quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

EM FAVOR DA AMIZADE

Shelley Taylor
Desde os tempos bíblicos, a amizade foi tida como algo precioso. Ela é enaltecida no livro do Eclesiastes, sendo comparada a um tesouro. Para todos aqueles que desfrutam de boas amizades, não é novidade afirmar que é ótimo estar com os amigos. Agora, no entanto, provas científicas sólidas afirmam que a amizade é capaz de prolongar a vida. Shelley Taylor, psicóloga pesquisadora da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, diz que a amizade desempenha um papel muito mais importante na manutenção da saúde e da longevidade do que a maioria das pessoas imagina. Diz que os laços sociais são o remédio mais em conta que existe. Desde 1979 vêm se intensificando pesquisas em torno da ação da amizade. Mais de uma centena de estudos confirma os benefícios que a amizade traz para a saúde. Quem tem amigos, tem mais chances de sobreviver às doenças de alto risco, possui um sistema imunológico mais forte e com maior capacidade de regeneração, melhora sua saúde mental e vive mais do que pessoas que não têm suporte social. Segundo os pesquisadores, o fato de ter amigos confiáveis significa menos hormônios de estresse fluindo pelo organismo, mesmo diante de problemas. É menor o risco de a pressão arterial e os batimentos cardíacos aumentarem de modo brusco. Esse importante detalhe ajuda a prevenir danos arteriais. Ao longo de toda uma vida, essas diferenças sutis podem resultar numa grande proteção contra as agressões do tempo e das doenças. Pesquisas em vários Estados americanos, no Japão, na Escandinávia são unânimes em afirmar que é ótimo ter amigos. Por isso, mesmo que a sua agenda esteja superlotada, não esqueça de dedicar um pouco de atenção para o florescimento e a manutenção das suas amizades. Marque um encontro para um cafezinho. Ou uma caminhada pela manhã, antes de ir para o trabalho. Reserve uma noite, ao menos, por mês, para se encontrar com os amigos. Esteja presente nos acontecimentos importantes na vida de seus amigos, como casamentos, formaturas, aniversários, funerais. Acredite: sua presença vai fazer a diferença. Programe-se para realizar algumas tarefas de rotina, com os amigos, aproveitando os tempinhos sempre preciosos, enquanto faz compras no mercado, vai ao banco, pratica exercícios, assiste ao jogo de futebol de seu filho. O importante é não perder contato. Se o amigo está distante, telefone, utilize o correio eletrônico. Faça o que puder para manter as amizades. Na alegria ou na tristeza, esteja com seus amigos. 
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Ivan de Albuquerque
(Espírito)
Amizade é excelente presença de Deus no relacionamento das almas. Apoie-se nas companhias caras ao seu coração. Deixe-se envolver pelo bem-querer. Cultive a amizade, permitindo-se a salutar troca de ideias, sentimentos, alegrias. Alimente a sua vida com essas horas de agradável convívio ao lado de quem você quer bem e se permita usufruir de felicidade. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Amigos – o segredo para uma vida mais longa, de Katherine Griffin, de Seleções Reader´s Digest, de janeiro/2003, e no cap. Juventude e amizades, do livro Cântico da juventude, pelo Espírito Ivan de Albuquerque, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter. Disponível no livro Momento Espírita, v. 4, ed. FEP. 
Em 11.12.2014. 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

EM BUSCA DO AMOR

MARTHA MEDEIROS
As pessoas ficam procurando o amor como solução para todos os seus problemas quando, na realidade, o amor é a recompensa por você ter resolvido os seus problemas. Esta frase, de autoria do escritor americano Norman Mailer, inspirou a cronista Martha Medeiros a escrever as seguintes linhas: 
Temos a mania de achar que o amor é algo que se busca. Buscamos o amor na internet, buscamos o amor na parada de ônibus. Como um jogo de esconde-esconde, procuramos pelo amor que está oculto nas salas de aula, nas plateias dos teatros. Agimos como se soubéssemos que certamente ele está por ali, como se pudéssemos sentir seu cheiro, precisando apenas descobri-lo e agarrá-lo o mais rápido possível, pois só o amor constrói, só o amor salva, só o amor traz felicidade. Mas será que é assim? Há quem acredite que o amor é medicamento. Mas não é assim. Se você está deprimido, histérico ou ansioso demais, o amor não se aproxima, e, caso o faça, vai frustrar sua expectativa. O amor quer ser recebido com saúde e beleza, ele não suporta a ideia de ser ingerido de quatro em quatro horas, como um antibiótico para combater as bactérias da solidão e da falta de autoestima. Certamente você já ouviu alguém dizer: 
-“Quando eu menos esperava, quando eu havia desistido de procurar, o amor apareceu”.
Claro! O amor não é bobo, quer ser bem tratado, por isso escolhe as pessoas que, antes de tudo, tratam bem a si mesmas. O amor, ao contrário do que se pensa, não tem de vir antes de tudo. Antes de estabilizar a carreira profissional, antes de fazer amigos, de viajar pelo mundo, de iniciar um relacionamento, de casar, de ter filhos, de ajudar o próximo. Ele não é uma garantia de que, a partir de seu surgimento, tudo o mais dará certo. Queremos o amor como pré-requisito para o sucesso nos outros setores quando, na verdade, o amor espera primeiro você ser feliz para só então surgir, sem máscara e sem fantasia. É esta a condição. Felizes são aqueles que aprendem a administrar seus conflitos, que aceitam suas oscilações de humor, que dão o melhor de si e não se autoflagelam por causa dos erros que cometem. Felicidade é serenidade. Não tem nada a ver com piscinas, carros, viagens, e muito menos com príncipes e princesas encantadas. As pessoas ficam procurando o amor como solução para todos os seus problemas, quando, na verdade, o amor é a recompensa por você ter resolvido seus problemas.
 * * * 
Este raciocínio inteligente demonstra que a felicidade, ou o amor, não estão lá fora, como coisas que precisamos encontrar, mas sim em estados d´alma que devemos conquistar. Quando Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, indaga aos Espíritos sobre onde está a felicidade neste mundo, eles respondem dizendo que com relação à vida material, é a posse do necessário. Com relação à vida moral, está na consciência tranquila e na fé no futuro. A consciência tranquila é uma conquista do homem de bem. A fé no futuro é uma conquista da esperança no coração do homem. 
Redação do Momento Espírita, com base em texto de Martha Medeiros e no item 922, de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB.
Em 15.3.2014.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

UM LEVE TOQUE

Janny Brandes – Brilleslijper
Nós a vimos na rua, com seu carrinho de madeira carregado de material reciclável, onde se sobressaía uma elevada carga de papelão. Ficamos a imaginar o peso de tudo aquilo. Também pensamos na destreza, para conduzir aquele transporte, em meio ao trânsito intenso da capital curitibana. No entanto, o que nos chamou mesmo a atenção foi a atitude daquela mulher. A manhã apenas iniciara e ela aparentava ter dormido ao relento. Contudo, como se estivesse em sua casa, dispôs-se a fazer sua toalete. Sentou-se na beira de um pequeno canteiro de flores, no meio da calçada. Num canto do carrinho ela suspendeu um espelho minúsculo e nele ficou se olhando, cuidadosamente. Ajeitou o cabelo para trás, apalpou as bochechas, passou a mão pelos olhos, pelas sobrancelhas, como se estivesse em delicado processo de maquiagem. Passamos lentamente por ela e a admiramos. Aquela mulher puxando aquele carrinho, utilizando muita força, tinha uma autoestima elevada. Desejava estar bem, apresentar-se arrumada a quem a encontrasse pelas ruas. Cuidado pessoal, atenção com sua aparência. E nos recordamos de um fato narrado por uma sobrevivente holandesa dos campos de concentração alemães. Em suas memórias, narra que, chegando ao campo de Birkenau, foi colocada em quarentena, em um tipo de galpão, junto a outras mulheres, das mais diversas nacionalidades: russas, italianas, norueguesas, holandesas e dinamarquesas. Mas foram as francesas que lhe proporcionaram algo muito positivo. Naquele local desumano, em que os nazistas desejavam simplesmente acabar com a dignidade das pessoas, ela as viu encontrarem um pedaço de vidro espelhado e um pequeno pente com três dentes. Com isso, elas penteavam as sobrancelhas. Depois, prendiam pedaços de pano, na cabeça, à semelhança de lenço, tornavam a se olhar naquele espelho improvisado para conferir se ainda estavam minimamente elegantes. Essas francesas, que arrumavam as sobrancelhas e escondiam a cabeça totalmente raspada, simplesmente para ter uma aparência melhor, em meio ao caos daquele local, afirmavam sua força em não desistir de sua humanidade. Não ceder à pressão de fora para se desumanizar. 
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ANNE FRANK
Cuidar da aparência. Atender a mínimos detalhes. Isso fala de amor a si mesmo. Também fala de estética, de beleza. Afinal, quem não aprecia um leve tom de beleza aqui e ali? O mundo não dispensa a beleza, em lugar algum. Basta que observemos a prodigalidade da natureza: as flores que vestem de forma exuberante suas pétalas e folhas, em sinfonia de cores; as aves que se mostram, orgulhosas de sua caprichosa plumagem de arabescos múltiplos; a erva dos campos que balança verde e graciosa; os animais ferozes com suas listras, pintas, traçados diversos na pelagem curta ou longa. Beleza, cuidados. Se o divino Pai cuida assim da erva do campo, das flores, dos animais, quanto mais não espera que nós, seus filhos, nos apresentemos à altura da sua filiação? Filhos do Pai, zelemos pelo tesouro do nosso corpo e nos apresentemos sempre bem, à imagem e semelhança da grandeza do Celeste Dono Absoluto do Universo. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Janny Brandes – Brilleslijper, do livro Os sete últimos meses de Anne Frank, de Willy Lindwer, ed. Universo dos Livros. 
Em 26.2.2018. 

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

EM BUSCA DE SENTIDO

Viktor Frankl 
Ele tinha um consultório de neurologia e psiquiatria em Viena. Então, os nazistas invadiram a Áustria em 1938. Como diretor do departamento de neurologia do Rothschild Hospital, com risco da própria vida, decidiu sabotar as ordens que recebera de proceder à eutanásia dos doentes mentais sob seus cuidados. Aprisionado, em setembro de 1942, foi enviado ao Gueto de Theresienstadt, na cidade de Terezin, onde seu pai viria a morrer por exaustão. Tornando-se o prisioneiro número cento e dezenove mil, cento e quatro, Viktor Frankl vivenciou o horror dos campos de concentração de Auschwitz, Kaufering e Türkheim. O manuscrito do livro que escrevera e trazia, como seu tesouro, lhe foi tomado e destruído. Um grande projeto, um trabalho ao qual se dedicara, simplesmente desprezado e destroçado. Ao chegar ao barracão que lhe fora destinado, em Auschwitz, ele comentou que perdera de vista seu amigo porque ele fora selecionado para a outra fila. Quem lhe estava ao lado, ciente da cruel realidade, lhe apontou a janela e, indicando a fumaça que saía das chaminés de outro enorme barracão, lhe disse: Você pode vê-lo ali! E seu calvário estava apenas começando. Até ser libertado a 27 de abril de 1945, pelas tropas norte-americanas, ele padeceu as mais difíceis situações. Cavou túneis, trabalhou em escavações e construções de ferrovias. Sofreu a terrível saudade dos familiares, a dureza da ausência total de notícias. A esposa, aos vinte e quatro anos, morreu em Auschwitz. Fato do qual ele tomaria conhecimento ao chegar a Viena, ao final da guerra. Da família, afinal, somente sobreviveu a irmã Stella, que fugira para a Austrália. Pois esse psiquiatra vienense escreveu, em apenas nove dias, o seu mais extraordinário livro: Em busca de sentido. É o relato autobiográfico do que padeceu ele e do que presenciou os companheiros de infortúnio sofrerem. Na descrição sincera, trágica de suas dores, ele faz a análise psicológica de prisioneiros e de carcereiros, na qual, necessariamente, não são bons os primeiros e maus os segundos. Utilizou qualquer tempo de que dispunha para a observação minuciosa do comportamento, das reações do ser humano frente à adversidade. É um exemplo vivo de que, mesmo sob condições terríveis, o ser humano pode se adaptar e sobreviver. E é exatamente nesse sofrimento atroz que ele encontra sua tese central sobre o sentido da vida e a psicologia humana. É ali que ele sedimenta as ideias sobre a Logoterapia, considerada a terceira escola vienense de psicoterapia. A vida é sofrimento, e sobreviver é encontrar sentido na dor. Quando todos os objetivos da vida estão desfeitos, ao homem somente resta uma liberdade: a capacidade de escolher a atitude pessoal que assumirá diante das circunstâncias que o envolvem. Viktor Frankl escolheu sobreviver. Mas, não somente isso: exemplificou a capacidade humana de se erguer acima do seu destino, por mais adverso que seja, literalmente, dar a volta por cima, e construir uma vida digna e honrada. Mais ainda: uma vida que dê significado e contribua a benefício de outras vidas. Miremo-nos no seu exemplo. 
Redação do Momento Espírita, com base em dados biográficos de Viktor Emil Frankl e citações retiradas do livro Em busca de sentido, de Viktor E. Frankl, ed. Vozes e Sinodal. 
Em 10.8.2015.

domingo, 24 de fevereiro de 2019

EM BUSCA DA FELICIDADE

Se questionarmos um grupo de pessoas acerca do que significa ser feliz, obteremos respostas as mais diversas. 
- Alguns dirão que ser feliz significa ter uma vida confortável, sem preocupações financeiras. 
-Outros dirão que a presença dos familiares e amigos já é suficiente para nos trazer felicidade. 
- Outros, ainda, poderão dizer que ser feliz é encontrar um grande amor, alguém com quem possa dividir os momentos de alegria e os de tristeza. 
- E outros mais dirão que uma saúde perfeita é o que basta para a felicidade. 
Outras respostas poderíamos enumerar, sem podermos afirmar qual delas é a mais correta ou a menos errada, pois que não há uma resposta em definitivo. O Evangelho segundo o Espiritismo, em seu capítulo quinto, nos apresenta a máxima:
A felicidade não é deste mundo. 
Alguns poderiam pensar que tal ensinamento é uma barreira às esperanças que todos temos de encontrar a felicidade verdadeira. Porém, não é esse o propósito da sentença. Essa verdade traz luz à grande diferença que há entre buscar uma felicidade, por vezes, utópica e ser feliz de verdade. Há tantos que depositam suas esperanças de felicidade nas ilusões que o dinheiro e as posses materiais podem oferecer. Passam a vida trabalhando para conquistar um império financeiro e mal percebem o quanto são escravos. De repente, quando se dão conta, os filhos já cresceram, os pais já partiram, as amizades já se desfizeram e, nesse momento, nem toda a riqueza acumulada é suficiente para lhes trazer a tão sonhada felicidade. Esquecem-se de que muitas pessoas são verdadeiramente felizes morando em casas singelas, com vidas financeiras limitadas. A felicidade, portanto, não pode estar nos bens materiais. Há outros que buscam a felicidade em um grande amor: Quando eu encontrar aquela pessoa especial, serei feliz, dizem eles. Mas quantas pessoas têm um companheiro ou companheira ao lado e não são felizes? E quantos mais há que, mesmo estando solteiros, possuem sempre uma alegria nos olhos? Assim, a felicidade não pode estar no outro. Então, onde encontrar a felicidade? Como ser feliz? A máxima do Evangelho nos ensina que a felicidade verdadeira é uma conquista do Espírito, pois que todos nós fomos criados para a felicidade eterna. Tudo o que necessitamos para sermos felizes está em nossos corações.
 * * * 
Se hoje você se decidir por ser feliz, não há nada que possa impedi-lo, a não ser você mesmo. Então não deixe para amanhã: brinque, sorria, valorize as coisas simples. Acompanhe o crescimento dos filhos, abrace, aperte a mão de quem lhe quer bem. Não guarde mágoas e deixe no passado qualquer sentimento de culpa. Não se entregue à autopiedade. Seja otimista. Vibre com as conquistas. Valorize o presente. Planeje o futuro. Organize-se. Reserve um tempo para você. Reserve um tempo para a família. Reserve um tempo para obras sociais. E lembre-se: 
Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho. 
Redação do Momento Espírita, com base no item 20, do cap. V, do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb. 
Em 24.07.2012.

sábado, 23 de fevereiro de 2019

EM BOA COMPANHIA

Há um ditado popular, muito conhecido, que diz: 
Antes só do que mal acompanhado. 
Em geral, as pessoas têm dificuldade em ficar sozinhas. Então, por vezes, não escolhem bem suas companhias, deixando-se, até mesmo, se influenciarem por elas, e não aproveitando adequadamente seu tempo. Na verdade, nunca estamos realmente sozinhos. Sempre temos a companhia de nosso Espírito Protetor, que muitos chamam de Anjo, e de outros Espíritos que possamos atrair com nossos hábitos e pensamentos. Mas, se precisamos de alguém ou de algo que possamos ver, tocar, ou com o qual aprender, muitas vezes esquecemos de algo que pode ser uma maravilhosa companhia: um livro! A palavra livro vem do latim "libri", que se referia ao papiro, primeiro material usado na Antiguidade, sobre o qual a escrita era feita. No início, restrito a poucos. Após a invenção da tipografia, e, mais recentemente do computador, é acessível a qualquer camada da população alfabetizada. O livro, silencioso e disponível, nos permite dar asas à imaginação, deixando, por alguns momentos, o mundo real e mergulhando no ambiente descrito pelo autor, a imaginar paisagens,vestimentas, cores. Temos a liberdade de imaginar os personagens, de nos emocionar e vibrar com eles, de imaginar o desfecho da história. Aos pequenos o bom livro desenvolve a curiosidade, os faz usar o tempo de maneira produtiva, e lhes ensina, sem grande esforço, a língua pátria. Para os adultos, o livro é uma forma de lembrar constantemente a boa escrita, e, consequentemente, a boa fala. Hoje, esse maravilhoso companheiro se encontra disponível em bibliotecas públicas e de escolas, bastando para isto um simples cadastramento. Há os locais de livros usados, ou sebos, onde podemos encontrar uma imensa variedade de exemplares a um baixo custo. Por vezes, até na base da troca. Para quem preferir, as livrarias nos oferecem locais agradáveis para sentar e ler partes do que se deseje adquirir, para que não haja erro. Nesses locais, não raramente encontramos amigos. A Internet nos fornece um meio facílimo de ler obras inteiras, sem precisar, sequer, sair de nossas casas. Os livros com mensagens religiosas nos oferecem momentos de reflexão e acalmam nossa mente, trazendo-nos ensinamentos valorosos. Muitos educadores hoje, têm dificuldades em incentivar a leitura entre seus alunos, os quais mostram, não raramente, problemas nas matérias onde a leitura é básica, e encontram barreiras em exames seletivos. Estudiosos na arte da aprendizagem garantem que crianças que veem os pais lendo, que percebem que os pais têm prazer ao ler, são crianças mais interessadas em leitura do que os filhos de pais que não leem. 
 * * * 
Que amigo, senão o livro, cabe em nossas bolsas, maletas, ou até mesmo em um bolso, e está disponível, seja na espera do transporte coletivo, nos intervalos do trabalho, em rodoviárias e aeroportos ou em nosso lazer? Que tal, então, abrirmos espaço, a partir de hoje, em nossas vidas para esse amigo e companheiro? 
Redação do Momento Espírita. 
Em 07.05.2009.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

POSSUÍMOS NÓS ALGUMA COISA?

Se nós não sabemos o que somos, como sabemos o que possuímos? 
Possuímos nós alguma coisa? 
O pensamento desassossegado do poeta Fernando Pessoa nos convida a fundamental reflexão. No mundo onde possuir as coisas ainda é tão importante, onde usamos com tanta frequência os pronomes possessivos, é desafiador pensar o contrário. Minha casa, meu carro, minhas roupas, meu dinheiro e aí vai, passando pelos meus filhos, minha esposa, meu marido etc. O ser humano ainda tem essa necessidade intensa da posse. Trazemos isso do primarismo da alma, dos tempos em que o ter era questão de sobrevivência. Hoje não somos mais primitivos. Descobrimos que a alma é imortal. Que somos Espíritos vestindo um corpo transitório num planeta transitório. Cada vez que nos vinculamos a um novo corpo trazemos apenas a inteligência e a moralidade previamente conquistadas. E cada vez que nos desvinculamos dessa vestimenta física, através do fenômeno natural da morte, levamos conosco exatamente o mesmo. Tudo que consideramos posse, fica. Vai para outros, muda de mãos, pois nos serviu por determinado tempo e agora deverá servir a outros. E é assim que deveríamos enxergar os bens da Terra. Eles nos servem por um tempo, nos servem para algum propósito maior. Não têm finalidade em si mesmos. São instrumentos. De forma alguma propomos o extremo oposto, o do menosprezo desses recursos. Todo fruto do trabalho honesto é merecido. Podemos e devemos usufruir desses resultados durante a vida. A questão está no foco. Viver para ter ou ter para viver? Mudando o foco lidamos melhor, inclusive, com as perdas que, em verdade, não são reais. São apenas mudança de mãos, de estado, de momento. Quando alguém nos toma um bem precioso ou nos faz perder grande quantia de dinheiro, levando-nos à falência, a expressão de que usualmente nos servimos é: O trabalho de tantos anos se perdeu. Será mesmo? O trabalho não se perde, pois o tesouro está em nós, no que aprendemos, no que enfrentamos, na brava sobrevivência, nos valores construídos ao longo da caminhada. As posses se vão, mudam de endereço, mas o que nos fez conquistá-las permanece conosco, quando é autêntico, nobre e honesto. Essa é a nossa verdadeira propriedade. 
 * * * 
Quando vamos a um país distante, nossa bagagem é constituída de objetos utilizáveis nesse país; não nos preocupamos com os que ali nos seriam inúteis. Procedamos do mesmo modo com relação à vida futura: levemos o que lá possamos utilizar. Ao viajante que chega a um albergue, se pode pagar, bom alojamento lhe é dado. Outro, de poucos recursos, fica em um menos agradável. Quanto ao que nada tenha, vai dormir ao relento. O mesmo nos sucederá em nossa chegada no mundo dos Espíritos: depende dos nossos haveres o lugar para onde iremos. Não será, no entanto, com nosso ouro que o pagaremos. Ninguém nos perguntará quanto tínhamos na Terra; que posição ocupávamos; se éramos príncipe ou operário. Mas, nos perguntarão o que trazemos conosco. Não nos avaliarão os bens, nem os títulos, somente a soma das virtudes que possuamos. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 16, item 9, de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 22.2.2019.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

A LIÇÃO DO CARVALHO

William J. Bennett
Era um velho carvalho no meio de uma grande floresta. Há alguns anos, uma enorme tempestade o deixara quebrado e feio. Jamais conseguira se reerguer, como as demais árvores. Quando a primavera chegava, o adornava de flores novas e verdes e o outono tomava o cuidado de pintá-las todas de cor avermelhada. Mas os ventos inclementes sopravam e levavam todas as folhas e nada mais podia disfarçar a sua feiura. A árvore foi se sentindo esquecida, abandonada, sem utilidade. E um enorme vazio tomou conta dela. Quando o vento do outono passou por ali, ela se lamentou: 
-Ninguém mais me quer. Não sirvo para nada. Sou um velho inútil. 
Mais alguns dias se passaram e, na proximidade do inverno, um pica-pau sentou-se em seu tronco e começou a bicá-lo, de forma insistente. Tanto bicou que conseguiu fazer um pequeno furo, uma portinha de entrada para sua residência de inverno, no tronco oco do carvalho. Arrumou tudo com muito bom gosto. Aliás, estava praticamente tudo arrumado. As paredes eram quentinhas, aconchegantes e havia muitos bichinhos que poderiam alimentá-lo e aos seus filhotes. 
-Como estou feliz em ter encontrado esta árvore oca! Ela será a salvação para mim e minha família no frio que se aproxima. 
Pouco tempo depois, um esquilo aproximou-se e ficou correndo pelo tronco envelhecido, até achar um buraco redondo, que seria a janelinha da sua casa. Forrou por dentro com musgo e arrumou pilhas e pilhas de nozes que o deveriam alimentar durante toda a estação de ventos gelados. 
-Como estou agradecido, falou o esquilo, por ter encontrado esta árvore oca. 
O carvalho passou a sentir umas coisas estranhas. As asas dos passarinhos roçando em sua intimidade, o coração alegre do esquilo, suas patas miúdas apalpando o tronco diariamente fizeram com que se sentisse feliz. Seus ramos passaram a cantar felicidade. Quando chegou a época das chuvas, deixou-se molhar, permitindo que as gotas escorressem por seus galhos, lentamente. Aceitou a neve que o envolveu em seu manto por muitas semanas, agradeceu os raios do sol e a luz das estrelas. Tudo era motivo de felicidade. A velha árvore redescobrira a alegria de servir. 
 * * * 
Ninguém há que nada possua para dar. Ninguém existe que não possa fazer algo a benefício do seu irmão. Um sorriso, uma prece, um gesto, um abraço, um agasalho, um pão. Há tanto que se fazer na Terra. Existem tantos aguardando a cota do nosso gesto de ternura. Ninguém inútil ou desprezível. Cabe-nos redescobrir a riqueza que em nós existe e distribui-la a quem dela necessite ou espere. 
 * * * 
Se nos sentirmos solitários, em meio às dificuldades que nos alcancem, aprendamos a estender sorrisos nos caminhos por onde passarmos. Antes de nos amargurarmos e cobrar gestos de carinho de amigos e parentes, antecipemo-nos e doemos a nossa cota de amor, ainda hoje, permitindo-nos usufruir da alegria de dar e dar-se. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto A árvore solitária, de O livro das virtudes, de William J. Bennett, v. 2, ed. Nova Fronteira. 
Em 21.2.2019.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

É MAIS GRATIFICANTE

Paul ganhou de seu irmão, como presente de Natal, um automóvel novo. No dia de Natal, quando Paul saiu de casa, percebeu que um moleque de rua estava andando em volta de seu brilhante carro zero, admirando-o. 
-Este carro é seu? Perguntou o menino. 
Paul confirmou com a cabeça. 
-Meu irmão me deu de presente no Natal. 
O garoto estava maravilhado. 
-Quer dizer que seu irmão deu a você e você não gastou nada? Cara, eu queria... 
Paul julgou saber como o garoto completaria a frase. Por certo iria dizer que queria um irmão como o dele. Mas o que o moleque disse deixou Paul perplexo. 
-Eu queria, continuou o garoto, poder ser um irmão assim. 
Paul olhou para o garoto surpreso e, impulsivamente, lhe perguntou:
-Você gostaria de dar uma volta no meu automóvel? 
-Sim, eu adoraria. 
Depois de uma voltinha, o menino virou-se e, com os olhos resplandecentes disse: 
-Você se importa de passar em frente à minha casa? 
Paul sorriu consigo mesmo, pensando que sabia exatamente o que o moleque queria. Certamente desejava mostrar aos vizinhos que podia voltar para casa num carrão. Mas Paul se enganara outra vez. 
-Você dá uma paradinha ali onde estão aqueles dois degraus? 
Pediu o menino. O garoto saiu do carro e subiu os degraus correndo. Logo, Paul o viu voltando. Mas não estava mais andando rápido, estava carregando seu irmãozinho paralítico. Fê-lo sentar no degrau de baixo e, abraçando-o com força, mostrou o carro. 
-Lá está Buddy, exatamente como eu contei lá em cima! O irmão deu o carro a ele de presente de Natal e isso não lhe custou nem um centavo. Algum dia eu vou dar a você um como este... Daí, você vai poder ver, por você mesmo, as coisas bonitas. As vitrinas enfeitadas no Natal, as ruas e árvores iluminadas, as belezas enfim, sobre as quais eu tenho tentado contar a você. 
Paul saiu do carro, pegou o garotinho no colo e o colocou no banco da frente, a seu lado. O irmão mais velho, com olhos brilhantes, sentou-se ao lado dele e os três começaram um inesquecível passeio de Natal. Naquele momento, Paul compreendeu que é mais gratificante dar...
Uma história, uma lição... Nesses tempos de tanto egoísmo, de individualismo e indiferença para com o sofrimento alheio, vale a pena refletirmos um pouco sobre esses pequenos gestos, que tanto engrandecem o homem. Nesses tempos em que as criaturas estão ávidas por ter, e ter cada vez mais, vale pensarmos em conjugar o verbo ser. Ser atencioso, ser caridoso, ser afetuoso, enfim, romper a concha do egoísmo e descobrir na doação aos semelhantes, a alegria de viver. 
Pense nisso! 
Diz um sábio provérbio chinês: Se há luz na alma, haverá beleza na pessoa. Se há beleza na pessoa, haverá harmonia no lar. Se há harmonia no lar, haverá ordem na nação. Se há ordem na nação, haverá paz no mundo. 
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria desconhecida.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

ELOGIE DO JEITO CERTO!

Marcos Meier
Recentemente um grupo de crianças passou por um teste muito interessante. Psicólogos propuseram uma tarefa de média dificuldade, mas que as crianças executariam sem grandes problemas. Todas conseguiram terminar a tarefa depois de certo tempo. Em seguida, foram divididas em dois grupos: o grupo A foi elogiado quanto à inteligência. 
-Uau, como você é inteligente! Que esperta você é! Menino, que orgulho de ver o quanto você é genial! 
E outros elogios à capacidade de cada criança. O grupo B foi elogiado quanto ao esforço. 
-Menina, gostei de ver o quanto você se dedicou na tarefa! Menino, que legal ter visto seu esforço! Que persistência você mostrou. Tentou, tentou, até conseguir, muito bem! 
E outros elogios relacionados ao trabalho realizado e não à criança em si. Depois dessa fase, uma nova tarefa de dificuldade equivalente à primeira foi proposta aos dois grupos de crianças. Elas não eram obrigadas a cumprir a tarefa, podiam escolher se queriam ou não, sem qualquer tipo de consequência. As respostas das crianças surpreenderam. A grande maioria do grupo A simplesmente recusou a segunda tarefa. As crianças não queriam nem tentar. Por outro lado, quase todas as do grupo B aceitaram tentar. Não recusaram a nova tarefa. A explicação é simples e nos ajuda a compreender como elogiar nossos filhos: o ser humano foge de experiências que possam ser desagradáveis. As crianças inteligentes não querem o sentimento de frustração de não conseguir realizar uma tarefa, pois isso pode modificar a imagem que os adultos têm delas. Se eu não conseguir, eles não vão mais dizer que sou inteligente. As esforçadas não ficam com medo de tentar, pois mesmo que não consigam é o esforço que será elogiado. No entanto, isso não é tudo. Além dos conteúdos escolares, nossos filhos precisam aprender valores, princípios e ética. Precisam respeitar as diferenças, lutar contra o preconceito, adquirir hábitos saudáveis e construir amizades sólidas. Não se consegue nada disso por meio de elogios frágeis, focados no ego de cada um. É preciso que sejam incentivados constantemente a agir assim. Isso se faz com elogios, "feedbacks" e incentivos ao comportamento esperado. Nossos filhos precisam ouvir frases como: 
-Que bom que você o ajudou, você tem um bom coração. 
- Parabéns, meu filho, por ter dito a verdade apesar de estar com medo... Você é ético.
- Filha, fiquei orgulhoso de você ter dado atenção àquela menina nova ao invés de tê-la excluído como algumas colegas fizeram... Você é solidária. 
Elogios desse tipo estão fundamentados em ações reais e reforçam o comportamento da criança, que tenderá a repeti-los. Isso não é tática paterna, é incentivo real. Elogiar superficialmente é mais fácil para os educadores, pois tais expressões quase sempre são padrões e não exigem reflexão por parte de quem as diz. Mas, os pais esforçados não devem estar atrás de soluções fáceis, mas sim das melhores soluções para a educação de seus rebentos. Aprendamos, assim, a elogiar corretamente, reforçando comportamentos positivos, contribuindo na formação de homens e mulheres de bem. 
Redação do Momento Espírita com base no artigo 
Elogie do jeito certo, de Marcos Meier, do site www.marcosmeier.com.br
Em 23.11.2011.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

RESSIGNIFICAÇÃO

A vida nos surpreende diariamente com acontecimentos que nos desagradam. Desde pequenos incômodos, coisas que não saíram como esperávamos ou do exato jeito que queríamos, passando pelas reprovações, não aceitações, os muitos nãos aqui e ali, até grandes sofrimentos que mudarão o curso de nossa existência. Com isso vem o desafio: 
Como lidar com essas surpresas sempre desagradáveis, pelo menos num aparente primeiro olhar? 
Percebamos uma característica nossa, muito frágil, que precisa ser reformada: nossa inabilidade em lidar com o inesperado. Criamos expectativas baseadas em nossas vontades, em nossos desejos, por mais absurdos que sejam, e saímos por aí, como se o mundo tivesse obrigação de nos atender. Dificilmente estamos abertos ao novo, ao imprevisível, a deixar de querer ter controle sobre tudo e sobre todos. Muitos ainda temos essa ilusão de que podemos controlar tudo. E os dias difíceis nos mostram que não é bem assim que funciona... Tão logo deixemos de ter toda essa prepotência, essa pretensão, ou até ingenuidade, começamos a receber os acontecimentos da vida de uma forma mais inteligente. 
Isso ou aquilo não aconteceu como queríamos ou como planejamos? 
Mas, será que nosso querer estava certo? 
Teremos planejado da melhor forma? 
Será que de outro jeito não seria melhor para nós? 
Descemos de nosso patamar de controladores, conquistamos um pouco de humildade e seguimos adiante dando novo significado a tais coisas. Essa é uma das nuances da virtude da resignação. Se observarmos a palavra mais de perto, perceberemos que ela é formada por re – signo – ação, isto é, a ação de dar novo significado a algo, ou, a ressignificação. Notemos que não se trata de uma virtude comodista, passiva, de apenas aceitar o que nos acontece sem murmúrio, reclamação. Ela é dinâmica, porque quando ressignificamos algo tomamos atitudes, caminhos, passamos a agir de nova forma. Resignação é força da alma, o consentimento do coração corajoso, que resolve enfrentar o que quer que seja, entendendo seu significado redentor na vida. 
 * * * 
Ser resignado significa podermos carregar o fardo das provas que a revolta insensata não suporta. Ser resignado significa sofrermos buscando entender porque sofremos, ou melhor, para que sofremos, encontrando em cada obstáculo da vida uma oportunidade. Ser resignado é pensarmos adiante e não nos permitirmos escravizar pelo presente, muitas vezes em desacordo com nossos desejos imediatistas. Ser resignado é estarmos em paz conosco mesmo e com as leis divinas, que apenas nos educam para a melhor estabilidade do nosso amanhã. Dessa forma, submetamo-nos, paciente, resignadamente às situações atuais e, insistindo nos bons propósitos, construamos o porvir de bênçãos que ainda não podemos fruir.
Redação do Momento Espírita. 
Em 18.2.2019.

domingo, 17 de fevereiro de 2019

O ELEVADO CUSTO DA DESFORRA

Se algum egoísta procurar tirar vantagem da sua pessoa, apague-o da sua lista, mas não tente desforrar-se, pois, quando a gente tenta desforrar-se, fere mais a si próprio do que a outro indivíduo. Estas palavras soam como se tivessem sido proferidas por algum idealista lírico, algum guru ou sábio desta Terra. Mas não foram. Esses dizeres apareceram num boletim publicado pelo Departamento de Polícia de Milwaukee, Estados Unidos. Como é que ao procurar desforrar-se, você poderá ser ferido? Por diversas maneiras. Segundo a revista Life, isso poderá arruinar até mesmo a sua saúde. Um relatório publicado em matéria desse periódico afirma: 
 A principal característica da personalidade dos hipertensos é o ressentimento. Quando o ressentimento é crônico – acrescenta – seguem-se a hipertensão crônica e as doenças cardíacas. 
Esta ligação feita pelas ciências da saúde, nos dias de hoje, entre o estado da alma e a saúde do corpo, não é nova. As tradições orientais já haviam feito este link com segurança, há muito tempo. Jesus, igualmente, quando proclamou o ame aos seus inimigos ou perdoe setenta vezes sete vezes, não estava apenas ensinando um princípio elevado de moral. Estava recomendando, a todos nós, a maneira de evitarmos as doenças do coração, a hipertensão, as úlceras do estômago e muitas outras enfermidades. 
Pensemos: será que os nossos inimigos não esfregariam as mãos de contentamento, se soubessem que o nosso ódio por eles está nos esgotando as forças pouco a pouco? Será que não se deliciariam sabendo que este sentimento está nos tornando cansados e nervosos, arruinando o nosso aspecto físico até, trazendo-nos distúrbios cardíacos e, provavelmente, encurtando a nossa vida? 
Assim, não concedamos a eles este prazer. Preservemos a nós mesmos em primeiro lugar, evitando a vingança e o ressentimento. Trabalhemos a raiva. Racionalizemos a raiva. Expurguemo-la de nossa intimidade através das tantas maneiras existentes – que não agridem nem ao outro, nem a nós mesmos. Mesmo que ainda não possamos amar nossos inimigos por completo, amemos, pelo menos, a nós mesmos. Amemo-nos tanto que não permitamos que os nossos inimigos controlem a nossa felicidade, a nossa saúde, a nossa aparência. Ou ainda, recordando as palavras de Shakespeare: Não esquentes uma fornalha tão quente para o teu inimigo a ponto de tu mesmo saíres chamuscado. A desforra, a vingança apresenta-nos elevado custo, custo esse que não vale a pena ser assumido. A vendeta e a mágoa crônica são os venenos que tomamos esperando que o outro morra. Assim, amemo-nos um pouco mais, preservando nossa intimidade desses verdadeiros inimigos de nossa evolução – os vícios morais. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 13 do Livro Como evitar preocupações e começar a viver, de Dale Carnegie, ed. Companhia Editora Nacional. 
Em 15.7.2016.

sábado, 16 de fevereiro de 2019

A ELEVADA TAREFA DE EDUCAR

O que de melhor podemos legar de nossa existência, ao assumir a maternidade ou a paternidade? Seja para a sociedade, seja para nós mesmos, ou para nossos filhos, o que de melhor podemos oferecer? A resposta é somente uma: educação. Não há tarefa mais relevante ou ação mais nobre, na missão da maternidade/paternidade, do que educar nossos filhos. É de tal porte, de tal envergadura e importância, que jamais deverá ser delegada a terceiros, ou mesmo relegada a um segundo plano. Educar nossos filhos é prepará-los com as melhores ferramentas ao nosso alcance para a nova existência que iniciam, neste abençoado planeta. Porém, não é tarefa trivial, nem tampouco de fácil condução. Educar exige atenção, paciência, cuidado. Acima de tudo, muito amor. Quando nos faltam esses recursos, alguma coisa não irá funcionar muito bem em nossa missão de mães ou de pais. Se renunciamos aos momentos de convivência, de brincadeiras com nossos filhos, deixando-os com os jogos eletrônicos, certamente algo não está certo. Se compensamos nossa ausência física com bens materiais, com presentes em excesso, alguma coisa está errada. Se nossa falta de tempo e paciência para o diálogo, para os enfrentamentos naturais descambam na permissividade, quando permitimos que façam o que bem entenderem, contanto que não nos incomodem, haverá aí um grave problema. Se delegamos para a escola a responsabilidade maior do processo de educação moral de nossos filhos, mostra-se aí uma séria distorção. E tudo isso somente acontece se nós, enquanto pais e mães abdicamos da tarefa que é nossa, que nos foi delegada pela Divindade, ao encaminhar esses Espíritos para nosso lar. Educar é orientar. É também repetir quantas vezes forem necessárias a mesma lição, até que seja aprendida, assimilada e vivenciada. Educar é apontar o erro, é orientar para a atitude correta, exigindo a reparação da ação mal feita. É não aceitar atitudes equivocadas, impondo os limites necessários para a compreensão do respeito devido a si e ao próximo. Ninguém conseguirá educar a quem não conhece. E para conhecer é necessário investir tempo, dedicação, sondar a alma de nossos filhos e os valores nelas existentes. Não temos o direito de nos descuidar da tarefa, alegando cansaço decorrente da vida profissional ou falta de tempo pelos multiplicados compromissos sociais. Será sempre possível aliar uma coisa à outra, sem de nada nos descuidarmos, desde que nos disponhamos a uma boa administração do tempo. Em essência, mais importante do que o tempo que passamos com nossos filhos, será a qualidade das horas dedicadas a eles. Dessa forma, não deleguemos a convivência possível com eles a terceiros. Nem permitamos que nossos filhos sejam adotados por dispositivos eletrônicos. Tampouco percamos as oportunidades de lhes incutir valores, de lhes provocar salutares reflexões. Empenhemo-nos na educação, com o objetivo de lhes proporcionar as melhores condições para se tornarem cidadãos dignos e úteis. Guardemos a certeza de que, assim agindo, nossos filhos e a própria sociedade nos haverão de agradecer. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 18.10.2017.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

A MAGIA DO CONVÍVIO

Martha Rios Guimarães
Na atualidade, vivemos um tanto distantes uns dos outros. Pode soar paradoxal, mas quando temos tantas formas de comunicação, em tempo real, andamos muito distanciados. Em se falando das crianças, por exemplo, constatamos que a maioria delas usa tanto a internet que mal tem tempo para brincar. Os menores dizem que usam o celular até mesmo durante as refeições ou em outros momentos familiares. Exatamente naqueles períodos quando todos poderiam esquecer um pouco os celulares para uma saudável conversa olho no olho. Buscando o equilíbrio no uso da tecnologia para melhorar os relacionamentos familiares, algumas instituições religiosas se reuniram para uma ação conjunta. Num encontro com participantes de variadas idades, uma educadora e também contadora de histórias abordou o tema, de tal forma inteligente, que a todos envolveu. Depois, ela propôs a divisão em duplas para que um falasse ao outro a respeito de si mesmo. Foi aí que surgiram maravilhosas descobertas. Uma mãe narrou, encantada, que acabara de descobrir verdadeiros segredos de sua filha adolescente. Coisas que ela nunca havia lhe contado antes. Por sua vez, a garota se dizia feliz por ter sabido coisas muito interessantes sobre a vida da sua mãe. E o que a espantou foi descobrir que sua mãe adorava dançar, como ela própria. Uma garotinha de sete anos descobriu que o prato predileto de sua prima, com quem costuma brincar, diariamente, é lasanha. Como nunca soubera disso? Agora, quando ela fosse brincar na sua casa, ela pediria para sua mãe providenciar aquele prato para a prima. Duas adolescentes, que se conheciam, de longe, por frequentarem a mesma escola, se surpreenderam, ao se descobrirem ali, adeptas da mesma religião. E, na conversa, se deram conta de que tinham medos em comum, gostavam das mesmas músicas e do mesmo gênero de filmes. Bonito mesmo foi testemunhar uma dupla de uma senhora de terceira idade e um garotinho de oito anos. Ele ficou muito interessado ao saber que ela havia nascido no mesmo país do seu avô. E fez muitas, muitas perguntas. E assim foram descobertas e mais descobertas durante aquelas três horas de programação. Foi uma clara demonstração de que a convivência com o outro pode reservar lindas surpresas. Por fim, deixou claro que se pudermos ficar algum tempo sem consultar o celular poderemos ter uma conexão bem mais profunda e real com outras pessoas. E esse contato poderá nos revelar riquezas pessoais dos que vivem em nosso entorno. Pessoas com as quais estamos todos os dias, lado a lado, mas, habitualmente, não conversamos, não trocamos ideias, não nos revelamos mutuamente. Fica aí a sugestão. Que tal, neste novo ano que ainda está despertando, nos propormos a algumas pausas na tecnologia, nos desligarmos em certos momentos do celular, olhar para o lado e dizer: 
-Oi, tudo bem com você? 
Será somente o início da redescoberta da alegria de falarmos olhando um no olho do outro, apertando a mão, trocando abraços. A magia do convívio.
Redação do Momento Espírita, com base no artigo E a magia se fez, de Martha Rios Guimarães, da Revista Internacional de Espiritismo, de dezembro de 2018, ed. O CLARIM. 
Em 15.2.2019.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

A MAIS NOBRE PROFISSÃO

Qual será a profissão mais nobre? 
Quem será mais importante: o médico que salva vidas ou o motorista do coletivo que conduz centenas de passageiros, todos os dias, em segurança? 
Quem terá maiores méritos perante a Divindade? 
O professor que ensina à criança as primeiras letras, descortinando-lhe o mundo encantado do alfabeto ou o professor universitário que prepara os jovens para o mercado de trabalho, para a sociedade, ensinando-os com a própria experiência? 
Analisando as tantas profissões que existem no mundo, conclui-se que nenhuma pode ser descartada. Senão vejamos: o escritor utiliza dos seus recursos e escreve livros que renovam o pensamento do mundo. A sua é a possibilidade de encantar, de proporcionar viagens fantásticas pela imaginação, de utilizar sabedoria, arte e beleza, dentro da vida. Contudo, uma vassoura simples faz a alegria da limpeza. E, sem limpeza, o poeta não consegue trabalhar. As máquinas agrícolas abrem sulcos profundos na terra, revolvendo-a e a preparam para o plantio. Logo mais, as linhas que ela traça no solo transbordarão de milho, arroz, batata, trigo, enchendo os celeiros e as mesas. O marceneiro trabalha com cuidado a madeira e lhe confere formas que cooperam na construção do lar. O pedreiro ergue muros, coloca alicerces para os edifícios grandiosos. Organiza o seu pensamento e os seus esforços e faz surgir obras fenomenais. Mas por mais belo que seja o edifício, os seus mármores, cristais, tapetes luxuosos, não dispensarão a mão amiga da faxineira que lhes dará brilho. Os magistrados usam a pena e a justiça e sentenciam. Das suas sentenças dependem vidas. Vidas que prosseguirão a ter alegrias ou se encherão de tristezas. Os políticos orientam e governam, elaboram leis e as votam, decidindo o que seja melhor para o povo. Entretanto, todos eles necessitam das mãos hábeis que conduzem as máquinas que lhes tecem as roupas que os defendem do frio. Se os juízes se reúnem nas mesas de paz e justiça, os lavradores e agricultores são os que lhes ofertam os recursos para as refeições. Ninguém suponha que, perante Deus, os grandes homens sejam somente aqueles que usam a autoridade intelectual. 
Que seria da Humanidade se, de repente, não tivéssemos mais cozinheiros, recepcionistas, lavadeiras, arrumadeiras, babás? 
Que faríamos sem essa gama enorme de servidores da Humanidade? 
* * * 
Todos somos chamados a servir, na obra do Senhor, de maneira diferente. Cada trabalhador, em seu campo de ação, pode se considerar honrado pelo bem que possa produzir. Cada empregador ou empregado nos convençamos de que a maior homenagem que podemos prestar ao Criador é a correta execução do nosso dever, onde estivermos.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 44, do livro Alvorada cristã, pelo Espírito Neio Lúcio, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. 
Em 14.2.2019.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

O QUE FAZ UMA VIDA FELIZ

Robert Waldinger
A Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, tem o que é considerado o estudo mais longo acerca da felicidade. O Harvard Study of Adult Development existe desde 1938 e observou, desde então, a vida de setecentos e vinte e quatro jovens. Acompanhou seu crescimento, suas famílias e as novas gerações. O estudo abrange diversas áreas, mas a principal delas diz respeito à análise do nível de felicidade dessas pessoas. As observações minuciosas buscaram responder à questão: 
-O que faz uma vida feliz? 
E as principais conclusões foram as seguintes: conexões sociais são muito boas para nós, enquanto a solidão mata. As pessoas que são mais conectadas socialmente, à família, amigos e comunidade, são mais felizes, são fisicamente mais saudáveis e vivem mais. Não se trata apenas do número de pessoas à volta, do número de amigos que têm, ou se estão num relacionamento sério ou não, mas, principalmente, da qualidade dos relacionamentos mais próximos. O estudo também concluiu que os bons relacionamentos não protegem apenas nossos corpos, mas também nosso cérebro. As pessoas que mantêm bons relacionamentos, sobretudo quando estão em avançada idade, têm sua memória melhor preservada, isto é, ela se mantém viva por mais tempo. O diretor atual da pesquisa, Robert Waldinger, afirma que essas relações não precisam ser perfeitas, onde só reine a paz, sem problemas ou discussões. Não, o que mais importa, segundo ele, é o fato de um saber que pode contar com o outro. E que esses pequenos problemas do dia a dia não se fixam na memória. As relações em si sempre falarão mais alto. 
 * * * 
O homem deve progredir, mas não pode fazer isso sozinho porque não dispõe de todas as faculdades. Por isso precisa se relacionar com outros. No isolamento, se embrutece e se enfraquece. Nenhum ser humano possui todos os conhecimentos. Pelas relações sociais é que se completam uns aos outros para assegurar seu bem-estar e progredir. Tendo necessidade uns dos outros, somos feitos para viver em sociedade e não isolados. Desses laços, os familiares são aqueles que representam os de maior importância, pois muitos deles são escolhidos ou aceitos num planejamento prévio de cada nova encarnação. Isso quer dizer que podemos escolher em que lar iremos nascer, se tivermos merecimento e discernimento para tal. O que acontece, para a maioria de nós, é uma escolha por necessidade, isto é, precisamos estar vinculados a esse ou aquele lar por compromissos anteriores. Pensando assim, a felicidade nas relações sociais na família poderá ter dupla causa: a primeira está no próprio laço em si, que nos faz mais felizes por poder contar com amores ao nosso lado. A segunda, pela chance de podermos resgatar débitos do passado, de ajudar quem prejudicamos e, em muitos casos, como missões, auxiliar Espíritos que vêm à Terra em condições precárias, necessitando de orientação e amorosidade. O que faz uma vida feliz? Viver boas relações em que se possa doar, mais do que receber. Amar, acima de tudo. 
Redação do Momento Espírita, com base na questão 768, de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 13.2.2019.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

ELEVAÇÃO PELO TRABALHO

William J. Bennett
Contam as lendas que, quando Hércules ainda era muito jovem, saiu um dia para levar um recado de seu padrasto. Caminhava triste, mergulhado em pensamentos amargos. Questionava-se porque outros jovens, não melhores que ele, levavam uma vida fácil e cheia de prazer, enquanto para ele a vida era só trabalho e dor. Ruminando essas questões, chegou a uma bifurcação da estrada. Diante da incerteza sobre qual caminho deveria seguir, parou e olhou atentamente. A estrada à sua direita era montanhosa e acidentada. Não havia beleza nela, nem nos seus arredores, mas conduzia diretamente às montanhas azuis que se perdiam na distância. A estrada à esquerda era larga e lisa, com árvores frondosas oferecendo sombras tentadoras em ambos os lados. Os pássaros cantavam alegres e as flores enfeitavam as margens do caminho. Mas essa estrada terminava em bruma e neblina muito antes de chegar às maravilhosas montanhas azuis que se podia ver ao longe. Enquanto o rapaz estava parado, em dúvida quanto à direção a seguir, vieram duas belas mulheres em sua direção, cada uma delas por uma das estradas. A que veio pelo caminho florido alcançou-o antes e era linda como um dia de verão. Tinha as faces coradas, os olhos faiscantes e dizia-lhe palavras tentadoras: 
-Oh, nobre jovem não se curve mais ao trabalho e às tarefas árduas; siga-me. Eu o conduzirei por caminhos agradáveis, onde não há tempestades para perturbar nem problemas para aborrecer. Você terá uma vida fácil, sem responsabilidades. Bebida, comida requintada, ricas vestes, muita música e alegria. Venha comigo e sua estrada será um sonho de contentamento. 
A essa altura aproximou-se a outra bela mulher e falou ao rapaz: 
-Eu não lhe prometo nada, exceto o que irá conquistar por suas próprias forças. A estrada pela qual o conduzirei é acidentada e difícil. Terá que subir muitos morros e descer por vales e pântanos. As vistas que por vezes você descortinará do topo dos morros são grandiosas, gloriosas, mas os vales profundos são escuros e a subida é penosa. No entanto, a estrada leva às montanhas azuis da felicidade eterna, que você pode ver no horizonte. Não se consegue alcançá-las sem trabalho. De fato não há nada que valha a pena possuir se não tiver sido ganho com esforço. Se você quiser frutos e flores, deve plantá-los e cultivá-los. Se quiser o amor de seus companheiros, deve amá-los e sofrer por eles; se quiser gozar dos favores dos céus, deve se tornar digno desses favores; se quiser gozar da felicidade plena, não deve desprezar a árdua estrada que a ela conduz. 
Hércules viu que essa mulher, embora fosse tão bela quanto a outra, tinha o semblante puro e suave, como uma manhã ensolarada de primavera. 
-Qual é o seu nome? Perguntou. 
-Alguns me chamam de trabalho - respondeu - mas outros me conhecem como virtude. 
Ele virou-se para a primeira mulher e perguntou: 
-E qual é o seu nome? 
Ela respondeu com um sorriso nos lábios: 
-Alguns me chamam prazer, mas eu prefiro ser conhecida como a alegre e feliz... 
-Virtude - disse Hércules - tomarei a ti por minha guia! A estrada do trabalho e do esforço honesto deverá ser a minha e meu coração não mais abrigará a amargura nem o descontentamento. 
E ele tomou a mão da Virtude e seguiu com ela pela estrada reta e agreste que conduziria às claras montanhas azuis no horizonte distante. 
 * * * 
O caminho do progresso é cimentado com o suor dos trabalhadores leais do Supremo Bem, que descobrem no próprio sacrifício e no heroísmo silencioso e anônimo a glória da libertação espiritual 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A escolha de Hércules, adaptação de James Baldwin, de O livro das virtudes, v.1, de William J. Bennett, ed. Nova Fronteira e no verbete Caminho, do livro Dicionário da alma, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed.Feb. 
Em 05.10.2010.
James Baldwin

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

ELES VIVERÃO

A Espiritualidade Superior ensina que os planetas funcionam como educandários. Os Espíritos neles encarnam para ter as experiências evolutivas de que necessitam. A Terra por ora serve de morada e escola para Espíritos de reduzida evolução. Embora, em geral, não falte inteligência aos habitantes do orbe, eles ainda vacilam no quesito da moralidade. Têm facilidades de raciocínio, mas possuem dificuldades nos planos do sentimento, da conduta. Certamente incontáveis se esforçam para viver com dignidade e o conseguem. Entretanto, ainda é comum o triste espetáculo da leviandade, da corrupção e da crueldade. Em um mundo imperfeito, a impunidade dos espertos e dos poderosos costuma ser frequente. Não raro, esse panorama de vício aparentemente vitorioso causa indignação. Muitos desanimam quando se deparam com certas cenas. Pode ser o político corrupto que segue livre, mediante a adoção de estratagemas legais. Ou quem, para enriquecer, não se incomoda de destruir o meio ambiente. Talvez seja quem abusa da inocência ou oprime os fracos. Ou então quem vence demandas na justiça contando com testemunhos falsos. Não faltam exemplos de maldade vitoriosa, ao menos na aparência. Seguramente, todos devem agir, no limite de suas forças, para que o bem se instale no mundo. Mas, quando o mal parece vencer, não há razão para raiva ou desânimo. Não há necessidade de desejar o mal para os que semeiam a desgraça nos caminhos alheios. Para manter o coração em paz, basta refletir que eles viverão. Sim, a morte não existe e todos seguirão vivos para sempre. A vida dispõe de recursos para produzir arrependimento nos que se fizeram culpados. Cedo ou tarde, chega o momento de rever a própria conduta e de enfrentar as consequências do que se fez. Tal pode se dar na mesma encarnação, mediante importantes decepções, ignoradas da coletividade. Ou no plano espiritual, onde não há disfarces possíveis quanto à própria realidade íntima. Ou mesmo em outras existências, nas quais se experimentem as dores que se semeou na vida do próximo. A vida constitui o melhor remédio para qualquer gênero de decadência. Todos viverão para sempre e cada qual será feliz ou desgraçado, conforme as opções que fez. A cada um segundo suas obras, como bem disse Jesus. Assim, não convém praguejar contra quem fere, rouba, ilude ou mata. Basta saber que os corruptos, os mentirosos e os defraudadores da paz alheia também viverão. A cada homem incumbe o dever de ser digno e solidário, de esclarecer, amparar e socorrer. Os desvios incontornáveis, segundo a ótica humana, ficam por conta da Lei Divina, sempre perfeita e atuante. 
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 23.02.3011.

domingo, 10 de fevereiro de 2019

ELES FIZERAM A DIFERENÇA

Steve Jobs e Joanne Schieble-mãe
A vida é um grande patrimônio. Os que nos encontramos na Terra, neste momento, nem sempre nos damos conta de como somos afortunados por viver. Quando os problemas avolumam, quando o cansaço se estabelece, uma quase desistência da vida parece nos sussurrar aos ouvidos. No entanto, todos os que nascemos somos pessoas afortunadas. Afortunadas porque alguém nos aceitou e nos permitiu vir ao mundo. Todos temos o direito de nascer mas nem todos temos essa oportunidade. Nem podemos imaginar quantas vidas, todos os dias, em todo o mundo, são impedidas de se concretizarem. Então, quando aplaudimos um astro do futebol, da música, da dança, da tecnologia, alguém que fez ou faz a diferença no mundo, podemos imaginar o que seria o mundo se eles não tivessem nascido? Podemos imaginar a nossa vida sem um Mac, um iPhone, um iPad? Pois é. Se Joanne Schieble, aos vinte e dois anos, tivesse desistido de levar a gestação a termo, a tecnologia não seria como a conhecemos hoje. Universitária, ela engravidou do namorado, também universitário. Seu pai, no entanto, não admitia que ela se casasse, por ele ser de descendência síria. Joanne poderia ter abortado, naquela circunstância. No entanto, optou por ter a criança e dá-la em adoção. Terá ela imaginado onde chegaria seu filho? Como venceria na vida? Um filho que não somente foi o criador da Apple e do estúdio de animação Pixar, mas exemplificou tenacidade, perseverança, superando seus dramas pessoais. Rejeitado em primeira adoção, por ser do sexo masculino, Steve Jobs foi adotado por um casal de origem humilde. Sofreu com a pobreza. Frequentava, uma vez na semana, determinado culto religioso em troca de uma refeição. Recolhia garrafas vazias de Coca-Cola para os depósitos para comprar comida. Não tinha quarto no dormitório na Universidade. Por isso, dormia no chão do quarto de amigos. Adulto, enfrentou um câncer devastador, numa vitória dramática que lhe deu uma sobrevida ainda mais aplaudida pelos admiradores. Em discurso aos formandos de Stanford em 2005, afirmou: Ninguém quer morrer. Mesmo as pessoas que querem chegar ao paraíso não querem morrer para estar lá. Apesar disso, a morte é o destino de todos nós. Ninguém nunca escapou. E deve ser assim, porque a morte é, provavelmente, a maior invenção da vida. É o agente de transformação da vida. Ela elimina os antigos e abre caminho para os novos. Ele partiu em 2011. Um homem que fez a diferença no mundo.
CELINE DION E SUA MÃE
Um mundo que também estaria diferente sem a voz de Celine Dion, a cantora canadense. Quando engravidou, sua mãe tinha treze filhos e cogitou de não ter essa décima quarta criança. Contudo, um sacerdote, digno pastor de almas, a aconselhou a levar a termo a gravidez. Graças a isso, o mundo se extasia com a voz da cantora que, inicialmente, interpretava canções somente em seu idioma pátrio, o francês. Para alcançar as plateias internacionais, aprendeu inglês, conquistando a admiração do mundo. Jobs e Celine Dion são testemunhas da vida. Eles puderam cantar, sentir, amar, triunfar porque alguém lhes permitiu vir à luz. Quem pode imaginar o que virá a ser esse embrião, esse feto que apenas se esboça no ventre materno: um grande estadista? Um cantor? Um poeta? Um cientista? Somente Deus o sabe... 
Redação do Momento Espírita, com base em dados biográficos de Steve Jobs e Celine Dion. 
Em 11.5.2018.