sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

HEROI MAIOR

Ocorreu há algum tempo. 
Personalidade nacional famosa sofreu um acidente com seu filho de apenas seis anos de idade. Durante mais de dez horas ficaram aguardando socorro, em um quase pântano. O pai, bastante ferido, tranquilizou o filho dizendo-lhe que Papai do Céu iria dizer às pessoas onde eles haviam caído. Que ele não ficasse com medo. Logo estariam salvos. A fome e a sede se instalaram. A noite chegou. O medo do garoto aumentou. No cair da noite, ele afirmou que estava zangado com Papai do Céu. Afinal, ele não tinha contado para ninguém onde eles estavam. O socorro não havia chegado. Finalmente, ambos foram resgatados. O garoto, ileso. Nada além de bastante assustado. Nas entrevistas que se seguiram, o pai adjetivou o comportamento do menino de seis anos como o de um verdadeiro herói. Foi ele quem auxiliou o pai a mover o corpo, procurou água em meio à lama e até providenciou um galho para afastar eventuais urubus que viessem atacar seu pai. É que o sangue que jorrava do corte na sua testa poderia atraí-los. O menino, passado o perigo, voltou a pular e saltar. Na escola contou sua aventura. Lamentou não ter nenhum arranhão para referendar que o que estava narrando era verdadeiro. A nota mais importante, em todo o episódio, no entanto, ficou mesmo por conta do garoto vivo e peralta. Ao ser indagado por um jornalista a respeito de quem era o seu herói, desde que ele mesmo assim era considerado, esperou-se que ele apontasse o pai, por dois motivos. Pai é sempre herói para o filho. Nesse caso, acresce o fato dele ser famoso internacionalmente. Entretanto, sem titubear um momento sequer, ele exclamou: 
-Meu herói é Papai do Céu! 
* * * 
Oxalá pudessem nossos filhos ter este conceito. 
E nós mesmos. 
Conceito que é afirmação de fé. 
Fé de quem sabe que é Deus que nos governa a vida, sustenta as horas e dispensa bênçãos. 
Deus Pai que nos ama e cujo amor se manifesta no hálito à vida. 
Vida que permite a uma débil raiz a força para fender a rocha ou extrair do interior da terra o perfume da flor. 
O sabor do fruto. 
Deus Pai que nos criou Espíritos, fadados à perfeição. 
Que estabeleceu o processo da reencarnação, a fim de que, através de inúmeras etapas, realizemos experiências evolutivas, desdobrando os germes que dormem em nosso íntimo, até se agigantarem na glória do bem. 
Em qualquer circunstância, pois, não nos esqueçamos do amor de Deus, que se estende sobre todos nós. 
Você sabia? 
Você sabia que o amor de Deus é o programador perfeito para a exuberância infinita das galáxias? 
Que é o Seu amor que dá equilíbrio ao cosmo, com tal precisão que extasia a mente humana, que apenas começa a compreender as leis de sustentação e de ordem vigentes em toda parte? 
Redação do Momento Espírita, com base em artigo da Revista Isto é, nº 1459 e no cap. 25, do livro Filho de Deus, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 17.4.2018.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

NOVO ANO

ALBERT EINSTEIN
Depois do Natal, a grande expectativa. 
As pessoas se preparam para o Ano Novo. 
Segundo Einstein espaço e tempo são modos pelos quais o homem pensa o mundo, e não condições sob as quais ele vive. Para ele, o tempo, como é conhecido, não passa de uma invenção. Nesse sentido, formas e fórmulas para contar o tempo são também invenções humanas, que variaram segundo locais e épocas. Egípcios e astecas criaram seus calendários, baseando-se no movimento do sol, da lua, nas estações do ano, na alternância entre os dias e as noites. 
Nosso calendário é, essencialmente, uma invenção dos antigos romanos. A criação de um calendário com doze meses, cuja duração variava entre vinte e nove e trinta e um dias, data do tempo do segundo imperador romano, Numa Pompílio. Somente no Século XVI, contudo, entraria em vigor o calendário gregoriano, fruto de uma comissão de estudiosos. Passando a vigorar, inicialmente, somente nos países católicos, a partir de quinze de outubro de 1582, foi convencionalmente adotado para demarcar o ano civil, no mundo inteiro. 
Assim, quando se aproximam os derradeiros dias de um ano, os homens se preparam para um novo. 
São propostas de vida que se fazem, atitudes que se tomam, em nome de algo novo que virá. É sempre coroado de esperança. 
E as manifestações, em prol e em nome dessa mensagem, são as mais diversas. Dentre essas, lembramos da canção Satchita, ou Sat-chit, que faz parte do projeto Playing for change, um movimento de multimídia que envolve músicos e bailarinos de várias partes do mundo. 
Os artistas podem ser famosos ou anônimos. O objetivo é inspirar e promover a união, a paz, a fraternidade e a igualdade pelo mundo afora, através da música. 
Convidando a todos cantarmos juntos, observando essa imensa riqueza que é o nosso mundo com sua diversidade de culturas, cenários, instrumentos, nos estimula a um movimento pela paz. A música se assemelha a um mantra hindu. Também uma prece de quem crê em Deus e tem a consciência plena de que todos vivemos nas vibrações do Seu amor. Os versos podem ser traduzidos mais ou menos assim: 
-Peça a Deus que os homens encontrem os seus passos perdidos. E que os sonhos despertem esses olhos dormidos. Que o amor transborde e que vivamos em paz. Que os dias terminem com os braços cansados. Que a dor não me assombre, nem me cause desespero. 
Peça a Deus. 
Peça a Deus que nos mande do céu muita sabedoria, um amor verdadeiro. 
Que ninguém passe fome. 
Um abraço de irmão e que vivamos em paz. 
Que terminem as guerras e também a pobreza. 
Encontrar alegrias entre tanta tristeza. 
Que a luz ilumine as almas perdidas e um futuro melhor. 
* * * 
Unamo-nos à canção, impregnando-nos da sua mensagem e recebamos o Novo Ano cantando, vibrando positivamente. 
Todos unidos, dispostos a prosseguir trabalhando pelo mundo melhor de países sem fronteiras e uma imensa fraternidade.
Redação do Momento Espírita. 
Em 30.12.2021.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

UM HEROI DIFERENTE

Foi num dezembro frio e de muita neve. 
Aliás, neve perfeita para andar de trenó. 
Por isso, mãe e filha se dirigiram morro acima. 
O morro estava cheio de gente. 
A Sra. Silvermann e a filha, de onze anos, acharam um espaço, perto de um homem alto e magro e de seu filho de três anos. 
O garoto já estava deitado de barriga para baixo, esperando para ser empurrado. 
-Vamos lá, papai! Vamos lá! 
O homem deu um forte empurrão no trenó e lá se foi o menino. 
Mas não foi apenas o garoto que voou – o pai saiu correndo atrás dele a toda velocidade. 
-Ele deve estar com medo que seu filho se choque contra alguém.
Pensou a jornalista. E ela mesma com a filha desceu o morro, em grande velocidade, a neve solta voando nos seus rostos. 
O retorno até o alto do morro era uma longa caminhada. 
Enquanto ambas subiam com vagar, puxando o trenó, a Sra. Silvermann observou que o homem magro estava empurrando seu filho, que ainda se encontrava no trenó, de volta ao topo. 
-Isso é que é um paizão.
Falou a menina. 
-Será que você, mamãe, faria o mesmo por mim? 
-Nem pensar- foi a resposta- Continue andando. 
Quando elas chegaram no topo do morro, o garotinho estava pronto para brincar novamente e gritava feliz: 
- Vai, vai, vai, papai! 
Outra vez o pai reuniu todas as suas energias para dar um grande empurrão no trenó, correu atrás dele morro abaixo e então puxou o trenó e o menino de volta para cima. 
Assim foi por mais de uma hora. 
A Sra. Silvermann estava intrigada. 
Não era possível que aquele homem achasse que seu filho fosse bater em alguém. 
Mesmo sendo pequeno, ao menos na subida, ele poderia puxar o trenó uma vez. 
Mas o homem parecia não se cansar. 
Ria, jovial e continuava no seu afazer. 
Ela então lhe disse: 
-Você tem uma tremenda energia, hein!? 
O homem olhou para ela e sorriu, apontando para o filho. 
-Ele tem paralisia cerebral, disse de forma natural. Ele não pode andar. 
A jornalista entendeu, naquele momento, porque somente então se deu conta de que não havia visto o menino descer do trenó durante todo o tempo que estiveram no morro. 
Entretanto, tudo parecia tão alegre, tão normal, que a ela não ocorrera, por um minuto sequer, que o menino poderia ser deficiente. 
Ainda que não soubesse o nome do homem, ela contou a história em sua coluna no jornal na semana seguinte. 
Pouco tempo depois, ela recebeu uma carta que dizia assim: 
"Cara Sra. Silvermann, a energia que gastei no morro naquele dia não é nada comparada ao que o meu filho faz todos os dias. Para mim, ele é um verdadeiro herói e algum dia espero ser metade do homem que ele já se tornou." 
* * * 
Superar as próprias limitações é um grande desafio. 
Todos os dias, muitas pessoas lutam para moverem pernas imobilizadas, submetendo-se a exaustivas sessões de fisioterapia. 
Todos os dias, criaturas portadoras de variadas deficiências se tornam heróis e heroínas anônimas, superando seus limites e vivendo tanto ou mais intensamente do que muitos que apresentam a normalidade física e mental. 
São tais seres que nos lecionam, com seu exemplo, que a vida vale sempre a pena ser vivida, não importando em que condições, pois o que conta mesmo é o desafio, a conquista, a vitória. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Andando de trenó, do livro Histórias para aquecer o coração, v. 1, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen e Heather Mcnamara, ed. Sextante.
Em 17.12.2013.

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

A FACE DO SENHOR

Narra antiga lenda que, após a descida do corpo de Jesus da cruz, Nicodemos, muito comovido, guardou o lenho e principiou a esculpir nele o Amado Amigo. 
Queria poder voltar a contemplar aquele rosto amado, nos dias de sua vida. 
Durante um longo período, se esmerou na escultura. 
A sua grande dificuldade se apresentou quando chegou ao rosto. 
Não conseguiu esculpir, na madeira rústica, a expressão, sobretudo de amor, que o Mestre demonstrara em Sua vida. 
E, também, prestes a exalar o último suspiro. 
Começou a pensar que era incapaz da bela obra e a deixou, como que em repouso. 
Certa noite, exausto e triste, adormeceu. 
Sonhou, então, que um anjo chegou ao seu lar, aproximou-se da escultura e, rapidamente, realizou o que ele tanto desejara fazer, sem o conseguir.
Ao despertar, seu primeiro gesto foi correr até onde estava o madeiro.
Pensou, naturalmente, que tudo não passara de um sonho. 
Qual não foi sua surpresa em descobrir que a Face do Cristo estava superiormente esculpida, completando, com perfeição, o conjunto harmonioso. 
Na cidade de Lucca, na Itália, encontra-se uma magnífica obra, de autor desconhecido, a que chamam A Santa Face. 
A fantasia popular e religiosa a vestiu de lenda... 
Deixando à margem o exagero, descobrimos uma simbologia oportuna, que merece reflexão. 
Na sociedade moderna, em que a justiça, o amor e a liberdade são sacrificados, permanecem os instrumentos de flagelação que o cristão, à semelhança de Nicodemos, deve transformar na face da paz e do perdão, em favor de uma vida digna de ser preservada. 
Quando, no entanto, os esforços parecem inúteis e vãos, quando nos sentimos à beira do desalento, os Espíritos da luz vêm auxiliar a completar a obra, que refletirá a presença do Cristo sustentando a criatura desesperada e infeliz.
* * * 
DIVALDO PEREIRA
FRANCO
Cada um vê a Face do Senhor, no mundo, conforme a sua necessidade.
Para Madalena, aquela Face ficou registrada em sua memória como o dia da sua redenção. 
Ela guardou, na intimidade da alma, o olhar que lhe endereçou o Mestre, convidando-a à reformulação. 
Pedro a conhecia como a Face dAquele que era o Condutor de um colegiado, o que transmitia segurança e paz. 
Para o Apóstolo João, era a Face do amor, do Amigo, do Celeste Pastor.
Pilatos esteve frente a ela, e não conseguiu descobrir o olhar de misericórdia que lhe era endereçado. 
O apelo mudo do Pastor que lhe dizia: 
-Estou aqui. Segue-me. 
Tomé a contemplou, muitas vezes, sem se dar conta de que Ele era a Verdade. Precisou provar, com suas mãos, para ter a certeza da lição da Imortalidade. 
Judas teve a oportunidade de olhar, vezes sem conta, para aquela Face que transmitia luz, porém, se permitiu envolver em sombras, em ato infeliz.
Ainda hoje é assim. 
A Face do Mestre nos é apresentada, nos seus ditos e feitos, registrados pelos repórteres da Boa Nova. 
Alguns entendemos e nos esforçamos por segui-lA. 
Outros, deixamos para depois, para um outro momento. 
Seria tão efetivo, para as nossas almas, se nos deixássemos esculpir pelos anjos, de modo a oferecer a todos, a confortadora Face do Senhor estampada em nossa conduta. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 24, do livro Seara do Bem, por diversos Espíritos, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 28.12.2021.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

HEROI DE TODO DIA

Já percebeu que nas histórias em quadrinhos e nos desenhos animados o herói está sempre disposto a salvar, a ajudar, a socorrer? 
Nessas histórias, o personagem herói é sempre incansável, não mede esforços para ajudar, e é capaz de esquecer das suas vontades e desejos quando precisa agir. 
Porém, você se deu conta de que esses heróis também existem no mundo real? 
Já conseguiu perceber que a vida está repleta desses grandes heróis?
Como alguns heróis dos quadrinhos, esses também, que encontramos no nosso cotidiano, não fazem questão da fama e do sucesso.
Eles preferem o prazer do anonimato, onde a glória e a fama são plenamente substituídas pelo sentimento do dever cumprido. 
São heróis nossos de cada dia, todos aqueles capazes de chegar ao lar, após um dia intenso, onde o peso do mundo parece descer sobre os ombros, e ainda ter disposição para brincar de pega-pega ou de cavalinho, com os pequenos que os esperam ansiosos. 
Não há como não chamar de heróis aqueles capazes de deixar de lado relatórios, e-mails e trabalhos, abrindo mão dos compromissos profissionais levados para casa, somente para escutar as aventuras e sonhos do universo infantil. 
É um heroísmo ser capaz de não perder a sensibilidade com as lutas da vida e os compromissos que se sucedem, e entender que o tempo gasto para responder sobre a cor do céu ou as dúvidas mais surpreendentes da vida não é perda de tempo, mas investimento na vida daquele que ama.
Esses heróis são capazes de ensinar com a leveza da alma e a firmeza do agir, sobre os valores da vida, sobre a honestidade, o respeito ao próximo e a retidão do caráter como indispensáveis para a vida. 
E para nos ensinar essas coisas, como todo bom herói, esses não gostam do discurso, da frase feita ou do grande diálogo. 
Ensinam-nos pela melhor pedagogia: a do exemplo. 
Nossos heróis anônimos são capazes de dar uma escapadinha da correria do cotidiano só para ver um jogo de bola, ou uma singela apresentação musical, ou uma declamação de poesia que seja... mesmo que ela tenha não mais que quatro versos. 
Fazem não por eles, mas porque sabem que, para seus filhos, isso é muito importante. 
E fazem tudo isso porque sabem que eles não são heróis feitos para salvar vidas. 
Eles entenderam, desde há muito, que Deus os fez heróis diferentes. 
São heróis que constroem vidas. 
Por isso são capazes de achar importante as coisas mais simples, quando as coisas simples são importantes para seus filhos. 
São capazes de esquecer seu cansaço, compromisso ou o seu lazer, para fazer do lazer dos filhos, o seu lazer. 
Eles são heróis porque entendem que tudo isso que fazem hoje, talvez os filhos não entendam, nem consigam reconhecer e agradecer, mas um dia fará toda a diferença. 
Eles, os nossos heróis, nunca se cansam e nunca desistem da sua poderosa missão. 
Isso porque dentro deles há um combustível mágico que os move, tão mágico que quanto mais eles usam, mais se multiplica: o combustível do amor. 
E alguns de nós ainda temos a grande felicidade de chamar esses heróis por uma outra palavra: pai. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 19 e no livro Momento Espírita, v. 9, ed. FEP. 
Em 10.8.2013.

domingo, 26 de dezembro de 2021

UM HERDEIRO DO UNIVERSO

A senhora chegou ao caixa da agência bancária, depois de ter ficado um certo tempo na fila preferencial. 
Nada tão rápido, considerando-se que os idosos são em grande número e o atendimento às filas preferenciais é limitado. 
Ela entregou o cartão para a jovem atendente e disse que desejava sacar cinquenta reais. 
Foi-lhe dito que para isso deveria se dirigir ao caixa eletrônico, porque o saque mínimo nos caixas com atendente era de cem reais. 
A senhora não se incomodou e disse, então, que iria sacar tudo que havia em sua conta corrente. 
Quando a caixa olhou o saldo existente, assustou-se: um milhão e trezentos mil reais. 
-Também não posso lhe fornecer esse valor, agora - tornou a informar. É um valor muito alto e é preciso agendar para fazer a retirada. 
Paciente, a cliente indagou qual o maior valor que poderia sacar naquele momento. 
Era três mil reais. 
-Então, por gentileza, dê-me três mil reais, tudo em notas de cinquenta.
Agora, a jovem, com outra disposição por descobrir o potencial econômico da pessoa à sua frente, com um sorriso, preparou o solicitado. 
A senhora tomou do dinheiro todo, retirou apenas uma nota de cinquenta reais, colocou na bolsa, devolveu o restante para a caixa e pediu: 
-Por favor, deposite isso tudo em minha conta. 
* * * 
A presença de espírito dessa senhora causou espanto. 
Conseguiu o que desejava, sem sair da fila onde ficara por algum tempo, e sem criar qualquer rebuliço. 
Em essência, ensinou uma grande lição. 
Primeiramente, que nunca se deve julgar alguém pela aparência. 
O idoso que se apresenta vergado pelos anos, trajado sem muito atavio, pode ser o dedicado professor, o pai honrado, o escritor famoso, um detentor de muitas posses. 
Todos nos devem merecer a mesma polidez, a mesma gentileza. 
Como um livro não deve ser julgado pela capa, não podemos estabelecer juízo a respeito de qualquer pessoa, pelo seu exterior. 
A segunda lição que podemos extrair é de que regras existem para serem obedecidas. 
São elas que garantem a disciplina, o bom andamento das atividades, das instituições. 
No entanto, não podemos esquecer que as pessoas são mais importantes do que regras e do respeito que nos merecem aqueles que alcançaram a velhice. 
Seria de nos indagarmos se algumas regras, em nossa sociedade, não deveriam merecer certa flexibilização, pensando-se mais nas pessoas, na atenção devida ao ser humano. 
Nada é mais importante do que o ser humano. 
E quando nos vemos frente a alguém com os cabelos prateados pelo tempo, é momento de nos indagarmos: 
-Quem é essa criatura? O que fez? O que deu ao mundo? Que tal pensarmos em quantos filhos essa pessoa gerou e educou? E em que se transformaram, servindo ao mundo? Será a mãe de nosso professor, nosso médico, nosso advogado? Que terá padecido para vencer tantos dias, sobrepujando o desânimo, driblando a adversidade, derramando lágrimas e semeando sorrisos? 
E pensemos: nesse idoso que passa, está um herdeiro do Universo, como você, como eu, como qualquer um de nós. 
Redação do Momento Espírita, com base em fato que circula pela internet.
Em 3.5.2021.

sábado, 25 de dezembro de 2021

NASCE JESUS

Filho de um carpinteiro e de uma dona de casa, dos Céus, nasceu o Filho do Homem. 
Sua mãe, Maria, O envolveu em panos singelos e O colocou em uma manjedoura.
A abóboda celeste plenificou-se de estrelas e os mensageiros celestes cantaram: 
-Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens. 
Na simplicidade da estrebaria de Belém nasceu Jesus. 
Nasceu pobre, no seio de um povo cativo. 
Homenageado por uma conta infinita de estrelas, o Universo e a eternidade lhe embalaram o sono. 
Cresceu na Galileia, numa cidade considerada das menores e de importância alguma.
Aguardou que o tempo se fizesse para o início do Seu Messianato. 
O Embaixador do Amor nasceu e viveu entre os pobres, entre os desprezados, os humilhados. 
Estendeu Sua mão àqueles que a sociedade tornava invisíveis: leprosos, deficientes, famintos, viúvas, órfãos. Pelas estradas que percorreu, cruzou o caminho de todos os homens. 
Chegou a corações longínquos e a almas distantes, aproximando-as do Pai. 
Peregrinou pela Galileia, Judeia, Pereia, chegando às cidades de Tiro e Sidon. 
Não entrou para a História. Ele a dividiu: antes dEle, depois dEle. 
E, para tal, apenas amou e nos ensinou a amar. 
Não tomou de espadas, não esteve à frente de exércitos, não liderou batalhas, não destronou reis, não conquistou impérios, não ostentou coroas e cetros. Meu reino não é deste mundo, afirmou. 
Dois mil anos se passaram desde o Seu nascimento. 
É Natal, é data festiva. 
Cerremos os olhos e pensemos nEle. 
Pensemos no Cristo Jesus e lhe façamos a nossa rogativa: 
-Nasce Jesus e transforma os nossos corações em manjedouras verdadeiras para Te acolhermos, neste dia e sempre, em Tua paz, em Tua luz. 
-Nasce Jesus em nossas imperfeições e pensamentos, em nossas mazelas morais, nas chagas de nossas almas, nos recônditos mais profundos de nossas emoções e sentimentos.
-Nasce Jesus em nosso egoísmo e nos faz enxergar os Teus pobres, os Teus solitários, os Teus abandonados, como nossos irmãos. 
Que a Teu exemplo, lhes distendamos braços de socorro, colo de proteção, palavras de consolo, mãos de doação. 
-Nasce Jesus em nosso orgulho, quando marginalizamos o perdão, quando esquecemos a prece reparadora, quando não nos comprometemos com a verdade consoladora, por não nos lembrarmos da gratidão. 
-Nasce Jesus nos orfanatos e asilos, nos sanatórios, nas casas de recuperação, nos hospitais. 
-Nasce entre os que sofrem preconceito, entre as religiões, em todos os países, tribos, entre orientais e ocidentais. 
Entre os encarcerados, ó Mestre, nasce também. 
Um novo horizonte lhes concede e que seja todo luz, todo recomeço, todo oportunidades, todo bem. 
-Nasce Jesus. 
Desperta-nos para o fato de que todo ato tem consequências, de que a Lei de Deus reside na consciência, e de que é percorrendo a estrada da eternidade que chegaremos à almejada felicidade.
* * * 
O Natal, verdadeiro Natal, ocorre quando o Mestre da paz nasce na manjedoura de nossos corações e faz morada na intimidade de nossas almas. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 30, ed. FEP. 
Em 24.12.2021.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

HERDEIRO DE SI MESMO

Maximiliano Arellano de la Noe
A notícia estava estampada no caderno jornalístico Notícias do mundo, com o título Conferência Médica. 
Possivelmente, muitos que não somos da área médica, passaríamos sem nos determos na leitura, não fosse a imagem intrigante. 
Era um garoto de seis anos de idade, em pé, sobre uma cadeira, para ficar à altura das dezenas de repórteres que o entrevistavam. E podia-se ler: 
-Aos seis anos, o mexicano Maximiliano Arellano de la Noe concede entrevista coletiva a jornalistas, depois de proferir conferência para estudantes de medicina sobre causas e consequências da osteoporose. 
Dono de uma rara memória, o garoto se especializa em assuntos médicos, há quatro anos, desde quando começou a ler. 
No entanto, não é somente sobre osteoporose que o garoto faz conferências. 
Ele também fala sobre diabetes e anemia cardiovascular. 
Faz conferências para alunos de medicina, em Universidades do México e da Argentina.
Segundo as notícias, Maximiliano impressiona os ouvintes pela profundidade de seus conhecimentos, especialmente por sua pouca idade.
Sem dúvida, trata-se de mais um caso de genialidade que não encontra explicação lógica, a menos que se lance mão da reencarnação. 
Alguns dizem que Deus escolhe determinadas pessoas e as presenteia com certos dons.
Essa hipótese tira de Deus alguns de Seus atributos como a Justiça e o Amor. 
Outros dizem que se trata de herança genética, de alguma influência que a criança sofreu quando estava no ventre materno e por aí afora. 
Essas hipóteses deixam sem explicação uma gama enorme de questões, ou estabelecem argumentos contraditórios. 
Todavia, quando se cogita da hipótese de se tratar de um Espírito que trouxe, ao nascer, as experiências adquiridas em outras existências, tudo faz sentido. 
Os conhecimentos não se perdem no túmulo.
O Espírito é herdeiro de si mesmo. 
Pela morte, despe-se do corpo material, mas não sai da vida. 
Reveste outra forma física e não perde seus conhecimentos. 
Isso está absolutamente de acordo com o ensino de Jesus, de que a cada um é dado segundo as suas obras. 
Nenhum dos filhos de Deus nos sentimos preterido. 
Pelo contrário, nossa esperança se fortalece, pois sabemos que todos os nossos esforços serão recompensados. 
Com a certeza da vida futura, e das inúmeras oportunidades de aprendizagem que nos são concedidas pela lei da reencarnação, sabemos que nossa felicidade depende unicamente de nós. 
Como o pequeno Maximiliano que, aos seis anos de idade fala, com conhecimento de causa, para universitários, sobre problemas complexos, outros tantos gênios anônimos estão pelo mundo. 
Não se trata de uma questão de ter boa memória, mas de conhecimentos de existências passadas, que não se extinguem jamais. 
Sem dúvida, nem todos nos lembramos claramente de todos os conhecimentos adquiridos ao longo dos milênios, mas temos o que realmente importa: a voz da consciência e as tendências instintivas. 
Pensemos nisso, e nos permitamos, Espíritos imortais que somos, utilizar muito bem a chance desta vida, que nos permite crescer, a caminho da perfeição.
Redação do Momento Espírita, com base em notícia colhida no Jornal Gazeta do Povo, de 29.4.2006. 
Em 24.7.2021.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

LINDAS ÁRVORES DE NATAL

Talvez você não pense nisso, não dê valor. 
Ou tenha preguiça só de pensar em abrir aquelas caixas com enfeites de Natal, todos os anos. 
Quem sabe não faça parte dos costumes de sua família, ou mesmo não seja algo que considere importante para celebrar a época natalina. 
Acontece que, para muitas famílias, esse ainda é um momento valioso: a celebração do Natal, uma espécie de consagração de mais um ciclo. 
Mas, principalmente, um tempo de união. 
Muitos costumes familiares, que passam de geração para geração, carregam ensinamentos repletos de beleza. 
Montar uma árvore de Natal em família, por exemplo, espalhar enfeites pela casa, ouvindo músicas que evocam o nascimento de Jesus, e toda alegria dessa tão importante chegada, traz para o lar uma verdadeira chuva de bênçãos. 
É uma outra forma de oração, uma outra maneira de nos propormos a mudar os pensamentos e renovar os ares internos da alma, tão alvejada pelas dores e preocupações. Todos trabalham, em conjunto, para edificar algo que representa beleza, que alegra e ilumina o ambiente doméstico, o seu próprio lar. 
Não é exatamente para isso que estamos reunidos em famílias? 
Para construir algo juntos? 
Algo belo, que nos ilumine uns aos outros? 
As lindas árvores de Natal, essas que guardam adereços singelos, onde dependuramos lembranças das crianças, de suas artes, dessas que guardam mimos de amigos carinhosos, são as árvores das nossas vidas. 
Quem as olha prontas, vistosas, não pode imaginar o que está por detrás de tudo aquilo. 
Não imagina o esforço, o trabalho, as dificuldades, as lutas para que ela fosse erguida, mais uma vez. 
As lindas árvores de Natal são vitórias do amor. 
São cidades erguidas sobre o monte – lembrando da lição inesquecível do Aniversariante. 
 * * * 
Que os símbolos que evocam as comemorações dessa época do ano, nos permitam mais facilmente acalmar os corações. 
Desacelere, admire, respire, medite. Nossa existência não foi feita para que vivêssemos no automático, quase que não percebendo o tempo passar. 
Não nos permitamos dizer: 
-Nossa, nem vi este ano passar! 
Que nos eduquemos para dizer: 
-Vivi todos os dias intensamente. Vi todos eles passarem, ou melhor, eu passei por todos eles e aqui estou, mais feliz do que ontem. 
É uma mudança de perspectiva, de olhar. 
Olhar de quem consegue ficar ali, parado, por alguns minutos, a observar as luzes que piscam numa árvore de Natal. 
Olhar sem pressa, olhar de quem avalia e de quem planeja. 
Olhar de quem não pensa em desistir, pois sabe que a escola da vida é cheia de provas e provas não são males, mas experiências educativas. 
Que cada um de nós possa ser uma dessas luzes que se acende, mesmo que pequena, tímida. 
Unidas por um fio, de mãos dadas, promovamos um espetáculo sem igual, em torno de uma árvore, em volta de uma janela, sobre um telhado. 
Que a luz ao lado, igual à nossa, nos motive a permanecer firmes, acesos, aconteça o que acontecer. 
E se pensamos estar iluminando pouco, lembremos: pelas leis universais o vaga-lume um dia será estrela. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita 
Em 22.12.2021

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

HOMENAGEM AO NOSSO MESSIAS

Estamos nos aproximando do Natal, data em que comemoramos o nascimento de Jesus na Terra. 
Entre tantas lembranças, temos a de importantes visitas recebidas pelo Ilustre Menino.
Primeiro, foram os pastores que se encontravam no campo, cuidando das suas ovelhas.
Nada mais natural: o Pastor de todas as ovelhas reverenciado pelos que lhe representavam a figura cuidadosa e atenta. 
Meses depois, magos, vindos do Oriente, chegaram à casa da família, em Jerusalém. 
Eram estudiosos e pensadores, conhecedores das profecias e que, descobrindo o anúncio pela estrela nos céus, a seguiram. 
Após uma longa e cansativa viagem, chegaram onde Ele estava e O adoraram. 
Significativo gesto. 
Aqueles homens representavam o saber da Terra, naqueles dias. 
Conhecedores da ciência do mundo e do Espírito. 
E reconhecem que Aquele pequeno é o maior de todos. 
Ofereceram presentes dignos de um rei: ouro, incenso e mirra. 
Não temos notícias do que terão feito aqueles sábios, depois do encontro com o Messias.
Somente podemos supor que retornaram para suas regiões de origem, de corações renovados e propósitos elevados. 
Afinal, ninguém que faça uma viagem tão extensa, de tantos meses, para reverenciar o Rei Solar, poderia sair de Sua presença, sem levar o perfume indelével dos Seus propósitos para a própria vida. 
* * * 
Neste Natal, tão próximo, preparemo-nos para homenagear Jesus. 
Embrulhemos, para lhe ofertar, o ouro das nossas ações, a benefício do semelhante. 
Em frasco talhado na nossa boa vontade, lhe ofereçamos o incenso da nossa vontade ativa no bem. 
E, em delicado recipiente, ofertemos a mirra do nosso empenho nas lutas que nos alcançam, todos os dias.
Rememorando a extensa viagem dos magos até o Doce Menino, perguntemo-nos: 
-Temos feito nossa jornada em busca do Messias? Temos nos esforçado para entender as lições que Ele nos oferece? Dispomo-nos a transformar nossas vidas a partir dos ensinos que o Rabi nos deixou? Estamos seguros da nossa fé? 
Não percamos essa oportunidade de reflexão. 
Podemos nos empenhar, numa longa e excelente jornada, como os magos o fizeram, para um encontro mais íntimo com o Rei Solar.
Como eles, podemos nos render, de joelhos, à Sua grandeza e, renovados em Espírito, nos erguermos para uma vida mais produtiva. 
Uma vida que nos confira maior progresso, tranquilidade para enfrentar os dias que virão, plenos de sol ou convulsionados por tormentas. 
Celebremos o Natal em nosso coração. 
Façamos desta oportunidade uma ensancha de refazimento. 
É como se, enquanto toda a Terra reverencia o nascimento do Celeste Amigo, todos nos definíssemos por segui-lO, por lhe abraçar os ensinos. 
Este é um momento especial. 
Quando tantas mentes se unem em homenagens e comemorações, mais do que nunca poderemos lhe sentir a Suave Presença. 
Aproveitemos. 
Hoje é o dia, a grande oportunidade de estarmos mais próximos dEle, sentir-Lhe a ternura, o amor. 
Irmanemo-nos na grande comemoração do aniversário do Pastor. 
Redação do Momento Espírita
Em 21.12.2021.

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

ÉPOCA DE ALEGRIAS

Jennifer Haupt
Natal é sempre época de alegrias, presentes, doação. 
Mais do que em todos os demais meses do ano, as pessoas se sentem motivadas, pelo clima Crístico que se espalha na Terra, de forma mais ampla, a algo promover a benefício de outrem.
Para o Corpo de Bombeiros da cidade de Menphis não é diferente. 
Naquele Natal de 2008, eles haviam elegido ofertar presentes aos filhos da família Bateman-Tubbs. Com a desculpa de instalar detectores de fumaça, um dos bombeiros compareceu à casa. Observou que os quatro filhos da família dormiam em colchões sem lençóis. Dois dos meninos brincavam ao ar livre, num frio de zero grau, sem sapatos nem agasalhos. Quando a mãe soube qual era a intenção dos bombeiros, falou que as crianças, mais do que brinquedos, precisavam mesmo é de roupas quentes. Assim, naquele nove de dezembro, o tenente Qualls fazia as compras de casacos de inverno para os garotos de sete e quatro anos, a menina de um ano e o bebê de dois meses. Então, recebeu um torpedo em seu celular: Fogo na rua Beechmont. Casa de um andar. Criança presa dentro. De imediato, precipitou-se para o local e quando chegou, a família já tinha saído, mas o imóvel estava em péssimo estado. Os bombeiros haviam encontrado Jojo, o menino de quatro anos, debaixo de uma pilha de roupas, no quarto dos fundos. Ele parara de respirar. Recebeu os primeiros socorros e foi levado às pressas para o hospital. A notícia é de que talvez não sobrevivesse àquela noite. Foi colocado em aparelhos de suporte à vida. O tenente Qualls foi ao hospital e pôs na cama do garotinho um ursinho de pelúcia vestido de bombeiro. Nos dias seguintes, muita fuligem preta e grossa como piche foi bombeada para fora do estômago e dos pulmões de Jojo. Enquanto a recuperação se fazia lenta, as estações de TV e rádio locais souberam da história da família e da missão secreta dos bombeiros brindarem as crianças, pelo Natal. Não demorou muito e o Corpo de Bombeiros se encheu de caixas de brinquedos, comida, produtos de higiene pessoal, toalhas, roupas. Até móveis e eletrodomésticos. Na véspera do Natal, o menino recebeu alta. Os pais haviam alugado uma casa e ele deixou o hospital, retornando ao lar. Nesse mesmo dia, os bombeiros entregaram à família o seu milagre natalino. A mãe dos garotos, ao se referir ao trabalho dos corajosos bombeiros, assim se expressou: 
-Esses homens não são somente bombeiros. Eles são nossos anjos de guarda. Se não tivessem instalado o detector de fumaça no primeiro dia em que estiveram em nossa casa, não saberíamos que o incêndio tinha começado. E depois de tudo, eles fizeram o impossível para nos dar um Natal maravilhoso. 
* * * 
O Natal se aproxima.
Já decidimos a quem faremos feliz, além dos nossos amores mais amados? 
Pensemos nisso e nos empenhemos ofertando algo a alguém solitário, carente, necessitado, em homenagem ao Amor ainda não amado pelos que O pretendemos seguir: Jesus
Redação do Momento Espírita, com base em conto de Jennifer Haupt, de Seleções Reader’s Digest, de dezembro de 2010. 
Em 20.12.2021.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

HERANÇA TRÁGICA

Os dias dourados dos tempos de namoro, de forma alguma, deixavam adivinhar o que o futuro lhes reservava. 
Os planos de felicidade feitos, entre trocas de carinho e muita descontração, davam mostra de amor recíproco. 
O tempo de noivado foi longo o suficiente para tratar dos detalhes do convívio a dois, do número de filhos que desejavam ter, dos objetivos da nova família que estava se formando.
Depois do casamento, veio a viagem de núpcias. 
Um tempo a sós.
Muito diálogo, regado a beijos e carícias. 
Os primeiros meses do casal, em seu novo lar, eram repletos de alegria, muitos planos e promessas de fidelidade e companheirismo. 
Os anos passaram e os compromissos profissionais de ambos principiaram a espaçar os diálogos, as confidências, antes tão frequentes. 
Quando a esposa lembrava dos filhos planejados, o marido dava desculpas e apresentava motivos para que esperassem um pouco mais. 
Ele alegava o alto custo de vida. 
Como poderiam arcar com as despesas que um filho traria? 
Em outro momento, era a carreira profissional da esposa, que o nascimento de um filho viria atrapalhar. 
E assim foram passando os anos... 
O marido começou a chegar tarde da noite em casa, alegando excesso de trabalho... 
Ela se sentia só, lembrava que os filhos poderiam lhe fazer companhia. 
No entanto, tinha as suas próprias desculpas para adiar a maternidade. 
Um dia, o marido sentiu um mal-estar e ela sugeriu que consultasse um médico.
Ele atendeu. 
Retornou do consultório um tanto calado, dizendo que o médico havia solicitado vários exames. 
Desprezou a companhia da esposa quando retornou ao consultório para levar os resultados.
Com o passar dos dias, foi ficando cada vez mais calado, depressivo. 
A esposa, preocupada, queria saber o que estava acontecendo, mas ele dava respostas evasivas, dizendo que estava tudo bem. 
A enfermidade se agravou, ele foi internado. 
Os dias dourados de outros tempos agora estavam cobertos com nuvens escuras. 
As esperanças e os planos caíam no vazio.
Finalmente, ela teve acesso ao diagnóstico do esposo: ele contraíra AIDS. 
Os olhos marejados de pranto não vislumbravam nada mais além. 
Ela via seus sonhos de felicidade se desfazendo, um a um. 
Os dias e noites ao lado dele eram tristes e amargurados. 
Por fim, numa manhã cinzenta, ele deu o último suspiro e ela experimentou a amargura da viuvez precoce. 
As horas passavam como se fossem puxadas à força. 
A solidão, as lembranças, os sonhos soterrados. 
Algum tempo depois, em consulta de rotina e exames realizados, descobriu que ela recebera do marido a trágica herança... 
* * * 
Não aguardemos o amanhã e o mais tarde, para concretizar planos de amor. 
Não deixemos esfriar a relação. 
Em nossa pauta de vida, guardemos o tempo para o relacionamento a dois, a convivência familiar, o momento de outros seres virem se reunir, como filhos, às venturas do matrimônio.
A vida é preciosa e breve. 
Tenhamos a sabedoria de bem aproveitá-la, para o cultivo do amor. 
Redação do Momento Espírita 
Em 11.8.20

domingo, 19 de dezembro de 2021

HERANÇAS

Uma questão que deixa muita gente intrigada é a semelhança psicológica que existe entre membros da mesma família. 
As parecenças físicas estão bem explicadas pela genética. 
No entanto, será que o Espírito herda também, de seus pais, as características morais? 
No diálogo de Jesus com Nicodemos, vamos encontrar a resposta clara para essas questões.
Respondendo ao doutor da lei, ensina o Mestre de Nazaré: 
-O que nasce da carne é carne. O que nasce do Espírito é Espírito. Não te maravilhes de eu te dizer que é preciso nascer de novo. O Espírito sopra onde quer, e tu ouves a sua voz, mas não sabes donde ele vem, nem para onde vai. Assim é todo aquele que é nascido do Espírito. 
Fica bem clara a distinção que Jesus assinala entre o corpo e o Espírito. 
A carne procede da carne, mas o Espírito não sabemos de onde vem. 
Então, como pode um filho parecer tanto, moralmente, com o pai?
Existem leis que regem a vida, das quais ainda não temos o entendimento completo.
Uma delas é a lei de afinidade. 
As pessoas se unem ou se reúnem por afinidade de tendências, de gostos, de objetivos.
Assim é que, só vão a um estádio aqueles que gostam de futebol. Isso se dá também com os povos. 
A lei de afinidade os reúne em determinada região, considerando a predominância de suas características. 
Dessa forma é que podemos perceber claramente as tendências de alguns povos, para a violência, ou para a paz. 
O Espírito é um ser individual e indivisível. Todas as tentativas de se reproduzir um igual ao outro será frustrada. 
Podemos reproduzir a matéria, mas o Espírito que a animará, terá características sui generis.
Não é outro o motivo pelo qual filhos de gênios podem nascer com inteligência limitada e pessoas de inteligência mediana podem ter filhos prodígios. 
Se os geneticistas levassem em conta a ação do Espírito sobre o corpo teriam resposta para muitas das questões que não se explicam somente pelas leis da genética. 
Se levassem em conta que cada corpo que nasce é animado por um Espírito imortal, que traz consigo experiências milenares, resolveriam muitas dúvidas a respeito das enfermidades, da genialidade, da idiotia, e tantas outras particularidades das criaturas. 
Há crianças, que nos primeiros anos de vida, leem, escrevem, fazem contas, decoram nomes de países e suas capitais, sem que tenham herdado essas capacidades de seus pais. 
Em resumo, importa que saibamos que o corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito. 
Importa também, sabermos que, se o corpo gerado tiver vida, há um Espírito a animá-lo, e que terá suas próprias características, independente das de seus pais. 
O que pode ocorrer, entretanto, é que o mesmo Espírito que animou o corpo de um ancestral, renasça na mesma família. Poderemos registrar, então, o neto com características psicológicas do avô por ser ele próprio retornando. 
Como disse Jesus: Não sabemos de onde vem o Espírito. 
O que temos certeza é dos laços que nos unem ou nos virão a unir, a partir do agora.
Redação do Momento Espírita, com base no Evangelho de João, cap. 3, vers. 3, 6 a 8. 
Em 19.8.2020

sábado, 18 de dezembro de 2021

HERANÇA DE IMORTALIDADE

Quem parte leva saudades de alguém que fica chorando de dor... 
Os versos da canção popular traduzem o que, ainda hoje, acontece no mundo.
A morte prossegue a ser vista com horror e a vestir-se de negro. 
O que deveria ser um momento de reflexão e de prece transforma-se em grandes lamentações. 
Há dois mil anos, um Sublime Mensageiro, nas terras da Galileia, cantou a Imortalidade. 
Mais do que conviver com os Espíritos, falar com eles, amá-los, o que atestam os escritos dos Evangelistas, Ele mesmo retornou após a morte. 
Ele dissera que, se destruído fosse o templo de Seu corpo, em três dias Ele retornaria. 
E o fez. 
Esteve com os Seus apóstolos, entrando no cenáculo totalmente fechado. 
-Sou eu, não temais! 
Permitiu que o incrédulo Tomé lhe tocasse a chaga aberta no peito. 
Aos discípulos que seguem a Emaús, igualmente se identifica.
Durante quarenta dias esteve com eles, intensamente, em variados momentos. 
Exortando-os à coragem, ao trabalho, ao dever. 
Amigo Incondicional, assegurou que onde houvesse duas ou mais pessoas, reunidas em Seu nome, Ele ali se faria presente. 
E assim tem sido ao longo dos séculos que se dobraram, no tempo.
Ele, o Mestre, nos deu a lição imortalista, demonstrando que a morte não é o fim. 
Vou à frente, preparar-vos o lugar, também prometeu. 
Cabe-nos, então, reflexionar um tanto mais a respeito desse fenômeno que a todos alcança, sem exceção alguma: a morte. 
A morte que chega devagar, após enfermidades longas e dolorosas. 
A morte que vem de rompante, levando os nossos amores. 
A morte que não faz diferença entre raça, idade, posição social. 
A todos ela abraça. 
Naturalmente, que sempre se terá a dor da separação. 
A partida é a dor da antecipada saudade. 
A dor pela ausência de quem parte. 
No entanto, da mesma forma que nos despedimos no aeroporto, na rodoviária, nos lares, dos afetos que buscam outras terras, em férias, não cabe desespero. 
Chora-se somente pela ausência, pela saudade, sem lamentar, porque guardamos a certeza de que logo mais voltaremos a nos encontrar. 
Da mesma forma que vamos ao encontro de quem está em férias, depois de um período, também acontece com a morte. 
Um dia, tornaremos a estar juntos. 
Quando partirmos, eles estarão nos aguardando na fronteira da Espiritualidade. 
Na Terra, quando estamos distantes, vamos utilizando todas as formas de comunicação de que dispomos para arrefecer a saudade. 
Quando os amores partem para a pátria espiritual, utilizemos os fios mentais da recordação dos tempos felizes juntos, e a oração, para conversarmos com eles. 
E nos será, então, bastante comum sonharmos com os amores que se foram e continuam a nos amar. 
Serão momentos gratificantes de abraços, de reencontros. 
Momentos que irão envolvendo a nossa imensa saudade em suaves lembranças. 
Um dia, tornaremos a estar juntos, neste mundo ou no outro. 
Somos imortais, filhos da luz, herdeiros do Universo. 
Confiemos: ninguém morre. 
Todos retornamos à Casa do Pai, destino final dos que fomos criados pelo 
Seu amor soberanamente justo e bom. 
Pensemos nisso e enxuguemos nossas lágrimas de revolta, de inconformação, deixando que escorram somente as da saudade, do amor, das lembranças de tantos momentos bem vividos. 
Transformemos nossos adeuses em até breve! 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 32, ed. FEP.
Em 26.3.2018.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

INTENSAMENTE DESEJADO

Aqueles eram dias acabrunhadores. 
Aproximava-se a festa dos ázimos, ou seja, a Páscoa. 
A hora era de intranquilidade. 
Os sacerdotes arquitetavam o melhor plano para prender o Nazareno. Desejavam tê-lO em suas mãos, julgá-lO e fazer com que desaparecesse. A Sua presença punha em risco toda a hierarquia sacerdotal. Eles sentiam que, dia a dia, perdiam seu status. O povo seguia aquele Mestre que nada pedia senão que amassem a Deus e ao seu próximo. Não exigia dinheiro para ser ouvido, seguido ou oferecer as Suas bênçãos. 
Jesus, o Mestre, de tudo estava ciente. 
Não somente por conhecer as escrituras, o que haviam falado os profetas a respeito do Messias. Mas, sobretudo, por estar plenamente cônscio do preço que deveria pagar, nas mãos de homens que não desejavam a Sua mensagem. 
Então, Ele pediu a Pedro e João que entrassem na cidade de Jerusalém e preparassem o lugar para a celebração da Páscoa. 
Quando Ele se encontra no aposento, junto aos doze, afirma: 
-Desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco. 
São palavras que expressam um grande desejo. 
Era a última Páscoa em que estaria com eles. 
O Cordeiro sabe que logo mais haveria de ser sacrificado. 
Sua doação derradeira é estar com os Seus. 
Todos sabemos como aquela noite se fez de importância, pelas recomendações apontadas, por todas as revelações apresentadas. 
Uma noite inesquecível para aqueles corações. 
* * * 
O calendário terreno nos anuncia que o Natal se aproxima. 
A data em que nós, os humanos, elegemos, para recordar a vinda do Rei. 
O Rei Solar, o Governador Planetário, nosso Mestre e Senhor. 
A pessoa mais ilustre que esta Terra já abrigou, em suas estradas. 
Muito importante que imitemos o Nazareno, parafraseando a Sua expressão daquele dia:
-Desejo ardentemente comemorar este Natal convosco. 
Que a possamos dizer aos nossos familiares, nossos amigos, aos que passam pela nossa vida. 
E nos preparemos para a data, desde agora. 
Preparemos a sala do nosso coração, para recepcionar os que amamos e lhes oferecer nosso abraço, no natalício do Mestre. 
Preparemo-nos para a data, colocando flores nos vasos do nosso carinho e envolvendo com laços de ternura os pacotes que iremos oferecer. 
Pacotes pequenos, minúsculos, grandes, valiosos todos porque trabalhados pela nossa afeição. 
Preparemos a mesa com o que possamos ofertar, em nome do amor. 
E que a nossa noite seja, como aquela longínqua Páscoa, recheada de preces, de hinos, de pão repartido. 
A data se aproxima. 
Apressemo-nos e desejemos ardentemente estar com quem amamos. 
Recordemos: na oferta do pão à mesa da confraternização, quem sabe possamos ter um gesto de perdão a quem nos feriu e o possamos incluir à mesa. 
Quem sabe instalemos uma mesa em casa alheia, oferecendo um banquete. 
Um banquete de luz que ofereça pratos de desculpas, doces de perdão, frutas de ternura e paz. 
Apressemo-nos. 
O Natal se aproxima. 
Desejemos ardentemente comemorá-lo com Ele, o Celeste Amigo. 
Redação do Momento Espírita, com transcrição do Evangelho de Lucas, cap. 22, versículo 15. 
Em 17.12.2021.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

A HERANÇA

O mundo moderno prescreve previdência em todos os atos. É assim que companhias seguradoras trabalham, incentivando os pais de família a comprarem apólices de seguro de vida. A propaganda fala de como haverão de ficar os filhos, em caso de morte de um ou de ambos os pais. 
Sozinhos, sem dinheiro. 
Ao menos, que se lhes assegure o necessário para viver e as condições para estudarem. Alguns pais, além de apólices de seguro, se preocupam também em deixar muitos bens para os seus filhos. Em especial, aqueles que sofreram muitas agruras em sua infância e não desejam que os filhos passem pela mesma experiência. 
Esmeram-se, portanto, em adquirir propriedades, joias e tudo o mais que possam deixar como herança para os seus, depois que partirem.
Tal forma de agir nos recorda da história de um homem muito rico que mandou seu filho estudar em outro país. Desejava que seu filho se tornasse um homem instruído, dominando as ciências, tanto quanto conhecesse o mundo para além das fronteiras do próprio país. Enquanto o filho cumpria, com satisfação, os anseios paternos, aconteceu que o pai adoeceu gravemente. Percebendo que a morte se avizinhava, chamou o tabelião à sua casa, reuniu testemunhas e ditou as suas últimas vontades. 
Para o seu escravo, aquele que dele cuidava com desvelo, deixou as suas terras, as contas bancárias, as joias, tudo enfim. 
Para o seu filho, que se encontrava distante, assegurava a possibilidade de escolher o que ele desejaria herdar. 
E morreu. 
O escravo, tão logo morreu o seu senhor, providenciou um enterro pomposo e tomou posse de tudo. Começou a tomar decisões, administrando muito bem todo o patrimônio. Ao mesmo tempo, despachou um outro escravo para que fosse em busca do filho do ex-patrão e lhe desse a notícia da morte do pai. 
O filho voltou com rapidez e ficou muito magoado. Procurou o advogado da família e foi chorar em seu ombro. 
Afinal, por que o pai fizera aquilo com ele? 
Por que dera todos os seus bens para um escravo, não lhe deixando nada? 
Ele não se lembrava de ter ferido o pai, de o ter desrespeitado. 
Por que, então? 
O advogado, homem ponderado, lhe falou: 
-Rapaz, ao deixar todos os seus bens para o escravo, seu pai usou de sabedoria. Se ele tivesse deixado para você, é possível que depois de sua morte, antes que você soubesse do ocorrido, os próprios escravos dilapidassem o seu patrimônio e pouco lhe sobraria. Deixando os bens ao escravo, ele os preservou. Deixando a você a possibilidade de escolher o que desejasse herdar, lhe deu a chance de escolher o escravo. Como tudo o que é do escravo, é do senhor, tudo lhe pertencerá. Para esse nobre servidor conceda a liberdade, o maior de todos os bens, e providencie para que ele tenha uma vida digna com sua família. Aja com a sabedoria do seu pai.
* * * 
O maior tesouro que os pais podem deixar como herança aos seus filhos são os valores morais. 
A honra, a verdade, o trabalho, a dignidade, esses não acabam nunca e são eles que constroem o mundo feliz que todos desejamos. 
Ao mesmo tempo, estaremos legando ao mundo a nossa melhor herança: homens de bem, por nós formados.
Redação do Momento Espírita 
Em 23.10.2019.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

APRESSADA AVALIAÇÃO

Conta-se que um açougueiro atendia suas atividades habituais, quando adentrou o estabelecimento um cachorro. Ele se preparou para enxotá-lo, quando percebeu que o animal trazia um saco à boca. Verificou que, dentro do saco, havia um bilhete. Atendeu o que estava ali escrito, devolvendo ao cão o saco, com carne bem acondicionada e troco dos valores que encontrara. O animal, com o saco à boca, saiu tranquilamente do açougue e foi andando pela calçada. O açougueiro ficou intrigado: 
-De quem seria aquele cão tão bem treinado? 
Resolveu segui-lo. O cão chegou na esquina, levantou-se nas patas traseiras e apertou o botão do semáforo para travessia de pedestres, parando o trânsito de veículos. Então, atravessou a rua, na faixa de pedestres. Mais adiante, outro semáforo estava vermelho e o cão parou. Quando o sinal ficou verde, o cão atravessou a rua. Chegou a um ponto de ônibus e esperou. Quando o primeiro ônibus parou, o cão olhou para o letreiro e não entrou. Quando outro ônibus parou, um pouco depois, o animal voltou a olhar o letreiro. Dessa vez, entrou e ficou perto da porta, acompanhando o trajeto com atenção. O homem do açougue estava perplexo. Nunca vira nada igual. Depois de várias quadras, o cão desceu do ônibus e andou um pequeno trecho. Frente a uma casa, abriu o pequeno portão e entrou. Parou frente à porta e começou a bater com a cabeça na madeira. Depois, foi à janela e tornou a bater a cabeça contra o vidro, várias vezes. Finalmente, a porta se abriu. Um homem grande e zangado veio para fora e começou a agredir o cão, chamando-o de bobão, inútil, traste. O açougueiro não aguentou. Deteve a agressão e falou ao dono do cão:
-Que é isto? Você tem um animal extraordinário, treinado, inteligente e o agride desta maneira? 
-Inteligente? – gritou o dono. Ele é um tonto. Já falei um milhão de vezes e este inútil vive esquecendo de levar a chave da porta. 
 * * * 
Naturalmente, o conto é fictício. 
Pode levar ao riso. 
Ou podemos parar um momento e reflexionar. 
Quantas vezes agimos como o dono desse cão? 
As pessoas nos servem, nos agradam e nós... só reclamamos. 
Reclamamos da mãe que não nos preparou a sobremesa que pedimos. 
E esquecemos de agradecer a roupa limpa, impecável, no armário; os pratos preparados com esmero; as frutas, o suco, o cereal no café da manhã. 
Reclamamos dos pais que não entendem nossos sonhos, nosso papo, nossa turma legal. E não lembramos dos braços que nos carregaram, depois das brincadeiras, na praia; das horas exaustivas de trabalho deles para nos garantir a escola, o lazer, as viagens.
Reclamamos do funcionário que não atendeu uma ordem, em todos os detalhes. Não lembramos das mil coisas que ele faz todos os dias, sem errar, diligente, atento, vendendo sempre muito bem o bom nome da nossa empresa. 
Reclamamos sempre, numa atitude tola de quem não tem capacidade de avaliar o real valor dos que nos cercam. 
Pensemos nisso e tomemos ciência, primeiro, de que, por vezes, nos tornamos pessoas um tanto desagradáveis, com esse tipo de atitudes. 
Segundo, perguntemo-nos se nós mesmos faríamos melhor. 
É possível que a nossa incapacidade, preguiça ou acomodação nos digam que estamos reclamando, de verdade, por nos darmos conta de como somos dependentes dessas criaturas... 
Pensemos nisso e foquemos de forma diversa a nossa apressada e tola avaliação. 
Redação do Momento Espírita, com base em conto de autoria desconhecida. 
Em 15.12.2021.

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

HÁ TRÊS ANOS...

Luciana Goldschmidt Costa
Quem poderia imaginar que tudo aconteceria dessa forma, com a mãe tão distante? 
Luana se recuperava da exitosa cirurgia que, finalmente, a faria parar de sangrar. A viagem, programada há tantos meses, poderia se concretizar. A mãe hesitou se deveria mesmo ir. Contudo, a família insistiu. Os tantos meses de hospital, as noites insones, os cuidados constantes com a pequena enferma, a haviam desgastado em demasia. Ela precisava espairecer um pouco e descansar, recompor as energias. A avó e as tias continuariam cuidando muito bem da Luaninha. E, afinal, seriam somente três dias. 
O que poderia acontecer em período tão curto? 
E Luciana foi, com o irmão, Paulo, para a casa de uma prima, em Salvador, na Bahia. De noite, as notícias de que tudo estava bem com Luana lhe valeram algumas boas horas de sono. No dia seguinte, sol em abundância, calor e um passeio até o Farol da Barra... E foi lá que o telefonema chegou. Luana não estava bem. 
-Ela precisa de você! Venha logo!
Foi o que lhe disse a mãe. Luciana sentiu que algo grave acontecera com seu tesouro. Correu para o aeroporto, Paulo foi buscar as malas na casa da prima. A sensibilidade dos atendentes no balcão da companhia aérea foi comovente, ante o desespero de Luciana. Ela adjetivaria, mais tarde, aquele dia como o mais agonizante de sua vida. Enquanto aguardava o voo que nunca chegava, se indagava se chegaria a tempo. Então, ela orou e sentiu a presença dos amigos espirituais, insuflando-lhe calma. Enfim, chegou ao hospital e jamais, em todos os meses anteriores, ela se preparara tão rapidamente para entrar na UTI. Literalmente arrancou os brincos, o relógio, trocou a roupa... Ainda no elevador, atendera à ligação: 
-Onde você está? 
Percebeu, na voz angustiada, que o tempo corria mais depressa do que ela. 
-Ela já foi? 
Perguntou Luciana, chorosa. 
-Ainda não foi, mas está indo... 
E a sua linda princesa estava lá. Ligada a máquinas, aguardando a chegada da mãezinha. Luciana cantou todas as músicas que a filha gostava. Contou todas as historinhas que lembrava. Depois, com lágrimas de dor, sussurrou ao ouvido dela: 
-Filha querida, pode partir. Mamãe ficará bem. Todos ficaremos bem. 
Foi um momento lindo. Pais, avós, tias, em torno daquele leito, de mãos dadas. Como se um ao outro desejasse infundir forças. Ou talvez porque desejassem formar um cordão de proteção para Luaninha. Então, ela se foi... Delicadamente, desprendeu-se. A mãe a tomou nos braços, embalando-a pela derradeira vez e lhe disse: 
-Vá com Deus, meu amor! Até logo mais! Mamãe irá ao seu encontro... depois. 
* * * 
Três anos se passaram. 
No aniversário de seu passamento, a mãe lhe escreveu dizendo das saudades, da doce dor da saudade, que nunca cessa. 
Mas, conforme lhe prometera, ela está bem. 
Aguarda o momento do reencontro, que se fará algum dia. 
Aguarda o momento em que poderá, outra vez, abraçar Luana, que deve estar no jardim de Deus, fazendo peraltices. 
Agora, sem dores, sem enfermidade, é flor que desabrocha na Espiritualidade. 
Tão doce o reconforto da Imortalidade! 
Redação do Momento Espírita, com dados colhidos de Luciana Goldschmidt Costa. Disponível no CD Momento Espírita, v. 30, ed. FEP.
Em 6.9.2016.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

RECANTOS DE LUZ

CHICO XAVIER
Quantas pessoas caminham desoladas e sós... 
Andam, e sentem que seus passos as conduzem a lugar nenhum... Perderam, há muito, o endereço da esperança...
Várias se debatem nas trevas da desilusão, do abandono, da desdita... 
Sucedem-se os dias, as horas dobram-se umas sobre as outras, e os minutos passam como se trouxessem consigo uma soma cada vez maior de dissabores... 
A vida lhes parece um eterno anoitecer, uma escuridão perpétua. Milhares de criaturas estão à beira de um colapso nervoso. 
Muitos corações estão quase sufocados de angústia, de saudade, de desespero, debruçados no passado, em busca de memórias perdidas. 
Diante desse quadro, nós podemos ser um recanto de luz, convidando as criaturas a suave reconforto. 
Podemos cultivar, na intimidade, um jardim de flores e luzes, a espalhar bênçãos de esperança. 
Podemos ser a madrugada ridente, que traz consigo a melodia dos pássaros, anunciando o alvorecer. 
Podemos ser o amanhecer daqueles que se debatem na escuridão, trazendo os primeiros raios de sol que vencem as trevas, irradiando claridade e conforto. 
Podemos emitir uma frase de otimismo ou apenas uma palavra de fé viva que lhes restaure a confiança no futuro... 
Incentivar-lhes a coragem de modo a que o desalento não se transforme em moléstia destruidora. 
Ou então, estender a ponte do diálogo amigo, capaz de induzir ao reequilíbrio e à serenidade. 
Sejamos um recanto tranquilo. 
Para isso, é preciso que o cultivemos portas adentro do coração. 
É preciso que semeemos flores de compreensão, de afabilidade e doçura. 
É tão triste caminhar na solidão! 
Mais triste ainda é ter como companhia a desesperança. 
Pensemos em romper, de vez por todas, as amarras de egoísmo que nos detêm os gestos de amizade, de dedicação e afeto. 
Vençamos, em definitivo, a indiferença, derrubando as muralhas do orgulho, que nos impedem de vislumbrar as necessidades dos que caminham ao nosso lado. 
Sejamos um recanto de luz, de paz, de esperança! 
Agindo assim, sentiremos suave felicidade a invadir-nos a alma, penetrando-nos o coração e aliviando nossas carências e dores. 
Na medida em que nos fazemos úteis a alguém, recebemos as bênçãos de que tanto precisamos. 
Esquecemos os pés feridos nos espinhos do caminho e sentimos nossas forças ampliadas.
Auxiliando-nos uns aos outros conseguiremos alcançar o topo da montanha escarpada de onde poderemos vislumbrar a ampla planície coberta de relva e flores, como prêmio pelos esforços realizados. 
* * * 
Não há noite que perdure para sempre.
O ponto mais alto da escuridão é também o início da madrugada que traz consigo a claridade, vencendo as trevas. 
As nuvens, por mais densas que pareçam, são efêmeras e passageiras, mas o sol é perene.
Se nos parecem eternos esses meses pandêmicos que atravessamos, pensemos que a Terra já viveu outros graves conflitos.
E eles se foram. 
Tivemos guerras que duraram anos... 
E que desapareceram. 
Tivemos pestes que dizimaram milhares... 
E foram vencidas. 
Venceremos também esta pandemia. 
Unamos os nossos raios de esperança e iluminaremos muitas almas. 
Sejamos um recanto de luz. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 14, do livro Momentos de Ouro, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. GEEM. 
Em 13.12.2021