sábado, 30 de abril de 2022

A HORA DA MORTE

Michael Tan
De todas as certezas que pode ter o ser humano, a morte é sem dúvida uma delas. 
Quem nasce já está fadado à morte. 
Mensageira estranha, por vezes, abraça antes os mais jovens e os mais sadios, deixando para trás idosos e doentes.
Contudo, sempre chega. 
Paradoxalmente, é um dos assuntos que quase todo mundo evita tocar. 
É por isso mesmo que, quando chega, sempre surpreende.
Também por esse motivo, muitas lágrimas são derramadas sobre os túmulos. 
Lágrimas que se casam a exclamações como:
“Ah, se eu soubesse que era o seu último dia! Se eu soubesse que ele iria morrer, não teria sido tão mau! Se eu soubesse que ele partiria tão cedo, teria abraçado mais, dito como o amava, sido melhor para ele.” 
Por tudo isso, é bom considerar que nossa existência é muito efêmera. 
Hoje estamos aqui, amanhã poderemos não nos encontrar mais deste lado da vida. 
O ser amado que se despede para o trabalho diário, pode não retornar. 
A criança que corre pela rua, rumo à escola, pode não voltar para casa. 
Como a irmã daquele menino de apenas 10 anos. 
Ele entrou em casa e chamou pela mãe. 
Ela estava no quarto, sentada, quieta. 
-“Sua irmã morreu esta manhã, Michael.” – foi o que disse. 
O conceito de morte não tinha um significado concreto para aquele garotinho. 
Durante muito tempo ele perguntava à mãe: 
-“Ela vai voltar?Por que ela teve de morrer?” 
E ficava em frente à casa, esperando que o ônibus escolar a trouxesse de volta. 
Entrava no quarto dela e apanhava a sua pasta escolar. 
Tudo estava bem arrumado – os cadernos de um lado, os livros do outro, o estojo de lápis no meio. 
A faixa preta de elástico que ela usava nos cabelos quando foi para o colégio naquela manhã. 
Depois, devolvia tudo certinho no seu lugar. 
Perguntava-se, se a irmã ficaria zangada por ele ter mexido em suas coisas. 
O que ele realmente jamais esqueceria foi o que aconteceu duas noites antes da irmã morrer. 
Ele esperou o ônibus que a trazia da escola. 
Estava preocupada. 
Esquecera de um trabalho de arte que devia entregar no dia seguinte. 
Ele a foi ajudar e juntos fizeram 12 borboletas coloridas, de antenas enroladas e asas triangulares. 
No dia em que ela morreu, ele estranhamente despertou mais cedo. 
Observou-a se aprontando para a escola. 
Como o vão da escada no prédio era muito escuro, ele ficou segurando a porta aberta para que a luz do apartamento a ajudasse enxergar os degraus. 
Uma das mãos dela segurava a pasta, a outra balançava, enquanto descia os degraus. 
Estava de uniforme azul. 
Tinha só 14 anos. 
E suas últimas palavras para Michael foram:
-“Até logo, irmão.” 
Passadas mais de 4 décadas, Michael ainda guarda a lembrança de sua irmã. 
Quando vê uma borboleta, recorda de imediato daquele último trabalho que fizeram juntos. 
E espera. 
Porque, um dia, ele também fará essa viagem para o grande além. 
Nesse dia, finalmente, ele a verá outra vez. 
 *** 
Ame muito. 
Usufrua a companhia dos afetos. 
Quando um deles se for, poderá acalentar seus dias com as doces lembranças dos afagos compartilhados. 
E isso amenizará sua grande saudade. 
Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita com base no artigo A despedida, de Michael Tan, da revista Seleções do Reader´s Digest, outubro/2005.

sexta-feira, 29 de abril de 2022

OS DOIS PEDIDOS

Ele ainda não tinha dez anos. 
Seus cabelos claros lhe cobriam a testa, descuidados. 
Seus olhos tinham uma expressão de viva curiosidade.
Voltando da escola, deixou a mochila sobre a mesa, sentou-se e, sem cerimônia, perguntou: 
-Mamãe, o que você quer que eu seja quando crescer? 
A senhora se surpreendeu com a questão. 
Olhou demoradamente para o pequeno e percebeu que havia preocupação em sua face. 
Então, deixou tudo que estava fazendo e questionou: 
-Por que a pergunta, meu bem? 
Depois de um longo suspiro, como se algo estivesse lhe pesando, explicou o garoto: 
-É que hoje, na escola, meu amigo me disse que ele vai ser médico porque o avô dele é médico e seu pai também. Então, fiquei pensando o que você e o papai querem que eu seja?
Havia sincera preocupação no rosto do menino. 
-Meu querido, disse a mãe, abraçando-o, eu tenho apenas dois pedidos para lhe fazer. Quero que você seja correto e que seja feliz. 
O menino continuou insatisfeito com a resposta e insistiu:
- Não, mamãe! Qual profissão você quer que eu tenha quando crescer? Preciso fazer o que faz meu pai? Preciso ir trabalhar na empresa dele? 
-A escolha da sua profissão, meu filho, cabe apenas a você. Respondeu a mãe. Isso não me compete, nem me causa maiores preocupações. Repito que tenho apenas dois pedidos a lhe fazer. Primeiro, que você seja correto. Isso significa que espero que você escolha o caminho do bem, mesmo que ele seja mais longo ou mais difícil. Que pense nas consequências dos seus atos, para você e também para os outros. Que não tenha medo da verdade, nem da justiça. Ao contrário, que as busque sempre, com serenidade e persistência. O segundo pedido, que é tão importante quanto o primeiro, é que você seja feliz. Isso quer dizer que espero que, apesar das dificuldades da vida, você tenha confiança em Deus. Que acredite na Justiça Divina e que jamais se entregue ao sofrimento. Que você tenha o coração cheio de amor e de coragem para seguir em frente. E concluiu: Para mim, meu filho, o que interessa é como você vai ser e não o título que vai carregar. 
* * * 
Por vezes, nos sentimos tentados a realizar nossos sonhos frustrados por meio de nossos filhos. 
Induzimos nossos jovens a concretizar ideais de vida que não são os deles. 
Fazemos que eles busquem objetivos que, na verdade, eram nossos. 
Por mais promissoras que sejam algumas carreiras e profissões, não cabe a nós, pais, escolher os caminhos que nossos filhos trilharão. 
Nosso dever é prepará-los para que sejam homens e mulheres de bem. 
Que se tornem bons profissionais, em qualquer área que decidam abraçar. 
Comerciante, empresário, profissional liberal, não importa.
Altos salários e títulos de honra nada são se a alma permanece atormentada pela tarefa não cumprida e pelo compromisso abandonado. 
Se desejamos que eles sejam realmente felizes, cabe-nos orientá-los para que busquem a senda da retidão moral.
Somente assim nossos amores serão capazes de alcançar a felicidade possível neste mundo. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 29.4.2022.

quinta-feira, 28 de abril de 2022

SOMOS DEUSES, SOMOS IMORTAIS!

Raul Teixeira
O Mestre de Nazaré reprisa os textos antigos e recorda, conforme os apontamentos do Evangelista João: 
-Não está escrito na vossa Lei: Eu disse: sois deuses? 
A interrogação conduz nossa memória a deuses da mitologia grega, romana, nórdica. 
Tantos que, por vezes, chegamos a nos confundir. 
Em nossa mente desfilam Júpiter, o deus do dia, do céu, do trovão e rei dos deuses, na mitologia romana; Apolo, o deus grego do sol, patrono da luz, da música, da medicina, das artes, da profecia; Kali, na Índia, deusa do tempo, da destruição, da morte, da criação, da preservação, da guerra e do poder. 
A mitologia nos fala, ainda, de que, periodicamente, esses deuses se manifestavam aos homens, através dos chamados hierofantes, profetas, das sibilas... 
Eram Espíritos. 
E é esse exatamente o sentido de deuses. 
Somos Espíritos. 
Nossa divindade está em nossa possibilidade de evoluir, de nos desenvolvermos intelectual, afetiva, emocionalmente, realizar o nosso progresso em todos os níveis, ao infinito. 
Não existem limites para o nosso progresso, não existem limites para a nossa evolução. 
Lembramos da escada simbólica de Jacó, no Velho Testamento, pela qual se pode subir indefinidamente da Terra na direção dos céus. 
É uma simbologia que nos fala da evolução dos deuses, dos Espíritos, nós, em nossa ascensão infinita. 
Somos deuses. 
Por isso nos cabe realizar o que realizam os deuses: esforços em prol de nossa própria renovação e da renovação do mundo. 
Quanto progresso já alcançamos. 
Da escrita à imprensa; do telefone de Graham Bell, ao rádio, televisão, computador, a informática. 
Temos informática desde o comércio da loja ao nosso telefone celular, aos aviões, aos satélites que são mandados ao espaço. 
Tudo nos utilizando desses progressos notáveis que nós, os deuses terrestres, conquistamos. 
Vivemos a era digital, em que as informações transitam em velocidade instantânea e há comunicação direta entre as pessoas, sem limites de tempo e espaço. 
Na área médica, nos surpreendem as vacinas, os tratamentos, as cirurgias, as microcirurgias, quando médicos notáveis operam fetos no ventre de suas mães. 
Encantamo-nos com tudo isso e nos damos conta de que ainda nos achamos no planeta Terra, um planeta de provas e expiações. 
Temos múltiplas razões para imaginar, para sonhar, para especular a respeito de como será a nossa realidade quando a Terra for melhor do que é, quando nós formos melhores do que somos. 
Se agora, com todas essas dificuldades, com todas essas deficiências que portamos, conseguimos feitos tão notáveis, o que será do amanhã quando formos pessoas mais dignas, mais moralizadas, mais éticas? 
Quando nos aproximarmos mais do pensamento de Deus?
Quando formos mais justos, mais fraternos, mais irmãos?
Ficamos a sonhar com esse dia quando a Terra será um verdadeiro paraíso, um paraíso terrestre. 
Somos deuses com um grande poder de inventar coisas surpreendentes. 
Lembremos de nos servir desse nosso grande potencial para promover a concórdia entre todos, a paz individual, a paz no mundo. 
Sejamos deuses da paz. 
Redação do Momento Espírita, com base no Programa televisivo Vida e Valores, nº 158 e na pt. 2, cap. 9, do livro Vida e Valores, v. 3, de Raul Teixeira, ambos ed. FEP. 
Em 28.4.2022.

quarta-feira, 27 de abril de 2022

VOCÊ É O QUE DESEJA SER!

João era um importante empresário. 
Morava em um apartamento de cobertura, na zona nobre da cidade. Ao sair pela manhã, deu um longo beijo em sua amada, fez sua oração matinal de agradecimento a Deus pela sua vida, seu trabalho e suas realizações. Tomou café com a esposa e os filhos e os deixou no colégio. Dirigiu-se a uma das suas empresas. Cumprimentou todos os funcionários com um sorriso. Ele tinha inúmeros contratos para assinar, decisões a tomar, reuniões com vários departamentos, contatos com fornecedores e clientes. Por isso, a primeira coisa que falou para sua secretária, foi: 
-Calma, vamos fazer uma coisa de cada vez, sem stress. 
Ao chegar a hora do almoço, foi curtir a família. À tarde, soube que o faturamento do mês superara os objetivos e mandou anunciar a todos os funcionários uma gratificação salarial, no mês seguinte. Conseguiu resolver tudo, apesar da agenda cheia. Graças a sua calma, seu otimismo. Como era sexta-feira, João foi ao supermercado, voltou para casa, saiu com a família para jantar. Depois, foi dar uma palestra para estudantes, sobre motivação. 
Enquanto isso, Mário, em um bairro pobre de outra capital, como fazia todas as sextas-feiras, foi ao bar jogar e beber. Estava desempregado e, naquele dia, recusara uma vaga como auxiliar de mecânico, por não gostar do tipo de trabalho. Mário não tinha filhos, nem esposa. A terceira companheira partira, cansada de ser espancada e viver com um inútil. Ele morava de favor, num quarto muito sujo, em um porão. Naquele dia, bebeu, criou confusão, foi expulso do bar e o mecânico que lhe havia oferecido a vaga em sua oficina, o encontrou estirado na calçada. Levou-o para casa e depois de passado o efeito da bebedeira, lhe perguntou porque ele era assim: 
-Sou um desgraçado, falou. Meu pai era assim. Bebia, batia em minha mãe. Eu tinha um irmão gêmeo que, como eu, saiu de casa depois que nossa mãe morreu. Ele se chamava João. Nunca mais o vi. Deve estar vivendo desta mesma forma. 
Na outra capital, João terminou a palestra e foi entrevistado por um dos alunos: 
-Por favor, diga-nos, o que fez com que o senhor se tornasse um grande empresário e um grande ser humano?
Emocionado, João respondeu: 
-Devo tudo à minha família. Meu pai foi um péssimo exemplo. Ele bebia, batia em minha mãe, não parava em emprego algum. Quando minha mãe morreu, saí de casa, decidido que não seria aquela vida que queria para mim e minha futura família. Tinha um irmão gêmeo, Mário, que também saiu de casa no mesmo dia. Nunca mais o vi. Deve estar vivendo desta mesma forma. 
* * * 
O que aconteceu com você até agora não é o que vai definir o seu futuro e, sim, a maneira como você vai reagir a tudo que lhe aconteceu. 
Não lamente o seu passado. 
Construa você mesmo o seu presente e o seu futuro. 
Aprenda com seus erros e com os erros dos outros. 
O que aconteceu é o que menos importa. 
Já passou. 
O que realmente importa é o que você vai fazer com o que vai acontecer. 
E esta é uma decisão somente sua. 
Você decide o seu dia de amanhã. 
De tristeza ou de felicidade. 
De coisas positivas ou de amargura, sem esperança. 
Pense nisso! 
Mas pense agora! 
Redação do Momento Espírita, com base em história de autoria ignorada. Disponível no CD Momento Espírita, v. 11, ed. FEP. 
Em 27.4.2022.

terça-feira, 26 de abril de 2022

A HONRA TAMBÉM SE ENSINA

É comum, em nossos dias, ouvirmos reclamações por parte de pessoas que se sentiram desrespeitadas em seus direitos.
É o médico que marca uma hora com o paciente e o deixa esperando por longo tempo, sem dar satisfação. 
É o advogado que assume uma causa e depois não lhe dá o encaminhamento necessário, deixando o cliente em situação difícil. 
É o contador que se compromete perante a empresa a providenciar todos os documentos exigidos por lei e, passados alguns meses, a empresa é autuada por irregularidades que esse diz desconhecer. 
É o engenheiro que toma a responsabilidade de uma obra, que mais tarde começa a ruir, sem que ele assuma a parte que lhe diz respeito. 
É o político que faz muitas promessas e, depois de eleito, ignora a palavra empenhada junto aos seus eleitores. 
Esses e outros tantos casos acontecem com frequência nos dias atuais. 
É natural que as pessoas envolvidas em tais situações, exponham a sua indignação junto à sociedade, e reclamem os seus direitos perante a justiça. 
Todavia, vale a pena refletir um pouco sobre a origem dessa falta de honradez por parte de alguns cidadãos. 
Temos de convir que todos eles passaram pela infância e, em tese, podemos dizer que não receberam as primeiras lições de honra como deveriam. 
Quando os filhos são pequenos não damos a devida importância às suas más inclinações ou, o que é pior, as incentivamos com o próprio exemplo. 
Se nosso filho desrespeita os horários estabelecidos, não costumamos cobrar dele a devida atenção. 
Se prometem alguma coisa e não cumprem, não lhes falamos sobre o valor de uma palavra empenhada. 
Ademais, há pais que são os próprios exemplos de desonra. Prometem e não cumprem. 
Dizem que vão fazer e não fazem. 
Falam, mas a sua palavra não vale nada. 
É importante que pensemos a respeito das causas, antes de reclamar dos efeitos. 
É imprescindível que passemos aos filhos lições de honradez. Ensinar aos meninos que as filhas dos outros devem ser respeitadas tanto quanto suas próprias irmãs. 
Ensinar que a palavra sempre deve ser honrada por aquele que a empenha. 
Ensinar o respeito aos semelhantes, não os fazendo esperar horas e horas para, só depois, atender, como se estivéssemos fazendo um grande favor. 
Enfim, ensinar-lhes a fazer aos outros o que gostariam que os outros lhes fizessem, conforme orientou Jesus. 
* * * 
Não há efeito sem causa. 
Todo efeito negativo, tem uma causa igualmente negativa. 
Por essa razão, antes de reclamar dos efeitos, devemos pensar se não estamos contribuindo com as causas, direta ou indiretamente. 
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 5, ed. FEP. 
Em 31.7.2020.

segunda-feira, 25 de abril de 2022

UM PROJETO ARROJADO

Quantas vezes imaginamos criar algum projeto arrojado, marcante? 
Quantas vezes, participando da nossa comunidade religiosa, a descobrimos pequena, com tão poucos membros e cogitamos que, de forma alguma, podemos pensar em algo que possa vir a fazer a diferença na localidade em que vivemos. 
Menos ainda, em termos mais abrangentes, no Estado, no país, no mundo. 
Pensamos que não pode ser nada dispendioso, porque nem todos poderiam participar. 
Mas, naquele templo, em uma reunião, em que fervilharam ideias, a pequena assembleia criou o Projeto de orações para as viaturas de Polícia e do Corpo de Bombeiros. 
O objetivo era pedir proteção para esses servidores em todas as suas atividades. 
Para cada viatura, inclusive, seriam doados alguns bichinhos de pelúcia, para serem deixados nos porta-malas e dados às crianças que fossem socorridas em acidentes. 
Doutora Lilian era um dos membros e, diante da lista pendurada no quadro de avisos, ela escolheu a viatura de número 211. 
Não sabia quem seriam os policiais, nem qual área patrulhavam. 
Mas, levou o Projeto muito a sério. 
De modo geral, orava à noite. 
Pensava que a combinação de trânsito, escuridão, especialmente em dias chuvosos, seria o momento em que os policiais deveriam ter mais proteção. 
No entanto, por vezes, durante o dia, o número 211 surgia em sua mente. 
Ela deixava, por alguns minutos, o que estava fazendo, e orava. 
Certo dia, coincidiu que, indo para a casa de amigos, a viatura 211 passou por ela. 
-Minha viatura! – Exclamou. 
A partir de então, passou a orar com mais fervor, sentindo-se conectada àqueles servidores. 
Semanas depois, doutora Lilian se deu conta de como devia ainda mais intensificar suas preces em favor deles, acrescentando gratidão. 
Foi exatamente a viatura 211 que atendeu ao acidente que envolveu sua filha, quando ocorreu um problema na roda direita dianteira do carro, que o fez mergulhar no riacho. 
Por algo que ela considera um verdadeiro milagre, a filha escapou com leves ferimentos. 
* * * 
Já imaginamos algo semelhante? 
Adotarmos, anonimamente, uma Corporação, para lhe enviarmos preces, todos os dias? 
Quantas vezes pensamos nos perigos a que se expõem policiais e bombeiros, em suas missões de resgates e atendimentos cotidianos? 
Quando explodiu a pandemia, muitos passamos a orar pelos médicos, enfermeiros, atendentes dos hospitais, porque reconhecemos o esforço e a dedicação deles. 
Também entendemos que precisavam de vibrações positivas para se manterem dispostos no bom trabalho. 
Pensando em tantos que nos servem, no serviço público, de lixeiros, faxineiros, serventes, a agentes de saúde, seguranças, a ocupantes de altos cargos, seria oportuno que abraçássemos um projeto semelhante ao dessa pequena comunidade. 
Para uns, a prece lhes será fortalecimento das energias físicas. 
Para outros, vibrações para decisões acertadas, despojadas de interesse pessoal. 
Oremos. 
Longe estamos de entender o grande alcance das rogativas, em nome do amor. 
Prece é luz, é energia. 
É bênção do Alto alcançando os filhos de Deus na Terra.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 42, do livro Milagres em família, de Yitta Halberstam e Judith Leventhal, ed. Butterfly. 
Em 25.4.2022.

domingo, 24 de abril de 2022

HONRANDO NOSSOS MORTOS

Conta-se que um homem colocava flores sobre o túmulo de um parente, quando viu outro homem colocar um prato de arroz na lápide ao lado. De forma desdenhosa, lhe perguntou:
-O senhor acha mesmo que o defunto virá comer o arroz?
Mais do que depressa, respondeu o interpelado: 
-Certeza absoluta. No mesmo momento em que o seu vier cheirar as flores. 
O diálogo parece agressivo. 
Mas o que ressalta é a falta de respeito que temos uns para com a forma de pensar e agir dos outros. 
Estamos sempre prontos a criticar, sem nos darmos conta de quantas vezes não estaremos nós sendo tolos em algumas das nossas atitudes. 
Criticamos o vizinho porque coloca alimentos sobre o túmulo, pois guardamos a certeza de que, aquele que adentrou a aduana da morte, não virá se servir deles. 
No entanto, não atentamos que nós mesmos estamos acendendo velas e oferecendo flores. 
Seria de nos indagarmos: cera queimada iluminará o caminho da consciência de quem se encontra na Espiritualidade? 
O perfume das flores que deixamos sobre o túmulo alcançará a alma onde se encontre, dizendo-lhe que a recordamos?
Também mostramos a nossa ignorância quanto a culturas diferentes da nossa. 
Por que uns colocam alimentos sobre os túmulos, enquanto outros acendem velas e oferecem flores? 
Por que alguns vão ao túmulo para orar pelos seus mortos, por vezes, vindo de muito longe para assim os homenagear?
Por que outros tantos não comparecem aos cemitérios senão para providenciar os cuidados devidos com o túmulo e oram em suas casas, em seus templos? 
Por que uns honram a morte e outros cantam a Imortalidade?
Isso ocorre porque os homens, na Terra, nos encontramos em estágios evolutivos bem diferentes uns dos outros. 
Alguns de nós ainda trazemos o atavismo de eras passadas, quando os antigos entendiam que deviam aos mortos todos os cuidados de quando estavam sobre a Terra. 
Por isso, os alimentavam periodicamente, levando guloseimas e bebidas aos seus túmulos, que tinham lugares próprios para isso. 
Alguns, libertos desse costume, honramos a morte com outros atavios. 
Finalmente, outros de nós, tendo ouvido a voz do Pastor da Galileia, que ressurgiu da morte, atestando da Imortalidade do Espírito, entendemos que quem morre, prossegue vivo e atuante. 
Aprendemos que o Espírito sopra onde quer, como disse Jesus, e assim compreendemos que não se faz imperioso ir aos cemitérios para dialogar com nossos mortos. 
O diálogo acontece pelo pensamento, e os fios sublimes da oração são o melhor intercâmbio. 
Qual a escada bíblica de Jacó, onde os anjos subiam e desciam dos céus à Terra, enviamos as nossas vibrações de saudade, nossos abraços espirituais, recordando-os, nas imagens vivas da nossa mente. 
E, tranquilos, com eles nos encontramos, enquanto o sono físico nos recupera as forças. 
Vamos ao seu encontro, arrefecemos um pouco a grande noite da saudade e formulamos votos de logo mais nos reencontrarmos, outra vez, na Espiritualidade. 
Tudo reside no entendimento de cada um. 
Por isso, respeitemos as manifestações diversas das nossas quanto à morte. 
Mas, de nossa parte, continuemos a dar mostras de que somos os discípulos do Mestre da Imortalidade, Jesus Cristo, que nos legou uma tumba vazia, a fim de que O recordássemos sempre glorioso, na ressurreição do Espírito imortal. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 21.12.2010.

sábado, 23 de abril de 2022

A HONRA

Sandra Della Pola
Conta-se que um promotor público, nomeado para uma cidade interiorana do sul do Brasil, ali chegou jovem e entusiasta. Conhecedor da lei, amante da ordem e do direito, se propôs a realizar o melhor, naquela localidade. Um dos primeiros casos que lhe chegou às mãos foi de um homem que, em plena praça, à vista de vários cidadãos, descarregara todas as balas do seu revólver em sua esposa. Fora um crime bárbaro, cruel, presenciado por muitos. O jovem promotor estudou o caso e, com tranquilidade, se propôs a fazer a acusação daquele réu. Para ele, não havia dúvidas. Tratava-se de um crime bárbaro. O homem, tomado de ciúmes, pois descobrira que a esposa o traíra, a matara de forma fria, premeditada. Havia muitas testemunhas. O fato era notório. Não havia erro. Aquele homem seria condenado. Contudo, no transcurso do processo, foi se tomando de surpresa o promotor. O advogado do réu apresentou sua defesa baseado em que ele não deveria ser julgado culpado pois, afinal, fora brutalmente ofendido em sua honra. A surpresa foi maior ainda quando o júri chegou ao veredito de inocente. Entenderam os jurados daquela cidade que o homem traído mais não fizera do que lavar a sua honra. E honra se lava com sangue. Não se tratava de uma questão de direito, de certo e de errado, mas de como aquela gente entendia que tudo deveria ser resolvido. E, no caso, somente a morte poderia lavar a honra daquele cidadão. 
* * * 
Em várias localidades, em nosso país e no mundo, muitos ainda acreditam que a honra se lava com sangue. 
Quando ouvimos relatos de fatos semelhantes, aqui e ali, tentando justificar atos de violência, ficamos chocados.
Compete-nos refletir e pesar nossos valores. 
Mohandas Gandhi
Recordamos que, certa feita, Mohandas Gandhi, o líder pacifista da Índia, foi esbofeteado em pleno rosto. 
O golpe fora tão rude que ele caíra. 
Levantou-se, limpou a poeira da roupa e, sereno, continuou o seu caminho. 
Uma jornalista londrina teve oportunidade de lhe perguntar:
-Senhor, o senhor não vai revidar? 
-Por que deveria? – Perguntou, tranquilo. 
-Mas, senhor, ele lhe esbofeteou a face. Feriu a sua honra.
-Gandhi a olhou, profundamente, nos olhos e respondeu:
-Minha jovem, minha honra não está no rosto. 
Sim, sua honra como a de todos nós, não está no rosto. 
A honra está na alma e essa ninguém a pode remover, senão nós mesmos. 
Manchamos nossa honra de filhos de Deus quando nos permitimos revidar agressões, descer ao nível do agressor.
Dilapidamos nossa honra quando nos permitimos compactuar com a mentira, com a corrupção, com o crime de qualquer nível. 
Pensemos nisso e nos mantenhamos no bem, no caminho do reto dever, mesmo que as circunstâncias pareçam contra nós.
Recordemos a exortação do divino pastor: 
-Quem perseverar até o fim, este será salvo! 
Perseveremos no bem, conservando a honra inigualável de filhos de Deus. 
Redação do Momento Espírita, com base em fato narrado por Sandra Della Pola, em palestra proferida no Teatro da Federação Espírita do Paraná, no dia 11 de julho de 2010. Disponível no livro Momento Espírita, v. 10, ed. FEP. 
Em 22.1.2019.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

A IMPORTÂNCIA DE UM DIA

Um dia é uma unidade de tempo que transcorre, em determinada região da Terra, entre o instante do nascer do sol e o do seu ocaso. 
Um intervalo igual a vinte e quatro horas. 
É uma medida interessante que define coisas importantes para nossas vidas. 
Vejamos que foi um dia que Colombo resolveu empreender a viagem que desvelou o caminho para a América. Foi um momento de quebra de fronteiras, pois o homem começou a explorar o Oceano Atlântico. 
Foi um dia que Gandhi decidiu que seu povo deveria ficar liberto do jugo estrangeiro e iniciou sua campanha da não violência, até alcançar o seu intento. 
Foi um dia que Martin Luther King organizou e liderou a Marcha sobre Washington por Trabalho e Liberdade, reunindo mais de duzentas e cinquenta mil pessoas. 
Foi um dia que a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, abolindo a vergonha da escravidão em nosso país. 
Foi um dia que o Divino Pastor decidiu nascer entre os Seus tutelados, abandonando as estrelas, peregrinando no mundo terreno. 
Foi um dia que Verônica deixou as terras de Cesareia de Filipe, em busca da cura de seu terrível mal. 
Foi um dia que chegou a Cafarnaum, encontrou o Mestre, recebendo a cura do corpo e o convite para sua renovação espiritual. 
Foi um dia que o médium mineiro escreveu a primeira página psicográfica, iniciando sua produção mediúnica, que foi além de quatrocentos livros de consolo e esclarecimento. 
Foi um dia que o templo religioso que frequenta teve lançada a sua pedra fundamental. 
Foi um dia... 
Foi um dia que adentramos a escola, para ilustrar a nossa inteligência e aprender a respeito do mundo, suas leis, nossos direitos e deveres. 
Foi um dia que iniciamos a nossa atividade profissional, inseguros, incipientes, para nos engrandecermos na carreira de aprendizado e serviço ao próximo. 
Foi um dia que nos tornamos pais e mães, recebendo do Criador a especial incumbência de orientar, na Terra, um dos Seus espíritos. 
Neste planeta, tudo é assim. 
Começa um dia. 
Um dia plantamos, no outro regamos, adubamos, aguardamos a floração. Colhemos os frutos. 
Importante é nos darmos conta de que nas vinte e quatro horas de um dia, nossa vida pode se alterar. 
Podemos mudar nossos rumos, definir a carreira profissional, buscar ajuda e nos libertarmos da sombra que nos envolve.
Um dia. 
Vinte e quatro horas de oportunidades. 
Enquanto disponhamos dessas horas, nos sirvamos delas, para crescer intelectual e espiritualmente. 
Desejando os benefícios do amanhã, espalhemos o bom, o útil no dia de hoje. 
Não deixemos escoar os minutos, sem nada fazer. 
Podemos observar o cenário da natureza e descobrir as suas maravilhas, nos encantando. 
Podemos tomar de um livro, realizar uma pesquisa e aprender algo novo. 
Podemos assistir a um filme e extrair lições. 
Podemos olhar ao redor e descobrir onde a nossa mão de obra se faz necessária para melhorar o panorama geral do mundo. 
Um dia... 
Que não percamos o dia de hoje, com sua riqueza de segundos, minutos, horas. 
Porque, exatamente como as águas do rio que se vão, o dia de hoje jamais retornará. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Um dia, do Espírito Isabel de Castro, do livro Falando à Terra, por diversos Espíritos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. 
Em 22.4.2022.

quinta-feira, 21 de abril de 2022

HONESTIDADE

A humanidade cada vez mais demonstra preocupação com questões transcendentes da vida. 
A consciência de que viver não se resume a aspectos materiais se dissemina pela sociedade. 
Fala-se em entrar em contato com a própria essência, em desenvolver a espiritualidade. 
Independentemente de filiação a determinada corrente religiosa, a ampla maioria afirma acreditar em uma força superior. 
Isso revela que as criaturas estão buscando identificar a razão de sua existência. 
Como tudo no Universo se encontra em constante metamorfose e aprimoramento, conclui-se que o progresso é uma das finalidades da vida. 
O anseio pelos aspectos sublimes da existência demonstra justamente as criaturas em pleno processo evolutivo. 
Mas é importante recordar que a evolução dá-se de modo cadenciado. 
Na natureza não ocorrem saltos. 
As espécies não se transformam repentinamente. Determinadas etapas devem ser vencidas para ser possível atingir-se a fase seguinte. 
É como a construção de uma casa: ninguém inicia pelo acabamento. Faz-se necessário antes providenciar sólida estrutura. 
O mesmo ocorre com o psiquismo das criaturas. 
A identificação com as faixas superiores da vida pressupõe o domínio de aspectos básicos do viver. 
A harmonia e a paz são o resultado de vivências nobres do Espírito. 
Tais conquistas não são improvisáveis e nem surgem de um momento para o outro. 
Assim, ao nos preocuparmos com questões transcendentes, não esqueçamos coisas elementares. 
A honestidade é justamente uma das primeiras virtudes a serem conquistadas por quem deseja a paz e a felicidade. 
O céu não é um local determinado no espaço, mas um estado de consciência, de harmonia com as leis Divinas. 
Mas não é possível harmonizar-se com tais leis sem o rigoroso atendimento dos próprios deveres. 
Ser honesto implica demonstrar lealdade em todos os aspectos da existência. 
O homem honesto realiza as tarefas que lhe cabem, com ou sem testemunhas. 
Ele não inventa desculpas para avançar sobre o patrimônio do vizinho. 
Infelizmente, nossa sociedade vive uma grande crise ética. 
Ao tempo em que demonstra indignação com a desonestidade alheia, os indivíduos são, com frequência, desleais em seus negócios particulares. 
Muitas vezes, quem reclama dos políticos não paga corretamente seus impostos. 
Inúmeros estudantes bradam contra a falta de ética de governantes e empresários, mas colam nas provas e copiam as tarefas dos colegas. 
Esse gênero de conduta sinaliza apenas hipocrisia. 
Como afirmou Jesus, é necessário dar a César o que é de César. 
Ao agir honestamente, ninguém faz mais do que a obrigação. Mas não há como desenvolver harmonia espiritual se nem a honestidade ainda foi assimilada. 
É paradoxal fazer caridade sem pagar as próprias contas. 
A torpeza dos outros não nos deve servir de desculpa. 
Antes de nos preocuparmos com a ausência de ética alheia, analisemos nosso modo de viver. 
Pensemos se temos condições de assumir tudo o que fazemos e dizemos. 
* * * 
A lealdade irrestrita é uma recompensa em si mesma, pois confere dignidade e autorrespeito. 
Assim, se você deseja viver em paz, seja honesto. 
Afinal, a conquista da paz pressupõe poder observar o próprio proceder sem remorso ou vergonha. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 5.11.2014.

quarta-feira, 20 de abril de 2022

O PRIMEIRO CULTO CRISTÃO NO LAR

CHICO XAVIER E NÉIO LUCIO
A noite era de estrelas e luar. 
Na Terra, uma vez mais, o Mestre escolhia residência humilde para trazer lição inesquecível. 
Dessa vez, não era a estalagem singela onde poucos animais puderam ouvir o canto de gratidão de uma mãe e de um pai.
Nessa noite, era a casa de um pescador, aquele que atendera, prontamente, ao Seu convite: 
-Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens.
A casa de Simão Pedro jamais seria a mesma... 
Como se desejasse imprimir novo rumo às conversas, que estavam improdutivas e nada edificantes, Jesus expôs com bondade: 
-O berço doméstico é a primeira escola e o primeiro templo da alma. A casa do homem é a legítima exportadora de caracteres para a vida comum. A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendemos a viver em paz, entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações? Se não nos habituamos a amar o irmão mais próximo, associado à nossa luta de cada dia, como respeitar o eterno Pai que nos parece distante? 
Jesus passeou o olhar pela sala modesta, fez pequeno intervalo e continuou: 
-Pedro, acendamos aqui, em torno de quantos nos procuram a assistência fraterna, uma claridade nova. A mesa de tua casa é o lar de teu pão. Nela, recebes do Senhor o alimento para cada dia. Por que não instalar, ao redor dela, a sementeira da felicidade e da paz na conversação e no pensamento? O Pai, que nos dá o trigo para o celeiro, através do solo, nos envia a luz através do céu. Se a claridade é a expansão dos raios que a constituem, a fartura começa no grão. Em razão disso, o Evangelho não foi iniciado sobre a multidão, mas, sim, no singelo domicílio dos pastores e dos animais. 
Naquele instante, Jesus propunha, com muita naturalidade, a prática da reflexão dos textos sagrados dentro do lar. Lembrando que à época não havia livros; as leituras dos textos da Torá eram realizadas nas sinagogas e ainda, apenas os homens tinham acesso ao conteúdo da chamada lei e os profetas. 
Quando Jesus propõe essa prática doméstica, Ele altera esse panorama. 
Jesus propunha uma conversa regular, dentro de casa, sobre os textos da lei, o que muitos conhecemos como Evangelho no lar, no qual nos servimos das lições do próprio Cristo para enriquecer as conversações. Jesus não lhe deu nome. 
Não o rotulou. 
Propôs, apenas, que fosse um momento em família, em que todos, na casa, pudessem ter voz, pudessem expor suas ideias e também pudessem ouvir. 
Em todos os cultos realizados na casa de Pedro, o Mestre demonstrou o quanto sabia escutar, mesmo sendo Ele o Caminho, a Verdade e a Vida. 
Sigamos mais esse exemplo. 
Guardemos um momento semanal na rotina de nosso lar para a oração e breve leitura de texto do livro da vida. 
Depois, permitamos que todos, crianças, jovens e adultos, se manifestem, dizendo de como aqueles ditos lhes falam ao coração. 
Perceberemos o quanto de doçura e de entendimento existe nos corações dos que nos compõem o lar. 
E, mais do que tudo, verificaremos os benefícios que esse encontro semanal trará ao nosso lar. 
A paz no mundo começa com a paz no lar. 
Redação do Momento Espírita com base no cap I, do livro Jesus no Lar, pelo Espírito Néio Lucio, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. 
Em 20.4.2022.

terça-feira, 19 de abril de 2022

ALCANÇANDO A CIVILIZAÇÃO

Margaret Mead
Margaret Mead foi uma antropóloga cultural, nascida nos Estados Unidos no Século XX. Trabalhou no Museu Americano de História Natural, em Nova York, por mais de cinco décadas, assumindo o posto de diretora de etnologia por mais de vinte anos. Seus estudos muito contribuíram para o desenvolvimento da antropologia, em vários aspectos. Certa feita, uma estudante lhe perguntou qual seria, na visão aguçada da pesquisadora, o primeiro sinal de civilização. Talvez a expectativa da aluna fosse que a insigne professora lhe indicasse algum artefato desenvolvido, o domínio de alguma técnica. Talvez falasse da capacidade de amolar uma pedra, fazer uma lança ou um pote de barro. No entanto, a reflexão da antropóloga foi além da aquisição dessas capacidades intelectuais e motoras que desenvolvemos em nossa caminhada evolutiva. Para a doutora Margaret Mead o que sinaliza o início da civilização é um fêmur curado. O fêmur é um dos maiores ossos de nosso organismo, o mais longo de nosso corpo, fundamental para nosso deslocamento. Sem os recursos que hoje a medicina oferece, ele levava cerca de seis semanas para uma completa cicatrização, exigindo do paciente absoluto repouso, nenhum movimento. Assim, a antropóloga concebeu, na observação de um osso curado, a síntese de toda uma conquista emocional. Durante essas longas semanas, alguém teve de proteger esse enfermo. Teve que tratar, alimentar, fornecer água, entre tantas necessidades. Tais atitudes nascem da empatia, da solidariedade, do afeto e da consideração. Somente munido desses sentimentos alguém dispensaria tantos dias para cuidar do outro. 
 * * * 
Dessa forma, concluímos, é que se faz a construção de nossa Humanidade, de nossa civilização. 
E isso se dá, na intimidade de cada um de nós. 
Portanto, os sinais efetivos de nosso progresso não se darão pela nossa inteligência, por termos um raciocínio rápido e privilegiada capacidade de entendimento. 
Em cada um de nós, o progresso se efetivará, quando, para além do intelecto, formos conquistando valores nobres.
Vamos construindo nossa civilização à medida que conseguimos tratar o outro da mesma forma que gostaríamos de ser tratados. 
Quando vamos entendendo que nossos direitos devem respeitar os direitos do outro; quando, além de justos, somos solidários perante as dificuldades do próximo; quando a compaixão nos toca, e com ela nos movimentamos, para minimizar a dificuldade do outro, temos uma conquista individual. 
E quando cada conquista se consolida, em nós, em última instância, toda a Humanidade progride. 
Por isso, se buscamos progressos maiores para nossa civilização, lembremos que apenas as conquistas e esforços intelectuais não bastam. 
São importantes, sem sombra de dúvida. 
Mas, se não nos preocuparmos em nos tornarmos melhores, mais humanos, mais solidários, mais companheiros uns dos outros, jamais poderemos nos dizer, efetivamente, civilizados.
Redação do Momento Espírita. 
Em 12.4.2022

É MELHOR COMPREENDER

Edgar Morin
Quando lemos um texto mais complexo, quando escutamos uma palestra, curso ou um podcast, é natural que nossa compreensão não seja imediata.  Afinal, estamos buscando entender o trabalho intelectual de outra pessoa, o que demanda atenção e esforço. 
Algumas vezes, um bom tempo. Isso acontece toda vez que temos contato com algo novo. 
Na escola, o esforço para compreender a lógica das operações matemáticas ou os textos em forma de crônicas, poemas ou romances. 
Nosso cotidiano está cheio de armadilhas para nossa boa compreensão: o anúncio mal redigido, a pontuação equivocada, palavras com sentidos diversos... 
São exemplos de obstáculos para o correto entendimento do mundo que nos cerca. 
Porém, há um outro tipo de compreensão, talvez de maior necessidade em nossas vidas. É a compreensão do nosso próximo, das pessoas ao nosso redor. 
Compreender as lições da escola ou os problemas do trabalho não são desafios fáceis. Mas, entender as pessoas de nosso convívio revela-se uma lição mais difícil de ser aprendida. 
Todos carregamos uma história feita da cultura, da educação, do meio familiar e das experiências individuais. Assim, é natural que tenhamos pontos de vista diferentes, posturas que não se assemelham e valores que podem vir a conflitar.
Compreender o outro é justamente entender e aceitar essas diferenças, e vê-las como naturais. 
O que muitas vezes não nos ocorre é que não precisamos concordar com alguém para compreendê-lo. 
Basta vivenciarmos a empatia, nos colocando no lugar dele.
Dessa forma, conseguimos ver o mundo com o olhar do outro e, a partir desse ponto de vista, que não é o nosso, analisamos a situação. 
Edgar Morin, filósofo francês contemporâneo, afirma que um dos desafios para a Humanidade, no século XXI, é o de aprender a compreender. E o das escolas, é o de ensinar a compreensão. 
Ele está coberto de razão. 
Compreender é acolher o outro em nossos sentimentos, abandonando o julgar para apenas buscar entender suas atitudes. 
Não é sinônimo de ser conivente com os erros alheios ou de tentar acobertá-los. 
Compreender o outro é buscar entender os seus motivos ou mesmo as causas de suas atitudes, antes de julgar ou analisar de maneira superficial a situação. 
A compreensão exige de nós um olhar indulgente, de quem busca entender antes de julgar ou classificar. 
Compreender uma criança que chora é ir ao seu encontro pesquisando as causas de seu incômodo, ao invés de simplesmente impor que ela engula seu choro. 
Quando tivermos dificuldade para entender o colega de trabalho, o comportamento do parente complicado ou do vizinho difícil, desarmemo-nos e olhemos, com olhos de quem deseja compreender. 
E, quando formos nós o incompreendido, esforcemo-nos para compreender e tolerar a incompreensão... 
Afinal, compreender sem julgar, é um dos maiores atos de amor que podemos exercer em relação àqueles que nos cercam. 
Bem anuncia a prece tão conhecida: é melhor compreender do que ser compreendido. 
Redação do Momento Espírita 
Em 18.4.2022.

segunda-feira, 18 de abril de 2022

HONESTIDADE VAI BEM

Abel Mutai e
Ivan Fernandez Anaya
Uma cena inusitada e inspiradora no esporte: o atleta queniano, Abel Mutai, medalha de ouro nos três mil metros com obstáculos e campeão olímpico em Londres, estava prestes a ganhar mais uma corrida. Entrou em um novo setor da prova e, achando que já havia cruzado a linha de chegada, começou a cumprimentar o público, reduzindo o passo. O segundo colocado, logo atrás, Ivan Fernandez Anaya, vendo que ele estava equivocado e parava dez metros antes da bandeira de chegada, não quis aproveitar a oportunidade para acelerar e vencer. Ele permaneceu às suas costas, e gesticulando para que o queniano compreendesse a situação, quase o empurrando, levou-o até o fim, deixando que ele conquistasse, então, a merecida vitória – como já iria acontecer se ele não tivesse se enganado sobre o percurso. Ivan Fernandez Anaya, um jovem corredor de vinte e quatro anos, que é considerado um atleta de muito futuro, ao terminar a prova, disse: 
-Ainda que tivessem me dito que ganharia uma vaga na seleção espanhola para disputar o campeonato europeu, eu não teria me aproveitado. Acho que é melhor o que eu fiz do que se tivesse vencido nessas circunstâncias. 
* * * 
Quando começaremos a agir assim, em todas as situações de nossas vidas? 
Quando deixaremos de enganar os outros e de enganar a nossa própria consciência? 
Teríamos agido dessa forma, em situação semelhante, ou não? 
Valerá a pena tudo por uma medalha, por um resultado, por ser proclamado melhor, o número um, nisso ou naquilo?
Valerá tudo para conseguir um emprego, um dinheiro extra, um bom negócio fechado? 
Será? 
A virtude da honestidade diz que não, não vale a pena.
Atuando assim, poderemos ter pequenas e falsas vitórias aqui e ali, mas continuaremos sendo almas derrotadas, pois não vencemos o mundo e suas destemperanças, não vencemos o homem velho e vicioso em nós. 
O importante é vencer-se, estando em paz com nossa consciência. 
Não basta viver e sobreviver. 
Citando o grande Sócrates e sua honestidade, quando lhe propuseram a fuga da prisão onde ficou até a morte: 
-O importante não é viver. O importante é bem viver. 
Estamos aqui para aprender a bem viver, para vencer quando estivermos preparados para vencer, quando merecermos a vitória. 
Participar desses jogos baixos do mundo, dessas manipulações de mentes, de esquemas etc., é permanecer pequeno, é congelar a evolução moral do Espírito. 
Ser honesto é vivenciar a verdade em todas as circunstâncias, a verdade que, segundo o Mestre, nos libertará – libertará da ignorância e do sofrimento. 
* * * 
Um gesto de honestidade vai muito bem. 
Vai muito bem em casa, quando confessamos o que vai em nosso coração, quando não desejamos esconder nada de ninguém. 
Vai muito bem nas relações sociais, quando atuamos com justiça, com probidade, dando a cada um o que é seu de direito, nunca admitindo passar alguém para trás. 
Vai muito bem no casamento, toda vez que honramos o compromisso com o outro, jamais praticando algo que não gostaríamos que praticassem conosco. 
Vai muito bem sempre. 
Haverá dia em que honestidade não precisará mais ser considerada virtude a ser conquistada, pois seremos todos honestos por natureza. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 15.4.2013.

domingo, 17 de abril de 2022

HONESTIDADE PRESENTE

Poderia ser mais um dia como outro qualquer para aquele morador de rua. No entanto, a sua atitude deveria assinalar uma grande guinada em sua vida. Na estação de metrô, ele percebeu quando um homem apressado deixou cair do bolso a sua carteira. De imediato, ele a juntou e tentou alcançá-lo para devolvê-la. Não foi rápido o suficiente e o dono da carteira se foi, em um dos vagões. A atitude seguinte foi entregar o objeto na delegacia mais próxima. Notificado do achado, o dono foi apanhar a carteira. Ficou muito surpreso ao encontrar intactos todos os seus cartões de crédito e a considerável soma em dinheiro. Tudo estava ali. Agradecido, procurou a pessoa que procedera de forma tão honesta. Ao constatar a situação de pobreza do seu benfeitor, sentou-se para conversar. Descobriu que ele se tornara morador de rua depois de perder o emprego, há alguns meses. Então, junto com seus agradecimentos, o empresário lhe ofereceu emprego, salário e casa para morar. Em síntese, disse que em sua empresa precisava de homens honestos como aquele, alguém em quem ele poderia depositar toda sua confiança. 
* * * 
É possível que muitos de nós estejamos pensando, neste momento, que somos pessoas essencialmente honestas e, no entanto, jamais fomos recompensadas por isso. 
Nada semelhante ao narrado nunca nos aconteceu. 
Ninguém sequer nos elogia pela lisura de nossas ações.
Tenhamos em conta que qualquer virtude faz bem a quem a possui, a pratica. 
Não importa que não seja reconhecida. 
Importante é sabermos que somos honestos, que conquistamos essa virtude e que a exemplificamos para aqueles que nos rodeiam. 
Na qualidade de pais, imprescindível que a ensinemos aos filhos, através do nosso exemplo. 
E que zelemos pelas suas condutas, enquanto se encontram em formação do caráter. 
Um pequeno objeto encontrado na rua ou uma flor colhida em jardim alheio, deve merecer a nossa atenção. 
Buscar o legítimo dono ou desculpar-se pela colheita indevida é o início de um processo de educação para a honestidade. 
A grande importância desse gesto e o bem-estar que ele proporciona, marca o coração, muda o rumo da própria vida.
Quando vivenciamos a honestidade, sabemos o que é ter a consciência em paz, e sentir a alegria das vibrações positivas.
Quando nos amamos, não perdemos uma única oportunidade de agir corretamente, pois sabemos que somos a razão primeira de nossa felicidade. 
O comportamento honesto emite energias boas ao nosso redor e melhora o mundo em que vivemos. 
Ser honesto é também respeitar nossos companheiros de jornada, não interferir nas conquistas alheias, não prejudicar a ninguém. 
A honestidade se cumpre desde o correto uso das palavras construtivas que dissipam o ódio e as desavenças, até ao abraço sincero de compreensão. 
Com honestidade, realizamos com alegria as tarefas que nos cabem, porque, ao agir honestamente, sentimos a grandeza de sermos autênticos filhos de Deus.
Redação do Momento Espírita, com base em fato. 
Em 5.12.2020.

sábado, 16 de abril de 2022

A HONESTIDADE NÃO TEM PREÇO

A história é comovente. 
Fala de uma honestidade a toda prova, e é contada por Vladimir Petrov, jovem prisioneiro de um campo de concentração no nordeste da Sibéria. Vladimir tinha um companheiro de prisão chamado Andrey. Ambos sabiam que daquele lugar poucos saíam com vida, pois o alimento que se dava aos prisioneiros políticos não tinham por objetivo mantê-los vivos por muito tempo. A taxa de mortalidade era extremamente alta, graças ao regime de fome e aos trabalhos forçados. E como é natural, os prisioneiros, em sua maioria, roubavam tudo quanto lhes caía nas mãos. Vladimir tinha, numa pequena caixa, alguns biscoitos, um pouco de manteiga e açúcar - coisas que sua mãe lhe havia mandado clandestinamente, de quase três mil quilômetros de distância. Guardava aqueles alimentos para quando a fome se tornasse insuportável. E como a caixa não tinha chave, ele a levava sempre consigo. Certo dia, Vladimir foi despachado para um trabalho temporário em outro campo. E porque não sabia o que fazer com a caixa, Andrey lhe disse: 
-Deixe-a comigo, que eu a guardo. Pode estar certo de que ficará a salvo comigo. 
No dia seguinte da sua partida, uma tempestade de neve que durou três dias tornou intransitáveis todos os caminhos, impossibilitando o transporte de provisões. Vladimir sabia que no campo de concentração em que ficara Andrey, as coisas deviam andar muito mal. Só dez dias depois os caminhos foram reabertos e Vladimir retornou ao campo. Chegou à noite, quando todos já haviam voltado do trabalho, mas não viu Andrey entre os demais. Dirigiu-se ao capataz e lhe perguntou: 
-Onde está Andrey? 
-Enterrado numa cova enorme junto com outros tantos prisioneiros, respondeu ele. Mas antes de morrer pediu-me que guardasse isto para você. 
Vladimir sentiu um forte aperto no coração. 
-Nem minha manteiga nem os biscoitos puderam salvá-lo, pensou. 
Abriu a caixa e, dentro dela, ao lado dos alimentos intactos, encontrou um bilhete dizendo: 
Prezado Vladimir. 
Escrevo enquanto ainda posso mexer a mão. Não sei se viverei até você voltar, porque estou horrivelmente debilitado. Se eu morrer, avise a minha mulher e meus filhos. Você sabe o endereço. Deixo as suas coisas com o capataz. Espero que as receba intactas, Andrey. 
* * * 
Ser honesto é dever que cabe a toda criatura que tem por meta a felicidade. 
E a fidelidade é uma das virtudes que liberta o ser e o eleva na direção da Luz. 
Uma amizade sólida e duradoura só se constrói com fidelidade e honestidade recíprocas. 
Somente as pessoas honestas e fieis possuem a grandeza d'alma dos que já se contam entre os Espíritos verdadeiramente livres. 
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base em artigo publicado na Revista Seleções Reader’s Digest, jan/1950. 
Em 06.08.2009.

sexta-feira, 15 de abril de 2022

NOSSAS MARCAS

Todos deixamos marcas no mundo. 
Podem ser bem maiores do que nós. 
Ou talvez minúsculas, mas as deixamos. 
Luminosas, boas, inúteis ou ruins, depende de cada um de nós. 
 Por isso, é bom nos examinarmos, ante o panorama da vida que, por mais se alongue, é extremamente curta. 
No jornal da manhã, descobrimos que morreu o jornalista cujas crônicas, debates e declarações acompanhamos por anos. 
Nem nos déramos conta de que ele tinha mais de oito décadas de existência. 
Era tão presente em nossas vidas, nas redes sociais, no seu blog, na televisão. 
Ele se foi. 
Na homenagem que lhe foi prestada por colegas e famosos, uma frase constante:
-A vida é muito curta! 
O interessante é que somente tomamos ciência disso quando alguém importante, para nós, desaparece do cenário da Terra, retornando à pátria verdadeira. 
É quando registramos as marcas que esse alguém deixa no mundo e as admiramos. 
E quando nosso coração já registra saudades, nos cabe uma dupla análise. 
A primeira é olhar em nosso entorno, para os próximos mais próximos e descobrir quem deixou ou está deixando marcas profundas em nossas vidas. 
Alguns registramos um pai muito querido, sempre presente.
Um pai que nos ensinou a identificar pé de fruta - laranja, limão, pitanga, manga – pelo cheiro ou formato das folhas.
Um pai que nos ensinou a nos interessarmos pelas pessoas.
Um pai que nos deu dicas especiais a respeito de como sermos bons motoristas. 
Um pai que nos deixa usar o seu carro. 
Um carro antigo, sempre muito bem cuidado. 
Limpeza diária, nunca permitindo que o nível do tanque de gasolina fique baixo. 
O carro deve sempre estar pronto, disponível. 
Nunca se sabe quando se pode ter uma emergência em nossa casa ou no vizinho. 
– É o seu comentário. 
São marcas dessa qualidade que nos assinalam a existência e nos definem como seres mais humanos, mais atenciosos para com o outro. 
Marcas que nos fazem saudar o sol com a alegria de quem agradece o estar vivo, não importa se morando em uma cidade esplendorosa ou no sítio distante. 
Naquele, onde os vizinhos mais próximos são os pássaros, as águas cantantes e o arvoredo que balança os galhos, se espreguiçando, depois do descanso noturno. 
Marcas deixadas por chefias, que nos mostraram como trabalhar é edificante. 
Como aquele desembargador que mantinha, sobre sua mesa, um aviso importante: 
-Quando vier me trazer um problema, traga também a solução. 
Marca inigualável de alguém que exigia o máximo de si, mas lecionava que cada um, naquele setor, era responsável pela harmonia do todo. 
E, ao menos uma vez na semana, não importando o número de processos ou deliberações que o envolvessem, ele fazia uma pausa para ir de mesa em mesa, por todos os departamentos, para oferecer seu sorriso e seus cumprimentos aos seus colaboradores. 
Marcas de responsabilidade. 
Marcas de amizade, marcas de sabedoria. 
Agora, vem a segunda análise: que marcas estamos deixando no mundo para os que vivem ao nosso redor, para os que apenas passam por nós, para nossos amores? 
Pensemos a respeito. 
Que sejam, especialmente, marcas de honra, honestidade, amor. 
Redação do Momento Espírita 
Em 14.4.2022.

quinta-feira, 14 de abril de 2022

HONESTIDADE HOMENAGEADA

Acreditam alguns que gestos de bondade, que demonstrem virtudes elevadas, não devam ser noticiados, muito menos elogiados. 
Com isso, cria-se uma cultura de evidenciar somente o mal, as ações ruins que tomam as manchetes, todos os dias, ferindo-nos a sensibilidade, seja pela imprensa escrita, falada ou televisionada. 
Verdade que o preceito evangélico diz que a mão esquerda não deve saber o que dê a direita. 
Naturalmente, o que ensinou Jesus é o não anunciar de si mesmo, a apologia das próprias obras. 
Mas, nos dias em que vivemos, de tanta maldade tomando conta dos noticiários, da hipocrisia e da corrupção fazendo escola, a iniciativa de um shopping da Austrália foi, não somente inusitada, mas exemplo a ser implantado, em outros locais. 
Uma equipe foi contratada para produzir um teste e preparou tudo em detalhes, instalando equipamentos fotográficos e de captação de som, posicionando seu pessoal em lugares estratégicos. 
Tudo começa com um rapaz que, propositalmente, deixa um par de óculos no chão de um dos corredores do movimentado shopping. 
O resultado foi fabuloso. 
Muitas pessoas, jovens, idosos, homens e mulheres levaram os óculos ao setor de achados e perdidos. 
A atendente, adrede treinada, tinha o cuidado de perguntar o nome e, fingindo se atrapalhar, derrubava algo no chão, enquanto acionava uma câmera para fotografar quem fizera a entrega do objeto. 
E, quando as pessoas pensavam que a história terminava ali, começavam as homenagens. 
Por onde elas andavam, pelo shopping, viam suas fotos com a frase: 
-Obrigado por sua honestidade! 
Lá estavam elas em monitores gigantes, em mensagens eletrônicas, em quadros de aviso: 
-Esta é a nova face da honestidade. 
Em vitrines, até bolos personalizados, com frases como: 
-A honesta Marina. 
A reação delas era de surpresa e felicidade. 
Exclamações lhes brotavam como 
-Oh, meu Deus! O que é isso? Nossa, minha foto! 
Ao final, quase à saída, mais surpresas: aplausos de um pequeno comitê e um buquê de flores. 
O lema da campanha é: 
A honestidade não pode ficar sem recompensa. 
* * * 
Como seria bom se as emissoras de rádio e TV, se os jornais começassem a buscar as notícias do bem e noticiassem os atos de altruísmo, de dedicação, de amor ao semelhante.
Como nosso mundo tomaria outro colorido. 
E, por uma questão de contágio do bem, logo esses gestos se multiplicariam de forma aritmética, geométrica. 
É disso que o mundo precisa: de boas notícias, de mostrar rostos de quem pratica o bem. 
Logo mais, se veria o mal decrescer, por uma questão de imitação. 
Vendo tantos realizarem coisas positivas, sabendo como o fizeram, quantos não se sentiriam motivados a lhes seguir os passos? 
Pensemos nisso e, de forma particular, comecemos hoje a buscar notícias positivas e a divulgá-las, entre os nossos conhecidos, familiares e amigos. 
Comecemos a corrente da boa notícia. 
Comecemos a modificar o panorama do mundo. 
Tornemo-nos repórteres do bem, do amor e veremos o local onde vivemos, onde trabalhamos, logo se modificar.
Comecemos hoje. 
O mundo espera. 
Redação do Momento Espírita, com narração de fato colhido no site sonoticiaboa.com.br. 
Em 10.4.2014.