quarta-feira, 31 de maio de 2017

DA INDIFERENÇA À COMPAIXÃO

A vida moderna se desenrola em um ritmo vertiginoso. A todo instante, surgem novidades nos mais diversos setores do conhecimento humano. As pessoas colecionam centenas de amigos virtuais, que podem ser contatados sem sair de casa. Por força dessas inovações, as notícias correm o mundo em questão de segundos. As novidades mórbidas é que costumam empolgar as massas. De outro lado, impera a sensação da necessidade de ser rápido e aproveitar muito, para não perder algo importante. Ocorre que esse regime de urgência e negatividade tende a gerar relacionamentos superficiais. Quem tem centenas de amigos virtuais não costuma conviver com eles, não percebe suas reais necessidades. Tem a sensação de ser bem relacionado, quando é um solitário. Outro subproduto da vida moderna é a tendência à indiferença. O corre-corre dificulta que se preste atenção no semelhante. As notícias ruins inspiram o sentimento de ser necessário precaver-se contra a exploração e o abuso. Para não sofrer, a criatura opta por anestesiar seu sentir. Se há muitos políticos corruptos, ela deixa de prestar atenção nas ocorrências da vida pública do país. Como há bastante violência, procura nem notar o que ocorre a sua volta. Por ser evidente a má fé de alguns, afasta-se de muitos. Contudo, esse distanciamento do semelhante é artificial e deletério. O ser humano é gregário por natureza e precisa conviver para se sentir pleno. Sempre há o risco de se ferir e se decepcionar, sem que isso constitua razão para abdicar da essência da vida. Convém ser cauteloso, mas tal não pode significar renúncia ao contato social. Uma boa técnica para conviver de forma saudável em um mundo imperfeito consiste na compaixão. Ela é um dos sentimentos humanos mais nobres e se expressa como solidariedade. Implica participar do sofrimento do próximo, de forma dinâmica. Não se trata apenas de lamentar a dor alheia, de sofrer junto e nem de considerá-lo um infeliz. Ser compassivo pressupõe tomar-se do ardente desejo de auxiliar o semelhante a livrar-se do sofrimento. Justamente por seu vigor, a compaixão inspira a adoção de medidas para melhorar o mundo em que se vive. O compassivo não quer e nem consegue ser feliz sozinho. Ele não é um pessimista que acha que o mundo está perdido e nada resta para fazer. Acredita no bem e ama o progresso e por isso age com firmeza. Não violenta consciências, mas faz o que pode para que a Humanidade se renove. A compaixão é um sinal de sabedoria de quem compreende a fragilidade da imensa maioria dos homens. Entretanto, à semelhança do Cristo, não os despreza, mas os auxilia e instrui. Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita. Em 08.12.2009.

terça-feira, 30 de maio de 2017

UMA RAÇA - MUITAS CORES

A menina tem somente dois anos. Porque os pais tivessem alcançado êxito em que ela abandonasse as fraldas, resolveram comemorar. Foram para o shopping e disseram que ela poderia escolher um brinquedo. Durante vinte minutos a loirinha despejou seus olhos azuis por entre as prateleiras das bonecas porque o que ela desejava era uma boneca. E, embora tenha passado mais de uma vez, olhando cada uma delas, retornou para a primeira que vira e gostara. Era uma boneca negra, de jaleco branco e um estetoscópio pendurado ao pescoço. Feliz com seu presente, Sophia foi para o caixa. A operadora lhe perguntou, de imediato, se ela estava indo para uma festa de aniversário. Ante a negativa da pequena, no entanto, afirmou como quem tem certeza: 
-Então, você escolheu esta boneca para uma amiga. 
Porque a pequena parecesse não entender o porquê da indagação e da afirmativa, a mãe se adiantou e explicou se tratar de um presente para a própria menina. A mulher ficou perplexa. Olhou para Sophia e, não satisfeita com tudo que dissera e as explicações que recebera, indagou se ela tinha certeza de sua escolha. 
-Sim, por favor, disse a garota. 
-Mas ela não se parece com você, continuou a operadora de caixa.Na loja temos muitas outras bonecas que se parecem mais com você. 
A mãe ficou zangada e desejou dizer algo. Afinal, qual era o problema que sua filha quisesse uma boneca negra? Mas, Sophia se adiantou e defendeu a sua escolha: 
-Claro que ela se parece comigo. Ela é médica, como eu. Eu sou uma garota bonita e ela também é. Você está vendo o cabelo lindo dela? E o seu estetoscópio? 
Finalmente, a mulher disse: 
-Ah, que legal!
 * * * 
O ocorrido numa loja de brinquedos no Estado Americano da Carolina do Sul nos propõe uma reflexão sobre nossos atos com relação à igualdade racial e os padrões da sociedade. Também nos diz que, muitas vezes, quem estabelece o preconceito para as crianças são os adultos. Conforme afirmou a mãe de Sophia: 
-Esta experiência confirmou a crença de que não nascemos com a ideia de que cor da pele é algo importante. Existem várias cores de pele, diferentes tipos de cabelo, de olhos. Todos os tons são lindos. O que importa, de verdade, é a essência da pessoa, o que ela representa no mundo, em termos de dignidade, de cidadania, de hombridade. 
Grande lição nos ministrou Albert Einstein, ao preencher o formulário de imigração nos Estados Unidos, no item raça. Ele simplesmente escreveu: humana. Somos seres humanos. Quando nos revestiremos de humanidade, deixando de criar separações pela simples cor da pele? Quando olharemos uns para os outros com olhos de ver, com olhos de respeito e consideração? Por que estabelecemos tantas separações se somos todos filhos do mesmo Pai, vivemos no mesmo grande lar, chamado Terra? Será que não podemos pensar que Deus nos permite as diversas cores de pele simplesmente para que elas deem um tom especial para a vida, tornando-a mais bela? Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base em fato relatado no 
Em 30.5.2017.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

HERANÇA DE IMORTALIDADE

Quem parte leva saudades de alguém que fica chorando de dor... 
Os versos da canção popular traduzem o que, ainda hoje, acontece no mundo. A morte prossegue a ser vista com horror e a vestir-se de negro. O que deveria ser um momento de reflexão e de prece transforma-se em grandes lamentações. Há dois mil anos, um Sublime Mensageiro, nas terras da Galileia, cantou a Imortalidade. Mais do que conviver com os Espíritos, falar com eles, amá-los, o que atestam os escritos dos evangelistas, Ele mesmo retornou após a morte. Ele dissera que, se destruído fosse o templo de Seu corpo, em três dias Ele retornaria. E o fez. Esteve com os Seus apóstolos, entrando no cenáculo totalmente fechado. Sou eu, não temais! Permitiu que o incrédulo Tomé lhe tocasse a chaga aberta no peito. Aos discípulos que seguem a Emaús, igualmente se identifica. Durante quarenta dias, esteve com eles, intensamente, em variados momentos. Exortando-os à coragem, ao trabalho, ao dever. Amigo Incondicional, assegurou que onde houvesse duas ou mais pessoas, reunidas em Seu nome, Ele ali se faria presente. E assim tem sido ao longo dos séculos que se dobraram, no tempo. Ele, o Mestre, nos deu a lição imortalista, demonstrando que a morte não é o fim. 
- Vou à frente, preparar-vos o lugar, também prometeu. 
Cabe-nos, então, reflexionar um tanto mais a respeito desse fenômeno que a todos alcança, sem exceção alguma: a morte. A morte que chega devagar, após enfermidades longas e dolorosas. A morte que vem de rompante, levando os nossos amores. A morte que não faz diferença entre raça, idade, posição social. A todos ela abraça. Naturalmente, que sempre se terá a dor da separação. A partida é a dor da antecipada saudade. A dor pela ausência de quem parte. No entanto, da mesma forma que nos despedimos no aeroporto, na rodoviária, nos lares, dos afetos que buscam outras terras, em férias, não cabe desespero. Chora-se somente pela ausência, pela saudade, sem lamentar, porque guardamos a certeza de que logo mais voltaremos a nos encontrar. Da mesma forma que vamos ao encontro de quem está em férias, depois de um período, também acontece com a morte. Um dia, tornaremos a estar juntos. Quando partirmos, eles estarão nos aguardando na fronteira da espiritualidade. Na Terra, quando estamos distantes, vamos utilizando todas as formas de comunicação de que dispomos para arrefecer a saudade. Quando os amores partem para a pátria espiritual, utilizemos os fios mentais da recordação dos tempos felizes juntos, e a oração, para conversarmos com eles. E nos será, então, bastante comum sonharmos com os amores que se foram e continuam a nos amar. Serão momentos gratificantes de abraços, de reencontros. Momentos que irão envolvendo a nossa imensa saudade em suaves lembranças. Um dia, tornaremos a estar juntos, neste mundo ou no outro. Somos imortais, filhos da luz, herdeiros do Universo. Confiemos: ninguém morre. Todos retornamos à casa do Pai, destino final dos que fomos criados pelo Seu amor soberanamente justo e bom. Pensemos nisso e enxuguemos nossas lágrimas de revolta, de inconformação, deixando que escorram somente as da saudade, do amor, das lembranças de tantos momentos bem vividos. Transformemos nossos adeuses em até breve!
Redação do Momento Espírita. Em 29.5.2017.

domingo, 28 de maio de 2017

DÁDIVAS DE DEUS

Você já se deu conta, alguma vez, de quantas pessoas já passaram por sua vida? Já percebeu que algumas entram em sua vida por uma razão, outras por uma estação e algumas permanecem a vida inteira? Quando alguém penetra em sua vida por uma razão, é geralmente para suprir uma necessidade que você demonstrou. Esse alguém vem para auxiliá-lo numa dificuldade. Para lhe fornecer orientação e apoio e ajudá-lo física, emocional ou espiritualmente. Tão importante se faz a presença dele que você acredita que ele é uma dádiva de Deus. E é. Depois, um dia, da mesma forma que entrou em sua vida, assim também ele se vai. Pode ir através da porta da morte ou simplesmente partir para outros lugares. Mas a sua necessidade foi atendida e o trabalho daquela pessoa foi feito. As suas orações foram atendidas e agora é tempo de ir. Por outro lado, existem pessoas que entram em sua vida por uma estação. É um período mais longo. Trazem a experiência da paz, da tranquilidade. Ensinam alguma coisa que você nunca havia feito antes. Essas são a dádiva de Deus mais prolongada, manifestando-se em semanas e meses. Permanecem com você por um período. Por vezes, são as que encaminham os seus primeiros passos na profissão e, tão pronto o conseguem, desaparecem das suas vistas. Mudam-se para outras estâncias, tomam outros caminhos e é possível que você nem mais as encontre nesta vida. De outras vezes, são aqueles que amparam os anos da sua infância ou da sua juventude e tão logo percebam suas pernas firmes, as ações seguras, também se vão, deixando somente as marcas da sua presença no seu caráter: honestidade, honradez, perseverança. Finalmente, existem os que penetram sua vida durante toda a sua duração, nesta Terra. Esses ensinam lições para a vida inteira. Coisas que você deve construir para ter uma formação emocional sólida. São irmãos que crescem com você e, mesmo depois de formarem seus próprios lares, continuam a realizar com você muitas coisas. São pais que atravessam os anos, até a velhice, acompanhando os seus passos, incentivando sempre. É o cônjuge que se transforma em parceiro das lutas mais acerbas e dos momentos mais doces. Todos eles, os que chegam por uma razão, uma estação ou a vida inteira são as dádivas de Deus na sua vida. Saiba reconhecê-las e apreciá-las. 
 * * * 
Você está mergulhado no oceano do amor de Deus. Todos os dias, gotículas Desse amor alcançam você, no sorriso do seu filho, no abraço do amigo, na palavra confiante de um colega, no incentivo de quem ama e confia em você. Em sua vida, não deixe de olhar ao seu redor e descobrir essas preciosidades que Deus envia ao seu caminho por uns dias, uns meses ou até para além da morte. São expressivas bênçãos de Deus, presentes da Divindade aos Seus filhos, mergulhados na carne, sempre carentes de cuidados e amor. 
Redação do Momento Espírita com base no texto Amigos de circo, de autoria ignorada. Em 4.12.2013.

sábado, 27 de maio de 2017

A DÁDIVA DE VIVER

Por vezes, você caminha pela vida com o olhar voltado para o chão, pensamento em desalinho, como quem perdeu o contato com sua origem Divina. Olha, mas não vê... Escuta, mas não ouve. Toca, mas não sente... Perdido na névoa densa, que envolve os próprios passos, não percebe que o dia o saúda e convida a seguir com alegria, com disposição, com olhar voltado para o horizonte infinito, que lhe acena com o perfume da esperança. Considere que seu caminhar não é solitário e suas dores e angústias não passam despercebidas diante dos olhos atentos do Criador, que lhe concede a dádiva de viver. Sua vida na Terra tem um propósito único, um plano de felicidade elaborado especialmente para você. Por isso, não deixe que as nuvens das ilusões e de revoltas infundadas contra as leis da vida tornem seu caminhar denso e lhe toldem a visão do que é belo e nobre. Siga adiante refletindo na oportunidade milagrosa que é o seu viver. Inspire profundamente e medite na alegria de estar vivo, coração pulsante, sangue correndo pelas veias e você, vivo, atuante, compartilhando deste momento do mundo, único, exclusivo. E você faz parte dele. Sinta quão delicioso é o aroma do amanhecer, o cheiro da grama, da terra após a chuva, do calor do sol sobre a sua cabeça ou da chuva a rolar sobre sua face. Sinta o imenso prazer de estar vivo, de respirar. Respire forte e intensamente, oxigenando as idéias, o corpo, a alma. Sinta o gosto pela vida. Detenha-se a apreciar as pequeninas coisas que dão sentido à vida. Aquela flor miúda que, em meio à urze sobrevive linda, perfumosa, a brilhar como se fosse grande. Sinta-se vivo ao apreciar o voo da borboleta ou do pássaro à sua frente. Escute os barulhos da natureza, a água a escorrer no riacho ou simplesmente aprecie o céu, com suas nuvens a formar desenhos engraçados, fazendo e desfazendo-se sob seus olhos. Quão maravilhosa é a vida! Mas, se o céu estiver escuro e você não puder olhá-lo, detenha-se no micro- universo, olhe o chão. Quanta vida há no chão... Minúsculos seres caminhando na terra, na grama... A formiga na sua luta diária pela sobrevivência... A aranha, a tecer sua teia caprichosamente e tantas coisas para ver, ouvir, sentir, cheirar, para fazer você sentir-se vivo. Observar a natureza é pequeno exercício diário que fará você relaxar, esquecer por instantes as provas, ora rudes, ora amenas, que a vida nos impõe. Somos caminhantes da estrada da reencarnação somando, a cada dia, virtudes às nossas vidas ainda medíocres mas que se tornarão luminosas e brilhantes. Aprenda a dar valor à dádiva da vida. Isso fará o seu dia se tornar mais leve e, em silêncio, sem palavras, sem pensamentos de revolta, você terá tido um momento de louvor a Deus. Aprenda a silenciar o íntimo agitado e a beneficiar-se das belezas do mundo que Deus lhe oferece. A sabedoria hindu aprecia, na natureza, o que Deus desejou para ela: que fosse aliada do homem no seu progresso, oferecendo o alimento, dando-lhe os meios de defender-se das intempéries. E, sobretudo, sendo o seu colírio diário suavizando as aflições da vida. Pense nisso, e aprenda a dar graças pela dádiva de viver. 
Redação do Momento Espírita, com base em mensagem do Espírito Stephano, psicografia de Marie-Chantal Dufour Eisenbach, na Sociedade Espírita Renovação, em junho de 2005. Em 31.01.2010.

sexta-feira, 26 de maio de 2017

DA CRIANÇA AOS PAIS!

AMÉLIA RODRIGUES(Espírito)
-Antes que seja tarde demais... Não tenham medo de ser firmes comigo. Eu prefiro assim, pois sua firmeza me traz segurança. Não me tratem com excesso de mimos. Nem tudo que peço e desejo ... me convém. Não me corrijam na frente de outras pessoas. Prestarei muito mais atenção se vocês falarem comigo baixinho e a sós. Não permitam que eu forme maus hábitos. Dependo de vocês para descobrir o que é certo, ou errado, na minha idade. Não façam promessas apressadas. Lembrem-se de que me sinto mal, quando as promessas não são cumpridas. Não me protejam das consequências dos meus atos. Às vezes, preciso aprender através da dor. Não sejam falsos ou mentirosos. A falsidade me deixa confusa, desnorteada. E acabo perdendo a confiança em vocês. Não me incomodem com ninharias. Se assim agirem, terei de proteger-me, aparentando surdez. Nunca deem a impressão de ser perfeitos ou infalíveis. O choque será grande demais quando eu descobrir que vocês estão longe disso. Não digam que meus temores são tolices. Eles são terrivelmente reais. Se vocês usarem de compreensão para comigo, ficarei mais serena e tranquila. Não deixem sem resposta as minhas perguntas. Do contrário deixarei de fazê-las, buscando informações em algum outro lugar. Não julguem humilhante um pedido de desculpas. Um perdão sincero torna-me surpreendentemente mais calorosa para com vocês. Não subestimem a minha capacidade de imitação. Eu estarei sempre seguindo os seus passos com a certeza de que me conduzem pelo caminho certo. Habituem-se a ouvir meus apelos silenciosos. Nem sempre consigo expressar meus sentimentos com palavras. Respeitem as minhas limitações e fragilidades. Nem sempre consigo fazer tudo o que os deixa orgulhosos. Ensinem-me a amar a Deus, pois não quero ser um adulto sem fé nem esperança. E não se esqueçam jamais que, para desabrochar e florescer, preciso de muita compreensão e carinho e, acima de tudo, de muito amor... 
* * * 
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Nosso filho é o discípulo amado que Deus pôs ao alcance do nosso coração enternecido, no entanto, a nossa tarefa não pode ir além daquele amor que o Pai propicia a todos, ensinando, corrigindo e educando através da disciplina para a felicidade. Mostremos-lhe a vida, mas deixemo-lo viver. Falemos-lhe das trevas, mas demos-lhe a luz do conhecimento. Mandemo-lo à escola, mas façamo-nos mestres dele no lar. Apresentemos-lhe o mundo, mas deixemo-lo construir o próprio mundo. Tomemos-lhe as mãos e as coloquemos no trabalho, ensinando com o nosso exemplo, mas não lhe desenvolvamos a inutilidade, realizando as tarefas que lhe competem. Cumpramos o nosso dever amando-o, mas exercitemos o nosso amor ensinando-o a amar e fazendo que no serviço superior ele se faça um homem para que o possamos bendizer, mais tarde. Nosso filho é semente divina; não lhe neguemos, por falso carinho, a cova escura da fertilidade, pretextando devotamento, porque a semente que não morrer jamais será fonte de vida. Nosso filho é a esperança do mundo; não o asfixiemos no egoísmo dos nossos anseios, esquecendo-nos de que viemos à Terra sem ele e retornaremos igualmente a sós, entregando-o a Deus conforme as Leis sábias e justas da Criação. 
Redação do Momento Espírita com base no texto A criança, do jornal Perfil policial, de outubro de 1999 e no cap. 37, do livro Crestomatia da imortalidade, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 31.01.2011.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

DOCE COMPANHIA

Sheryl Blanksby
Quem tem crianças em casa está acostumado com barulho, com brinquedos espalhados, com sobe e desce pelas escadas. Com correrias, com gritos de alegria porque teve êxito no jogo, ou está se divertindo com o mais recente presente. Também sabe que, quase sempre, quando um grande silêncio acontece, a não ser que estejam dormindo, o sinal é de que elas estão aprontando alguma coisa. Por isso, aquela mãe de dois meninos, Sheryl Blanksby, desconfiou da ausência de barulho. O que estaria acontecendo? O que o menino maior estaria aprontando com o seu irmãozinho? Ela resolveu averiguar. Qual não foi sua surpresa ao encontrar William, deitado no colchão, ao lado do irmão Thomas, de apenas um ano. O mais extraordinário é que ele acariciava o bebê, com delicadeza e lhe dizia, sussurrando: 
-Kuya está aqui. Está tudo bem. 
A cena foi demais comovente porque o bebê sofre com um tipo raro e agressivo de câncer, descoberto na sexta semana de vida. Até então, Thomas parecia completamente saudável. Mas, ao examinar um caroço em sua barriga, os médicos descobriram um grande tumor no rim esquerdo. A doença acomete apenas vinte e cinco pessoas a cada ano, nos Estados Unidos. A taxa de sobrevivência mal ultrapassa os trinta por cento. Então, a família decidiu viver intensamente o tempo que resta com o bebê. A mãe registra cada momento de seu pequeno guerreiro, nas redes sociais.
- Meu coração se parte a cada sorriso que ele me dá. Acordo querendo que seja um pesadelo, mas olho para ele e lembro que é real. Vou para a cama com medo e peço todos os dias para aquela não ser a nossa última noite, relatou ela. 
E ali estava William confortando o irmãozinho, como a lhe dizer que ficasse tranquilo porque ele estava ao seu lado. Talvez quisesse acalmá-lo, no sentido de que não tivesse medo da dor, da morte, da partida, que pode acontecer a qualquer momento. Talvez desejasse simplesmente afirmar: 
-Sou seu irmão, estou aqui. Você não está sozinho. 
Quando pensamos que as crianças não entendem certas situações, nos surpreendemos. Elas têm, normalmente, um entendimento muito maior do que possamos imaginar. E quando deixam que o afeto extravase, são capazes de atos comovedores. Olhando as fotos no Instagram, postadas pela mãe, cogitamos se esse menino não veio justamente para auxiliar o irmão, na sua dura provação. Por isso, a fala delicada: 
-Kuya está aqui. Tudo vai ficar bem. 
Que doce entendimento de que o amor consola, alivia dores, ampara quem chora. Pudéssemos sempre lembrar dessa verdade e menos vezes nos recolheríamos para dentro de nós mesmos, quando o sofrimento nos alcançasse. Menos vezes nos entregaríamos à tristeza, à depressão. Porque todos temos alguém que nos ama. Um pai, uma mãe, filhos, cônjuge, um amigo, um companheiro. Pode até ser a simples presença de um cão que nos recebe à porta, latindo, que salta e nos lambe. Ou um gato que se esfrega em nossas pernas, num repetido afago. Muito bem já nos foi ensinado: o amor é de essência divina. Usufruamos do amor que nos é ofertado. Ofertemo-nos em amor a quem caminha ao nosso lado, entre dificuldades. 
Redação do Momento Espírita, com base em nota colhida na internet. Em 24.5.2017.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

CONECTE-SE

Andrey Cechelero
Primeiro ela encontrou a lua. Descoberta fabulosa! Conectou-se com ela. Que alegria! 
-Lua! Lua! Repetia para mim e para todos que ia encontrando pela via movimentada em frente à escola. 
Sua admiração parecia estar dizendo: 
-Como vocês não estão todos olhando para o alto? Como vocês não estão admirando aquilo lá no céu?! 
Debruçou-se na janela de um veículo parado. Convidou a menina desconhecida para contemplar o astro também: 
-Lua! 
E apontava para a grande letra C firmada na amplidão laranja daquele final de tarde de outono. Depois começou a me falar numa língua estrangeira, difícil, mas extremamente bela. Falar sem parar, como quem precisa contar e contar. Estou aprendendo com ela – um pouquinho cada dia. Eu segurava sua mão fortemente, pois de tão rápida, tão leve e feliz, ela poderia, a qualquer momento, sair voando por aí – e não tínhamos permissão para levantar voo naquele momento... A outra mão, livre e agilíssima, agarrou uma bolsa de mulher e puxou. 
-Oi! – Disse minha filha, sorrindo em meio a duas covinhas. 
-Desculpe! – Disse eu, meio sem jeito. 
Aquela pessoa cruzava nosso caminho a passos largos e olhar duro. Não sabíamos seu nome, de onde vinha, para onde estava indo. Só vimos que ela cuidava do chão e da bolsa. Retribuiu o cumprimento com um sorrir inesperado e seguiu. Amélie tem superpoderes. Um deles é enxergar pessoas invisíveis e se conectar a elas. Mais adiante ela descobriu um homem de meia idade, tez castigada pelo sol, puxando com dificuldade um carrinho repleto de recicláveis. Ele estava embalado, não poderia parar na ladeira, mas foi irresistível. 
-Oi!! – Disse ela, encantadora, sacudindo as mãos.
Não era um Oi pró-forma, por educação, não. Ela mudou o rumo de seu caminhar e foi até ele, exuberante. Ele freou com dificuldade, recostou o instrumento de trabalho com cuidado - pois o peso era imenso - soltou as mãos da barra e fez questão de cumprimentar como se deve, como gente mesmo – mão com mão, olhando no olho. E tudo isso aconteceu em menos de dez minutos de nossas vidas... A partir desse dia passei a buscar minha filha na escola deixando o carro o mais longe possível dos portões, só para poder caminhar mais em sua companhia e ser surpreendido todas as vezes. 
* * * 
Em tempos em que falamos tanto em conexão, em estarmos conectados com o mundo todo, poderíamos levantar uma questão: Que tipo de conexão realmente devemos buscar na vida? Com o que devemos nos conectar? Termos milhões de informações não nos faz melhores e mais felizes; sabermos que a comunicação está veloz como nunca não resolve nossos conflitos; ler o que escrevem e pensam nossos amigos não nos faz menos solitários. Onde está então a verdadeira conexão? Onde sempre esteve: no coração. Nada mudou. Nossas carências ainda são as mesmas e o caminho para construirmos uma sociedade mais digna permanece o mesmo: o amor. Assim, faça conexões com essa força maior que nos rege através da sua sensibilidade. Conecte-se à sociedade através de seu próximo. Esteja conectado ao mundo através de sua família. Conecte-se ao Universo todo através do amor. 
Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria de Andrey Cechelero. Em 23.5.2017.

terça-feira, 23 de maio de 2017

SERVIDORES DE DEUS

RABINO ISRAEL MEIR LAU
E
KAROL WOYJTILA,PAPA SÃO JOÃO PAULO II
Numa sala de audiências do Vaticano, o papa Joao Paulo II recebeu a visita de uma das mais altas autoridades religiosas do judaísmo, Israel Meir Lau, o grão rabino do Estado de Israel. O papa já se encontrava com a síndrome de Parkinson, por isso foi pedido que a entrevista não se alongasse em demasia. O rabino tomou a palavra e iniciou interessante relato: 
-Em 1942, numa aldeia no norte da Polônia, os nazistas, fazendo a seleção dos judeus para os campos de extermínio, levaram um pai de família. A esposa, que ficara com um filho de apenas dois anos, temeu ser a próxima vítima e decidiu salvar o filho. Muito amiga de uma mulher católica, a procurou para que adotasse o seu menino. A senhora pensou um pouco e concordou. Nesse exato momento, a dama judia lhe fez um pedido: 
-“Há um detalhe, no entanto. Meu filho é judeu e tenho certeza de que ele veio à Terra para uma missão muito especial. Então, quando essa guerra acabar, e um dia haverá de acabar, eu peço que mande meu filho para Israel, para que ele possa desenvolver o ministério que Jeová lhe destinou.”
Ante a concordância da amiga, ali ficou a criança. Naquela semana, a mãe judia foi levada para o campo de extermínio. O tempo passou. Acabou a guerra. Quando a criança completou seis anos, em 1946, a mãe adotiva o desejou batizar na igreja de sua fé. Mas, lembrou da promessa. E agora, o que fazer? Então, ela procurou o pároco da sua aldeia para se aconselhar. Depois de ouvi-la, ele lhe deu uma resposta rápida e segura: 
-“Como cristã, você não pode defraudar a confiança que aquela mulher levou ao túmulo. Assim, você deve mandar o menino para Israel, conforme se comprometeu.” 
Com o coração em frangalhos, ela se despediu do filho adotivo e o encaminhou a Israel. Manteve correspondência com ele, visitou-o várias vezes. 
-Então, Santidade, quero lhe dizer que aquele menino se tornou um rabino. Aquele menino sou eu. O fato pareceu muito interessante a Karol Wojtyla, mas passou a ser realmente comovedor quando o grande rabino concluiu: 
-Sua Santidade sabe o que é mais importante nisso tudo? Sabe quem foi o sacerdote que aconselhou aquela mulher, naquele ano de 1946? Aquele sacerdote era Sua Santidade, na época pároco da aldeia. 
Os dois se abraçaram, envolvendo-se em lágrimas. Um era o representante da nação católica. Outro, um rabino israelense, reverenciado por judeus e não judeus no mundo inteiro. Tinha razão aquele coração de mãe em dizer que seu filho tinha uma missão. E visão de verdadeiro homem de bem aquele pároco, que bem aconselhou a mãe adotiva. 
* * * 
Os grandes homens vêm ao mundo para servir ao bem. Sua causa é a Humanidade, a paz, o amor, acima de qualquer seita, doutrina ou religião que seguem. E o Divino Pai os coloca em muitos lugares do planeta, a fim de que todos os Seus filhos, neste bendito lar chamado Terra, possam sentir de mais perto o hálito do Seu amor, pela palavra dessas criaturas. Sentir o Seu abraço através dos braços de homens e mulheres que no mundo se entregam ao serviço dos seus irmãos. E esta é a grande verdade: somos todos filhos do mesmo Pai, vivendo neste planeta azul, com o objetivo de nos amarmos e crescer, até alcançar as estrelas. 
Redação do Momento espírita, com base em entrevista noticiada pela mídia. Em 22.5.2017.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

O CUSTO DA GRATIDÃO

Mark Victor Hansen & Jack Canfield
Qual será o melhor método para se ensinar a virtude da gratidão aos filhos? Haverá uma fórmula especial que dê resultado garantido? Por vezes, o mais acertado provém de uma tomada de atitude, que determina um período de reflexão. Mais ou menos como aconteceu com aquele garoto aos seus 13 anos. Ele e o pai costumavam passear juntos aos sábados. Nada espetacular. Simplesmente uma ida ao parque, ou à marina para olhar os barcos. Por vezes, uma visita em lojas de bugigangas, só para comprar aparelhos eletrônicos baratos, para desmontá-los ao chegar em casa e verificar seu sistema de funcionamento. Algumas vezes havia uma parada na sorveteria. Randal nunca sabia se o pai iria ou não parar na sorveteria. Por isso, esperava ansioso, na volta para casa, que o pai enveredasse por aquela esquina decisiva. A esquina que significava animação e água na boca. O pai do garoto, por vezes, tomava o caminho mais longo. Dizia que era para mudar um pouco o trajeto. Em verdade, parecia um jogo, onde ele ficava testando o autocontrole do filho. Quando chegava na esquina, ele oferecia: 
- Quer um sorvete de casquinha? 
O garoto pedia sorvete de chocolate, e o pai, de creme. Andavam devagar até o carro e ficavam saboreando o sorvete. Para o garoto, aquilo era o paraíso. Certo dia, em que rumando para casa, passavam pela esquina, o pai perguntou: 
-E aí, quer um sorvete de casquinha hoje? 
-Boa pedida! Disse Randal. 
-Também acho, concordou o pai. Não quer pagar hoje? 
O sorvete custava então vinte centavos. A cabeça de Randal começou a girar. Ele podia pagar. Ganhava uma mesada semanal de vinte e cinco centavos, mais uns trocados por serviços eventuais. Mas ele queria economizar. Economizar era importante. E, por se tratar do seu dinheiro, Randal achou que sorvete não era um bom investimento. E aí ele disse as palavras mais feias que podia ter dito naquele momento: 
-Bom, nesse caso, acho que vou desistir. 
Kimberly Kirberger
A resposta do pai foi lacônica. Concordou e começou a andar em direção ao carro estacionado. Assim que fizeram a curva a caminho de casa, o garoto percebeu o quanto estava errado. Como ele pudera ser tão mesquinho? Seu pai já perdera a conta de quantos sorvetes lhe pagara e ele nunca comprara nenhum para ele. Como ele pudera perder aquela oportunidade rara de dar alguma coisa àquele pai tão generoso? Pediu ao pai que voltasse. Em vão. Randal ficou se sentindo péssimo por seu egoísmo, sua ingratidão. Foram para casa. Aquela semana foi terrível, longa, angustiante. O pai não agiu como se estivesse desapontado ou desiludido. Contudo, o garoto pensava e pensava. No final de semana seguinte, quando fizeram o novo passeio, ele fez questão de conduzir o pai até à sorveteria e lhe oferecer, sorrindo: 
-Pai, quer um sorvete de casquinha hoje? Eu pago! 
Naqueles dias, Randal aprendeu que a generosidade tem mão dupla, que a gratidão algumas vezes custa um pouco mais do que um simples obrigado. No seu caso específico, lhe custou vinte centavos. E lhe valeu uma lição para a vida.
* * * 
No processo da educação, quase sempre um gesto tem efeito mais poderoso do que muitas palavras. A sabedoria está, para o educador, em saber usar as palavras certas, nos momentos adequados e a utilizar a eloquência do silêncio, nas horas precisas. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. O custo da gratidão, de Randal Jones, do livro Histórias para aquecer o coração dos adolescentes, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Kimberly Kirberger, ed. Sextante. Em 31.01.2010.
http://momento.com.br

domingo, 21 de maio de 2017

UM CURSO FORMIDÁVEL

A vida terrena pode ser comparada a um curso numa escola muito dinâmica. Oferece ao Espírito que nela se matricula uma programação capaz de fazê-lo chegar ao Pai Criador, de forma eficiente e gradativa. Nesse curso, cada um extrairá dele o que realmente precisa para o enriquecimento do seu currículo. Cada qual demora o tempo que lhe é devido, em razão do tipo de coisas que precisa aprender, dentro do grande projeto de Deus, chamado eternidade. O período inicial, a introdução do curso, se chama infância. Todos sabemos que para se conseguir avançar em qualquer curso, a base se faz indispensável. Quem deseja aprender a ler, começa por tomar contato com as vogais, o alfabeto, para depois unir sílabas, palavras e elaborar frases. A infância é o período em que devem ser trabalhadas as virtudes, os valores, disciplinando as paixões e os maus hábitos. Quando a criatura chega na adolescência, adentra o primeiro estágio do curso. Nessa fase, expressará tudo o que a infância tenha fixado de grandezas ou de pequenezes, de belezas ou de feiúras, aos níveis do avanço intelectual e progresso moral. Superados os tempos adolescentes, chegará o segundo estágio, o da juventude. O período da madureza seria o terceiro estágio, onde quase sempre enfrenta os desafios das realizações do casal, da criação e encaminhamento dos filhos, das conquistas profissionais. E, finalmente, ingressa no quarto estágio, que seria a velhice. Nesse, pesará toda a bagagem de conhecimentos, de desenvolvimentos que haja elaborado através do tempo. As bênçãos de afetos conquistados, as alegrias pela colheita de ternura, júbilos pelas memórias felizes de feitos, saudáveis lembranças ou lamentos por eventual mau aproveitamento das horas. Cada fase é importante. Tem suas particularidades. Quando a introdução do curso tenha sido bem feita, isto é, a infância bem trabalhada, a adolescência tenha realizado investimentos para a madureza, com boas ações na juventude, o adulto se apresentará equilibrado. Se tiverem sido mal feitos os estágios precedentes, menos recursos terá o indivíduo adulto para trilhar com segurança a estrada que lhe está assinalada. Dessa forma, cada período de vida na Terra se torna importante. O objetivo é o crescimento para Deus que, como zeloso Pai, está sempre atento, por meio de Suas Leis, aos boletins de aproveitamento dos Seus filhos. Contemplada desse ponto de vista, a vida deixa de ser um simples desenrolar de dias, cheios de tarefas, correrias e cansaço, para se tornar uma oportunidade excelente de progresso. E quem quer que se conscientize de que participa de um curso de aperfeiçoamento, entenderá que tudo que ocorre tem uma razão para acontecer. Então, a dificuldade deixa de ser incômoda para se transformar em chance de testar a capacidade de resolver problemas. A multiplicidade das tarefas que exige atenção não é problemática de difícil solução, pelo contrário, é motivo de disciplina e aproveitamento do tempo. A enfermidade deixa de ser vista como infelicitadora para se tornar uma amiga que permite testar a possibilidade de superar limites. Enfim, tudo, a cada dia, ganha destaque e relevância, pois entra no cômputo da graduação para o progresso individual do ser. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Estágios da reencarnação na Terra, do livro Desafios da educação, pelo Espírito Camilo, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter. Em 28.1.2015.
NOTA: P: Quem é o Espírito Camilo? 

R: Camilo é um pseudônimo de uma criatura cuja última passagem pela Terra se deu aqui na Europa, na França. Mas ele se apresenta como em uma existência que viveu aqui na Itália ao tempo de Francesco Bernardone e de São Francisco, e foi assim que ele se apresentou a mim pela primeira vez, como um sacerdote, um padre franciscano. Quando trata de tema relacionado com a fé, com o Cristo, ele se apresenta assim, como se fosse para me dizer que ele está evocando um conhecimento ou uma experiência daquela época. Quando trata de temas comuns, temas de filosofia, temas de ciência, se mostra como na existência francesa. Raul Teixeira

sábado, 20 de maio de 2017

CURRÍCULO OCULTO DA VIOLÊNCIA

RAUL TEIXEIRA
Após atos violentos de grandes proporções, como os ocorridos em setembro de 2001, nos Estados Unidos, e o massacre ocorrido em setembro de 2004, na Rússia, o mundo faz uma pausa para lamentar a violência. As mídias divulgam fotos que comovem até os corações mais endurecidos e geram revolta e desejo de vingança nas mentes belicosas. Mas assim que a imprensa encontra outras matérias com que se ocupar, esses atos caem no esquecimento e só voltam a ser notícia nas retrospectivas de final de ano. No entanto, para as pessoas diretamente envolvidas nessas tragédias o mundo jamais será o mesmo, pelo menos o seu mundo íntimo. São vidas ceifadas, amores arrebatados, sonhos interrompidos, lembranças marcadas, desespero, saudades... E a vida continua... E a violência sobrevive, silenciosa, sobre a face da terra... E se fala em paz... Nos gabinetes. E se fala em combater a violência, fomentando-se guerras. Até quando conviveremos com essa triste realidade sem tomar uma atitude que promova a paz? Já sabemos que a paz do mundo não se implantará por decretos nem surgirá após a guerra. A cultura da paz deve ser uma iniciativa lúcida, tanto individual quanto coletiva. É preciso criar uma cultura de paz no nosso planeta. Hoje está vigente, no seio da humanidade, o que poderíamos chamar de currículo oculto da violência. Existe uma cultura pró-violência muito sutil e que ganha terreno dia após dia, de forma velada e letal. É uma forma de cultivo da violência que muitas pessoas não se dão conta. Essa cultura está presente no lar, no lazer, nos esportes, nas escolas, nas músicas, nas piadas, nos meios de comunicação, nas canções infantis, nas instituições religiosas. Nas instituições religiosas, sim! Nas violências que mais estarreceram e estarrecem o mundo, geralmente está presente o componente religioso. E isso começa de forma imperceptível, quando um pai de família ou um líder religioso cria barreiras entre os da sua crença e os outros. A criança cresce pensando que quem não é da sua crença é pessoa má, que merece ser rechaçada ou evitada, quando não se diz que é demoníaca. Isso em nome do Cristo, em nome de Deus, em nome de um ideal, em nome da religião, seja ela qual for. O simples fato de se torcer por um time de futebol diferente já é motivo para se criar conflitos... Até mesmo entre pessoas da mesma família. Pessoas que se dizem religiosas e atacam outras instituições, dizendo que o único bem que merece esse título é o praticado dentro da sua fé. Como se o bem não se bastasse por si só e tivesse que ter uma bandeira religiosa qualquer. Briga-se por causa de idéias políticas divergentes... Briga-se pelas mais mínimas coisas. 
NANDO CORDEL
Como diz o cancioneiro popular, “chegou a hora da gente construir a paz, ninguém suporta mais o desamor.”* E para construir a paz é preciso largar as armas... É preciso usar ferramentas adequadas... É preciso falar e agir como pacifista... Usar termos e idéias que enalteçam a paz e não a violência. É preciso adequar a nossa terminologia, numa ação pró-paz. Em vez de dizer “lutar pela paz”, dizer “construir a paz”, em vez de “lutar contra a violência”, “fomentar a paz”, em vez de “promover um combate”, “fazer um embate”, em vez de “armas de guerra”, “ferramentas de paz”. Ensinar nos lares, nas escolas, nas canções, nas mídias, nas pregações religiosas, que a paz é um desejo comum a todos, não importa a raça, a crença, a posição social. E acreditar nisso. Enquanto não agirmos dessa forma, a paz continuará só no discurso, e a violência ganhará forças, nutrida por esse currículo oculto, sutil e letal, que vige silencioso no seio da humanidade. Pense nisso! Observe o mundo com olhos de paz. Faça a sua parte, que o mundo terá paz. Mas, pense nisso agora! 
Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita, inspirado em entrevista de Raul Teixeira, na cidade de Londrina, em 25/09/2004. * Nando Cordel, música Paz Pela Paz.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

PEQUENOS GESTOS DE AMOR

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Aquele era mais um dia, numa grande cidade, dessas comuns, que encontramos esparramadas pelo país. A urgência habitual fazia com que as calçadas ficassem repletas de pessoas, que corriam, nas suas preocupações do dia a dia. Com ela não era diferente. Apressava-se na saída do metrô, visando desembocar na grande avenida que a levaria aos seus compromissos. E eram tantos. Pela memória, ia repassando o roteiro das tarefas que lhe competia realizar nas próximas horas. As escadas rolantes a conduziram para a calçada e para um encontro inesperado. Justo em sua frente, um jovem. O rosto se escondia atrás da sujeira. Os olhos saltados das órbitas denunciavam o consumo de entorpecentes. As roupas maltrapilhas indicavam o abandono de tudo. Sua primeira reação foi de medo, de defesa. Lançou-lhe um olhar assustado, ao mesmo tempo em que levava as duas mãos à bolsa, num movimento de proteção. Ele a olhou com o resto de lucidez que ainda tinha, e lhe disse: 
-Eu não quero nada, não vou lhe tomar nada. 
A reação do rapaz a surpreendeu. Esperava que ele fosse lhe arrancar a bolsa, dar voz de assalto, fazer algum gesto de violência. A surpresa a fez mudar de postura corporal. Mudou também seu olhar. Ele então completou a frase: 
-Eu só queria algum dinheiro para a próxima dose. 
A dor com que aquela frase foi dita lhe cortou o coração. Pensou em como aquela vida estava se esvaindo na dependência infeliz. O que fazer por ele? De imediato, ocorreram-lhe à mente as lições do Evangelho de Jesus. Ao pensamento, veio-lhe a frase à boca, quase sem raciocínio, mas cheia de sentimento: 
-Eu não posso, não quero lhe dar o dinheiro para a próxima dose, mas posso lhe dar um abraço.
Sem que o jovem pudesse compreender o que se passava, ela o abraçou. E ficou assim, envolvendo-o, demoradamente. Foram alguns segundos eternos, que a ambos emocionou até às lágrimas. Ela, condoída pelo jovem desiludido. Ele, impactado pelo gesto de amor inesperado. Ao afastar-se do abraço, ainda surpreso pelo gesto fraterno, carinhoso, que recebeu, confessou: 
-Eu estava a ponto de me matar. Nada mais valia na minha vida. Já não me reconhecia como gente. Vivia uma vida de bicho, e era tratado como tal. Você me lembrou de que sou gente, você me tratou, como há muito não acontecia: como gente. Muito obrigado!
E do mesmo modo como apareceu, sumiu entre a multidão. Ela ficou ali, deixando-se inundar pelas lágrimas, feliz por ter seguido seu impulso de amor.
 * * * 
Assim se aprende a amar. Tratar aos outros, não importa quem, como gostaríamos que fizessem conosco, ou com algum dos nossos. Vencer o medo, oferecer o que temos de melhor no coração, nem que seja pelo tempo de um abraço. Às vezes, é apenas isso que um desconhecido precisa de nós. Uma palavra de otimismo, um sorriso generoso, um olhar de compreensão. Pequenos carinhos, capazes de amenizar dores e de tratar feridas, dessas que todos trazemos na alma.
Redação do Momento Espírita, com base em fato narrado na XIX Conferência Estadual Espírita, por Divaldo Pereira Franco, em Pinhais, Paraná, em março de 2017. Em 19.5.2017.

quinta-feira, 18 de maio de 2017

TRÊS INIMIGOS

JOANA DE ÂNGELIS
E
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Inúmeros adversários trabalham contra a paz. Destacamos três que são cruéis, em seus processos perseguidores. Aparecem quando menos se aguarda, e assumem proporções ameaçadoras que terminam por desequilibrar, levando ao fracasso. Sentimentos enobrecidos, capacidades invulgares de lutas, espíritos corajosos, quando por eles alcançados tombam, deixando escombros onde antes operavam com alegria. Antes que o indivíduo se dê conta, está infectado e só a muito esforço se liberta da presença perturbadora de tais invasores. Sutis ou violentos, utilizam-se de façanhas perversas e se alojam perigosamente no coração e na mente, provocando estados de desordem do raciocínio e de desinteresse pela vida. Referimo-nos à depressão, ao ressentimento e à exaltação. Quando o cerco dos problemas torna-se aparentemente irremediável, os temperamentos de constituição mais delicada caem em depressão. A depressão é semelhante à noite que se apresenta em pleno dia. É nuvem ameaçadora que encobre o sol. É tóxico que envenena lentamente as mais belas florações do ser. O ressentimento é parecido ao mofo que faz apodrecer o sustentáculo onde se apoia. Utilizando-se de causas que lhe dão entrada franca, desenvolve-se e, invariavelmente, alcança poder destruidor onde se fixa. A exaltação, idêntica à faísca de eletricidade devoradora, atinge os nervos e produz relâmpagos de loucura com trovoadas carregadas de rebeldias, que enfraquecem os ideais da vida e despedaçam aqueles que lhe tombam nas malhas. Como, então, combatê-los? De que instrumentos dispomos para afastarmos tão poderosos adversários? Recursos salvadores são a oração, o prosseguimento do trabalho e o amor desinteressado e incessante. Para a depressão, imediatamente se deve usar a vacina da coragem pela prece. Nada, nenhuma força, pode nos fazer desistir do que somos, do que já construímos. Qualquer sentimento que nos invada, convidando a esse tipo de caminho, será sempre armadilha falsa. Pensemos que somos maiores do que isso! Para o ressentimento, nos sirvamos do raciocínio lúcido, mediante o amor que não espera nada. O ressentimento é veneno que ingerimos diariamente sem perceber e que vai nos matando aos poucos. Libertar-se dele o quanto antes é ganhar anos de vida, e vida em liberdade. Não esperemos nada das pessoas, assim como sabemos que é difícil obrigar os outros a esperarem algo de nós. Damos o que podemos, no momento que podemos. Assim também é com o próximo. Ninguém pode dar mais do que tem. Finalmente, para a exaltação, o remédio é a meditação, que recompõe as energias. Agir em estado de exaltação é agir sem medir consequências. É como andar nas alturas, com uma venda nos olhos, sobre uma corda estreita e fraca. As possibilidades de acidente, de tragédia, são altíssimas. Meditar, pensar, recompor-se. Não permitir que as decisões sejam tomadas por impulso. Ser dono de si mesmo. Que possamos cuidar de nossas existências e não deixar que nenhum desses inimigos o faça. Somos senhores de nossos destinos, de nossos pensamentos e atos. Ninguém, nem nada pode fazer isso por nós se não o permitirmos. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 7, do livro Desperte e seja feliz, de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis, ed. LEAL. Em 18.5.2017.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

CURA VERDADEIRA

EMMANUEL
E
CHICO XAVIER
Todas as criaturas humanas adoecem. Raras são aquelas que trabalham para a cura real. A ação medicamentosa, por si só, não restaura integralmente a saúde. O comprimido ajuda. A injeção melhora. Entretanto, não podemos esquecer que os verdadeiros males procedem do coração. A mente é uma fonte criadora e a vida plasma, em nós mesmos, aquilo que desejamos. Assim, a medicação não nos valerá muito se prosseguirmos tristes e acabrunhados, porque a tristeza é geratriz e mantenedora de muitos males. Como poderemos pretender ter a saúde restaurada, se nos permitimos a cólera ou o desânimo por muitas horas? O desalento é anestésico que entorpece e acaba por destruir quem o cultiva. A ociosidade que corrompe as horas e a inutilidade que desperdiça o tempo valioso extingue as forças físicas e as do Espírito. Mesmo porque, a mente ociosa acaba por se dedicar a muitas coisas ruins, como a maledicência e a crítica destrutiva. Se não sabemos calar, nem desculpar; se não ajudamos, nem compreendemos, como encontrar harmonia íntima? Por mais que o socorro espiritual venha em nosso favor, devoramos as próprias energias com atitudes negativas. E, com respeito ao socorro médico, mal surgem as primeiras melhoras, abandonamos o remédio, a dieta, os cuidados, demonstrando a nossa indisciplina. Por isso, se estamos doentes, antes de qualquer medicação, aprendamos a orar e a entender, a auxiliar e a preparar o coração para a grande mudança. Fujamos da indelicadeza e do azedume constante que nos conduzirão à brutalidade no trato com os demais. Enriqueçamos nossos fatores de simpatia pessoal, pela prática do amor fraterno. Busquemos intimidade com a sabedoria, pelo estudo e a meditação. Não manchemos nosso caminho. Sirvamos sempre. Trabalhemos na extensão do bem a todos. Guardemos lealdade ao Mestre Jesus a quem dizemos seguir e permaneçamos com a certeza de que, cultivando a prece, vibrando positivamente pela vida, abraçando a oração diária, desde logo, a medicação de que nos servirmos atuará rápida e beneficamente em nosso corpo. 
 * * * 
Que queres que eu te faça? Perguntou Jesus ao cego de Jericó, que O buscava. Que me devolvas a visão, respondeu Ele. Acreditas firmemente que eu possa te curar? Retornou o Mestre a indagar. E como a resposta fosse afirmativa, o cego passou a enxergar. No fato em destaque, observamos que a vontade do paciente e a fé no profeta de Nazaré, foram as molas da cura. Portanto, a cura real somente nos alcançará se melhorarmos as nossas disposições íntimas e atendermos aos preceitos médicos com disciplina e seriedade. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 86 do livro Fonte viva, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. Em 19.3.2013.

terça-feira, 16 de maio de 2017

Nelson Xavier pediu para ser velado com terno de Chico Xavier

O corpo de Nelson Xavier foi velado e cremado de acordo com um últimos pedidos do ator: com um terno que pertenceu ao médium Chico Xavier, personagem que ele viveu no cinema e que mudou sua forma de ver o mundo. Falecido na madrugada de 10 de maio de 2017, em decorrência de um câncer de próstata, Nelson interpretou o espírita na cinebiografia de Daniel Filho lançada em 2010, e voltou ao papel no ano seguinte em As Mães de Chico Xavier, de Halder Gomes e Glauber Filho. Antes cético, o ator converteu-se ao espiritismo e foi adepto da religião até o fim da vida. A médica Clarissa Aires, que acompanhou o ator nos últimos quatro meses, contou que ele queria se “despedir do planeta” em Uberlândia, terra natal de Chico. Segundo ela: 
-“A vontade dele era de ser cremado com um terno que foi do Chico Xavier. Nos últimos meses, ele voltou a andar e morreu sem dor, não estava sedado ou tomando remédios analgésicos”.
-"Finalmente fiz o meu maior papel. Fui invadido por uma onda de amor tão forte, tão intensa, que levava às lágrimas”, contou Nelson Xavier, que no longa viveu o líder espírita dos 59 aos 65 anos. “Nenhum dos personagens que fiz mudou minha vida. O Chico fez uma revolução”. (Nelson Xavier) Por indicação de um colega da meditação transcendental, prática habitual desde que interpretou Chico Xavier nos cinemas, Nelson Xavier se internou numa clínica de Medicina Integrativa em Uberlândia. Como último pedido, solicitou que fosse enterrado com um terno que ganhou do irmão de Chico. O ator revelou que após conhecer o trabalho de Chico Xavier para poder interpreta-lo, deixou de ser ateu e tornou-se espírita.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

O MÁRMORE DO SENTIMENTO E O CINZEL DA BOA VONTADE

HUMBERTO DE CAMPOS
E
CHICO XAVIER
Conta-se que, nos primeiros dias do ano trinta, após algum tempo de meditação profunda no deserto da Judeia, Jesus foi visto em Jerusalém, próximo ao templo. Sentado, como um peregrino, o Rabi foi notado por um grupo de sacerdotes, que se sentiram atraídos pelos Seus traços de formosa originalidade e pelo Seu olhar lúcido e profundo. Alguns deles logo se afastaram, porém Hanan, que seria mais tarde o juiz inclemente de Sua causa, aproximou-se do desconhecido e disse com orgulho: 
-Galileu, que fazes na cidade? 
-Passo por Jerusalém, buscando a fundação do reino de Deus! Exclamou o Cristo, com modesta nobreza. 
-Reino de Deus? – Tornou o sacerdote com acentuada ironia. E que pensas seja isso? 
-Esse reino é a obra divina no coração dos homens! -Esclareceu Jesus, com grande serenidade.
-Obra divina em tuas mãos?
Revidou Hanan, com uma gargalhada de desprezo. E continuou com várias observações irônicas.
-Tu te propões realizar uma obra divina. Por acaso, já viste alguma estátua perfeita modelada em fragmentos de lama? 
-Sacerdote – replicou-lhe Jesus, com energia serena – nenhum mármore existe mais puro e mais formoso do que o do sentimento, e nenhum cinzel é superior ao da boa vontade sincera. 
O sacerdote ainda se debateu entre um e outro aparte vaidoso, porém, acabou se retirando irritado, esbravejando. O momento passou, o sacerdote passou... A lição, no entanto, permaneceu imortalizada. Jesus deixava claro, desde as primeiras pregações, qual era o reino que desejava construir. Era Ele o escultor experiente que se sujeitara a nascer entre nós, os aprendizes das mãos, disposto a nos mostrar o caminho para aformosearmos nossas próprias almas, nossas obras maiores. Era o professor e, ao mesmo tempo, a bela estátua, esculpida, tornada perfeita através das eras, através da lei do progresso. O sentimento do homem era ainda o bloco bruto, duro, aguardando o melhor cinzel para começar a lhe revelar a bela imagem que carrega em seu interior. Esse instrumento seria a boa vontade, que o Mestre usaria para esculpir e nos mostraria como utilizar essa poderosa ferramenta para nosso próprio aprimoramento. Dentro da boa vontade está o trabalho, a dedicação, a persistência e o tempo. Tornar formosa a alma é ofício não apenas para uma vida. 
* * * 
O mármore do sentimento e o cinzel da boa vontade – lembremos disso. Escultores milenares que somos, aprendizes do grande artífice que foi Jesus, estamos aqui para desenvolver os bons sentimentos. Os sentimentos inferiores, aqueles que ainda nos fazem sofrer tanto, esses vão caindo no chão naturalmente, como as sobras do mármore que o cinzel vai retirando. Boa vontade para conosco, paciência, persistência e seriedade na tarefa são fundamentais. Boa vontade para com o próximo, benevolência, indulgência e perdão, completam nosso ferramental precioso para construir essa tão importante obra. Somos a nossa maior obra. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 3, do livro Boa Nova, pelo Espírito Humberto de Campos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. Em 15.5.2017.

domingo, 14 de maio de 2017

MÃE....SIMPLESMENTE!

Deus, em Sua Criação, fez no infinito, um belo jardim. Pelo Universo lançou sementes de amor. Sol a sol, luz a luz, um por um, um por vez. Em todo o jardim encontramos o Criador. Em tudo, a divina assinatura. Feche os olhos, sinta e creia, procure. No Universo, tudo é movimento, dinâmica, equilíbrio, perfeição. Não há pergunta sem resposta, não há efeito sem causa, conquista sem trabalho, mérito sem doação. As sementes foram lançadas, espalhadas por onde a vista não alcança. Não há morte, não há fim. Em cada morte, um recomeço. Em cada fim, uma esperança. 
 * * * 
Olhos atentos encontrarão a mais bela flor do jardim do Onipotente. Para ela, adjetivos diversos: ternura, vida, carinho, amor, devoção. Ou mãe, simplesmente. 
 * * * 
Senhor, rogo a Ti por todas as mães. Em todo gesto de amor Tu te revelas e, ainda mais te encontro, ó Pai, no amor de mãe, pois sei que a maternidade é uma de Tuas faces. Mães, Senhor. Mães que são exemplo de doação, de sacrifício, de abnegação, de generosidade, de fé. Rogo-te, Pai, pelas mães que, durante nove meses, carregaram em seus ventres os rebentos de amor e que, para toda a vida, continuam a lhes guiar os passos, a perdoar-lhes as fraquezas e a lhes ofertar o abraço reparador. Peço, também, pelas mães adotivas, que amam com desprendimento e desinteresse o filho de outras mães. E por aquelas que tiveram seus filhos desaparecidos, jamais recuperados e, assim, perderam parte de seu próprio coração. Eu te rogo, Deus do perdão, pelas mães presidiárias, que não podem estar junto dos seus e sofrem a aguda dor da saudade. E, por aquelas que têm os filhos na prisão e que, esperançosas, depositam neles a confiança, aguardando retornem ao bom caminho que elas lhes apontaram. Pelas mães doentes, acamadas, hospitalizadas. Que os bons Espíritos, cumpridores de Tua vontade, lhes fortaleçam os ânimos e derramem sobre elas o bálsamo de Teu consolo, misericórdia e paz. Rogo também pelas mães abandonadas. Aquelas que, na velhice, foram deixadas em asilos, derramando as lágrimas amargas da solidão. E pelas avós, tias, madrastas que, por amor, transformam netos, sobrinhos, enteados, em filhos do coração. Ainda, Senhor da eternidade, te rogo pelas mães desencarnadas, esses verdadeiros anjos da guarda, que continuam a zelar pelos seus, pois compreendem que a maternidade não é mero fenômeno biológico e, sim, um laço eterno de almas. 
 * * * 
Doce mãe de Jesus, na singela manjedoura, Tu o acolheste em Teus braços. Teu coração, no silêncio, bateu no ritmo do dEle e Tu soubeste: era o Teu filho, também o filho de Deus. Acolhe, mãe por excelência, todas as mães do mundo em Teu amor. Faz do coração delas manjedoura para o Cristo Jesus, a fim de que Ele nasça no Espírito de cada filho deste nosso chão. Redação do Momento Espírita. Em 22.6.2015.

sábado, 13 de maio de 2017

A CURA QUE SE DESEJA

Dr. Bernie Siegel
Impressionantes casos de curas são relatados por especialistas e estudiosos da área médica. Um eminente oncologista americano, Dr. Bernie Siegel, narra o caso muito curioso de uma paciente que o procurou. Ela morava a mais de mil quilômetros de distância da sua clínica. Quando recebeu o diagnóstico de que teria somente poucas semanas de vida, pediu para consultar com Dr. Siegel. Tentaram a princípio, demovê-la da ideia. Ela estava muito doente, a clínica ficava muito distante, ela já tinha um diagnóstico. Ela insistiu, conseguindo seu intento. Dr. Siegel a examinou e lhe disse que ela chegara tarde demais. Ele era médico e como médico, constatara que nem cirurgia, nem quimioterapia poderiam curá-la. Seu destino era mesmo a morte, a etapa final da natureza biológica. A mulher estava irredutível e passou a crivá-lo de perguntas. 
-Ela teria uma chance em dez? 
Com a resposta negativa, ela foi prosseguindo com as perguntas: 
-Teria uma chance em cem? Em mil? Em um milhão? 
-Bom, em um milhão de pacientes, é provável.- Falou o especialista. 
De olhos brilhando, com firmeza, ela argumentou: 
-Então, doutor, cuide de mim, porque eu sou essa paciente no meio do milhão. 
Dada a firmeza da mulher, ele iniciou o tratamento. Quando foi estudar seu histórico médico, Dr. Siegel deu-se conta de que o câncer de que ela era portadora, começara exatamente quando ela entrou em um processo litigioso de divórcio. Ela ficara tão triste, que desejara morrer, para se vingar do marido. Foi quando gerou o câncer. Trabalhou o médico essa questão com ela: 
-Morrer por causa de uma pessoa? 
E motivou-a. Ela se submeteu à terapia psicológica de otimismo, enquanto fazia quimioterapia. Resultado final: ela se curou. E Dr. Siegel, que tem a certeza de Deus e de que o organismo é uma máquina extraordinária, conta que calcula o tempo de vida de seus pacientes pela forma como eles encaram a enfermidade. Há os que optam pela terapia psicológica, porque creem na vida e desejam lutar. São os que vivem mais. Há os que simplesmente se entregam, não desejando lutar. São os que perdem a batalha mais rapidamente, isto é, a vida. 
* * * 
Se você está enfermo, se recebeu um diagnóstico de difícil sobrevida, não se entregue. A morte chegará, com certeza, pois nenhum ser vivo a ela escapa. Mas poderá chegar mais tarde. E sem tantos traumas. Encare a enfermidade e decida-se por viver o melhor possível, emocionalmente falando. Ame-se, ame aos que o cercam, ame a vida. Não importa o tratamento a que você se submeta, ele terá total, parcial ou nenhuma eficácia, conforme o deseje você. Pense nisso e decida o que almeja para si.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 25 do livro Um encontro com Jesus, de Divaldo Pereira Franco, compilado por Délcio Carlos Carvalho, ed. LEAL. Em 20.2.2017.

sexta-feira, 12 de maio de 2017

A ESTRELA

Certa noite, eu tive um sonho. Era garoto ainda e andava um tanto birrento com minha mãe. Afinal, em minha adolescência eu acreditava que ela era do contra. Tinha muitos não para mim e isso fazia com que eu achasse que ela era uma grande chata. No sonho que tive, encontrei meu anjo de guarda. Era um mensageiro de luz, com um sorriso bondoso e amigo. 
-Vem. – Disse-me ele. 
Confiante, me entreguei em seus braços. Logo mais nos encontrávamos em pleno firmamento. A beleza das estrelas me encantou. Cada uma tinha um brilho maior, mais especial do que a outra. Não cabia em mim de tanta alegria e desejava que o passeio se alongasse até a eternidade. Observei então que, entre tantas estrelas, havia um espaço vazio. É como se faltasse uma delas. Não consegui suportar a curiosidade e perguntei ao mensageiro que me guiava: 
Anjo bom, para onde foi a estrela que estava aqui? 
-Foi para a Terra. - Respondeu ele. 
-Como eu não a vi por lá? Jamais vi uma estrela na Terra. 
-Elas vivem no firmamento. Ela se dividiu em pedacinhos para cumprir a missão que Deus lhe confiou. – Explicou o anjo. 
-Quem é ela? - Perguntei, ardendo de curiosidade.
-Ela é auxiliar de Deus, materializando a vida na Terra. É forte como um gigante. Contudo, tem a fragilidade de uma flor. Seu toque é suave e aveludado como as pétalas da rosa. No seu coração, Deus colocou a força do Universo e o segredo da felicidade. É através de suas entranhas que a vida se renova. Pelo seu amor os mundos se modificam. Portal da vida em que se transformou, acolhe com carinho em seu ventre os brutos e os santos, os sábios e os ignorantes, os justos e os injustos. Em seu seio todos encontram acolhida. Ela tem a capacidade de brilhar por toda a noite. Quando chega o dia, deixa-se ofuscar pelo astro maior, o sol, em torno do qual gira a sua existência. Para ela não há estação chuvosa. É sempre primavera em seu coração, embora possam soprar ventos da adversidade e se levantarem ondas de pessimismo. 
Enquanto o anjo continuava a falar, fui tomado por uma sensação de queda e acordei nos braços de minha mãe. Então compreendi. Ali mesmo, aconchegando-me ao seu coração, estava um pedaço enorme daquela estrela. 
 * * * 
Enquanto na Terra os homens desejam ostentar medalhas no peito, uma mulher existe que se apaga para que possa aprender a brilhar o filho de suas entranhas. Não importa a nacionalidade, a raça ou a crença religiosa, mãe é sempre alguém muito especial. Alguém que ama sem esperar retribuição, educa sem aguardar salário e tem a incansável capacidade de repetir e reprisar lições centenas de vezes, até serem aprendidas pelo objeto do seu amor. De todas as formas de amor que a Terra conhece, o amor materno é a mais sublime, por se constituir para a alma humana na mais grandiosa escala de doação e serviço. Se temos nossa mãe ao nosso lado, aproveitemos para envolvê-la em um abraço de profunda gratidão. Se ela já retornou para o mundo espiritual, ofertemos-lhe as perfumadas rosas da ternura do nosso coração, hoje, agora e em todos os dias da nossa existência. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto Pedaço de estrela, de autoria de Nelson Moraes. Em 12.5.2017.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

NOSSAS MÃES AFRICANAS

Eis aqui a escrava do Senhor, cumpra-se em mim segundo a sua palavra. 
Esta é a forma com a qual Maria, a mãe de Jesus, responde ao mensageiro celeste que lhe vem anunciar a concepção da criança. Estranho se posicionar como escrava quem foi escolhida para ser a excelsa mãe de Jesus. Basta uma pequena reflexão, no entanto, para verificarmos como a expressão está adequada. Recordamos de tantas escravas, ao longo da História, que se transformaram em auxiliares indispensáveis dos seus senhores. Escravas cujos nomes acabaram associados aos seus próprios senhores. No Brasil, lembramos das escravas africanas que serviram ao homem branco. Muitas delas não somente carregaram o sinhozinho nos braços mas o alimentaram com o próprio seio. Tornaram-se suas segundas mães, acompanhando-os mesmo depois de crescidos, na formação do novo lar, a atender-lhes os filhos, como uma avó. Avó de cor. Avó de amor. Amas de leite que, por vezes, tinham seu próprio rebento afastado dos braços, a fim de que sobrasse mais alimento dos seus seios para o filho branco. E, por não terem o seu bebê nos braços, por terem a saudade a lhes magoar a alma, por sentirem falta do seu filhinho, drasticamente afastado de seu carinho, dedicavam-se ao filho da alheia carne. O filho do sinhô, o filho da sinhá. Quem poderá esquecer como essas mães alimentaram, não somente o corpo, mas a imaginação e a mente das crianças sob sua guarda? Quantas histórias das suas longínquas terras, das tradições de sua gente povoaram as noites daqueles meninos e meninas atentos, ao redor do fogo, no terreiro... Ou no aconchego da casa grande, ao pé do fogão. Quantos mingaus, cozidos, temperos foram acrescentados ao cardápio diário. Aprendendo a língua de quem as tinha sob seus serviços, introduziram palavras diferentes no vocabulário dos pequenos. E para os acalmar, nas noites de medo, elas cantavam as melodias com que foram elas próprias acalentadas em sua infância. E, enquanto a saudade as consumia intimamente, também lembravam em versos das riquezas de sua terra natal, de melodias, de danças, de cantorias. Recordavam dos dias de alegria, quando a liberdade lhes sorria e o futuro era sonhado, nas tardes quentes e nas noites mornas. Escravas mães. Mães escravas. Benditas sejam por todos os cuidados dispensados ao homem branco, por sua capacidade de amar o filho alheio. Benditas sejam por sua grandeza, por sua dedicação, pela contribuição à cultura do povo que as escravizou. Que nunca esqueçamos o quanto devemos a essas criaturas pois se a escravidão as mantinha presas a tarefas determinadas, foi de forma voluntária que entregaram em holocausto ao amor o próprio coração. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 22 e no livro Momento Espírita, v. 11, ed. FEP. Em 11.5.2017.

quarta-feira, 10 de maio de 2017

O RAIO DE SOL E A PALAVRA

Queria ser mais como o raio de sol, aquele primeiro feixe de uma manhã esperada por alguém que chorou a noite demorada, acreditando que ela não terminaria nunca. 
Queria ser mais como o raio de sol de fim da tarde, que surpreende a nuvem densa, e se projeta sobre a cidade quase escura, dizendo: “Ainda estou aqui...” 
Queria ser mais como o raio de sol que contorna o menino no parque, fazendo-o descobrir as formas de sua própria sombra na grama verde, como se fosse outro ser, fora dele... 
Queria ser mais como o primeiro raio de sol depois de intensa tempestade: humilde, discreto, eficaz e útil. 
Queria ser mais como o raio de sol que, após estar por algum tempo, ainda permanece, mesmo depois de ter ido, na forma de calor. 
Queria ser mais como o raio de sol que passa por entre os prédios da metrópole, ousado, buscando frestas, reflexos, para alcançar finalmente o cidadão comum na rua, não fazendo distinção alguma.
Queria ser mais sol e menos sombra. Mais raio e menos palavra. 
* * * 
Será que dentro de nós não existe uma vontade de fazer mais, de ser mais? Por vezes, será que não sentimos falta de um significado maior em nosso viver? Observamos as pessoas que se engajam em causas, que se dedicam ao próximo, que são ícones de uma determinada era e pensamos: Queria ser um pouco mais assim. É uma força que grita dentro de nós pedindo algo. É nossa própria natureza amorosa dizendo a que veio... O que nos falta, então? O que nos falta para que sejamos menos discurso e mais ação? Menos opinião e mais abraço? Menos crítica e mais auxílio? Estamos inundados de teoria. Muitos já nos mostraram os caminhos da ascensão, como alpinistas experientes que estão adiante e se sujeitam a voltar e mostrar as técnicas e trilhas possíveis para se subir em segurança. Eles mostraram o que fazer, mostraram como e quando. O que nos falta, então? Falta-nos o impulso, o passo, o arrojo, a vontade bem direcionada. Pequenas iniciativas, pequenos projetos, porém com continuidade, persistência e seriedade. São micronúcleos de fraternidade, de civilização, que mudam uma nação inteira e, por sua vez, o mundo. Não fiquemos congelados na postura de mero desejo. É preciso acionar a vontade. A vontade é uma faculdade da alma, instrumento que coloca em movimento as nossas potências internas e as orienta para um ideal elevado. Por intermédio dela mudamos a nossa natureza, vencemos todos os obstáculos, dominamos a matéria, a doença e a morte. É ela que nos faz realizar as grandes coisas. Realizemos, contribuamos, ajudemos. Iniciemos algo novo ou nos engajemos em algo em que acreditemos. Não há mais tempo para permanecermos indiferentes. O mundo é nosso. Abracemo-lo. 
* * * 
Queria ser mais como o raio de sol que passa por entre os prédios da metrópole, ousado, buscando frestas, reflexos, para alcançar finalmente o cidadão comum na rua, não fazendo distinção alguma.
Queria ser mais sol e menos sombra. Mais raio e menos palavra. 
Redação do Momento Espírita, com base no poema Mais raio e menos palavra, de Andrey Cechelero. Em 10.5.2017.