domingo, 31 de março de 2019

EM VIAGEM

A existência terrestre é uma viagem educativa. Começa na meninice, avança pelos caminhos claros da plenitude física, e altera-se na noite da enfermidade ou da velhice, para renovar-se, além da morte. Reparemos, pois, como seguimos. Não nos agarremos aos bens materiais, senão no estritamente necessário para que nos façamos valioso irmão no concurso aos companheiros de jornada e útil a nós mesmos. Há muitos viajores que sucumbem na caminhada sob pesados madeiros de ouro a que se atam, desorientados. Não reclamemos devotamento do próximo, e, sim, amemos e auxiliemos a todos os que se aproximem de nós, para que nosso amor não desça do Alto aos tenebrosos despenhadeiros do exclusivismo. Não prossigamos viagem guardando ressentimento, para que não aconteça de nos prendermos impensadamente aos labirintos do ódio. Muitos viajantes, a pretexto de fazerem justiça, tombam, insensatos, em escuras armadilhas da crueldade e da intriga, com incalculáveis prejuízos no tempo. Recordemos que iniciamos a excursão terrestre sem qualquer patrimônio e encontramos carinhosos braços de mãe que nos embalaram, amparando-nos, em nome do Eterno. Lembremo-nos de que nada possuímos, à frente do Pai Celestial, senão nossa própria alma e, por isso mesmo, só em nossa alma amealharemos o tesouro que a ferrugem não consome e que as traças não roem. Prazer e dor, simplicidade e complexidade, escassez e abastança, beleza da forma ou tortura do corpo físico, são simplesmente lições. O caminho do mundo, que atravessamos cada dia, é apenas escola. Nossos afetos mais doces são companheiros com tarefas diferentes das nossas. Sigamos sem imposição, sem preguiça, sem queixa nem exigência. O corpo é nosso veículo santo. Não lhe desrespeitemos a harmonia. A experiência é nossa instrutora. Não lhe menosprezemos o ensinamento. 
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Estamos todos em viagem. Sabemos quando chegamos, mas não conhecemos a data de nossa partida. Todo tempo aqui deve ser muito bem aproveitado. Toda companhia, agradável ao coração ou não, merece nosso respeito e atenção, pois não está ali por acaso. Como viajor que sabe aproveitar as belezas do novo país que conhece, saibamos aprender com a vida, estudá-la em suas mais sutis lições de amor. Não percamos tempo com implicâncias injustificadas, ódios gratuitos e prazeres efêmeros. A existência é muito maior do que isso.
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Mensagens singelas como esta, num programa de rádio diário, são alertas aos nossos corações. São recados da Espiritualidade Superior que se importa com nossas vidas, e nos deseja ver retornar ao mundo essencial, vitoriosos. Pensemos nisso. Pensemos em nossa encarnação todos os dias. Encontremo-nos todos os dias. Encontremos o Criador todas as manhãs e noites, e viveremos mais felizes. Colecionemos momentos de alegria durante a viagem, construídos pelo amor que cresce em nossa alma aprendiz. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 8, do livro Caridade, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Ide. 
Em 04.06.2012.

sábado, 30 de março de 2019

EM TORNO DA GRATIDÃO

Parcela considerável da Humanidade presta atenção exclusivamente ao que lhe falta. Entre inúmeras e grandes bênçãos, valoriza pequenos problemas. Essa característica é lamentável, pois pode tornar mesquinho aquele que a possui. Constitui um triste espetáculo a pessoa abençoada que se lamenta sem cessar. Esquecida de agradecer pelas alegrias, considera-se mais necessitada do que as outras. Com esse estado de espírito, não se comove com a miséria alheia. Deixa de valorizar e utilizar seus recursos na construção de um mundo mais justo e fraterno. Assim, se você não aprova a ingratidão, cuide para não adotar esse gênero de comportamento. Preste atenção nas inúmeras graças com que é continuamente brindado pela vida. Se tem familiares complicados, pense em quem é completamente sozinho. Inúmeros órfãos não contam com o apoio de ninguém. Reflita também sobre os velhos sem amparo. Seus parentes podem ser difíceis, mas estão ao seu lado. Apesar de todos os embates, são uma presença familiar e fazem parte da sua história. Valorize-os. Talvez seu emprego não seja o de seus sonhos. Mas há tantos desempregados! É bom que você esteja disposto a lutar por uma colocação profissional melhor. Contudo, enquanto ela não chega, aprecie a que já tem. Muitos se sentiriam vitoriosos se estivessem em seu lugar. Quem sabe você não seja portador de grande beleza. Mas são tão raras as pessoas com aparência excelente. E nem sempre são as mais felizes. A beleza física geralmente suscita a vaidade e atrai grandes tentações. Possuir aparência modesta não o impede de ser amado. Se não tem um exterior cintilante, valorize sua saúde e seu Espírito. Torne-se atraente pela nobreza de seu caráter, por seu bom humor, por suas virtudes. Mais importante do que ter um corpo belo é ser um Espírito equilibrado e bondoso. A beleza apartada da saúde, física e moral, de pouco adianta. Antes de reclamar, olhe a sua volta. Emprego, saúde, família, amigos, instrução, moradia, fé em Deus... São tantos os tesouros que a vida derrama sobre você! Se há alguma dificuldade em determinado aspecto de seu viver, lute para vencê-la. Entretanto, não se amargure por pouca coisa. Volte sua atenção para o conjunto e alegre-se. Emocione-se com a Bondade Divina e adquira o hábito de agradecer. A gratidão manifesta-se no louvor a Deus. Mas um homem agradecido também é um refrigério na vida dos semelhantes. Quem percebe a beleza e a abundância do Universo converte-se em uma presença agradável e benfazeja. Alegre e risonho, espalha bem-estar ao seu redor. Ao perceber os tesouros de que é dotado, dispõe-se a reparti-los. Ao invés de atacar os moralmente decaídos, ampara-os. Arregimenta recursos para atender os necessitados. Dá exemplos de ética e bom proceder. Auxilia o próximo em suas dificuldades. Torna-se um ouvinte atento e um ombro amigo. Você é rico de talentos e de opções. Pode valorizar o pouco que lhe falta ou o muito que possui. Pode ser reclamão e desagradável. Ou pode optar por lançar um olhar positivo sobre o mundo que o rodeia. Encantado com suas bênçãos, tornar-se também uma bênção para o seu próximo. 
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita.
Em 25.05.2009.

sexta-feira, 29 de março de 2019

EM TODA E QUALQUER CIRCUNSTÂNCIA !

No período da Segunda Guerra Mundial, o campo de concentração alemão de Ravensbrück, perto de Berlim, era considerado a pior prisão feminina. As condições de vida eram subumanas. Estima-se que cerca de noventa mil mulheres e crianças ali morreram. Foi para essa prisão que foram enviadas as irmãs holandesas Betsie e Corrie, detidas em fevereiro de 1944. Quando foram transferidas para Ravensbrück, esperavam sofrer muito, pois conheciam a má fama do lugar. Porém, ambas eram mulheres de muita fé e confiaram a Deus suas vidas. Nos primeiros dois dias, dormiram ao relento, sob a chuva. Depois, foram apertadas em um barracão, que fora construído para abrigar quatrocentas pessoas. Eram mais de mil e quatrocentas as mulheres ali abrigadas. E, para completar, o local era infestado de pulgas. Nesse lugar lúgubre, as irmãs se sentiam extremamente incomodadas pelos insetos. Entretanto, Betsie se lembrou das palavras do livro bíblico de Tessalonicenses:
Dai graças a Deus em toda e qualquer circunstância. 
Inspirada por tais palavras, proferiu uma oração, junto à sua irmã, agradecendo a Deus pelo dom da vida, por estarem juntas e até mesmo pelas pulgas. Corrie, admirada, indagou:
-Agradecer pelas pulgas? Você está mesmo agradecendo pelas pulgas? 
Betsie, serena, limitou-se a responder: 
-Em tudo devemos agradecer a Deus. 
O trabalho era duro. A comida era pouca e quem não fosse rápido na execução das tarefas, não recebia a batata e a sopa rala no almoço. Passaram-se longos e incontáveis meses e as irmãs, diariamente, agradeciam a Deus, pois tinham oportunidade de, naquele alojamento infestado de pulgas, orar, louvar ao Criador e recitar trechos bíblicos. Agradeciam também pelo fato dos guardas raramente virem até a cela na qual elas se encontravam. O tempo passou. Betsie morreu na prisão, vítima de enfermidade e Corrie foi libertada, em dezembro de 1944. Foi então que ela compreendeu o motivo de não serem importunadas pelos guardas, naquele alojamento: eles sabiam da infestação dos insetos no lugar e não chegavam perto. Sarcasticamente, chamavam a cela de o circo das pulgas. Com lágrimas nos olhos, Corrie proferiu uma prece de agradecimento a Deus por sua vida e, também, de forma especial, pelas pulgas. 
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Tudo que está ao nosso redor ganha novo sentido quando somos gratos por aquilo que nos cerca, pelo que somos e pelo que temos. Quando somos gratos, desfrutamos melhor cada aspecto da vida, pois sabemos observar o mundo em profundidade e verdade. Percebemos o sentido existente por trás de cada acontecimento, de cada sentimento, de cada conquista, de cada pessoa que entra, que permanece e que parte de nossas vidas. 
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A gratidão é um estado de espírito. Nas palavras de Melody Beattie: 
-A gratidão desbloqueia a abundância da vida. Ela torna o que temos em suficiente, e mais. Ela torna a negação em aceitação, caos em ordem, confusão em claridade. Ela pode transformar uma refeição em um banquete, uma casa em um lar, um estranho em um amigo. A gratidão dá sentido ao nosso passado, traz paz para o hoje e cria uma visão para o amanhã. 
Redação do Momento Espírita, com base no livro O refúgio secreto, de Corrie tem Boom, John e Elizabeth Sherrill, ed. Betânia e citação do livro Codependência Nunca Mais, de Melody Beattie, ed. Best Seller. 
Em 8.12.2014.

quinta-feira, 28 de março de 2019

O QUE CHAMAMOS AO PRÓPRIO CORAÇÃO

Um velho judeu, de alma torturada por pesados remorsos, chegou, certo dia, aos pés de Jesus, e lhe confessou estranhos pecados. Valendo-se da autoridade que detinha no passado, havia despojado vários amigos de suas terras e bens, levando-os à ruína total e reduzindo-lhes as famílias a doloroso cativeiro. Com maldade premeditada, semeara em muitos corações o desespero, a aflição e a morte. Achava-se, desse modo, enfermo, aflito e perturbado... Médicos não lhe solucionavam os problemas, cujas raízes se perdiam nos profundos labirintos da consciência dilacerada. O Mestre divino, ali mesmo, na casa de Simão Pedro, onde se encontrava, orou pelo doente e, em seguida, lhe disse: Vai em paz e não peques mais. O ancião notou que uma onda de vida nova lhe penetrava o corpo, sentindo-se curado. Saiu, rendendo graças a Deus. Parecia plenamente feliz quando, ao atravessar a extensa fila dos sofredores que esperavam pelo Cristo, um pobre mendigo, sem querer, pisou-lhe num dos calos que trazia nos pés. O enfermo restaurado soltou um grito terrível e atacou o mendigo a bengaladas. Estabeleceu-se grande tumulto. Jesus veio à rua apaziguar os ânimos. Contemplando a vítima em sangue, abeirou-se do ofensor e falou: 
- Depois de receberes o perdão, em nome de Deus, para tantas faltas, não pudeste desculpar a ligeira precipitação de um companheiro mais desventurado que tu? 
O velho judeu, muito pálido, pôs as mãos sobre o peito e gritou: 
- Mestre, socorre-me!... Sinto-me desfalecer de novo... Que será isso? 
Mas Jesus respondeu, muito triste: 
- Isso, meu irmão, é o ódio e a cólera que outra vez chamaste ao próprio coração. 
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O que temos chamado ao nosso coração através dos pensamentos, sentimentos e ações? Imaginemos que a soma de tudo isso, ao longo dos meses, dos anos, é responsável por nossa saúde integral. Dependendo do teor, do tom das vibrações, produzimos para nós mesmos o bem-estar ou a enfermidade. Hoje, é muito fácil entender que a mágoa, a cólera e a tristeza continuada produzem doença, e que o bom humor, a alegria, o otimismo e a caridade geram saúde. Como anda essa composição em nossa alma e em nosso corpo? Chamar o ódio e a cólera ao coração é escolher o sofrimento voluntariamente. É optar pelo caminho da enfermidade, que pode surgir a qualquer momento, em qualquer lugar do corpo ou da mente. Sentimos muito, lamentamos, quando ela surge no melhor momento da vida, quando estamos numa época feliz, abraçados com a família ou bem resolvidos profissionalmente. É que fomos invigilantes no passado, essa a verdade, e agora as leis naturais nos mostram as simples consequências. Assim, vale a vigilância constante, proposta pela lição do Mestre, para que não deixemos que outra vez e outra vez o ódio e a cólera sejam chamados ao nosso coração. A doença não desaparece enquanto o doente não se transforma. Pensemos a respeito e modifiquemos nossa forma de agir. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. O efeito da cólera, do livro Pai Nosso, pelo Espírito Meimei, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. 
Em 28.3.2019.

quarta-feira, 27 de março de 2019

VOLTAR A NASCER

James Leininger e Anne Barron
Você acredita em reencarnação? 
Acredita que alguém que tenha morrido possa retornar a viver, em outro corpo? 
Acha que isso tudo é somente uma grande fantasia, excelente para enredo de filmes, matéria literária para encher páginas e mais páginas de revistas? 
Talvez algo sensacional para títulos de manchetes? 
Pois aquela senhora de oitenta e seis anos cultivava as saudades do seu irmão há mais de seis décadas, quando um casal entrou em contato com ela. A princípio, de forma muito prudente, como a sondar seus sentimentos e depois, revelando enfim, que o filho deles dizia ter sido irmão dela. Anne Barron lembrava de que no dia 3 de março de 1945, estava em sua sala de estar, fazendo a limpeza. Estava ansiosa porque toda a família iria se reunir em sua casa para aguardar, em breves dias, o retorno do irmão. Então, ela sentiu como se ele estivesse ali, ao lado dela. E falaram e falaram. Eram muito ligados. A reunião nunca aconteceu porque James foi dado como desaparecido em uma missão, como piloto. O dia em que desaparecera? 3 de março. Agora, um menino de cinco anos estava ao telefone, para falar com ela. Ele a chamou de Annie. Ela estremeceu. Somente seu irmão a chamava dessa forma. A conversa foi muito interessante. O garoto tinha conhecimento de muitas coisas da família. Referia-se ao pai e à mãe de ambos como um irmão faria. Ele se lembrava, com riqueza de detalhes, do alcoolismo do pai; de que uma outra irmã, de nome Ruth, tinha sido colunista social de um jornal da cidade. A quantidade de minúcias da família sobre as quais conversavam Anne e o novo James era impressionante. Outras ligações telefônicas se sucederam e, com o tempo, quaisquer dúvidas foram eliminadas da mente de Anne. Aquele era seu irmão, que voltara a viver, em outro corpo. Então, ela resolveu mandar para a cidade onde ele morava, um presente. Era um quadro que a mãe deles havia pintado do filho quando ele era criança. Quando o recebeu, a primeira pergunta do pequeno a Anne foi: 
-E onde está o quadro que ela pintou de você? 
Anne ficou sem fôlego. Apenas ela sabia que sua mãe pintara dois retratos: seu e de seu irmão. O retrato de Anne estava no sótão. Ninguém no mundo sabia disso. Ninguém, a não ser ela. A cada vez que com ele falava ao telefone, ela tinha mais certeza: aquele garoto era um Espírito familiar. Quando o ouvia, ela não podia deixar de reconhecer que era o Espírito do seu irmão, morto na guerra, que voltara. Quando se encontraram, pela primeira vez, face a face, ele a olhou atentamente. Quieto, ele a ficou examinando com o olhar, avaliando. Algo como se estivesse tentando encontrar o rosto da irmã de vinte e quatro anos na mulher de agora oitenta e seis. Ela envelhecera. Ele renascera. Não demorou muito e conversavam, de forma natural, com afetividade, identificando-se um com o outro. 
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A reencarnação é lei natural e todos os Espíritos a ela se submetem, até alcançar a perfeição. Foi isso que Jesus ensinou ao falar a Nicodemos: 
-Em verdade, em verdade te digo: "ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo". 
Redação do Momento Espírita, com base nos caps. 32 e 33 do livro A volta, de Bruce e Andréa Leininger com Ken Gross, ed. Bestseller. 
Em 27.3.2019.

terça-feira, 26 de março de 2019

PAI, QUE ESTAIS NO CÉU!

Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando tua porta, ora a teu pai que está em secreto; e teu pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. Portanto, orarás assim: Pai nosso, que estais no céu... 
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A Torá, livro sagrado da fé judaica, nomeia Deus por meio de títulos como El shaddai, que significa Deus todo poderoso, ou Elohim, que indica o poder de Deus enquanto Criador. Os Evangelistas relatam que, na época do Cristo, escribas e fariseus referiam-se a Deus de forma muito cerimoniosa, utilizando-se de palavras como Senhor ou Eterno. Jesus, entretanto, foi o primeiro a referir-se a Deus como Abba, palavra utilizada de modo informal pelos judeus a fim de se dirigirem a seus próprios pais de maneira carinhosa. Ao chamar Deus de Pai, o mestre instituiu uma importante mudança teológica, apresentando-nos a um Pai celestial do qual todos somos filhos. Porém, o que significa chamarmos Deus de Pai? 
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Yu Xukang
Antes do sol raiar, Yu Xukang desperta seu filho, Xiao, que é deficiente físico e não pode caminhar. Por morarem em uma cidade rural no sudoeste chinês, não há ônibus escolar e nem transporte público adequado às necessidades especiais do menino de nove anos. Dessa forma, Yu caminha pouco mais de trinta quilômetros diariamente com o filho amarrado às costas, a fim de levá-lo à escola. O pai se recusa a desistir, mesmo que suas costas estejam doloridas e já tenham se tornado curvadas por conta do esforço diário. 
- Eu sinto imenso orgulho do meu filho. Ele é um dos melhores alunos da classe e não irei desistir, afirma o pai, que sonha ver o filho entrando para a universidade. 
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Chamar Deus de Pai revela a grande intimidade e a profunda relação de amor que há entre Criador e criatura. Chamando-o de Pai, estendemos uma forte ligação de confiança com Ele, tal qual uma criança que, dirigindo-se ao seu genitor, confia, sente-se amada, amparada, segura. Ao chamá-lo de Pai, transbordamo-nos de Sua misericórdia, que a todos nos perdoa. Também nos deparamos com Sua perfeita pedagogia, que nos ensina com infinita justiça. Justiça que não nos abandona em nossas faltas, mas, antes, permite repararmos o mal que cometemos, os corações que magoamos, o auxílio que não distendemos, o perdão que não oferecemos. Ao invocarmos o Pai celestial, a Ele confiamos todas as nossas tribulações: das mais triviais e cotidianas, como o alimento, a saúde, o trabalho, até as mais elevadas, como a reforma íntima, a evolução pessoal, o progresso daqueles que marchamos em direção à angelitude. E Deus, Pai verdadeiro que é, em tudo nos atende: para nossas mazelas morais, nos oferece a oportunidade de progresso; para nossas lágrimas, permite brote o sorriso e em nossas angústias, Ele nos revela a paz. Silenciemos e o escutemos, fechemos os olhos e O sintamos: 
-Pai que conhece a todos os homens e a cada um de nós em particular. Pai que conduz nossos passos, Pai que nos ama infinitamente, conforta-nos, dá-nos esperança e nos aguarda de braços abertos. Pai nosso, que estais no céu... 
Redação do Momento Espírita, com citação do cap. 6, versículo 5, do Evangelho de Mateus e com base em dados biográficos de Yu Xukang. 
Em 26.3.2019.

segunda-feira, 25 de março de 2019

EM RELAÇÃO AO PRÓXIMO

Conviver, relacionar-se é inerente à condição humana. Para bem vivermos em sociedade, desenvolvemos, ao longo dos séculos, conquistas civilizatórias capazes de tornar a convivência mútua mais suave, mais agradável. Assim, hoje não é mais aceitável que dejetos sejam jogados em via pública. Na Idade Média, no entanto, isso era corriqueiro. Considerado comportamento comum. Na atualidade, faz parte da educação respeitar os locais públicos, tais como prédios, jardins, parques, o transporte coletivo, a escola. Esse é nosso primeiro movimento positivo em relação ao próximo: a educação. Agimos educadamente quando cedemos o lugar à pessoa idosa no transporte, assim como quando respeitamos a fila e a vez das pessoas, em qualquer lugar. Porém, pensando no próximo, podemos ir um pouco mais além. Por exemplo, além de educados, podemos ser simpáticos. Assim, se somos educados ao cumprimentar o caixa do supermercado, poderemos ser simpáticos se o cumprimentarmos com um sorriso. Somos simpáticos quando perguntamos ao porteiro Como vai?, extrapolando a educação que nos pede simplesmente para saudá-lo. A simpatia gera laços de relação com nosso próximo, o que a mera educação não exige e a civilização não obriga. Entretanto, podemos não nos limitar a sermos simpáticos, agradáveis. Em alguns momentos, a vida nos sugere que sejamos mais que isso. É o convite para nos servirmos da empatia, esse exercício de nos colocarmos no lugar do outro para compreendermos suas dificuldades. A empatia nasce, justamente, da compreensão emocional das dificuldades e problemas alheios. Com empatia, julgamos menos e compreendemos mais porque entendemos as limitações e circunstâncias do próximo. Como consequência, teremos um olhar mais doce para ele. Até mesmo as reações mais desagradáveis do outro nos atingirão de forma mais amena, com menor intensidade. E, além da empatia, é possível estreitar ainda mais os nossos laços, em relação ao próximo. Nesse sentido, o movimento mais nobre que podemos exercitar é o da compaixão. Se a empatia é a compreensão, a compaixão é a ação. Tomados de compaixão, somos capazes de extrapolar nossos interesses a fim de agir em benefício do outro, sem nenhum ganho pessoal. Na compaixão nosso movimento é o de minimizar as dores de quem padece, física ou moralmente. A compaixão é a dinâmica do amor colocada em ação. Educação, simpatia, empatia e compaixão são movimentos amorosos. Ao exercitá-los, lembremos que há sempre um patamar acima, onde podemos avançar nas conquistas íntimas de nossa alma. Se somos educados, adicionemos ao nosso comportamento a simpatia. Se a simpatia já é nossa conquista, avancemos pelos degraus da empatia. Se já compreendemos o outro nas suas dificuldades, avancemos tentando minimizá-las, tomados de compaixão. Dessa forma, a pouco e pouco, avançaremos, no grande desafio que nos propõe Jesus, de amar ao próximo como a nós mesmos. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 4.5.201 

domingo, 24 de março de 2019

EM QUE DEUS EU CREIO

ALBERT EINSTEIN
Quando se pergunta a uma pessoa se ela crê em Deus, a resposta, com raras exceções, é afirmativa. Sim, ela crê em Deus. Estranhamente, embora o expressivo número de pessoas que dizem crer em Deus, é igualmente expressivo o número dos desencantados, depressivos, desesperados. Como se pode explicar que crendo em Deus, Pai amoroso e bom, que tudo vê, tudo sabe, tudo faz, a pessoa possa cair no poço da desesperança? Talvez a resposta esteja na forma como cremos em Deus, ou somos levados a crer. Albert Einstein, certa vez, em Nova York, num diálogo com o Rabino Goldstein, foi indagado se acreditava em Deus. Ele respondeu: 
-Tenho a origem judaica arraigada em meu interior. Acredito no Deus de Spinoza, que revela a harmonia em tudo o que existe. Não acredito, porém, que Deus se preocupe pela sorte das ações cometidas pelos homens. 
Por causa desta declaração muitas polêmicas foram geradas entre Albert, físicos e religiosos. Muitos se apegaram a sua declaração para desenvolver protestos sobre as suas teorias. Religiosos se manifestaram, dizendo que a Teoria da Relatividade deveria ser revista. Diziam que por trás de toda a controvérsia daquele físico, estava o terrível fantasma do ateísmo. Que ele disseminava dúvidas com relação à presença de Deus sobre a criação de todo o Universo e as criaturas. A resposta do físico foi serena, embora para muitos tenha continuado incompreensível. Ele dizia que sua religião consistia na admiração pela humildade dos Espíritos superiores, pois esses não se apegam a pequenos detalhes, ante os nossos Espíritos incertos. Dizia: 
-Por esse motivo racional, diante da superioridade desse Universo, é que localizo e faço a ideia de Deus. Não sou ateu. Quem quer deduzir isso das minhas teorias científicas, não fez por entendê-las. Creio pessoalmente em Deus e nunca em minha vida cedi à ideologia ateia. Não há oposição entre ciência e religião. O que há são cientistas atrasados, com ideias que não evoluíram, com o passar do tempo. Vejo na experiência cósmica uma religião nobre, uma fonte científica para profundas pesquisas. Procuro entender cada estrela contida nesse imenso Universo, que não é material. Quem assim não procede, sentindo essa estranha sensação de querer levitar no infinito, realmente não sabe viver, porque está morto, diante de tanta beleza divina. Há muitas formas de o ser humano crer em Deus. Há, para muitos, o Deus jurídico, legislador, agente policial da moralidade, que, através do medo, estabelece essa distância da verdadeira crença. Deus está em todas as minhas teorias e invenções. Ele está presente em tudo e creio que em todos, até nas formas mais primitivas. Essa é a minha religião e o Deus em que creio. 
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Se assim dizia, assim viveu. Albert Einstein foi o exemplo do cristão autêntico, preocupando-se, de forma constante, com seu semelhante. Ainda dois anos antes de sua desencarnação, foi comemorado seu aniversário numa grande festa pública. Tudo o que lhe foi dado como presentes, Albert transformou em dinheiro e enviou para os fundos da Faculdade de Medicina Albert Einstein. 
Redação do Momento Espírita, com base em dados biográficos de Albert Einstein. Disponível no CD Momento Espírita, v. 23 e no livro Momento Espírita, v. 8, ed. FEP. 
Em 6.3.2014.

sábado, 23 de março de 2019

EM QUE DEUS ACREDITAMOS

Desde sempre, o homem teve a crença em algo superior a si e ao mundo. O entendimento de como era esse algo ou Ser Superior variava, conforme o seu desenvolvimento e os valores da comunidade a que pertencia. Houve os que imaginaram o Universo povoado de deuses, que se imiscuíam e disputavam com os homens as coisas mais comezinhas e cotidianas. Assim foram criadas as mitologias, plenas de deuses vingativos, enganadores, mentirosos. Não conseguindo conceber algo diferente de si próprios, os deuses eram a projeção dos sentimentos e das imperfeições que habitavam as almas humanas. Distinguiam-se dos mortais apenas por alguns poderes sobrenaturais e sua imortalidade. No mais, eram, na forma e na essência, como os humanos. Para aplacar a fúria dos deuses vingativos, foram concebidas as ofertas de sacrifícios de frutos da terra, de animais e até de vidas humanas. Foi com Moisés que atingimos o entendimento do monoteísmo, de um único Deus a governar o Universo. Contudo, ainda se tratava de um Deus julgador, implacável, ávido a espreitar nossos erros e deslizes, pronto a nos desferir o peso de Sua justiça. Um Deus capaz de aceitar o apedrejamento em praça pública ou o decepar de membros das Suas criaturas, caso infringissem as Suas leis. Jesus, no entanto, nos apresentou uma nova concepção de Deus. Pela primeira vez na História, fez-se referência a Deus como Pai amoroso. Foi Jesus quem nos mostrou a Bondade Divina, Sua Providência a nos amparar, Sua justiça a nos acolher e dar oportunidades novas de aprendizado. A partir de Jesus, conhecemos o Deus Pai que alimenta as aves do céu, veste a erva do campo e ama todos os Seus filhos. É o Deus que nos dá o livre-arbítrio, nos convidando a buscar oportunidades de crescimento, que nos oferece a porta do Seu coração quando as necessidades se apresentem. O Deus amoroso que nos ama, ama ao nosso próximo, e ao nosso inimigo, indistintamente, mostrando que somos todos iguais perante Ele. É Jesus quem nos ensina a orar a Deus pedindo que seja feita a vontade dEle, posto ser Ele sábio, justo e bom, refletindo isso em Seus desígnios para conosco.
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Transcorridos dois milênios, quantos de nós já conseguimos compreender Deus na grandiosidade com que Jesus no-lO apresentou? Quando Seus desígnios se fazem em nossa vida de forma contrária à nossa própria vontade, qual é o Deus em que acreditamos? Quando nos vinculamos a práticas de barganha com a Divindade, fazendo algum sacrifício pessoal para que Ele nos proporcione algo em troca, em que Deus acreditamos? Quando pensamos que só a nossa religião ou a nossa fé é digna de respeito e só ela será aceita por Ele, que somente os que a professam terão salvo-conduto ao reino dos céus, em que Deus acreditamos? Faz-se necessário, em nossa relação com Deus, aprofundarmos nossas reflexões em torno das lições de Jesus. Só assim conseguiremos galgar entendimentos mais profundos a respeito de Deus. Somente então haveremos de compreender a Sua paternidade e o Seu amor. 
Reflexionemos a respeito. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 24.2.2016.

sexta-feira, 22 de março de 2019

PROGREDIR MORALMENTE

Todo o viver é um exercício de aprendizagem. E a vida será sempre rica de oportunidades para que a alma se enriqueça no saber das coisas de Deus. A oportunidade do estudo, de desenvolver-se intelectualmente é possibilidade de alcançar conhecimento das leis do mundo físico, obra de Deus. Estudar botânica, química ou astronomia, seja qual for o ramo das ciências, é sempre uma oportunidade de progredir intelectualmente, de aumentar o entendimento a respeito das leis do Criador. E é claro que quanto mais estudamos, mais progredimos intelectualmente. Porém, a vida também é rica de oportunidades para que cresçamos moralmente, para que possamos entender as coisas de Deus no campo da moral. Assim como podemos crescer intelectualmente durante uma vida, podemos progredir moralmente. Sabendo-se que moral é a regra de bem proceder, a regra de agir conforme as leis de Deus, será o entendimento dessas regras, pelas vias do coração a grande conquista para todos nós. Logo, é natural que a vida oportunize também esse aprendizado, que nos possibilita crescer moralmente. Se o progresso intelectual se dá pelos bancos da Academia, pelos livros, pelo exercício da mente e do raciocínio, o progresso moral se dá pelo enfrentamento do mundo, nos desafios de relacionamento com o próximo e conosco mesmos. Sempre que nos deparamos com um parente difícil, é oportunidade de progresso moral, ao desenvolver a paciência e a indulgência. Se o chefe irascível é nossa grande dificuldade, ou o ambiente de trabalho desequilibrador, que nos consome em preocupações, serão essas também oportunidades de desenvolvermos valores de paciente coleguismo. Se situações difíceis da corrupção e do afrouxamento dos valores morais sucederem sob nossos olhos, ser-nos-ão convite ao exercício da retidão de caráter e da consolidação da honestidade. Nenhuma situação que nos ocorra será descuido da Providência divina ou cochilo de nossos anjos tutelares. Tudo está previsto pelo amor de Deus, a proporcionar as situações mais adequadas para que possamos progredir, intelectual e moralmente. Dessa forma, jamais desejemos uma vida tranquila, sem desafios e dificuldades a transpor. Essa vida que muitos desejam, e não poucos se esforçam para assim viver, consome-se no vazio de si mesma, pela falta do objetivo maior, que é o progresso do ser humano. Jamais devemos malquerer os dias desafiadores. Serão sempre esses os que provocarão em nós o crescimento de novas capacidades, o amadurecimento moral, o despertar para valores mais sólidos e perenes em relação à vida. Nunca deveremos nos esquecer que Deus nos proporciona penas e desafios somente na intensidade e no montante que nossa estrutura emocional será capaz de enfrentar.
Redação do Momento Espírita. 
Em 22.3.2019.

quinta-feira, 21 de março de 2019

QUANDO NOSSOS PAIS ENVELHECEM

Quando somos crianças, olhamos para nossos pais como criaturas especiais, invencíveis. Eles podem tudo, desde consertar o carrinho quebrado a resolver aquele problema de matemática super difícil para nossas cabeças. Eles não cansam. Trabalham o dia todo, vêm para casa e ainda têm disposição para verificar se fizemos a lição, se tomamos banho direitinho, se demos comida ao cão. Jantam conosco, conversam, veem televisão, insistem para que estudemos um pouco mais para a prova do dia seguinte. Verificam se escovamos bem os dentes, antes de dormir, e fazem oração conosco, antes que o sono nos assalte. Nunca ficam doentes. Ou melhor, de vez em quando eles têm gripe, um pouco de tosse, dizem que dói o corpo. Mas não é nada. Logo estão de pé, continuando a rotina. Quem fica doente mesmo somos nós: febre, dor de garganta, dor de dente, dor de cabeça. Sintomas que sempre os preocupam e os fazem buscar o médico, o hospital. E providenciam remédio, dieta, cuidados de toda sorte. Ficam acordados à noite e na madrugada para verem se nossa febre diminuiu, se estamos melhorando, se... Mas os anos vão se somando e um dia nos descobrimos adultos, maduros. Então, se como pais, assumimos muitas responsabilidades, cuidando de nossos pequenos, vamos nos dando conta, a pouco e pouco, que os nossos pais vão envelhecendo. É o momento em que nós, os filhos, é que vivemos em sobressalto. Tudo nos preocupa. Uma simples tosse deles nos impressiona. 
Será alguma doença grave que irá se apresentar? 
Será que estão tomando de forma correta os medicamentos? 
Tudo, em verdade, assume gravidade aos nossos olhos. O esquecimento de um compromisso é sintoma que nos deixa em alerta. 
Será um sinal de Alzheimer? 
O passo lento estará a dizer que começam a ter limitações físicas? 
E vamos nos esquecendo, nessas nossas preocupações, que eles não precisam viver acelerados porque já fizeram muito. Não precisam obedecer a horários rígidos. Podem ir dormir mais cedo ou mais tarde ou levantar quando queiram. Eles podem dar um passeio muito calmo pela praça, sem precisar correr atrás da criançada. Podem apreciar a paisagem, com calma, dar-se conta da flor que despertou no jardim, sem precisarem se preocupar em saber onde se meteram, afinal, as crianças. Sim, alguns sintomas são fruto da idade. Ou sinais de eventuais enfermidades que pedem atenção e cuidados. Mas, de outras e muitas vezes, são somente nossos queridos pais envelhecendo, docemente. E o que mais precisam é de nosso carinho, não da nossa angústia. É da nossa naturalidade em deixá-los andar no seu passo, na sua hora. É entender que, por vezes, não estão com disposição para sair, nos acompanhar ao clube, à temporada de praia. É acompanhá-los ao cinema, ao teatro. E não levar à conta de sentimentalismo se choram em cenas para nós sem maior importância. Enfim, importante desfrutar, inteiramente, intensamente, cada minuto ao lado deles, enquanto Deus nos permite tê-los conosco, aqui, na Terra. Ter em mente que o tempo deles é diferente do nosso. Da mesma forma que para nossos filhos o tempo difere das nossas próprias horas. 
Pensemos nisso. Redação do Momento Espírita. 
Em 21.3.2019.

quarta-feira, 20 de março de 2019

EM PAUTA, A GRATIDÃO!

Roberto Shinyashiki
O psiquiatra Roberto Shinyashiki, em sua obra Pais e filhos - companheiros de viagem, aborda a questão da gratidão. Diz ele que na Índia, alguns mestres ensinam que a pessoa iluminada é aquela que vive em estado de gratidão. É iluminado quem sabe reconhecer a beleza de um olá e de um adeus, do sol e da chuva, do dia e da noite, porque todos os acontecimentos e todas as pessoas trazem uma oportunidade de crescimento. Se o marido agradece à sua esposa por ter-lhe mostrado sua falta de paciência com os filhos, ele reconhece quanto os dois estavam sintonizados e garante a possibilidade de tais situações de sintonia se repetirem. Assim a vida, por vezes, tem formas muito incomuns de nos permitir realizar algumas coisas. Conta o ilustre psiquiatra que, há alguns anos, o sítio de sua família foi assaltado, várias vezes. A família dava queixa à polícia mas os assaltos continuavam. Certo dia, o Dr. Roberto recordou-se de que um primo de seu pai era investigador numa cidade próxima. Como não o via há muito tempo, pediu a seu pai que falasse com o primo a fim de que ele, junto com os seus amigos policiais, encontrassem uma solução para o caso. Os meses se passaram e um belo dia, os assaltantes foram presos. A cidade voltou à calma, os assaltos ao sítio cessaram e o Dr. Roberto sentiu uma grande vontade de agradecer ao policial que havia cuidado do caso. Por isso, planejou um almoço com toda a família, incluindo seu pai, o primo e o policial. Foi o pai quem acabou auxiliando para que toda a grande família fosse convidada, não ficando ninguém esquecido. Há que se dizer que o genitor ficou muito feliz com a ideia. Todos os dias que antecederam o almoço, ele ligava para o filho, acertando detalhes da organização e incluindo mais alguém na lista de convidados. Foi um domingo especial. O sítio estava lotado de pessoas importantes para os seus corações e Dr. Roberto agradeceu ao policial pelo seu empenho na solução do caso. Depois, ele e o pai saíram para uma longa caminhada. Cada um falou a respeito da sua vida, das suas experiências. Ao final, o pai disse da sua satisfação com a realização daquele almoço e expressou o orgulho de ser seu pai. Quando, no cair da tarde, o pai se retirou, Dr. Roberto chamou os filhos para que abraçassem e se despedissem do avô. Depois, eles mesmos se demoraram em um abraço. Foi, sem dúvida, um dia maravilhoso. Naquela noite, Dr. Roberto e a esposa foram ao teatro. Quando estavam retornando para casa, o telefone tocou. Era sua irmã lhe informando que o pai havia morrido. Mesmo sentindo uma grande dor pela separação do pai, ele sentiu uma enorme sensação de paz. E se deu conta que fora graças à ação de alguns ladrões que ele havia recebido, no dia mesmo da desencarnação de seu pai, o melhor abraço de sua vida, a bênção final. 
 * * * 
Às vezes, precisamos de algum tempo para entendermos as razões de certos acontecimentos de nossas vidas. É importante, contudo, que prestemos atenção em todos eles e, antes de reclamar, dessa ou daquela circunstância que nos pareça ruim, aguardemos. Possivelmente, o tempo nos mostrará como tudo foi exatamente planejado pela Divindade a fim de nos beneficiar a existência. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Ecologia doméstica, item Agradecer, do livro Pais e filhos - companheiros de viagem, de Roberto Shinyashiki, ed. Gente. 
Em 8.1.2014.

terça-feira, 19 de março de 2019

EMPATIA

Um ancião que estava para morrer procurou um jovem e narrou uma história de heroísmo: Durante a guerra, ajudou um homem a fugir. Deu-lhe abrigo, alimento e proteção. Quando já estavam chegando a um lugar seguro, esse homem decidiu traí-lo e entregá-lo ao inimigo. 
-E como você escapou? – Perguntou o jovem. 
-Não escapei. Eu sou o outro, sou aquele que traiu. – Diz o velho. 
-Mas, ao contar esta história como se fosse o herói, posso compreender tudo o que ele fez por mim. 
 * * * 
A sabedoria deste conto nos fala sobre a empatia, essa ação de nos colocarmos no lugar do outro, de procurar sentir o que o outro sente. A empatia nos torna menos orgulhosos e egoístas, pois faz com que pensemos não só em nossos pontos de vista, em como estamos nos sentindo, mas também na vida alheia, no que se passa no íntimo de alguém. Quando nos colocamos no lugar do outro, a compreensão se torna mais fácil de ser alcançada, e nossos corações se sentem mais aptos a perdoar. Quando nos colocamos no lugar do outro, temos a oportunidade de acalmar a raiva e de evitar a vingança. Quando nos colocamos no lugar do outro, desenvolvemos a compaixão, e procuramos fazer algo para amenizar o sofrimento do próximo. Quando nos colocamos no lugar do outro, expandimos nossa capacidade de amar e de entender que precisamos viver em família para realizar nosso crescimento. Quando nos colocamos no lugar do outro, preparamos nossa intimidade para receber as sementes da humildade, descobrindo a verdade de que somos todos irmãos, e que precisamos uns dos outros para colher os bons frutos da felicidade futura. A empatia nos torna mais humanos, mais próximos da realidade do outro, de suas dificuldades e de seu caminho. Passamos a analisar a vida através de outros pontos de vista, de outros ângulos e, assim, nos tornamos mais sábios, mais maduros. O hábito de nos colocarmos no sentimento de alguém é um grande recurso de que dispomos para nossas conquistas espirituais elevadas. O coração que se isola, que vê somente o que seus olhos permitem e não partilha da vida de seu próximo, está estacionado nas trilhas do tempo. É chegado o momento das grandes modificações, das grandes revoluções no interior do homem, e a empatia aí está, como excelente agente de transformação moral. 
 * * * 
Fazei aos homens tudo o que desejai que eles vos façam, pois é nisto que consistem a lei e os profetas. O médico das almas, Jesus, sempre buscou mostrar os caminhos mais seguros para nossas vidas. Nesta máxima revolucionária e, ao mesmo tempo, simples, introduz na Terra o conceito de empatia, de agir conforme aquilo que desejamos para nós mesmos. As verdades estão conosco. É tempo de instituí-las em nossos dias. 
Redação do Momento Espírita, com base no livro Maktub, de Paulo Coelho, ed. Planeta e no item II, do cap. XI, de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 18.6.2013.

segunda-feira, 18 de março de 2019

FORTALEZA NO IDEAL

O quero-quero é uma ave muito popular no Brasil. Rui Barbosa o chamou de chanceler dos potreiros. É um pássaro curioso. A natureza lhe deu o penacho da garça real, o voo do corvo e a laringe do gato. Os fazendeiros o apreciam porque ele faz uma enorme bagunça, quando há invasores no território. Ele enche os descampados e as planícies com seu grito estridente, profundo. Costuma fazer seus ninhos ao ar livre, no chão. Por isso está sempre alerta para qualquer movimento estranho. Para defender o ninho de predadores ele grita, tenta despistar o intruso indo para um local oposto de onde se encontram seus ovos ou seus filhotes ou dá voos rasantes, chegando a dar bicadas no invasor. O que se pode, com certeza, admirar nessa ave, que foi escolhida como símbolo do vizinho país, o Uruguai e do Estado do Rio Grande do Sul, é sua coragem. Tivemos a oportunidade de ver uma dessas aves, em pleno campo. Quando ela percebeu que uma colheitadeira rumou na sua direção, abriu as asas, no exato sentido de proteção aos seus preciosos bebês, ainda escondidos nas cascas. A enorme máquina veio em sua direção, barulhenta, sem que a pequena ave sequer alterasse a sua posição de total defesa do ninho. Ficou ali, imóvel, com seu corpo e as asas abertas, cobrindo os ovos. A máquina se aproximou, as rodas enormes passaram ao lado dela, sem que ela se movesse um milímetro. Inacreditável. Indômita coragem. Olhando essa pequenina ave que desafia uma máquina pesando toneladas, que a poderia simplesmente esmagar e ao seu ninho, exaltamos, naturalmente, o instinto do animal que preserva a sua futura prole. Mesmo que isso lhe custe a própria vida. Mas, recordamos também de homens e mulheres, de igual coragem.
Como aquele rapaz que, em 1989, durante os protestos na praça da Paz Celestial, em Pequim, ficou em pé em frente a uma coluna de tanques chineses, forçando-os a parar. O homem segurava duas sacolas, uma em cada mão. À medida que os tanques paravam, o homem parecia tentar mandá-los embora. Nunca se soube o nome do personagem, embora sua foto tenha corrido o mundo, graças às objetivas de quatro fotógrafos. Não se sabe qual foi o seu destino. As histórias a respeito são conflitantes. Algumas afirmam que ele foi preso, posteriormente e executado. Outras narram que ainda está vivo e escondido no interior da China. De verdade, o que importa foi a sua atitude de coragem, de não violência. A quantos terá contagiado o seu exemplo? Porque as fotos e a filmagem da sua atitude alcançaram audiência internacional quase instantaneamente. Foi capa das principais revistas e a principal matéria de incontáveis jornais ao redor do mundo. A revista Time o incluiu, com o título de O Rebelde Desconhecido, na lista das cem pessoas mais influentes do Século XX. Uma ave contra a máquina. Um homem contra a violência. Ambos, em síntese, defendendo a vida. É de nos indagarmos o que nós, individualmente, fazemos em prol da vida. Afinal, uma única pessoa, uma única atitude pode ter grandes e nobres repercussões. 
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita 
Em 18.3.2019.

domingo, 17 de março de 2019

A EMPATIA COMUNICA O AMOR

Dorothy Corkille Briggs
Todos nós, pais, amamos nossos filhos e queremos o melhor do mundo para eles. Temos essa certeza dentro de nós e só Deus sabe o que somos capazes de fazer, de passar, de suportar, por amor aos nossos pequenos. 
Mas será que estamos comunicando esse amor de forma correta? 
Ou melhor: será que nossos filhos sentem que os amamos tanto assim? Ah, mas eu digo sempre! 
Entretanto, será essa forma, puramente verbal, suficiente e a única existente? 
Vamos descobrir que não, e mais, que podemos amar nossos filhos, sim, mas que podemos não estar comunicando esse sentir de forma adequada a eles. São muitas as formas de demonstrá-lo, e uma delas, de suprema importância, é a empatia. A empatia comunica o amor. A empatia estimula a proximidade terna, a intimidade e elimina a solidão. Assim como a empatia aproxima seu filho de você, também aproxima você dele. Quando nos colocamos no lugar de outra pessoa, quando realmente conseguimos captar o seu ponto de vista, repentinamente acontece algo: o comportamento dessa pessoa passa a ter sentido. Vejamos um exemplo simples, mas significativo: 
Karen, uma menina de três anos, fica com medo do barulho supersônico de um avião e corre chorando para a mãe. Na reação típica, a mãe diz: 
-Ora, minha filha, é apenas um barulho supersônico feito por um avião. Você não precisa ter medo. 
Essa tentativa de tranquilizar a criança diz, em essência: 
-Não tenha esse sentimento de medo. Não há necessidade de ter medo do barulho de aviões. 
Evidentemente, a mãe tenta acabar com o medo por meio de uma explicação lógica. Mas os barulhos muito fortes são realmente assustadores para crianças pequenas, qualquer que seja a sua causa. A lógica acaba com a empatia, nesse caso. E Karen não se sente compreendida. As explicações são mais úteis depois de se ter lidado com os sentimentos. No momento dos sentimentos fortes, a primeira necessidade é de compreensão. As explicações podem ficar para depois. Na reação empática, temos: a mãe de Karen abraça a filha e fala: 
-Meu Deus, foi um barulhão. 
É terrível! Nesse breve momento, a mãe de Karen entra no mundo atemorizado da filha e mostra que a compreende. A resposta empática diz a Karen: 
-Mamãe está comigo. Ela sabe como me sinto. 
Quando a criança sabe que seu medo é compreendido, ela é mais capaz de ouvir a razão lógica para a causa do medo. A empatia é ouvir com o coração e não com a cabeça. Se a resposta empática é dita em tom frio, neutro, a criança não se sente compreendida. Possivelmente, já devemos ter relatado uma experiência a outra pessoa, que nos respondeu assim: 
-É... deve ter sido difícil para você... 
Nós sabemos quando esse dizer é verdadeiro ou apenas pro forma. Quando ele é verdadeiro, nós nos sentimos compreendidos e não há nada melhor do que se sentir assim, não é? Precisamos, como pais, mergulhar com mais frequência, no mundo dos sentimentos de nossos filhos. Só assim eles se sentirão amados. Só assim eles irão se sentir amparados. Isso é ser companheiro de uma vida! Isso é amar! a empatia comunica o amor.     
Redação do Momento Espírita,com base no cap.12, do livro Autoestima de seu filho,de Dorothy Corkille Briggs, ed. Martins Fontes. 
Em 14.10.2013.

sábado, 16 de março de 2019

EM ORAÇÃO

JOANA DE ÂNGELIS
E
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Não poucas vezes a oração nos surge no súbito da emoção, rogando a Deus em uma situação de emergência. Em outros momentos, vem suave, no vaguear do pensamento que se deixa mergulhar em Deus. Não somos poucos os que elegemos a oração como companheira no início do dia. Ou como guia de luz na noite de sono, incorporando-a às nossas necessidades. De toda forma, a oração é momento de comunhão com Deus, quando nos permitimos perceber que somos muito mais do que um apanhado de células divinamente organizadas. A oração é roteiro, constituindo-se em momento de aconselhamento, quando buscamos Deus nas encruzilhadas da vida. É bálsamo, quando asserena o coração atribulado pelas tempestades dos problemas. É combustível, quando preenche a alma de bom ânimo e coragem para enfrentar os desafios da jornada terrena. Vincularmo-nos a Deus através da prece, seja para pedir, agradecer ou louvar, não importa como, onde ou por quê, é sempre oportunidade de nos tornarmos mais seguros e confiantes. Na qualidade de Pai, Deus está em tudo e vela por todos. Como o sol, que não precisa estar bem próximo à planta para aquecê-la, assim Deus tem Seus emissários que fazem com que Sua Providência a todos nos alcance. É na prece que, ao nos reconhecermos necessitados, estaremos em contato com Deus, que nos conhece desde sempre e nos responde com auxílio e apoio. Orando, dizemos da nossa certeza na Providência Divina. Providência que se manifesta das formas mais inesperadas. Providência que nos chega pelo diálogo com o colega de trabalho, pela conversa informal com o amigo próximo. Ou mesmo através de uma música, de um cartaz na rua, uma frase que nos chame a atenção, a página de um livro, uma mensagem ao acaso. Assim, quando a resposta Divina nos alcançar, permitamo-nos o mergulho nesse conforto e aconchego que nos envolve a alma. E quando sentirmos essa doçura Divina nos envolver, busquemos decodificar as respostas que nos chegam. Jamais Deus nos deixará no vazio das indagações. Mesmo que, muitas vezes, o retorno não venha no tempo e nos termos que desejaríamos, sempre nos chegará na medida e no momento mais proveitoso. Em oração, Francisco de Assis comungava com o Divino. Teresa de Ávila, quando em prece, experimentava êxtases, em experiências místicas de rara beleza. Façamos nós também da prece a companheira para todos os momentos. Incorporemos às nossas horas essa conversa amiga, informal e íntima com Deus, que sempre nos haverá de escutar, diligenciando os melhores recursos para nos socorrer. Assim agindo, mais firmes se tornarão nossos passos, mais seguro será nosso caminhar, mais lúcidas serão nossas decisões, envolvidos na incomparável claridade da prece. 
 * * * 
Não esqueçamos da eficácia da prece, no caminho do grande bem. A oração é combustível excepcional para o lume da vida. Orar é como arar, agir, atuar com Jesus Cristo e os espíritos superiores em favor do mundo. 
Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais do verbete Oração, do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. 
Em 17.8.2012.

sexta-feira, 15 de março de 2019

FERRAMENTAS E INSTRUMENTOS

MARCELO DUARTE
Desde eras primitivas, os seres humanos aprendemos a desenvolver ferramentas e instrumentos para facilitar o trabalho e tornar nossa existência menos árdua. Das primeiras lascas de pedra, utilizadas para cortar, desbastar e raspar, até os aparatos tecnológicos mais modernos, que agilizam atividades e operações, vimos empregando nossa inteligência no desenvolvimento e na criação de soluções para problemas e desafios. Porém, da mesma forma que criamos essas ferramentas para alavancar o progresso, uma parcela de nós, movidos por ganância, orgulho e egoísmo, nos servimos delas para nos impor sobre os demais, para humilhar, destruir, roubar. Criamos o machado para cortar troncos e abrir picadas na mata, possibilitando nos deslocarmos com mais desenvoltura. No entanto, alguns o utilizam para agredir e matar companheiros de jornada, a fim de lhes roubar os frutos do seu trabalho e esforço. Criamos a escrita. Com ela escrevemos leis, cânticos, livros e poemas maravilhosos. Outros a utilizam para assinar sentenças de morte e registrar ofensas e injúrias. Com o avião vencemos os ares e encurtamos distâncias. Contudo, quando nos voltamos para a guerra, vimos nele a ferramenta perfeita para lançar bombas sobre cidades e povoados, matando milhões de pessoas. Desenvolvemos medicamentos para aliviar dores, curar e diminuir o sofrimento humano. Homens maliciosos utilizam de algumas dessas substâncias para criar mecanismos de fuga da realidade, produzindo-as em larga escala, auxiliando a viciar milhões de seres que se perderam no consumo indiscriminado de drogas. A invenção da roda e, posteriormente, do automóvel, facilitou o nosso deslocamento, também o transporte de cargas, impulsionando o progresso. Alguns de nós, inebriados pela velocidade, perdem a vida em corridas e rachas sem sentido, movidos pelo prazer ilusório que ela proporciona. A internet foi criada para resguardar pesquisas e importantes documentos de eventual destruição. Com o tempo, foi aberta ao público para que pudesse ser utilizada na troca e armazenagem de dados importantes. Hoje, vários de nós a transformamos em repositório de inutilidades e coisas sem sentido, que ocupam milhões e milhões de páginas virtuais. As redes sociais possibilitaram aproximar pessoas que se encontram fisicamente distantes. Mas, as usamos para veicular notícias falsas, ódio e agressões, frutos da intolerância, preconceitos e fanatismo de todo tipo, afastando familiares e amigos. Outras tantas ferramentas e instrumentos estão à disposição da Humanidade para fomentar o progresso. A forma que as utilizarmos depende do nível evolutivo dos que delas fazem uso. Que possamos estar atentos à forma como nos servimos do que temos, das oportunidades que recebemos para fazer o bem e espalharmos exemplos de amor ao Pai e ao próximo. Exatamente como nos foi ensinado há milhares de anos pelo Mestre Jesus. 
Pensemos de que maneira estamos nos servindo desses talentos que a Divindade nos permitiu criar, inventar, obter. E busquemos deles nos servir somente para o bem, para coisas grandiosas, próprias dos que fomos criados por um Deus de amor e paz. 
Redação do Momento Espírita, com base em O livro das invenções, de Marcelo Duarte, ed. Companhia das Letras. 
Em 15.3.2019.

quinta-feira, 14 de março de 2019

A MÃO DE DEUS

Conta-se que o conquistador mongol Genghis-Khan tinha como animal de estimação um falcão. Com ele saía a caçar. Era seu amigo inseparável. Certo dia, em uma das suas jornadas, com o falcão como companhia, sentiu muita sede. Aproximou-se de um rochedo de onde um filete de água límpida brotava. Tomou da sua taça, encheu até a borda e a levou aos lábios. No mesmo instante, o falcão se jogou contra a taça e o líquido precioso caiu ao chão. Genghis-Khan ficou muito irritado. Apanhou o recipiente e o tornou a encher. De novo, antes que ele pudesse beber uma gota sequer, o falcão investiu contra sua mão, fazendo com que a taça caísse e se perdesse a água. Dessa vez, o impiedoso conquistador olhou para a ave e gritou: 
- Vou tornar a encher a taça. Se você a derrubar outra vez, impedindo que eu beba, perderá a vida. 
Na mão direita segurando a espada mongol, com a esquerda ele tornou a colocar a taça debaixo do filete de água e a encheu. No exato momento que a levava aos lábios, o falcão voou rápido e a derrubou. Ágil como ele só, Genghis-Khan utilizou a espada e em pleno ar, decepou a cabeça do falcão, que lhe caiu morto aos pés. Ainda com raiva, ele chutou longe o corpo do animal. E porque a taça se tivesse quebrado na terceira queda, ele subiu pelas pedras para beber do ponto mais alto do rochedo, no que imaginou fosse a nascente da fonte. Para sua surpresa, descobriu presa entre as pedras, bem no meio da nascente, uma enorme cobra venenosa. O animal estava morto há tempo, com certeza, porque mostrava sinais de decomposição. O cheiro era insuportável. Nesse instante, e somente então, o grande conquistador se deu conta de que o que o falcão fizera, por três vezes, fora lhe salvar a vida, pois se bebesse daquela água contaminada, poderia adoecer e morrer. Tardiamente, lamentou o gesto impensado que o levara a matar o animal, seu amigo. 
 * * * 
Assim, muitas vezes, somos nós. A Providência Divina estabelece formas de auxílio para nós e não as entendemos. Pelo contrário, nos rebelamos. Por vezes, a presença de Deus em nossas vidas se faz através dos sábios conselhos de amigos. Contudo, quando eles vêm nos falar de como seria mais prudente agirmos nessa ou naquela circunstância, nos irritamos. E podemos chegar a romper velhas amizades. De outras vezes, Deus estabelece que algo que desejamos intensamente, não se concretize. Algo que almejamos: um concurso, uma viagem, um prêmio, uma festa, um determinado emprego. É o suficiente para que gritemos contra o Pai, nos dizendo abandonados, esquecidos do Seu apoio. Raras vezes paramos para pensar e analisar sobre o que nos está acontecendo. Quase nunca nos perguntamos: Será a mão de Deus agindo, para dizer que este não é o melhor caminho para mim? Nada ocorre ao acaso. Tudo tem uma razão de ser. Estejamos atentos. Busquemos entender as pequenas mensagens que Deus nos envia, de forma constante. E não nos irritemos. Não nos alteremos. Agradeçamos. A Mão de Deus está agindo em nosso favor, em todos os momentos, todos os dias. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto O rei e o falcão, adaptação de James Baldwin, de O livro das virtudes, de William J. Bennett, ed. Nova Fronteira. Disponível no livro Momento Espírita, v. 9, ed. FEP. 
Em 14.3.2019.

quarta-feira, 13 de março de 2019

EMOÇÕES REPRISADAS

Setsuko Harmon e Christine Stone
Possivelmente, uma das questões mais tristes para quem ama é ver os seus amados deixarem esta vida enquanto ainda estão a caminho. Falamos dos portadores do Mal de Alzheimer, essa enfermidade insidiosa que ocasiona a perda da memória, da atenção, da linguagem e da orientação. Os seres estão ao nosso lado mas é como se não estivessem, porque não interagem conosco. Falamos com eles, dividimos alegrias, acontecimentos, que eles esquecem no minuto seguinte. Não podemos aguardar que se alegrem com nossas conquistas senão pelo momento exato em que as comunicamos. Depois, tudo fica relegado ao profundo poço do esquecimento. Por vezes, isso gera conflitos de relacionamento, considerando que, repetindo e repetindo as mesmas coisas, várias vezes ao dia, rapidamente nos cansamos. Então, esquecidos da problemática que envolve em névoas os que amamos, desabafamos: 
-Será que não dá para prestar atenção no que eu falo? Preciso ficar repetindo a toda hora?
São momentos decorrentes do nosso cansaço, pelos afazeres e preocupações que a vida nos exige. Logo, nos arrependemos, lembrando que o nevoeiro do esquecimento tomou de assalto as lembranças dos nossos amados. No entanto, existem exemplos de pessoas que superam essas fases, exercitando a paciência. Pessoas que descobrem fórmulas mágicas de tornar menos duros esses anos de alienação da memória. E não são poucas. Possivelmente, elas mesmas recordam que, na infância, por uma questão de aprendizagem, exigiram dos seus pais a constante repetição das mesmas respostas, reprisadas dezenas de vezes: 
-Por quê? Mas, por quê? 
Uma dessas pessoas se chama Christine Stone, cuja mãe sofre de Alzheimer. Ao se descobrir grávida, Christine contou para ela, que abriu um largo sorriso, iluminando a face e até bateu palmas. Na sucessão dos meses, enquanto a barriga ia denunciando a nova vida se desenvolvendo em sua intimidade, Christine tornou a contar e a recontar para sua mãe. Finalmente, no intuito de eternizar aquele fugaz momento de alegria, de quem se descobre a caminho de ser avó, ela resolveu gravar. E assim, dia a dia, foi contando a novidade e se surpreendendo com a reação da velha mãe. Setsuko Harmon sorriu a cada vez e se deixou emocionar. 
-Grávida? Você, Christine? 
Palmas efusivas de uma vez, um acariciar da barriga denunciadora da gravidez de meses de outra. Gravado... para não ser esquecido por quem veja e reveja as emocionantes cenas. 
 * * * 
Nenhum de nós pode ter certeza do seu amanhã, de como concluirá seus dias, se conseguirá manter a lucidez até o final dos seus anos. Por isso mesmo, a sabedoria nos diz que devemos aproveitar cada momento, nos relacionamentos humanos, de forma irrestrita, ampla. Jamais deixar de abraçar, beijar, comemorar. Estar presente em cada vitória, em cada conquista. Tudo isso enquanto estamos com nossos amados e eles prosseguem conosco. Lúcidos. Presentes. O amanhã somente a Divindade o conhece. E pode ser que ele nos surpreenda com reviravoltas em nossas vidas, algo que nos impeça de estarmos verdadeiramente junto aos amores. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com relato de fato noticiado pelo www.estadao.com.br, em 7.6.2017. 
Em 25.8.2017

terça-feira, 12 de março de 2019

DÁDIVAS DE DEUS

Você já se deu conta, alguma vez, de quantas pessoas já passaram por sua vida? 
Já percebeu que algumas entram em sua vida por uma razão, outras por uma estação e algumas permanecem a vida inteira? 
Quando alguém penetra em sua vida por uma razão, é geralmente para suprir uma necessidade que você demonstrou. Esse alguém vem para auxiliá-lo numa dificuldade. Para lhe fornecer orientação e apoio e ajudá-lo física, emocional ou espiritualmente. Tão importante se faz a presença dele que você acredita que ele é uma dádiva de Deus. E é. Depois, um dia, da mesma forma que entrou em sua vida, assim também ele se vai. Pode ir através da porta da morte ou simplesmente partir para outros lugares. Mas a sua necessidade foi atendida e o trabalho daquela pessoa foi feito. As suas orações foram atendidas e agora é tempo de ir. Por outro lado, existem pessoas que entram em sua vida por uma estação. É um período mais longo. Trazem a experiência da paz, da tranquilidade. Ensinam alguma coisa que você nunca havia feito antes. Essas são a dádiva de Deus mais prolongada, manifestando-se em semanas e meses. Permanecem com você por um período. Por vezes, são as que encaminham os seus primeiros passos na profissão e, tão pronto o conseguem, desaparecem das suas vistas. Mudam-se para outras estâncias, tomam outros caminhos e é possível que você nem mais as encontre nesta vida. De outras vezes, são aqueles que amparam os anos da sua infância ou da sua juventude e tão logo percebam suas pernas firmes, as ações seguras, também se vão, deixando somente as marcas da sua presença no seu caráter: honestidade, honradez, perseverança. Finalmente, existem os que penetram sua vida durante toda a sua duração, nesta Terra. Esses ensinam lições para a vida inteira. Coisas que você deve construir para ter uma formação emocional sólida. São irmãos que crescem com você e, mesmo depois de formarem seus próprios lares, continuam a realizar com você muitas coisas. São pais que atravessam os anos, até a velhice, acompanhando os seus passos, incentivando sempre. É o cônjuge que se transforma em parceiro das lutas mais acerbas e dos momentos mais doces. Todos eles, os que chegam por uma razão, uma estação ou a vida inteira são as dádivas de Deus na sua vida. Saiba reconhecê-las e apreciá-las.
 * * * 
Você está mergulhado no oceano do amor de Deus. Todos os dias, gotículas Desse amor alcançam você, no sorriso do seu filho, no abraço do amigo, na palavra confiante de um colega, no incentivo de quem ama e confia em você. Em sua vida, não deixe de olhar ao seu redor e descobrir essas preciosidades que Deus envia ao seu caminho por uns dias, uns meses ou até para além da morte. São expressivas bênçãos de Deus, presentes da Divindade aos Seus filhos, mergulhados na carne, sempre carentes de cuidados e amor. 
Redação Momento Espírita

segunda-feira, 11 de março de 2019

O BRASIL DE MUITAS CORES

Quero meu Brasil verde e amarelo. Verde de esperança de ver seus filhos progredirem em seu solo. De vê-los crescer em tecnologia, de programarem o futuro, com alegria. Esperança de ver seus filhos conquistando o mundo, dizendo do quão grande e rica é esta nação de tantas raças. Esperança de ver as crianças na escola, ilustrando as mentes e exercitando o respeito pelos professores, pelos colegas. Esperança de despertar nas manhãs com o sol da liberdade, em raios fúlgidos, brilhando nas praças tomadas pelas gentes em passeios, exercícios, caminhadas. Verde que assinale a proliferação das matas conservadas e respeitadas, onde vivam em abundância a fauna e a flora diversificadas. Onde o colorido das aves acrescente mais beleza ao panorama e os cantos diversos encham os ares de sinfonias. Esperança de que as espécies se multipliquem de forma natural, sem a ação predatória do homem insano e irreverente. Que as aves possam construir seus ninhos no alto das árvores, sem temor de os verem destroçados pela cobiça dos que somente desejam ter suas próprias posses aumentadas. Quero meu Brasil com o amarelo deslumbrante do astro rei nos céus. Também como símbolo de riqueza nacional, sem agressão ao solo nem aos seus filhos, cujas vidas são mais preciosas do que qualquer minério ou pedra de qualidade. Amarelo que tremule na bandeira nacional, atestando da nossa soberania, do respeito ao torrão pátrio pelos que aqui vivemos, como seus filhos, sem exploradores vindos de outras bandas. Desejo um Brasil também azul e branco. Azul da cor do céu que se apresenta maravilhoso de norte a sul, com variantes excepcionais, somente dignas de um Criador, infinito em Sua criatividade. Azul da cor das águas dos rios sem poluição, sem detritos, correndo livremente. Rios que atravessem as artérias do território cantando a independência de um povo que deseja Ordem e Progresso. Um povo que não quer ser subjugado, que deseja trabalhar de forma honrada a fim de assegurar o pão nosso de cada dia na própria mesa. Um povo que deseja um lar, uma família, leis justas para lhe garantir a propriedade, o emprego, o ensino. Um povo que não alimenta preconceito, que respeita seu irmão, não importando a cor da pele, a configuração dos olhos ou das maçãs do rosto. Um povo que ama a liberdade, que tem o samba no pé e os versos do hino pátrio no coração. Finalmente, um Brasil de paz. Paz no coração das gentes, que somente anseiam estudar, construir, progredir. Um Brasil de paz que seja exemplo para o mundo. Um Brasil em que todos se abracem como irmãos e desejem se auxiliar no combate à miséria, à fome, à injustiça. Um Brasil em que todos sejam iguais perante a lei, perante a sociedade, perante a escola. Um Brasil verde, amarelo, azul e branco. Este é o Brasil que todos desejamos. Um Brasil para ter filhos e vê-los crescer, livres da violência e das drogas. Filhos que se tornem cidadãos produtivos e nobres. Um Brasil que todos juntos podemos construir, desde agora. Mãos à obra. O tempo urge. O dia é hoje. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 11.3.2019.