quinta-feira, 31 de agosto de 2017

SEJAMOS....

Douglas Malloch
Se você não puder ser um pinheiro no topo da colina, seja um arbusto no vale – mas seja o melhor arbusto à margem do regato. 
Seja um ramo se não puder ser uma árvore. Se não puder ser um ramo, seja um pouco de relva, e dê alegria a algum caminho. Se não puder ser um perfume raro, seja então apenas uma tília; porém, a tília mais cheia de vida do lago. Não podemos ser todos capitães, temos de ser tripulação. Há alguma coisa para todos nós aqui. Há grandes obras e outras menores a realizar. E é a próxima a tarefa que devemos empreender. Se você não puder ser uma estrada, seja apenas uma senda. Se não puder ser o sol, seja uma estrela. Não é pelo tamanho que terá êxito ou fracasso. Mas seja o melhor que puder, independentemente do que seja. 
 * * * 
Fazer a diferença no mundo não quer dizer fazer grandes coisas. Claro que temos os que, dentre nós, seremos os grandes realizadores, os capitães, os líderes, os exemplos, porém, a grande maioria de nós é tripulação. Mas, lembremos que uma tripulação pode afundar um navio se assim o quiser. Todos somos importantes e temos nossas tarefas, nossas missões e responsabilidades. Em nossas esferas de atuação podemos fazer muito, pouco ou nada. O convite é para que sejamos mais. Mais amáveis, mais responsáveis, mais amigos, mais civilizados. Sejamos a mudança que queremos tanto ver no mundo, nos poderosos, cujo comportamento tanto rechaçamos, na sociedade doente que criticamos duramente. Construamos ao nosso redor esse mundo novo, iniciemos em nossa família uma vida nova, com novos hábitos, novas regras e novas disposições. Sejamos diferentes. Sejamos estranhos. Sejamos motivo para comentários dos que não saem da mesmice dos dias iguais e dos comportamentos de massa. Sejamos amorosos com todos, independentemente da forma com que sejamos tratados. Sejamos firmes, sem sermos rudes. Tenhamos paciência. Não deixemos que nada nem ninguém roube a nossa tão preciosa paz. Sejamos otimistas, mas não tolos. Carreguemos o otimismo inteligente de quem sabe que o Universo é regido por leis perfeitas, de quem sabe que no aparente caos há uma Ordem Invisível tomando conta. Sejamos fortes, mas saibamos pedir ajuda sem medo. Humildade é sinal de grandeza de alma. Sejamos caridosos, o que significa sermos benevolentes, indulgentes e misericordiosos. Um pouco mais a cada dia. Somos uma construção de séculos, milênios. Essa vida é mais uma etapa dessa grande edificação que somente está ficando mais alta. Sejamos atenciosos. Percebamos tudo ao nosso redor: a natureza, os movimentos, as pessoas. Principalmente, as pessoas. Elas precisam de atenção. Precisam de alguém que pare e as ouça, que saia de seu individualismo ensurdecedor, retire seu fone de ouvido e diga: Pode falar, estou ouvindo... Sejamos o melhor que pudermos, dentro das nossas possibilidades. Façamos a nossa parte, sem nos preocuparmos se os outros estão fazendo a deles. o convite é para nós, para cada um de nós. 
Redação do Momento Espírita, com base em poema, do livro Be the best whathever you are, de Douglas Malloch, ed. The Scott Dowd Company. Em 31.8.2017.
http://momento.com.br

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

DEPOIS, PODE SER TARDE!

O feriado prolongado era esperado por todos os familiares com grande expectativa. A oportunidade seria boa para o reencontro daqueles que viajariam de cidades distantes em busca do aconchego do lar materno. Aos poucos, iam chegando, trocando abraços de saudade, carinho, novidades... Ninguém esperava que, na Agenda Divina, aquele dia estivesse marcado para o retorno de um dos familiares à Pátria espiritual. Menos ainda que fosse um pai e esposo dedicado, com pouco mais de quarenta primaveras, aparentemente forte e saudável... A manhã do primeiro dia do reencontro transcorreu em clima de alegria e descontração. Mas a tarde seria de despedida e dor. A filha adolescente foi a primeira a encontrar o corpo do pai, já sem vida, estendido sobre a cama. O desespero do primeiro momento foi comovente. Ela, surpreendida pela cena inesperada, tomou das mãos imóveis do pai, e falou com voz embargada de lágrimas doloridas: 
-Paizinho, você sabe o quanto eu o amo, pois eu nunca deixei de lhe dizer isso todos os dias... E eu também sei que você me ama, porque sempre ouvi isso de você. Valeu, pai! 
A cena era comovedora... A jovem, agora abraçada à mãezinha, que também chorava discretamente, aos poucos, foi relembrando os vários momentos de alegria vividos juntos, buscando fixar-se na certeza da imortalidade da alma, que aprendeu desde a infância. Fatos como esse acontecem diariamente e continuarão acontecendo. A morte não se faz anunciar e chega sempre sorrateira. O que muda é apenas a situação dos corações que partem e dos que ficam. Será que você poderia dizer, como a jovem da nossa história, a um ser querido que partisse agora, que ele sabe o quanto você o ama? Será que, se você partisse agora, seus amores saberiam que você os ama? Você costuma dizer isso a eles? Geralmente, porque pensamos que nunca chegará a nossa vez, nem a vez dos nossos de fazer a viagem de volta à Pátria espiritual, deixamos para depois tantas coisas que poderiam ser feitas hoje. São tantas oportunidades perdidas... tantas ações deixadas para depois.... Deixamos de dizer-lhes o quanto eles são importantes em nossa vida... Adiamos a oportunidade de resolver uma pequena desavença que poderia ser resolvida agora. Deixamos para mais tarde o abraço de ternura que nunca tivemos a ousadia de dar... O perdão de um pequeno deslize cometido pelo ser que admitimos amar, mas não confessamos em voz alta. Deixamos passar a oportunidade de dar a atenção que deveríamos dar agora... Adiamos para depois a vivência de momentos de alegria e descontração junto daqueles que fazem a nossa felicidade. Se você estava deixando para depois, não perca mais tempo! Vá ao encontro dos seus amores e não poupe afeto nem palavras de carinho. 
 * * * 
Quase sempre, o depois nos surpreende sem que tenhamos tempo de dizer as coisas boas que gostaríamos de dizer. A maioria das pessoas só se decide por falar dos seus sentimentos nobres, depois que os ouvidos dos entes queridos já se fecharam para a vida física. Ou, ainda, esperam para dizer depois que os lábios físicos já não atendem mais aos impulsos do cérebro. Por tudo isso, não deixe para depois, porque o depois pode chegar demasiado tarde. Pense nisso! Mas pense agora! 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 1, ed. Fep. Em 17.08.2009.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

DEPOIMENTO DE GRATIDÃO

A proposta do programa televisivo era a de encontrar parentes que haviam perdido contato, no decorrer dos anos. Os depoimentos apresentados eram dos mais diversos, por parte de tantos que, por um motivo ou outro, desconheciam o paradeiro de familiares, em razão dos caminhos trilhados. Eram histórias de desencontros e separações, de dores que o tempo se encarregara de acalmar mas que, diante da oportunidade do reencontro, retornavam com força e intensidade. E foi assim que ela contou a história de sua vida. Estava grávida. Era jovem, sem independência, em condições financeiras precárias, sem nenhum apoio familiar. Ao dar à luz, seu coração de mãe pensara no futuro da filha. Com as dores transbordando-lhe a alma, a entregara para adoção. Conhecera vagamente a família que a adotaria: detinham boas condições financeiras e desejavam, ardentemente, uma criança. Aquela família a haveria de amar, com certeza. Décadas haviam transcorrido. Agora, ali estava ela frente às câmeras, buscando a filha, falando da dor que ainda trazia na alma. Seu grande medo, contudo, era o de não ser compreendida por ela, pois a dera em adoção, nos seus primeiros dias de vida. A história chegou até a filha, contada de boca a orelha, pelos que se comoveram com o fato. Contudo, ela morava em cidade muito distante. Então, a rede de televisão tomou a iniciativa de ir até à filha, para entrevistá-la. Mãe de família, cercada pelas duas filhas adolescentes, ela iniciou seu depoimento. 
- Eu queria agradecer profundamente a essa mulher que é minha mãe. Sou mãe e posso aquilatar a dor que ela sentiu ao ter que me dar em adoção. Só um amor muito grande é capaz de fazer isso. Ela abriu mão de criar-me para que eu tivesse uma vida melhor. Sou só agradecimento à minha mãe biológica. 
Ao concluir, lágrimas escorriam por sua face, emocionando as suas filhas também. Nenhuma palavra de reprovação. Nenhum julgamento, mágoa ou cobrança. Ela se colocou no lugar da sua mãe biológica e se compadeceu. Entendeu suas dores, seu drama e agradeceu. Permitiu-se a compaixão. 
 * * * 
 A compaixão nasce da empatia que nos permitimos sentir pelo outro, quando nos colocamos em seu lugar, quando buscamos entender aquilo que o levou a tomar determinada atitude, sua situação, possibilidades e limitações. Nenhum julgamento desnecessário, e quase sempre injusto. Apenas compaixão pela dor do outro, compreensão das dificuldades e dramas que o envolvem. Antes de julgarmos, lembremos que muitas pessoas no mundo enfrentam batalhas que nem imaginamos. Não são poucos os que trafegam pelos caminhos da vida carregando dramas intensos, e dando o seu melhor para bem enfrentar as dificuldades. O bom samaritano tomou-se de compaixão, e atendeu o homem à beira do caminho. Façamos o mesmo. Há tantos caídos pelos caminhos, precisando de nossa compaixão, não de nossos julgamentos precipitados. E, em muitas situações, também necessitando da nossa gratidão. 
Redação do Momento Espírita. Em 21.4.2016.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

SE ARREPENDIMENTO MATASSE.......

Ah! Se arrependimento matasse... 
O que está implícito nesse lamento costumeiro de nossas vidas é: se o fato de estar me arrependendo, acabasse com minha vida agora, eu estaria morto. Como ainda consideramos, erroneamente, a morte como o que de pior pode nos acontecer, associamos algo de muito ruim a ela. Nesse caso, o arrependimento. Não gostamos de ter feito algo e depois nos arrependermos, essa é a verdade. Se pudéssemos voltar atrás, voltaríamos. Se pudéssemos fazer diferente, faríamos. Por isso nos penitenciamos, nos auto-culpamos e alguns até nos autoflagelamos – lembrando dos que agridem a si mesmos, nessas circunstâncias. Precisamos, porém, modificar nossa maneira de pensar. Arrependimento é bom. Muito bom. Arrepender-se é abrir-se para o bem. Só quando descobrimos que erramos é que podemos iniciar a ação reparadora. Só quando descobrimos onde falhamos é que podemos estudar como conseguiremos melhorar na próxima oportunidade. Aquele que nunca se arrepende está ainda cego, iludido, vagando por uma realidade por vezes muito frágil. Aquele que não se arrepende permanece na letargia do primarismo com a consciência adormecida, vivendo o período do pensamento instintivo. Nele predomina a herança da fase inicial de que ainda não se libertou, ou que prefere não superar. Notemos que, por vezes, quando estamos numa dessas situações do se arrependimento matasse, estamos encarando um acontecimento inevitável que, num primeiro momento, não parece bom. No entanto, ainda faz parte da escola desse mundo. Criamos expectativas falsas de esperar resultados maravilhosos de onde eles nunca viriam de qualquer jeito. Arrependimento, de todas as formas, é aprendizado, é autoconhecimento, pois identificar algo que, numa outra situação, faríamos diferente, é muito importante. Deveríamos ter conosco, nesses momentos, um instrumento de gravação ou de anotação, para registrar, com todas as letras e sons, as impressões e sentimentos, e não mais seguirmos por aquele caminho. É o primeiro passo rumo à possibilidade da reparação, que é o ajuste, o conserto. Colocar no lugar o que nós mesmos tiramos. Se tratamos mal alguém e nos arrependemos, imaginando que poderíamos ter escolhido melhor as palavras, que poderíamos ter utilizado um tom um pouco mais ameno, a reparação deve se dar na forma de um pedido sincero de desculpas, um reconhecimento do excesso cometido. Também podemos oferecer algum gesto a mais de generosidade para essa pessoa. Devemos sempre pensar em substituir um mal que fizemos por um bem. Esse é apenas um exemplo. Cada um de nós encontrará a sua maneira, como o coração sentir e indicar.
 * * * 
Conhecendo a realidade, cultivemos a coragem de identificar o erro, de nos arrependermos dele e, ato contínuo, façamos a reparação. Com a mente elevada às fontes sublimes da vida, desfrutemos emoções e pensamentos ideais, que nos auxiliarão a não errar. Mas, se tal acontecer, eles ajudarão a nos arrependermos e recompormos, reparando qualquer mal que tenhamos feito, liberando-nos assim da culpa. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 9, do livro Desperte e seja feliz, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Em 28.8.2017.

domingo, 27 de agosto de 2017

DE POBRES E DE RICOS

A maioria dos seres humanos deseja ser rico. Dinheiro representa privilégios, prazeres, poder. É um sonho generalizado que atinge quase todo mundo. Quem é pobre deseja melhorar de vida. Quem já é rico almeja ser milionário. E o milionário? Esse também quer mais! Quer ter bilhões. O doente acredita que o dinheiro vai lhe dar acesso a tratamento VIP. Quem está saudável sonha com viagens, jantares em restaurantes sofisticados. Anônimos querem a riqueza para se tornar celebridades. Até os idealistas, sonhadores e santos querem dinheiro. Uns sonham em melhorar o Mundo, outros planejam construir hospitais e abrigos. Todos acreditam que usarão acertadamente os recursos para o bem geral. Há até quem ridicularize o provérbio popular que afirma que o dinheiro não traz felicidade. Com um sorriso irônico, sempre há quem desdenhe a sabedoria coletiva e contraponha: Dinheiro pode até não trazer felicidade, mas ajuda um bocado. Mas há alguns aspectos da vida que não estão acessíveis à influência do dinheiro. Aliás, o poder do dinheiro refere-se exclusivamente a coisas compráveis. Naquelas coisas sutis – que são de domínio exclusivo da Divindade – o dinheiro é inútil. Ele não pode tornar mais belos os filhos dos ricos. Nem a maior fortuna do Mundo compra consolo para a mãe que perde o filho. E, por mais nobre que seja, quem pode garantir que terá amor verdadeiro? Sábias são as palavras de Jesus: Quem de vós poderá acrescentar um palmo à sua altura? A natureza nos limita: quem pode viver sem ar? Ou sem comida, ou água? Quem pode evitar a morte, a velhice ou o sofrimento, por mais dinheiro que tenha acumulado? São os limites impostos por Deus e que nos servem de advertência sobre a igualdade que reina sobre nós. Afinal, estamos submetidos às mesmas regras de nascimento, vida e morte. Ricos e pobres, todos nascemos dependentes, enrugados, pequeninos. Nenhum filho de milionário nasceu com dentes ou pronunciando as palavras. Mesmo que o berço seja de ouro, crianças ricas também estão sujeitas às mesmas limitações que atingem a infância pobre. E assim crescemos – mendigos e milionários – contemplando o mesmo sol, tendo a mesma lua como testemunha silenciosa de nossas vidas. Chuva, frio, calor nos atingem igualmente, sem aumentar ou diminuir perante a quantidade de dinheiro que carregamos. E mesmo a morte, um dia, chegará para todos. Encontrará alguns em nobres leitos, cobertos por lençóis finíssimos. A outros surpreenderá em casas paupérrimas, solitários e maltrapilhos. Mas ela virá para todos. O preço do caixão, a imponência do túmulo serão então apenas diferenças externas. No interior das sepulturas, a lei da decomposição do corpo físico alcançará aos corpos de magnatas e pobrezinhos. Passadas algumas décadas, se misturados os esqueletos de ricos e pobres, quem poderá dizer quais daqueles brancos ossos era dono de mais dinheiro? Após a morte do corpo, Deus nos pedirá contas somente do amor que nutrimos, do bem que espalhamos, da ética que cultivamos e da paz que construímos. O dinheiro? Ah, o dinheiro ficará nos cofres do Mundo, utilizado por outros administradores temporários. Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 7, ed. FEP. Em 24.8.2013

sábado, 26 de agosto de 2017

DEPENDE DE NÓS

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Conta-se que um sábio seguia por um caminho, com seus discípulos. A via era tortuosa, difícil. Em certo trecho, encontraram um carro mergulhado em um atoleiro. Admirados, viram que, ao lado do veículo, seu dono estava de joelhos, os olhos cerrados, orando fervorosamente para que Deus retirasse seu carro daquela situação. O grupo olhou aquele homem, mergulhado na prece, sensibilizou-se e prosseguiu a sua caminhada. Alguns quilômetros vencidos, encontraram outro homem com o carro igualmente mergulhado num lamaçal. Ao contrário do primeiro, esse empreendia todos os esforços para tentar tirar o carro do atoleiro. Empurrava, colocava pedras como calços, tornava a empurrar. Enquanto tudo isso fazia, no entanto, ele reclamava, esbravejava, gritava. O sábio olhou a cena, olhou para seus discípulos e os convidou a que todos juntos auxiliassem aquele desafortunado homem. Reunidas todas as forças, breve o carro foi retirado e o viajante, agradecendo, prosseguiu feliz a sua jornada. Os aprendizes, surpresos, indagaram ao mestre: 
-Senhor, explique-nos por favor. O primeiro homem que encontramos, estava orando. Era piedoso, tinha fé em Deus e não o ajudamos. Mas esse homem estava esbravejando, reclamando, era rebelde e, contudo, recebeu nosso apoio. Por quê? 
O professor, sem se perturbar, explicou: 
-Aquele que estava orando, esperava simplesmente que Deus viesse fazer a tarefa que lhe competia. Esse outro, embora desesperado em sua ignorância, empenhava-se, esforçava-se, merecendo, portanto, auxílio. 
* * * 
A breve narrativa nos convida a nos indagarmos: seremos daquelas criaturas que somente reclamam do insucesso, dos dissabores, da enfermidade? Somos dos que somente fazemos reclamar por não ter um amor, por não termos conseguido realizar o planificado para nossa própria existência? Somos daqueles que acreditamos que nascemos para sofrer, penar, sermos infelizes? Aprendemos, sim, que existem expiações que são inevitáveis, situações das quais não poderemos fugir, porque são o reflexo dos desmandos de vidas anteriores. Contudo, elas podem ser alteradas, atenuadas ou até liberadas. Isso porque os atos saudáveis conquistam méritos para superar as ações danosas. Mas, para isso, se faz necessário empreender esforços. Podemos e devemos alterar para melhor o clima que respiramos, o ambiente no qual nos encontramos. Preciso se faz alteração de rota, movimento, realização. Abandonar a queixa, os pensamentos negativos, a mesmice de cada dia. Abandonar as ideias negativas, o pessimismo porque, enquanto os alimentarmos, eles não nos abandonarão. Planejemos o presente, estabeleçamos metas para o futuro e ponhamo-nos a trabalhar, sem amargura. Lembremos, sobretudo, que não basta pedirmos ajuda a Deus. Precisamos fazer a nossa parte. E nossa parte se chama esforço pessoal, bom ânimo, perseverança. Saúde ou doença, bem ou mal-estar, felicidade ou infelicidade dependem de cada um de nós. Perguntemo-nos: O que desejamos para nosso amanhã? 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 5, do livro Momentos de saúde, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 18.3.2013.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

EMOÇÕES REPRISADAS

Setsuko Harmon
Possivelmente, uma das questões mais tristes para quem ama é ver os seus amados deixarem esta vida enquanto ainda estão a caminho. Falamos dos portadores do Mal de Alzheimer, essa enfermidade insidiosa que ocasiona a perda da memória, da atenção, da linguagem e da orientação. Os seres estão ao nosso lado mas é como se não estivessem, porque não interagem conosco. Falamos com eles, dividimos alegrias, acontecimentos, que eles esquecem no minuto seguinte. Não podemos aguardar que se alegrem com nossas conquistas senão pelo momento exato em que as comunicamos. Depois, tudo fica relegado ao profundo poço do esquecimento. Por vezes, isso gera conflitos de relacionamento, considerando que, repetindo e repetindo as mesmas coisas, várias vezes ao dia, rapidamente nos cansamos. Então, esquecidos da problemática que envolve em névoas os que amamos, desabafamos: 
-Será que não dá para prestar atenção no que eu falo? Preciso ficar repetindo a toda hora? 
São momentos decorrentes do nosso cansaço, pelos afazeres e preocupações que a vida nos exige. Logo, nos arrependemos, lembrando que o nevoeiro do esquecimento tomou de assalto as lembranças dos nossos amados. No entanto, existem exemplos de pessoas que superam essas fases, exercitando a paciência. Pessoas que descobrem fórmulas mágicas de tornar menos duros esses anos de alienação da memória. E não são poucas. Possivelmente, elas mesmas recordam que, na infância, por uma questão de aprendizagem, exigiram dos seus pais a constante repetição das mesmas respostas, reprisadas dezenas de vezes: 
-Por quê? Mas, por quê? 
Uma dessas pessoas se chama Christine Stone, cuja mãe sofre de Alzheimer. Ao se descobrir grávida, Christine contou para ela, que abriu um largo sorriso, iluminando a face e até bateu palmas. Na sucessão dos meses, enquanto a barriga ia denunciando a nova vida se desenvolvendo em sua intimidade, Christine tornou a contar e a recontar para sua mãe. Finalmente, no intuito de eternizar aquele fugaz momento de alegria, de quem se descobre a caminho de ser avó, ela resolveu gravar. E assim, dia a dia, foi contando a novidade e se surpreendendo com a reação da velha mãe. Setsuko Harmon sorriu a cada vez e se deixou emocionar. 
- Grávida? Você, Christine? 
Palmas efusivas de uma vez, um acariciar da barriga denunciadora da gravidez de meses de outra. Gravado... para não ser esquecido por quem veja e reveja as emocionantes cenas. 
* * * 
Nenhum de nós pode ter certeza do seu amanhã, de como concluirá seus dias, se conseguirá manter a lucidez até o final dos seus anos. Por isso mesmo, a sabedoria nos diz que devemos aproveitar cada momento, nos relacionamentos humanos, de forma irrestrita, ampla. Jamais deixar de abraçar, beijar, comemorar. Estar presente em cada vitória, em cada conquista. Tudo isso enquanto estamos com nossos amados e eles prosseguem conosco. Lúcidos. Presentes. O amanhã somente a Divindade o conhece. E pode ser que ele nos surpreenda com reviravoltas em nossas vidas, algo que nos impeça de estarmos verdadeiramente junto aos amores. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com relato de fato noticiado pelo www.estadao.com.br, em 7.6.2017. Em 25.8.2017.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

UM TELEFONE DIFERENTE

Itaru Sasaki
O que acontece quando nossos amores se vão pela porta escancarada da morte? Aqueles de nós que guardamos a certeza da vida que não acaba, choramos e oramos. Oramos pelo bem-estar deles. Oramos por nós mesmos, a fim de que as vibrações da prece nos tragam lenitivo à saudade. Aqueles, no entanto, que não têm o apoio da crença na Imortalidade, sofrem muito mais. Será que os amores prosseguem vivendo? Se continuam a viver, eles nos veem, nos ouvem, podem se comunicar conosco? E a dor da incerteza se soma à da saudade, tornando os dias difíceis. 
Em março de 2011, parte da costa noroeste do Japão foi devastada por um forte terremoto, seguido de um violento tsunami. Cerca de dezesseis mil pessoas morreram e duas mil e quinhentas desapareceram. Entre as vítimas, mais de quatrocentos moradores da pequena cidade de Otsuchi. Ainda hoje, em meio a ruínas e obras de reconstrução do local, habitantes vivem o luto pela perda de entes queridos. Pensando em auxiliar esses corações despedaçados, um habitante do lugar, Itaru Sasaki idealizou um poético curativo. Ele instalou em seu jardim uma cabine telefônica e, desde o terremoto, a deixou à disposição dos moradores. O jardim é muito lindo, com grama verde e flores coloridas. O telefone, desconectado, ficou conhecido como telefone do vento. A recomendação é para que a pessoa adentre a cabine, feche os olhos. Fique em silêncio. Ouça com atenção. Se ouvir o som do vento, de uma onda ou de um passarinho, deve abrir seu coração para que o seu sentimento possa alcançar a pessoa amada que se foi. O telefone do vento, que não precisa de fios, cabos, ou cartão de conta, funciona por meio da mente. Assim, faça chuva ou faça sol, todos os dias, pessoas vão usar o telefone para enviar suas mensagens. Ou simplesmente para tentar aliviar a sua tristeza. Transmitir aquele recado nunca falado. Como aquele filho que assim se expressou: 
- Oi pai, aqui é o seu filho. Deve ter sido muito duro para você ficar preso em um campo de concentração na Sibéria. Recentemente, recebi informações do governo japonês sobre a sua morte. Faz setenta anos que sofro com isso. Minha mãe morreu. Meu irmão mais novo morreu. Mas, meu irmão mais velho e eu estamos bem. Cuide-se. Estou falando do telefone do vento. Vou telefonar de novo. Tchau. 
Itaru Sasaki idealizou uma forma da pessoa se permitir conversar com quem se foi, por vezes, de forma repentina. As famílias em luto talvez tivessem algo a dizer aos seus entes queridos e não soubessem como. O telefone do vento objetiva oportunizar a conexão dos sentimentos entre os que ficaram e os que se foram para o Grande Além. Que bela e romântica maneira de auxiliar uma comunicação que, em essência, pode, simplesmente, ser realizada pelo pensamento. Diz o senhor Sasaki, em sua sabedoria de mais de sete décadas: Expressar suas emoções é uma coisa difícil de fazer. Então, as pessoas vêm extravasar seus sentimentos, aquilo que guardam no fundo da alma. O telefone é somente um instrumento palpável para estimular o que podemos fazer pelo pensamento, em qualquer lugar. Mas, para muitos, o início do exercício de uma boa comunicação entre dois mundos. 
Redação do Momento Espírita, com base em notícia da g1.globo.com. Em 23.8.2017.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

DE PAI PARA FILHO

O pai entrou de mansinho no quarto do filho que dormia tranquilamente e falou como quem tinha muito a considerar: 
-Escute, meu filho. Digo isto, enquanto você dorme aí com a mão sob o rosto e os cabelos pregados na testa úmida. Há poucos minutos, lendo o meu jornal, fui tomado de intenso remorso. Inquieto, vim para perto do seu leito. Eis o que eu pensava, meu filho: fui implicante com você; repreendi-o quando se vestia para a escola e porque não lavara o rosto com cuidado. Falei com aspereza por causa dos sapatos sujos. Gritei, zangado, quando deixou suas coisas no chão. Ao café, de manhã, achei pretexto também para resmungar.
- “Você derrama leite na toalha; devora em vez de comer.” 
Tinha os cotovelos sobre a mesa; punha manteiga demais no pão. E, quando saímos, você para brincar e eu para tomar o ônibus, você voltou-se, deu adeus com a mão e gritou: 
-“Até logo, paizinho!” 
Fechei a cara e, como resposta, disse:
-“Endireite os ombros.” 
Depois, tudo começou à tarde. Quando vinha pela rua vi-o, de joelhos no chão, brincando; suas meias estavam furadas. Humilhei-o diante dos colegas, mandando que seguisse à minha frente, para dentro de casa. 
-“As meias são caras e se você tivesse que comprá-las teria mais cuidado.”
Imagine, filho, ouvir isso de um pai! Lembra-se de quando, mais tarde, eu lia na sala e você entrou timidamente, com um traço de mágoa no olhar? Levantei o jornal, impaciente pela interrupção, e você hesitou na porta. 
-“O que você quer?” Rosnei. 
Você não disse nada, mas correu pela sala e, num pulo rápido, atirou-se sobre mim, me abraçou, me beijou e seus bracinhos me apertaram com o amor que Deus fez florescer no seu coração e que nem a minha negligência conseguia reprimir. Bem, filho, foi pouco tempo depois disso que o jornal me escapou das mãos e o meu Espírito se sacudiu por uma preocupação terrível. Que será de mim, se me escravizo a este hábito de viver xingando, estar sempre repreendendo? É a única recompensa que lhe dou por ser um menino sadio? Não é que não o ame; é que exijo demais. Meço a sua juventude pelo gabarito da minha idade. E, há tanto de bom, de excelente e verdadeiro em seu caráter! O seu pequeno coração é tão amplo como a própria aurora a descer sobre os morros. A prova está naquele impulso espontâneo de vir correndo para me beijar e me dar boa noite. Nada mais vale esta noite, meu filho. Vim para o lado de sua cama, na escuridão, onde me ajoelhei, envergonhado, como uma pequena penitência. Sei que você não compreenderia estas coisas se eu as dissesse enquanto você estava acordado, mas amanhã serei um pai de verdade. Serei mais que um amigo; sofrerei quando você sofrer; rirei quando você sorrir; morderei a língua quando me brotarem palavras impacientes. Direi repetidas vezes, como uma oração: 
“Ele é apenas um menino, uma criança.” 
Receio e temo que o tenha tomado por homem. Entretanto, meu filho, contemplando-o agora, encolhido e cansado sobre a cama, convenço-me de que você é apenas uma criança. Ainda ontem você dormia nos braços de sua mãe com a cabeça apoiada no ombro dela. Pedi demais, pedi demais! 
 * * * 
Aquele pai teve oportunidade de pedir desculpas ao filho por ter sido tão rude, mas, infelizmente, há tantos pais que só se dão conta disso depois que os filhos crescem ou partem para o Mundo Espiritual. Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita com base no artigo Pai esquecido, publicado na Revista Seleções Reader’s Digest, agosto/1945. Disponível no livro Momento Espírita, v. 4, ed. FEP. Em 18.11.2013. voltar voltar imprimir imprimir este texto indique indique este texto voltar ao topo topo © Copyright - Momento Espírita - 2017 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998

terça-feira, 22 de agosto de 2017

DE ONDE VÊM AS CANÇÕES?

Paul Simon
De onde vêm as canções? 
Da imaginação criadora do artista? 
Da inspiração superior? 
De onde vêm esses hinos que se tornam universais? 
É interessante ouvir histórias a respeito de algumas composições e nos darmos conta de como os Espíritos atuam sobre nós. Bem tinham razão ao responderem ao Codificador da Doutrina Espírita que, habitualmente, são eles que nos dirigem. A canção título do álbum de mesmo nome, Bridge over troubled water, ou seja, Ponte sobre águas revoltas, escrita por Paul Simon, se tornou um dos maiores sucessos da dupla Simon e Garfunkel, no ano 1970. Num documentário apresentado como Making of do álbum, o compositor assim se expressou: Eu não tenho ideia de como surgiu a canção. Veio de repente. Foi um dos momentos mais chocantes da minha carreira de letrista. Lembro-me de pensar: isso é consideravelmente melhor do que eu costumo escrever. Ele confessa que escreveu a canção com o intuito de proporcionar conforto a uma pessoa em dificuldade. Mas ele mesmo achou que as letras iniciais eram muito simples: Quando você estiver exausto, sentindo-se insignificante; quando as lágrimas estiverem em seus olhos, Eu enxugarei todas elas. Mais tarde, ele percebeu que era essa simplicidade que ajudou a dar à música um apelo universal. Para todos os que temos sensibilidade, bem podemos entender que ele fala a respeito do Pai de amor e bondade. A ponte que se estende sobre as águas turbulentas das nossas dificuldades, dos nossos problemas, a Providência Divina que nos alcança. Assim como dizem os versos: Quando você estiver exausto, sentindo-se insignificante; quando as lágrimas estiverem em seus olhos, Eu enxugarei todas elas. Eu estou ao seu lado, quando os tempos ficarem difíceis e os amigos não mais puderem ser encontrados. Como uma ponte sobre águas revoltas, Eu me estenderei. Quando você estiver na pior, quando você estiver na rua, quando a noite descer pesadamente, Eu o confortarei. Eu o ajudarei quando a escuridão vier e a dor estiver por perto. Como uma ponte sobre águas revoltas, Eu aliviarei as suas preocupações. Navegue no Garota de Prata. Continue navegando. Sua hora chegou para brilhar. Todos os seus sonhos estão a caminho. Veja como eles brilham. E se você precisar de um amigo, Eu estarei logo atrás. Como uma ponte sobre águas revoltas, Eu aliviarei as suas preocupações.
 * * * 
A canção se reporta à Providência Divina, ao cuidado de Deus para com cada um de nós. Ninguém que se encontre ao abandono. Ninguém que esteja esquecido. O amor de Deus vela sobre todos. E nos recorda que nascemos para brilhar, para concretizar nossos melhores sonhos, para alçarmos voos de liberdade, para conquistarmos o infinito. Sem peias, sem limites. Pensemos nisso e em como Deus é infinitamente sábio e estabelece que o bem, as coisas positivas, as verdades sejam ditas por muitas bocas e de muitas formas. Pelas crianças na sua inocência, pelos pintores com sua arte, pelos sábios com suas descobertas, pelos cantores com sua música. Pensemos a respeito. 
Redação do Momento Espírita. Em 27.09.2012.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

FILHO DE DEUS

ALLAN KARDEC
A expressão Filho de Deus é bastante empregada em nosso linguajar cotidiano. Tão utilizada que se desgastou.  
Temos ideia do que significa ser Filho de Deus? 
Sentimo-nos filhos de Deus? 
Primeiro, precisamos entender de Quem ou de Que estamos falando. A palavra Deus designa a Inteligência Suprema do Universo, a causa primária de todas as coisas. Dentro de todas essas coisas, estamos também nós, Espíritos, os seres inteligentes da Criação. Essa Inteligência, que chamamos Deus – e outros chamam por outros nomes – rege o Universo através de leis perfeitas de amor e justiça. Nada sai do Seu controle. Tudo é perfeitamente administrado por Ele. Ele também administra uma obra de beleza inimaginável. Conhecemos pouquíssimo de sua exuberância e quanto mais vamos descobrindo, mais vamos nos encantando. Como tudo se encaixa, como tudo funciona com perfeição, do micro ao macro. Tudo tem sua função na natureza, tudo se encadeia, se entrelaça, se interliga. É uma verdadeira obra de arte. Agora vem o mais interessante: fazemos parte desta obra de arte. Temos uma função importante na Criação. Quando o Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, perguntou aos mestres da Espiritualidade qual o objetivo da encarnação dos Espíritos, isto é, por que necessitamos vestir um corpo material e nos vincularmos a uma vida física, recebeu a seguinte resposta: 
-Deus impõe a encarnação aos espíritos, com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns é expiação, para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer as vicissitudes da existência corporal. Visa ainda um outro fim a encarnação: o de por o espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Aí está: a parte que nos toca na obra da Criação. Temos uma parte em tudo isso. Somos importantes, temos significado, precisamos existir. Para aqueles que, por vezes, nos sentimos insignificantes, pensemos: será que o sol se sente assim? Ele tem uma parte na grande obra universal. Mas o que é o sol diante das centenas de bilhões de sóis no Universo? Para os que gostam de contar números apenas, pode parecer insignificante. Em segundo lugar, precisamos entender que não somos partes do Criador e nem emanações dEle. Somos Sua obra, somos filhos, somos independentes dAquele que nos criou. Carregamos em nosso íntimo sua assinatura, a assinatura do grande Autor, que nos faz caminhar rumo à felicidade inevitavelmente. Um pai está sempre próximo e presente na vida de seus filhos. Não poderia ser diferente. O que acontece conosco é que não percebemos o Pai como poderíamos perceber. Alguns a ponto de dizer que Ele nem sequer existe. Essa aparente distância nós criamos pela falta de sensibilidade, que precisa ser desenvolvida. Essa sensibilidade faz parte de nossas conquistas morais, assim como a amorosidade – amor ao próximo. Juntas vão construir uma nova virtude: religiosidade. A religiosidade nos dará a capacidade de perceber o Criador, percebendo o nosso próximo e construindo um laço de amor entre nós, ele e o Pai Maior. 
Redação do Momento Espírita, com citação da questão 132, de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB. Em 21.8.2017.

domingo, 20 de agosto de 2017

DEMOCRACIA

Democracia é palavra de origem grega que significa do povo. Em essência, é o regime de governo que se caracteriza pela liberdade do ato eleitoral, pela divisão dos poderes e pelo controle da autoridade. Quando se fala em democracia, de um modo geral, diz-se que o vocábulo está desgastado, que verdadeiramente não existe a democracia. Talvez tudo dependa de como entendamos a questão. Recordamo-nos de que, quando estourou a Guerra da Coréia, a negra americana Mary Jane Mac Leod Bethune era um vulto venerando no Mundo. Conselheira da Unesco e da Onu para assuntos raciais. Certa vez, ela estava atravessando o corredor, exclusivo para negros, no aeroporto de uma cidade do sul dos Estados Unidos. Um rapaz branco saltou a cerca, a abraçou fortemente e, entre lágrimas, a chamou de mãe. O colega que com ele estava o repreendeu, dizendo: Você está louco? Não percebe como agiu de forma ridícula? Saltar a cerca e ir abraçar uma negra! O jovem, ainda emocionado pelo próprio gesto, explicou: É por causa desta negra que eu vou dar a minha vida na Coréia. Quando fui convocado para a guerra, em um país que jamais eu havia ouvido mencionar o nome, fui até meu professor de geografia e perguntei: "Onde é mesmo que fica essa Coréia?" Ele me mostrou no mapa uma região miserável, perdida, que eu não sei quem está lá. E eu vou prá lá, porque me disseram que vou salvar a democracia, que aprendi com esta negra, que ama todos os homens, sem perguntar o nome, a cor, a raça ou a crença. Como se percebe, há muitas formas de entender a democracia. Para o jovem americano, a caminho da guerra, significava amor, igualdade, defesa dos direitos. Ele partia para lutar pelo que acreditava ser o melhor. A democracia, portanto, é construída por todos e cada um. Quando respeitamos o direito alheio, quando agimos com honestidade e nobreza, estamos exercendo o direito democrático. Estamos afirmando, através de gestos e atos, que cremos no regime do povo pelo povo, para o povo. E o povo somos todos nós. Pobres, ricos, intelectuais, iletrados, negros, brancos, amarelos. Quando começarmos a olhar para o que segue ao nosso lado no ônibus, na rua, no trabalho, na escola como nosso irmão, espírito em lutas como nós mesmos, estaremos iniciando a dedilhar a cartilha da verdadeira democracia. Então, o forte será escudo do mais fraco, o poderoso amparará o frágil e todos, irmanados, seguiremos pelas vias do progresso, de mãos dadas, a passo certo e seguro. 
 * * * 
Quem ama o seu irmão, toma-lhe a cruz em que ele se encontra de braços estendidos e transforma as traves em caminhos luminosos para a liberdade. O amor fraternal serve sempre, ama, perdoa. Onde se encontre, semeia clima de otimismo. 
Redação do Momento Espírita, com base em texto recebido de Walmir Cardoso da Silva. Em 02.05.2008.

sábado, 19 de agosto de 2017

O SENTIMENTO DA GRATIDÃO

Nosso país tem muitas lendas. O índio, com seu contato direto com a natureza, suas crenças místicas, seus tantos deuses, contribuiu enormemente para isso. Nasceram então a lenda da Vitória-Régia, a estrela dos lagos; da Iara, a rainha das águas; da mandioca, o pão indígena; do Uirapuru, com sua plumagem colorida, numa combinação de preto com vermelho; do Caipora, do Curupira, com seus pés ao inverso e cabeleira vermelha... Também o negro trouxe, de seu longínquo rincão, as fantasiosas histórias como a do negrinho do pastoreio, que ganhou foro de cidadania pelos campos do Sul. Os reinos animal e vegetal oferecem personagens de toda sorte para explicar a origem de certas crenças e de certos costumes. Também para ensinar virtudes, exaltar sentimentos elevados. Conta-se, por exemplo, que, no início dos tempos, a arara era de cor vermelho vivo. Ela tinha um grande orgulho da sua longa cauda e seu belo topete. No entanto, apesar de sua beleza, era uma péssima construtora e não possuía uma casa. Observando a habilidade invejável do pica-pau, que era seu compadre, um espécime, diga-se, nada vistoso, foi a ele pedir ajuda. Pediu-lhe que lhe construísse uma bela morada. Em breve, escavando um tronco, o pica-pau ofereceu a ela um ninho quente e seguro. Por estar muito agradecida, a arara presenteou o compadre com seu topete vermelho. Segundo o folclore brasileiro, é possível se constatar a verdade dessa história, desde que as araras vivem em ninhos escavados em troncos mortos e os pica-paus apresentam seus topetes chamativos sobre a cabeça. 
 * * * 
A fábula enfatiza uma parceria, um ato de solidariedade e um profundo sentimento de gratidão, que se perpetua no tempo, geração após geração do pica-pau. Assim deveria ser o sentimento de gratidão, em nossos corações. Não desaparecer jamais. Alguns acreditamos que depois de termos agradecido pelo bem recebido, tudo está bem. No entanto, deveríamos trazer esse sentimento de tal forma arraigado que nos lembrasse de que gratidão é para sempre. Não nos devemos esquecer de quem nos beneficiou, quem nos doou suas horas, em momento difícil de nossa vida, quem nos socorreu na adversidade, quem nos ofertou um emprego, quem confiou em nós, abrindo-nos caminhos nas áreas do conhecimento ou da profissão. Não nos devemos esquecer do ombro amigo no qual choramos nossas mágoas; os braços que nos acolheram na hora da desesperança; os amigos que compartilharam a alegria do nosso casamento, do nascimento do nosso filho, de tantos aniversários. Gratidão, sentimento próprio de almas elevadas. De almas que não sofrem problemas de esquecimento das bênçãos recebidas. Almas que sabem que a amizade, o carinho, a ternura não têm preço. Por isso mesmo, todas as suas manifestações merecem a eterna gratidão. E se, enquanto ouvimos esta mensagem, nos acudir à mente a figura de alguém, a quem muito devemos, de imediato lembremos de telefonar, de enviar uma mensagem, de falar pessoalmente: Muito obrigado, por tudo que me deu… Obrigado por tudo que me fez. 
Redação do Momento Espírita, com base em fábula, colhida no site
museudaamazonia.org.br/pt/ em 2015/04/13/
A-gratidao-na-cultura-dessana-o-conto-da -arara-e-do-picapau/
Em 17.8.2017.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

CAMPANHA DA GENTILEZA

Art Buchwald
O executivo estava na capital e entrou em um táxi com um amigo. Quando chegaram ao destino, o amigo disse ao taxista: 
-Agradeço pela corrida. O senhor dirige muito bem. 
E, ante o espanto do motorista, continuou: 
-Fiquei impressionado em observar como o senhor manteve a calma no meio do trânsito difícil. 
O profissional olhou, um tanto incrédulo, e foi embora. O executivo perguntou ao amigo por que ele dissera aquilo. 
- Muito simples. – Explicou ele. Estou tentando trazer o amor de volta a esta cidade e iniciei com uma campanha da gentileza. 
- Você sozinho? – Disse o outro. 
- Eu, sozinho, não. Conto que muitos se sintam motivados a participar da minha campanha. Tenho certeza de que o taxista ganhou o dia com o que eu disse. Imagine agora que ele faça vinte corridas hoje. Vai ser gentil com todas as vinte pessoas que conduzir, porque alguém foi gentil com ele. Por sua vez, cada uma daquelas pessoas será gentil com seus empregados, com os garçons, com os vendedores, com sua família. Sem muito esforço, posso calcular que a gentileza pode se espalhar pelo menos em mil pessoas, num dia. 
O executivo não conseguia entender muito bem a questão do contágio que o amigo lhe explicava.
-Mas, você vai depender de um taxista! 
-Não só de um taxista, respondeu o otimista. Como não tenho certeza de que o método seja infalível, tenho de fazer a mesma coisa com todas as pessoas que eu contatar hoje. Se eu conseguir que, ao menos, três delas fiquem felizes com o que eu lhes disser, indiretamente vou conseguir influenciar as atitudes de um sem número de outras. 
O executivo não estava acreditando naquele método. Afinal, podia ser que não funcionasse, que não desse certo, que a pessoa não se sensibilizasse com as palavras gentis. 
- Não tem importância, foi a resposta pronta do entusiasta. Para mim, não custou nada ser gentil.
 * * * 
Você já pensou como seria bom se agradecêssemos ao carteiro por nos trazer a correspondência em nossa residência? Ao médico que nos atenda, ao balconista, ao caixa do supermercado... E a um professor, então? Quantos se mostram desestimulados porque ninguém lhes reconhece o trabalho! Se receber um elogio, se alguém lhe disser como é bom o trabalho que está realizando com seu filho, como ele influenciará todos os alunos das várias classes em que leciona! E cada aluno levará a mensagem para suas casas, seus amigos, seus vizinhos. Pode não ser fácil, mas se pudermos recrutar alguém para a nossa campanha da gentileza... Diz um provérbio de autoria desconhecida que as pessoas que dizem que não podem fazer, não deviam interromper aquelas que estão fazendo alguma coisa. Pensemos nisso e procuremos nos engajar na campanha da gentileza. Pode não dar certo com uma pessoa muito mal-humorada. Mas também pode ser que ela se surpreenda por ser cumprimentada, e responda. Melhor do que isso: pode ser que ela decida cumprimentar alguém. E, em fazendo isso, se sinta bem. E passe a cumprimentar as pessoas todos os dias. Assim estaremos espalhando o gérmen da gentileza, que torna as pessoas mais próximas umas das outras. Uma campanha que espalha confiança, tranquilidade... Pensemos nisso e façamos nossa adesão à campanha da gentileza, transformando a nossa cidade num oásis de paz. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. O amor e o taxista, de autoria de Art Buchwald, do livro Histórias para aquecer o coração, de Jack Canfield e Mark Victor Hansen, ed. Sextante. Em 16.8.2017.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

NOTA BAIXA

O diretor de uma escola islâmica do Paquistão enviou uma carta aos pais dos alunos quando os exames estavam para começar. A imagem da carta circulou o mundo, após um dos pais dividi-la em uma rede social, elogiando a postura e as palavras da escola. 
"Queridos pais, a semana de provas está para começar. Eu sei que vocês estão esperando que seus filhos se saiam bem. No entanto, por favor: lembrem-se de que, dentre os estudantes que estão sentados ali para fazer a prova, há um artista que não precisa entender de matemática; há um empreendedor que não se importa com História ou literatura; há um músico cujas notas em química não importam; há um esportista cujo preparo físico é mais importante do que a física... Se seu filho obtiver as melhores notas, ótimo! Mas se não, por favor, não tire dele sua autoconfiança e sua dignidade. Digam-lhe que tudo bem! É só uma prova. Ele foi talhado para coisas muito mais importantes na vida. Digam-lhe que, independentemente de sua nota, vocês o amam e não o julgam. Façam isso, por favor. E quando fizerem: vejam-no conquistar o mundo. Uma prova ou uma nota baixa não vai lhe tirar os próprios sonhos ou seu talento. E, por favor, não pensem que médicos ou engenheiros são as únicas pessoas felizes no mundo. Com carinho, a diretoria."
  * * * 
Vivemos num mundo onde ainda valorizamos mais a formação intelectual das crianças do que sua construção moral. Para ser alguém na vida você precisa estudar! - Quantas vezes já ouvimos ou dissemos essas palavras... É natural que pais que vieram de uma geração que não teve acesso ao estudo, à escola, desejem isso mais do que tudo para seus filhos. Compreensível esse desejo de formação do intelecto, pois isso lhes abre muitas portas no mundo. O Espírito precisa se desenvolver nessa área, precisa conhecer, precisa trabalhar para seu sustento e ainda, ser peça útil na sociedade. No entanto, o Espírito não é apenas seu intelecto. Somos nossos valores, nossas virtudes, nossas crenças. Assim, o sucesso de alguém na vida não pode ser medido apenas por suas conquistas na área do conhecimento ou na esfera material. Ter sucesso, ou melhor, ser bem sucedido na existência, significa principalmente, ser um homem de bem. Se as conquistas intelectuais não foram as melhores; se os conseguimentos materiais, de padrão de vida e patrimônio não foram os desejados ou apontados pelo mundo como excelentes, não nos preocupemos em demasia. Os padrões do mundo são doentios, por vezes, e muito disso está no campo das ilusões materialistas. Os valores de uma alma não estão nos bolsos, mas no quanto de bem pode fazer ao seu redor. Estão nas relações que edifica; estão no exemplo de dignidade que propaga para os seus. Esse é sucesso verdadeiro após toda uma vida. É isso que nos trará paz após o término de cada fase de nossa evolução. Aos pais dizemos: Tenham calma. A mais importante instituição de ensino é o lar e suas relações. É o amor compartilhado e exemplificado diariamente. São as notas das provas morais que nos farão aptos, ou não, a seguir adiante na escola das vidas sucessivas. 
Redação do Momento Espírita, com base em matéria publicada pelo jornal Independent, em 4 de outubro de 2016. Em 15.8.2

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

UM MOMENTO APENAS

CHICO XAVIER
Costumamos andar sempre apressados. A nossa desculpa é de que temos tarefas e mais tarefas nos aguardando. Nesse corre-corre diário, por vezes, nos esquecemos de atender a deveres mínimos. Como dar a correta informação da localização de uma rua, socorrer alguém que escorrega e cai na calçada. Ou atender ao telefone com calma, ouvindo o que a pessoa deseja, mesmo que seja uma ligação equivocada. Com atitudes semelhantes, vamos a pouco e pouco nos tornando criaturas distantes e indiferentes. Regidas e comandadas por compromissos sempre inadiáveis. E é tão pouco que nos é pedido, um minuto, talvez dois. Recordamos que o médium espírita Francisco Cândido Xavier trabalhava, nos dias da sua juventude, em uma fazenda modelo. Certo dia, pela manhã, saiu de casa um pouco atrasado. Ele ficara até a madrugada atendendo sofredores do mundo e se levantara alguns minutos além do horário habitual. Caminhava apressado, pelas ruas quase desertas, àquela hora da manhã. Passando frente a casa de uma velha senhora que morava sozinha, ela o viu e o chamou. Chico acenou com a mão e falou rápido, sem deter o passo: 
-Agora não posso. Na volta, no final do dia, falarei com a senhora. 
No exato momento, a mediunidade do jovem mineiro visualizou a figura serena do seu amigo espiritual que lhe falou: 
-Chico, não deixe de atender agora. É importante. 
O médium parou, voltou sobre os próprios passos, abriu o portão e se dirigiu até a casa. A senhora estava com um vidro de remédio nas mãos. Precisava saber como deveria tomá-lo. Com dificuldades de visão, não conseguia decifrar as indicações da bula, nem as da receita médica. E a medicação lhe era necessária, com a possível brevidade. Chico leu com cuidado e com paciência lhe explicou como deveria ser ministrado o medicamento. Tornou a explicar porque ela não entendera da primeira vez. Depois se despediu. Retornou à estrada, apurando o passo. De longe, pôde ouvir a senhora agradecida, quase a gritar: 
-Vá com Deus, seu Chico. Vá com Deus. 
Ele olhou para trás e percebeu que da boca da mulher saíam fluidos alvos que o alcançavam, envolvendo-o numa aura de harmonia. Outra vez, o amigo espiritual lhe disse: 
-Chico, já imaginou se não tivesse parado? 
 * * * 
JOANA DE ÂNGELIS
E
DIVALDO PEREIRA FRANCO
A quantas bênçãos nos furtamos por não estacar o passo, na nossa correria diária. Quantas oportunidades de praticar o bem, auxiliar alguém são perdidas. Por pura pressa. Isso sem pensar que, se fôssemos nós no lugar do solicitante, do necessitado, gostaríamos imensamente de ser ajudados, orientados, amparados. No momento. Não depois. Porque depois pode ser tarde demais. 
 * * * 
O bem que deixamos de fazer, podendo fazê-lo, é um grande mal. O bem que praticamos gera o prazer do bem em si mesmo. Façamos o bem em toda a parte com as mãos e o coração, orando e esclarecendo, a fim de que o trabalho da verdade fulgure em nossos braços como estrelas luminescentes em forma de mãos. 
Redação do Momento Espírita, com transcrição de frases do item Bem, do livro Repositório de sabedoria, v. 1, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Em 2.8.2017.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

DE MIGALHAS FAZ-SE O PÃO!

CASEMIRO CUNHA
Com apenas seis anos, Beatriz Martins decidiu que sua missão seria ajudar o próximo e fazer a corrente do bem se multiplicar. Um dia, passeando de carro com a família, parou em um semáforo e viu crianças, como ela, pedindo balas para os motoristas. Chocada, não conseguiu entender as diferenças sociais entre ela e aquelas crianças. Elas estavam com roupas rasgadas. Perguntei ao meu pai por que estavam daquele jeito, relembra Bia, inconformada com a cena. O pai, dedicado, deu a ela algumas explicações sobre as diferenças sociais. Mesmo assim, eu continuava não entendendo, achava uma injustiça, disse a menina. A cena não saiu da sua cabeça. Ela queria ajudar. Apesar de não saber como isso poderia ser feito, passou quatro meses guardando toda bala, pirulito ou doce que ganhasse. Quando chegasse o natal, o plano era distribuir todos os doces na comunidade daquelas crianças do semáforo. Surpreso com a atitude da filha, o pai chamou amigos, vizinhos, parentes e quem mais pudesse ajudar para recolher donativos. No Natal daquele ano, atendemos seiscentas crianças, lembra Bia. Ela ainda não sabia, mas tinha acabado de fundar sua ONG. Na Páscoa e nas próximas datas comemorativas, a menina também entrou em ação, alcançando mais duas mil crianças em todo o Estado de São Paulo. Não demorou muito para a iniciativa ganhar nome – Olhar de Bia – e se consolidar. Nos dias atuais, com treze anos e articulada como gente grande, Bia não para de multiplicar a corrente. Ampliou sua assistência para além das comunidades, e passou a fazer ações em escolas e creches. Em dezembro do ano de 2013, enviou doações para as vítimas das fortes chuvas do Espírito Santo, que deixaram mais de sessenta mil pessoas desabrigadas ou desalojadas. Somente no Natal de 2013, vinte e dois mil, cento e oitenta e sete itens, entre brinquedos, alimentos, aparelhos eletrônicos, roupas e livros foram distribuídos. A gente não faz só a ação, é um evento com trio elétrico, mágicos, brinquedos infláveis, tudo com voluntários, conta a garota. Em sete anos, o Olhar de Bia informa ter atendido mais de cem mil brasileiros. As pessoas querem ajudar, não sabem como, e sempre vão deixando essa vontade para depois, afirma. A garotinha, que já foi deputada federal mirim em Brasília, sonha em ser jornalista e lutar pelas causas sociais. Agora, ela quer mais. Pretende oferecer cursos profissionalizantes para jovens, criar parcerias com outras organizações para levar assistência odontológica a escolas da periferia e construir uma sede para a ONG. A ideia é espalhar a sementinha, ajudando cada vez mais. 
 * * * 
Um gesto de caridade
 Apaga muitas feridas
Um minuto de evangelho
Pode salvar muitas vidas.

De gotas d’água o ribeiro
É a doce e clara união
De segundos faz-se o tempo
De migalhas faz-se o pão.

Redação do Momento Espírita, com base em matéria do site www.sonoticiaboa.com.br, de 11 de janeiro de 2014, e em versos da poesia Na jornada de luz, pelo Espírito Casimiro Cunha, psicografia de Francisco Cândido Xavier, do livro Caridade, ed.IDE. Em 18.3.2014.
http://momento.com.br

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

TRABALHANDO PELO MUNDO DA NOVA ERA

Meu vizinho pintou a casa. O telhado passou por uma rigorosa limpeza e posterior cobertura protetora. Ficou lindo, brilhando. O muro mereceu tratamento específico e realçou as cores da própria casa. A rua ganhou nova vida. Interessante! Bastou a ação de um homem para enriquecer toda a quadra. E não houve quem não parasse para admirar e elogiar o conjunto final. Enquanto se ouvem relatos de bombas que consomem vidas e destroem patrimônios públicos, meu vizinho trata de embelezar o local onde reside. É um homem de fé, embora, talvez, nem se dê conta. Ele tem fé no futuro. E o prepara. Prepara a casa para si, para os filhos, para os netos. Normalmente, pensamos que homens de fé são somente os religiosos ou aqueles que, de alguma forma, comparecem de forma assídua aos templos. No entanto, toda vez que nos devotamos a contribuir com a beleza, estamos colaborando para tornar este mundo melhor. Isso tem ares de religiosidade, esse sentimento do sagrado, que se reflete na cultura do belo, do bom, do útil. Sagrada é a vida. Sagrados são os valores altruístas. Por extensão, sagrado tudo que é produto do trabalho do homem, no intuito de oferecer seu melhor. Afinal, quem não se alegra em passar pela rua e encontrar casas bem pintadas, jardins encantadores, nos quais as flores disputam beleza entre os canteiros, exalando seu perfume? Isso é a construção do mundo novo. Mundo em que todos nos empenhamos em produzir o bem para o próximo. Bem que pode se traduzir na semeadura de um jardim que cause admiração e encantamento a quem o veja. E que se inebrie com seus perfumes. Um mundo em que somente se terá em mente destruir se for para substituir por algo melhor, mais harmonioso. Que se pense e se criem espaços para convivência das pessoas. Espaços em que as crianças possam ser deixadas a brincar sem medo. Em que os idosos possam tomar sol, passear pelas alamedas, encontrar amigos, sorrir, viver. Um mundo em que possamos parar para pensar em cores novas para as cortinas, em aparar a grama, em programar a chegada de um bebê, em decidir em família por um passeio prolongado no feriado que se aproxima. Tempo para viver. Tempo para amar.
 * * * 
Entre tantos compromissos que nos tomam as horas, importante parar um pouco e nos indagarmos: Como estamos colaborando para o mundo novo? Colaboramos com coloridos renovados, contribuímos com o meio ambiente, nos relacionamos bem com a família, os colegas, os amigos? Sou um promotor da paz ou da intranquilidade? Sou o portador de notícias sempre ruins, ameaçadoras? Sou aquele que fala da queda da bolsa, da corrupção que anda à solta, do acidente que ceifou vidas? Ou sou o repórter das notas que falam de jovens vencedores em concursos de ciências; de mulheres que se fizeram mães da carne alheia; de devotados cientistas em pesquisa para a cura de doenças que atormentam a espécie humana? Se nos descobrirmos como arautos do mal, tornemo-nos pesquisadores das boas notícias, de tudo que engrandece o ser humano, de tudo que tantos estão realizando para acelerar a chegada do mundo da Nova Era. Pensemos nisso e ajudemos a construí-lo. 
Redação do Momento Espírita. Em 11.8.2017

domingo, 13 de agosto de 2017

AO MEU QUERIDO PAI

Olá, pai! Eu, que já fui criança um dia e que agora sou jovem, quase adulto, gostaria de dizer o que vai aqui dentro do meu coração, neste dia especial. Eu sei que temos tido alguns desentendimentos, mas creia papai, você é e sempre será meu grande herói. Sabe, pai, quando observo suas mãos fortes, embora algumas marcas feitas pelo tempo, penso no quanto elas significam para mim, pois foram as primeiras a acariciar as minhas, inseguras na infância. Quando vejo seus passos firmes, não esqueço de que foram eles que orientaram meus primeiros passos... Quando você me pede para ler algumas palavras que seus olhos já não conseguem ver com precisão, faço isso com carinho, pois não esqueço das palavras que você repetiu inúmeras vezes para que eu aprendesse a falar. Percebo que hoje suas decisões são mais lentas, mas sei também que minhas primeiras decisões foram por elas balizadas. Talvez você não esteja tão atualizado, quanto às novas tecnologias, mas eu me lembro bem que você pensou muito pouco em si mesmo, para fazer de mim uma pessoa de bem. Se hoje sua saúde anda um pouco debilitada, sei que muito do seu desgaste foi para garantir a minha saúde. E se você não pronuncia corretamente alguma palavra, eu entendo, pois se esqueceu de si mesmo para que eu pudesse cursar uma universidade. Se hoje sua memória o trai, não esqueço das tantas vezes que advogou a meu favor, nas situações difíceis em que me envolvia. Hoje eu cresci, papai, já não sou mais aquela criança indefesa, graças a você. Hoje a juventude me empolga as horas... Mas eu não esqueci minha infância, meus primeiros passos, minhas primeiras palavras, meus primeiros sorrisos... Acredite que tudo isso está bem vivo em minha memória, e eu sei que nesse seu peito, já cansado, ainda pulsa o mesmo coração amoroso de outrora... É verdade que o tempo passou, mas eu nem me dei conta, pois você esteve sempre ao meu lado, disposto a me proteger e a me ensinar... Sabe velho, embora eu não tenha muito jeito para falar coisas bonitas, desejo lhe dizer o quanto você têm sido importante em minha vida. Hoje você pode não ser mais aquele moço forte, quanto ao corpo, mas tem um certo ar de sabedoria que na sua imagem de ontem não existia. Eu sei, pai, que apesar de o tempo ter passado, em seu peito o coração ainda pulsa no mesmo compasso... Que o afeto que você cultivou agora floresce em minha alma... Que as emoções vividas ainda podem ser sentidas como nos velhos tempos... Hoje eu reconheço, meu pai, que apesar dos longos invernos suportados, você ainda mantêm acesa a chama de amor e ternura pelos seres que embalou na infância... Por isso tudo, e muito mais, eu quero lhe agradecer de todo meu coração: "Pela amizade que você me devota... Pelos meus defeitos que você nem nota... Por meus valores que você aumenta... Pela minha fé que você alimenta... Por esta paz que nós nos transmitimos... Por este pão de amor que repartimos... Pelo silêncio que diz quase tudo... Por esse olhar que me reprova mudo... Pela pureza dos seus sentimentos... Pela presença em todos os momentos... Por ser presente, mesmo quando ausente... Por ser feliz quando me vê contente... Por ficar triste, quando estou tristonho... Por rir comigo, quando estou risonho... Por repreender-me quando estou errado... Por meus segredos, sempre bem guardados... Por me apontar Deus a todo instante... Por esse amor fraterno sempre tão constante..." (Texto final, entre aspas, de uma mensagem recebida pela Internet, sem menção ao autor)

sábado, 12 de agosto de 2017

AO MEU PAI

Recordo-o ainda. Ele saiu, em um dia de sol, para viajar e nunca mais retornou para nossos olhos físicos. Quando o trouxeram, era somente um corpo dentro de um caixão. Lacrado, ao demais, tendo em vista os dias passados desde a sua morte. Meu pai era um homem alegre. Gostava de música, de dança, de estar com amigos, conversar, contar causos. E ele os tinha às centenas. Toda vez que retornava de viagem, os filhos, éramos três os menores, nos reuníamos em torno da mesa, na cozinha ampla, para ouvi-lo. Ele contava causos de forma pausada. Ia descrevendo as cenas, uma a uma, reproduzia os diálogos. Por vezes, meu irmão e eu, mais impacientes, o interrompíamos: E daí, o que aconteceu? Conta logo. Ele sorria mostrando seus dentes curtos, bem moldados. E continuava com a mesma calma, até o desfecho da história. Tê-lo em casa era muito bom e significava que um de nós iria dormir na cama dos pais. Por vezes, nossa mãe nos dizia que desejava ficar a sós com ele. Mas, mal despertava a madrugada, quem primeiro acordasse, corria para o quarto e se enfiava entre os dois. Ele acordava e brincava conosco, fazendo cócegas, jogando travesseiro. Era uma festa! Meu pai! Quantas saudades! Ele não era letrado. Desde bem jovem conhecera o trabalho duro. Constituíra família cedo e os cinco filhos lhe exigiam que desse o máximo de si. Insistia que precisávamos estudar. E estudar muito. A duras penas, pagou para cada um de nós o ensino fundamental, em escola particular. Escolheu a melhor escola da cidade. Pagou cursos de piano, acordeon, violino para minha irmã, que cedo entrou para o mundo da música. Meus irmãos e eu não chegamos a tanto, mas fomos brindados com o que ele tinha de mais precioso. Ensinou-nos a honestidade, ensinou-nos que melhor era ser enganado do que enganar. Viveu no tempo em que a palavra de um homem era documento mais válido do que nota promissória, duplicata ou qualquer título financeiro. Legou-nos um nome honrado e disse-nos que o dignificássemos, ao longo de nossa vida. Olhava para mim, com orgulho e dizia: Um dia você será uma pessoa muito importante! Hoje, quando viajo pelas estradas, muitas delas velhas conhecidas de meu pai, eu o recordo. Será que ele sabia que um dia eu seria alguém que viajaria, esclarecendo pessoas, ofertando cursos? Ele não conheceu todos os netos. Partiu para a Espiritualidade, em anos jovens, deixando-nos um grande silêncio n'alma. Em homenagem a ele, em nossos aniversários, nas festas de Natal e Ano Novo, nos encontramos. Rimos, ouvimos música, dançamos. Porque ele nos ensinou a sermos assim. A vida é dura, mas nós a podemos adoçar, se quisermos. - É o que dizia. Meu pai, meu mestre, onde estejas, Deus te guarde. Especialmente nesta época em que os pais são recordados pelos filhos, que os brindam com presentes. Meus irmãos e eu te brindamos com a prece da nossa gratidão: Obrigado por nos terdes dado a vida. Obrigado por nos terdes ensinado a bem vivê-la.
Redação do Momento Espírita. Em 08.08.2011.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

DE MÃOS DADAS

Andrey Cechelero
Foi publicado no jornal. Foi notícia: morreram de mãos dadas. Setenta e três anos juntos. Dois corações, feito relógios antigos e precisos, resolveram parar ao mesmo tempo. Tic tac, tic tac, tic... Mas os jornais não viram e também não foi notícia, que as mãos dadas eram duas almas entrelaçadas. Entrelaçadas assim, feito duas nuvens brancas que desfilam e flutuam juntas no céu anil. Porém, que fique claro que eram duas e não uma só. Sim, porque quando os amores são dois são muito maiores. Essa história de “tornar-se um só” é fantasia de poeta desinformado, ou despreparado. Morreram de mãos dadas... E não guardaram seu amor a sete chaves. Guardaram a sete filhos, quinze netos e seis bisnetos. Deixaram o mundo sorrindo. Chegaram de mãos dadas. 
 * * * 
São sempre inspiradoras essas histórias de casais que vão juntos até o final da presente existência. Cinquenta, sessenta, setenta anos de casamento... O que não passaram nesse tempo!... E resistiram... Resistiram a tudo e a todos. Em alguns casos a ternura, o companheirismo são tão grandes que permanecem, literalmente, de mãos dadas, isto é, nem mesmo esse hábito precioso do toque, do contato carinhoso, foi perdido. Ao contrário do que muitos pensam, esses amores não nascem prontos, aliás, não existe amor que nasça pronto: todo amor surge semente para virar árvore frondosa. A única diferença é que, através da pluralidade das existências, sabemos que, em muitos casos, essas sementes já foram lançadas há mais tempo, em outro passado – apenas isso. De resto, a fórmula, o esforço, o caminho, os desafios, são os mesmos para todos. Quando perguntados sobre qual a receita para tanto tempo assim de amor, os termos podem até mudar, mas na essência as ideias são as mesmas. Sempre iremos encontrar o respeito mútuo, a admiração de um pelo outro, o companheirismo, a doação, o sacrifício, a ternura, o perdão... Se formos aos detalhes, esta lista feliz preencheria algumas boas linhas. Todas as grandes realizações da vida são construções, sejam de uma existência, sejam de várias. O importante é estarmos conscientes e dispostos a construir, a investir e a trabalhar. Sem trabalho o amor não se edifica em nossos corações. Os grandes amores não nascem prontos. Em nossas relações a dois, nossa preocupação maior não deve ser a de se escolhemos a pessoa certa – embora toda escolha deva ser bem feita e revela muito sobre nossos interesses, sobre nosso caráter. Nossa atenção deve estar focada muito mais em construir o melhor relacionamento possível com aquela pessoa que escolhemos. E sabendo que a morte é apenas uma mudança de estado, os amores entenderão que, mesmo após o término deste capítulo, as mãos dedicadas e cheias de ternura poderão permanecer entrelaçadas na verdadeira vida, nos capítulos seguintes. * * * Morreram de mãos dadas... E não guardaram seu amor a sete chaves. Guardaram a sete filhos, quinze netos e seis bisnetos. Deixaram o mundo sorrindo. Chegaram de mãos dadas.
Redação do Momento Espírita com citação do poema De mãos dadas, de Andrey Cechelero. Em 15.12.2014.

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

A DELINQUÊNCIA

Quando se fala em delinquência, muitos pais sofrem só em pensar no que esse termo representa. Alguns de nós pensamos e repensamos em como pode uma criança, dócil e amável durante a infância, tornar-se um delinquente mais tarde. Nós não nos damos conta, mas somos, enquanto educadores, os maiores responsáveis pela delinquência que vige no mundo. O Departamento de Polícia de Houston, Texas, elaborou uma lista, enumerando 9 maneiras fáceis de criar um delinquente. 
A lista é a seguinte: 
1. Comece, na infância, a dar ao seu filho tudo o que ele quiser. Assim, quando crescer, acreditará que o mundo tem obrigação de lhe dar tudo o que deseja. 
2. Quando ele disser palavrões, ache graça. Isso o fará considerar-se interessante. 
3. Nunca lhe dê orientação religiosa. Espere até que ele chegue à maioridade e "decida por si mesmo". 
4. Apanhe tudo o que ele deixar jogado: livros, sapatos, roupas. Faça tudo para ele, para que aprenda a jogar sobre os outros toda a responsabilidade. 
5. Discuta com frequência na presença dele. Assim não ficará muito chocado quando o lar se desfizer mais tarde. 
6. Dê-lhe todo o dinheiro que quiser. Nunca o deixe ganhar seu próprio dinheiro. Por que terá ele de passar pelas mesmas dificuldades pelas quais você passou? 
7. Satisfaça todos os seus desejos de comida, bebida e conforto. (Negar pode acarretar frustrações prejudiciais.) 
8. Tome o partido dele contra vizinhos e policiais. (Todos têm má vontade para com o seu filho.) 
9. Quando ele se meter em alguma encrenca séria, dê esta desculpa: "Nunca consegui dominá-lo." 
Por último, uma advertência: prepare-se para uma vida de desgosto. É o seu merecido castigo.  
* * * 
Quando nos queixamos do desgosto por que nos fazem passar os filhos, normalmente esquecemos todos esses detalhes enumerados pela Polícia de Houston. E enquanto nossos filhos ainda são crianças imaginamos que jamais venham a delinquir. Em verdade é esse o nosso mais profundo desejo. No entanto, é bem possível que nos equivoquemos procurando acertar. Procurando fazer o melhor para esses seres tão queridos aos nossos corações. Se temos a intenção de fazer de nossos filhos cidadãos responsáveis e dignos, comecemos a prestar mais atenção na forma de educação que lhes damos. Ensinar-lhes a tolerar frustrações, ensinar-lhes disciplina, responsabilidade, é de bom senso. Consideremos sempre que nossos filhos são Espíritos reencarnados, e como tal, trazem consigo a bagagem de erros e acertos conquistados ao longo das existências. Todos renascemos para crescer na escala evolutiva. Sejamos os impulsionadores daqueles a quem Deus nos confiou a educação. Dessa forma, de nada teremos que nos arrepender mais tarde, quando tivermos que prestar contas às Leis Divinas. 
 * * * 
É na adolescência que o Espírito retoma a bagagem de experiências acumuladas ao longo da sua caminhada evolutiva. É que na adolescência o corpo e o psiquismo já estão preparados para receber essas informações. Não é outro o motivo pelo qual muitos pais desconhecem os filhos, que passam a ser outra pessoa, dizem, quando chegam à adolescência. Até aos 7 anos de idade a criança é mais receptiva aos ensinamentos. Por isso, devemos nos esmerar para passar uma educação efetiva, de forma que essa possa suplantar as informações equivocadas que porventura traga o nosso filho, de existências anteriores. 
Redação do Momento Espírita, com base em mensagem volante atribuída à Polícia de Houston,Texas – USA. Disponível no CD Momento Espírita, v. 2, ed. Fep. Em 18.01.2010.