Nosso país tem muitas lendas. O índio, com seu contato direto com a natureza, suas crenças místicas, seus tantos deuses, contribuiu enormemente para isso.
Nasceram então a lenda da Vitória-Régia, a estrela dos lagos; da Iara, a rainha das águas; da mandioca, o pão indígena; do Uirapuru, com sua plumagem colorida, numa combinação de preto com vermelho; do Caipora, do Curupira, com seus pés ao inverso e cabeleira vermelha...
Também o negro trouxe, de seu longínquo rincão, as fantasiosas histórias como a do negrinho do pastoreio, que ganhou foro de cidadania pelos campos do Sul.
Os reinos animal e vegetal oferecem personagens de toda sorte para explicar a origem de certas crenças e de certos costumes.
Também para ensinar virtudes, exaltar sentimentos elevados.
Conta-se, por exemplo, que, no início dos tempos, a arara era de cor vermelho vivo. Ela tinha um grande orgulho da sua longa cauda e seu belo topete.
No entanto, apesar de sua beleza, era uma péssima construtora e não possuía uma casa.
Observando a habilidade invejável do pica-pau, que era seu compadre, um espécime, diga-se, nada vistoso, foi a ele pedir ajuda.
Pediu-lhe que lhe construísse uma bela morada. Em breve, escavando um tronco, o pica-pau ofereceu a ela um ninho quente e seguro.
Por estar muito agradecida, a arara presenteou o compadre com seu topete vermelho.
Segundo o folclore brasileiro, é possível se constatar a verdade dessa história, desde que as araras vivem em ninhos escavados em troncos mortos e os pica-paus apresentam seus topetes chamativos sobre a cabeça.
* * *
A fábula enfatiza uma parceria, um ato de solidariedade e um profundo sentimento de gratidão, que se perpetua no tempo, geração após geração do pica-pau.
Assim deveria ser o sentimento de gratidão, em nossos corações. Não desaparecer jamais.
Alguns acreditamos que depois de termos agradecido pelo bem recebido, tudo está bem. No entanto, deveríamos trazer esse sentimento de tal forma arraigado que nos lembrasse de que gratidão é para sempre.
Não nos devemos esquecer de quem nos beneficiou, quem nos doou suas horas, em momento difícil de nossa vida, quem nos socorreu na adversidade, quem nos ofertou um emprego, quem confiou em nós, abrindo-nos caminhos nas áreas do conhecimento ou da profissão.
Não nos devemos esquecer do ombro amigo no qual choramos nossas mágoas; os braços que nos acolheram na hora da desesperança; os amigos que compartilharam a alegria do nosso casamento, do nascimento do nosso filho, de tantos aniversários.
Gratidão, sentimento próprio de almas elevadas. De almas que não sofrem problemas de esquecimento das bênçãos recebidas.
Almas que sabem que a amizade, o carinho, a ternura não têm preço. Por isso mesmo, todas as suas manifestações merecem a eterna gratidão.
E se, enquanto ouvimos esta mensagem, nos acudir à mente a figura de alguém, a quem muito devemos, de imediato lembremos de telefonar, de enviar uma mensagem, de falar pessoalmente: Muito obrigado, por tudo que me deu… Obrigado por tudo que me fez.
Redação do Momento Espírita, com base em
fábula, colhida no site
museudaamazonia.org.br/pt/ em 2015/04/13/
A-gratidao-na-cultura-dessana-o-conto-da -arara-e-do-picapau/
Em 17.8.2017.
museudaamazonia.org.br/pt/ em 2015/04/13/
A-gratidao-na-cultura-dessana-o-conto-da -arara-e-do-picapau/
Em 17.8.2017.
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