo, sem lar, sem amor, sem fé... Não ouvistes falar de Judas, o traidor? Fui eu que aniquilei a vida do Senhor... A princípio, julguei poder fazê-lO Rei, mas apenas Lhe impus sacrifício, martírio, sangue e cruz. E, em flagelo e aflição eis a que minha vida se reduz agora, nobre senhora... Afasta-te de mim, deixa-me padecer neste inferno sem fim... Nada me perguntes, retira-te, pois nada sabes do remorso que me agita. Nunca penetrarás minha infinita dor... O assunto que lastimo é unicamente meu...
No entanto, a dama calma respondeu: 
-Meu filho, sei que sofres, sei que lutas. Sei a dor que te causa o remorso que escutas. Venho apenas falar-te que Deus é sempre amor em toda parte... 
E acrescentou serena: 
-A bondade do céu jamais condena. Venho como mãe, buscando um filho amado. Sofre com paciência a dor e a prova. Terás, em breve, uma existência nova... Não te sintas sozinho ou desprezado. 
Judas interrompeu-a e bradou, rude e irritado: 
-Mãe? Não quero ouvir falar de mãe. Depois de me enforcar num galho de figueira, para acordar na dor, sem poder fugir à verdadeira vida, fui procurar consolo nos braços de minha pobre mãe, que teve medo de meus sofrimentos e expulsou-me depressa. Por favor, não me fales de mães, nem me fales de amor. Sou apenas um ser solitário e sofredor... 
-Ainda assim - disse a dama docemente - por mais que me recuses, não me altero. Eu te amo, meu filho, e quero te ver feliz. Terás, filho, o coração banhado pelas águas do esquecimento numa nova existência de esperança. Eu te levarei e te conduzirei ao regaço de outra mãe. Pensa nisso e descansa. 
E Judas, naquele instante, como quem esquece a própria dor ou como quem se desgarra de pesadelo atroz, perguntou: 
-Quem és, que me falas assim, sabendo-me traidor? És divina mulher, irradiando amor ou anjo celestial envolto em luz? 
No entanto, ela a olhá-lo frente a frente, respondeu simplesmente: 
-Meu filho, eu sou Maria, sou a mãe de Jesus. 
* * * 
Maria de Nazaré, a sublime mãe de Jesus, administra uma instituição no mundo espiritual. 
O objetivo da instituição é atender aos sofredores que buscam consolo e orientação, após a morte do corpo físico. 
Ela, portanto, continua a velar por nós como fez com Judas, o traidor de seu próprio filho. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Retrato de mãe, do livro Momentos de ouro, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. GEEM. 
Em 11.02.2014.

terça-feira, 16 de maio de 2023

UM ARTISTA DE IMAGINAÇÃO DELIRANTE

Você já observou, alguma vez, um caracol, andando com sua casa às costas? 
A concha, em verdade, lhe abriga os órgãos e é uma proteção extra contra a desidratação e os predadores. 
Em condições adversas, o caracol recolhe o pé e a cabeça para dentro dela. 
Sela a abertura com um muco espesso, podendo se colar a superfícies. 
Por isso, os encontramos presos a troncos, folhas ou muros. 
O caracol é um dos moluscos mais comuns.
Contudo, existem muitas espécies que, calcula-se, vivam no mar há cerca de quinhentos e cinquenta milhões de anos. 
O que encanta, em verdade, nessas criaturas de corpo mole, é exatamente a sua proteção, a concha calcária. 
Existem colecionadores que pagam fortunas por algumas dessas preciosidades. 
As formas, as cores, o brilho são inigualáveis. 
A superfície das denominadas conchas cipreias, por exemplo, levou os navegadores portugueses, que as encontravam, de forma abundante, na costa africana, a pensar que era a partir delas que os chineses fabricavam a porcelana.
Daí, o seu nome popular de porcelanas. 
Uma variação dessa espécie foi definida por um estudioso como uma obra de arte somente concebida por um artista de imaginação delirante. 
Ela traz, no dorso, um padrão que faz lembrar um delicado mosaico duma antiga civilização, ao qual se sobrepõem misteriosas manchas escuras. 
Apresenta, ainda, um mosaico de ladrilhos menores e mais esparsos. 
Finalmente, a base mostra pintas escuras num fundo quase branco, semelhantes ao que se vê na zona do ventre de muitos felinos, como o leopardo e o jaguar. 
Nativa do Oceano Índico, existe também na Austrália e o seu tamanho varia entre dois a oito centímetros.
Existem ainda as conchas em forma de cone, que incluem centenas de espécies distribuídas por todo o mundo. 
Coloridas por fora, têm o interior raiado de madrepérola. 
Maravilhas infindáveis da natureza! 
Conchas caprichosas com imagens em alto relevo, que representam um rosto que parece ser de uma mulher, ou a que se assemelha a uma imagem de Cristo, alcançam, no mercado, o valor de até três milhões de euros. 
O homem pode tomar dessas belezas e as polir, enaltecendo ainda mais o seu aspecto. 
Contudo, as mais de cinquenta mil espécies existentes apresentam sutilezas, detalhes únicos, que extasiam os colecionadores e os fazem desejá-las. 
Muitos homens se dedicam a encontrá-las, recolhê-las, classificá-las, estudá-las.
Alguns, pelo puro prazer de decifrar e admirar os mistérios da natureza. 
Outros, pelo valor que podem adquirir no mercado. 
E existem aqueles que, admirando tais belezas somente recordam do Artista de imaginação delirante. 
E erguem louvores ao Senhor da Vida. 
A Quem idealizou tudo isso, inesgotável em Sua Criação. 
Esses cogitam que, enquanto o homem dorme, Deus esculpe arabescos nas conchas e inventa novas cores para as enfeitar. 
Em oração, exclamam: 
-Senhor Deus, Pai dos céus e de toda a Terra. Ajuda-nos a entender a Tua grandeza. Permite-nos agradecer a riqueza que nos ofereces, a oportunidade do estudo e o prazer do descobrimento. Afinal, neste dia que apenas desponta, que maiores maravilhas ainda nos reservas? O que fizestes, Senhor dos mares, enquanto nós dormíamos? 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 28, ed. FEP. 
Em 16.5.2023.

segunda-feira, 15 de maio de 2023

VOCÊ PODE, VOCÊ DEVE!

Você desejaria ser um pomar. 
Ante a dificuldade de consegui-lo, torne-se uma árvore frondosa e acolhedora, florida e repleta de frutos. 
Você gostaria de ser uma fonte refrescante. Pode começar se transformando num simples copo de água fria, que aplaque a sede de alguém. Você gostaria de ser a montanha elevada a apresentar horizontes infinitos ao homem que a conquistasse. Diante da impossibilidade, seja um degrau humilde para quem ambiciona a glória estelar. 
Você pretendia possuir um sol emboscado no coração, a fim de clarear os viandantes da noite. 
Em face do impedimento, acenda uma lâmpada, uma pequenina lâmpada de esperança apenas, no caminho de alguém abatido e cansado das dificuldades diárias. 
Você programava um jardim de bênçãos para os filhos, para a esposa, para o esposo... 
Não o conseguindo, converta-se numa singela flor, abençoando, ereta e perfumosa, o lar que está construindo. 
Você pensava em escrever poemas de engrandecimento à vida, enriquecendo as mentes e os corações com painéis de luz e sabedoria.
Impedido de fazê-lo por lhe faltarem os requisitos essenciais, redija uma pequena carta, com expressões de amor, a quem se encontra na curva de queda e perdeu a confiança na afeição dos outros. 
Você esperava a melhoria das criaturas e do mundo. 
Decepcionado por não enxergar essa meta, por não ver o progresso nos corações endurecidos, erga no altar dos sentimentos um santuário para a fraternidade, esperando um pouco mais e fazendo a sua parte. 
Não desista do bem, não desfaleça no bem, não duvide da vitória do bem. Seja a prova viva de que ele está presente, sempre. 
* * * 
Quantas vezes já ouvimos a expressão: Faça a sua parte! 
Por que será que ainda desmerecemos tanto essa nossa parte, essa participação necessária que nos é ofertada? 
-Parece pequena...parece não mudar nada. – Dizem alguns. 
Observemos bem. 
Ela já mudou e muito. 
Mudou e está mudando você. 
E isso não é grande? 
O mundo é feito por inúmeros outros vocês. 
Já pensou dessa forma?
Se cada um assumir a sua responsabilidade, a seu tempo, à sua maneira, em breve teremos mudanças significativas. 
Acontece que como o mal ainda faz tanto barulho, seu ruído estrondoso esconde a música do bem que toca em todo lugar. 
Se olharmos com atenção, veremos como temos muitos fazendo a sua parte.
Muitos que conseguem entender seu compromisso na família, na pequena comunidade onde foram inseridos. 
Esses fazem a grande diferença. 
O projeto de implantação do bem na face da Terra está em curso, e você pode estar fazendo parte dele. 
Se ainda não faz, que tal hoje? 
Que tal agora? 
Você pode. 
Você tem condições e sabe que é o caminho mais seguro a seguir. 
Você deve. 
A luz do esclarecimento, como sol da manhã, alcançou seu rosto uma vez mais, neste dia. 
O convite foi renovado, em nome do grande projeto do amor no planeta, iniciado por Jesus, há milhões de anos, e que hoje conta com você também. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 8, do livro Momentos de Decisão, pelo Espírito Marco Prisco, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 15.05.2023.

domingo, 14 de maio de 2023

UM POUCO DE SOL NO ESCURO DO QUARTO

Mãe é um pouco de sol no escuro do quarto..., disse, certa vez, um poeta inspirado, ao homenagear essa figura inigualável que o Criador escolheu para nos receber na Terra. 
Ainda há tanta escuridão nos quartos de nossa alma... que qualquer pouco de sol faz verdadeira clareira de esperança. 
São tantas incertezas, tantos medos, tantos ódios, tantos vícios... numa meia-noite, que parece congelada no relógio. 
O tempo da escuridão parece que passa lento... ou não passa. 
Alguns desistem de tudo, mas depois descobrem que é impossível fugir de si mesmos, e o breu continua... continua... 
Mas Deus não deseja a escuridão, aliás, para Ele, ela é apenas a luz que ainda não é – o vir a ser lúmen. 
Por isso enviou ao mundo as mães... 
Suaves raios de sol na escuridão de nossas vidas. 
O amor da mãe, da mãe verdadeira, é o mais próximo que encontramos do amor do Criador, por isso é tão luminescente. Em primeiro lugar ele recebe, ele acolhe – quem quer que seja, sem julgar, sem questionar, sem medir esforços. 
Esse amor sustenta, não desampara, cuida, olha, amamenta, protege. Mais tarde orienta, educa, direciona, ensina. 
Muitas vezes socorre, atende, ampara. 
E, enquanto vai fazendo isso, sem pedir nada em troca, vai mostrando ao mundo como se deve amar. 
O raio de sol, além de iluminar, vai provocando em cada um a vontade de ser luz, como se nos lembrasse que somos feitos para brilhar, ou feitos pra amar. 
Quem passa pela experiência da maternidade jamais é a mesma. 
Tem a oportunidade de viver o amor num grau absolutamente encantador. 
Muitos ódios de séculos se desfazem através da maternidade bem atendida.
Mágoas milenares perdem forças, dia após dia, mediante a envergadura moral desse tipo de amar, um amar que não tem volta, que jamais se esquece. 
Mesmo vivendo diversas vidas, você sempre irá se lembrar desta que é hoje sua dedicada mãe. 
São amores que ficam gravados nas telas da alma, como a pintura dos grandes artistas, das quais jamais se esquece. 
São fotografias que tiramos com o coração e colecionamos através dos séculos e, quanto mais álbuns de mães nós temos, mais gratos somos à vida, ao Criador. Mãe é um pouco de sol no escuro do quarto. 
E quem não abraça essa missão com a seriedade e paixão que ela merece, perde chance inestimável de existência. 
Perde a oportunidade de servir ao mundo como Cristo tão bem serviu, sem interesses próprios, sem egoísmo, sem orgulho algum. 
Carregar alguém nos braços, enquanto esse alguém ainda não sabe caminhar, é gesto grandioso, é gesto divino. 
É simbólico também. 
Simboliza o amor daquele que é maior, carregando o menor, não o desmerecendo, não o humilhando, mas o promovendo e depois, a seu tempo, ensinando-o a andar por si só. Jesus fez isso conosco. 
Jesus é o irmão mais velho, ao mesmo tempo, pai e mãe, pela experiência, e pela segurança que transmite. Ele ainda está conosco, e sorri emocionado toda vez que percebe a grandeza do amor no coração de uma mãezinha do mundo. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 28, ed. FEP. 
Em 08.05.2023