domingo, 31 de maio de 2015

O AMOR PERANTE A INDIGUINIDADE

É comum o cristão experimentar a angustiante sensação de que não está à altura da crença que esposa. Ele pensa que não se esforça o bastante para viver o que acredita. Ou que seus esforços não dão os resultados que gostaria. Uma triste dúvida por vezes lhe baila na mente: Será que ele é apenas um hipócrita, enamorado de belos ideais, mas sem colocá-los em prática? O modelo cristão é bastante elevado. Trata-se da figura do Cristo, sublime sob todos os aspectos. Embora em constante contato com seres ignorantes e transviados, preservou Sua pureza. Ensinou, curou e exemplificou as mais excelsas virtudes. Submetido às maiores violências, perdoou imediatamente. 
Rigorosamente paciente com os simples e ignorantes, soube usar de energia ao tratar com os poderosos e os sábios de coração vazio. Jesus alterou a História e os valores da Humanidade. Com ele, a palavra amor ganhou uma nova acepção. Não mais se tratava apenas de erotismo ou de amizade, conforme o legado dos filósofos gregos. Tinha-se doação incondicional, sem qualquer expectativa de retorno. Surgiu a concepção de que o semelhante deve ser amado apenas porque existe, independentemente de seus valores e de seus atos. Aí reside um fator de dificuldade para uma boa parte dos cristãos. A figura de Jesus cintila em Suas perfeições. O relato de Seus feitos provoca um intenso desejo de segui-Lo, de imitar-Lhe a conduta. Mas para isso é preciso desenvolver um amor desinteressado e abrangente. Entretanto, a Humanidade parece tão lamentável e suscita tão pouca simpatia! Pessoas genuinamente boas são raras no Mundo. Já os desonestos são tão abundantes e ardilosos! As notícias sobre políticos corruptos não colocam o coração humano em disposição amorosa. Os criminosos sempre estão a conseguir um modo de sair da cadeia. Vê-se por todo lado a esperteza, a desonestidade e o egoísmo. Parece que todo mundo está à cata de vantagens e de privilégios. Fala-se mais em greves do que em serviços eficientemente prestados. Amar uma Humanidade assim parece uma tarefa bem difícil, quase impossível ... Entretanto, Jesus é o Modelo e conviveu com homens ainda mais rudes e os amou. Um fator importante a considerar é que cada qual recebe conforme suas obras. A Justiça Divina preside a harmonia universal. Não é necessário gastar tempo com atitudes de revolta e inconformismo. As leis humanas são falhas e freqüentemente são burladas. Mas as Leis Divinas são incorruptíveis e infalíveis. Todo ato, seja digno ou indigno, tem naturais e automáticas repercussões. Assim, os que se permitem viver no mal devem apenas ser lamentados. Eles estão semeando dores em seus destinos. Conforme afirmou o Mestre na cruz, eles não sabem o que fazem. Ciente dessa realidade, não deixe que a miséria moral alheia seja um obstáculo à sua piedade e ao seu amor. Mesmo que você não consiga fazê-lo com perfeição, esforce-se em amar seu semelhante. Os ignorantes e indignos são apenas os mais necessitados de compreensão e auxílio. Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita. Em 15.05.2008.

sábado, 30 de maio de 2015

O AMOR NUNCA SE PERDE

Ele era um adolescente que acabara de ser dispensado pela namorada. Durante três anos, eles tinham compartilhado amigos e lugares favoritos. Agora, no último ano do segundo grau ele estava só. Ela conhecera, durante as férias, um outro garoto, pelo qual se apaixonara. Mike se sentia como a última das criaturas na face da Terra. No treino de futebol, ele deixou escapar alguns passes e, pela primeira vez, sofreu várias faltas. Mal acabou o treino, lhe disseram que deveria comparecer ao escritório do treinador. 
-E então, filho? Garota, família ou escola, qual dessas coisas está lhe incomodando? 
-Garota, foi a resposta de Mike. Como o senhor adivinhou? 
-Mike, sou treinador de futebol, desde antes de você nascer e, todas as vezes que vejo um craque jogar como um novato do time reserva, o motivo é um desses três. 
Mike lhe falou que estava com muita raiva. Havia confiado na menina, dera a ela tudo o que tinha para dar e o que é que ganhou com isso? 
-Boa pergunta. Disse o treinador. O que foi que você ganhou com isso? 
Tomou de várias folhas de papel e pediu a Mike que pensasse sobre o tempo que passou ao lado da moça. Que listasse todas as experiências boas e ruins que conseguisse lembrar. E saiu, dizendo que voltaria dentro de uma hora. Mike começou a lembrar. Recordou do dia que a convidou para sair pela primeira vez e ela aceitou. Se não fosse pelo incentivo dela, ele jamais teria tentado uma vaga no time de futebol. Pensou nas brigas que tiveram. Não lembrou todos os motivos pelos quais brigavam, mas lembrou-se de como se sentia feliz quando conseguiam conversar e resolver os problemas. Foi assim que ele aprendeu a se comunicar e a buscar acordos. Lembrou-se também de quando faziam as pazes. Era sempre a melhor parte. Lembrou-se de todas as vezes que ela o fez sentir-se forte, necessário e especial. Encheu o papel com a história dos dois, das férias, das viagens feitas com a família, bailes da escola e tranquilos piqueniques a dois. E, na medida em que as folhas iam ficando escritas, ele se deu conta do quanto ela o ajudara a crescer e a se conhecer melhor. Ele teria sido uma pessoa diferente sem ela. Quando, uma hora mais tarde, o treinador retornou, Mike se fora. Deixou um bilhete sobre a mesa que dizia apenas: 
Treinador, obrigado pela lição. Acho que é verdade quando dizem que é melhor amar e perder do que jamais ter amado. A gente se vê no treino. 
* * * 
O amor é sempre enriquecedor. Sua presença, por mais fugaz que seja, deixa vestígios positivos nas nossas vidas. Como a flor beijada pelo sol desabrocha em festa de cores, a criatura que recebe amor se repleta de riqueza interior. O amor engrandece a alma e clarifica a vida. 
Redação do Momento Espírita com base no texto O amor nunca se perde, de David J. Murcott, do livro Histórias para aquecer o coração dos adolescentes, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen e Kimberly Kirberger, ed. Sextante. Em 16.02.2009.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

O AMOR NÃO TEM LIMITES

O amor não tem limites. Não seleciona. É incondicional. Ama-se tudo na pessoa e temos a capacidade de fornecer detalhes das atitudes de quem é o objeto do nosso amor. Temos a capacidade de reconhecer o som inconfundível dos passos, a maneira única de falar, o timbre da voz. Ama-se o bom, ama-se o que nos desagrada. Por vezes, na convivência diária, nos dizemos incomodados, com alguns senões, e afirmamos não suportar o barulho da colher batendo no prato, às refeições; o jeito barulhento de jogar as chaves sobre o balcão, ao chegar em casa, os sapatos no meio da sala; a bagunça do banheiro após o banho. Referimo-nos a muitos amores: pais, avós, filhos, cônjuges, irmãos. Quantas vezes teremos lhes chamado a atenção, nas tentativas, sempre inexitosas, de modificar certos comportamentos? Será possível que amemos a quem nos irrita, nos incomoda? Quereremos bem a quem temos de suplicar, dezenas de vezes, para agir de outra forma, todos os dias? Amamos, sim. Porque basta que qualquer um dos nossos amores se vá, no rumo do grande Além, para que fiquemos aguardando aquela chegada barulhenta, objetos espalhados pelos cômodos vazios, o ruído às refeições. Íntima e exteriormente afirmamos que daríamos tudo o que temos para ouvir outra vez aquele ruído incômodo, quebrando o silêncio à mesa. O que não daríamos para desfrutar daquela presença física, entre nós, uma vez que fosse, uma vez mais. Como almejaríamos ouvir a sonoridade daquela voz, mesmo que fosse em tom um pouco mais elevado do que o normal. Isso nos diz que, quando amamos, mesmo o que catalogamos como desagradável, faz parte do pacote do nosso sentimento incondicional. O amor é assim mesmo: amplo, somente comparado ao Universo, em constante expansão. É de tal forma vigoroso que tem a capacidade de todas as renúncias, sem se perturbar. O amor pensa no outro antes que em si próprio. A sua felicidade é propiciar felicidade ao objeto da sua afeição. Digam isso todas as mães que se privam do alimento para garantir o dos seus filhos; os cônjuges que se devotam, de corpo e alma, no atendimento às enfermidades repentinas ou longas, que alcançam o outro, tornando-o incapacitado e dependente para as mínimas coisas. Ateste isso os que têm os olhos úmidos pelo pranto da saudade, os que sofrem a dor da ausência física de alguém especial, alguém que deixou marcas expressivas, nas nervuras da nossa intimidade sofrida. Sim, amamos o todo. Não há como dissociar o sentimento, fracioná-lo. 
* * * 
Com Jesus aprendemos que o amor substituirá, um dia, a agressividade humana, resolvendo todas as questões que possam constituir pontos de divergência entre as criaturas. Mergulhemos o espírito nas correntes vibratórias do amor e deixemos que o amor nos responda aos anseios com a linguagem imperceptível da paz interior. Amemos, portanto, esforçando-nos a princípio, mesmo que se demorem em nosso paladar afetivo os ressaibos de muitos desamores que nos atingiram, e constataremos, sorrindo, que a maior felicidade no amor pertence a quem ama. O amor é de origem divina. Quanto mais se doa, mais se multiplica sem jamais exaurir-se. 
Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais do verbete Amor, do livro Repositório de sabedoria,v.1, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Em 19.3.2014.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

O AMOR NÃO SELECIONA

Era um casal sem filhos. Os anos se somavam e, por mais tentassem, a gravidez nunca se consumava. Aderiram a sugestões e buscaram exames mais sofisticados que lhes apontaram, enfim, a total impossibilidade de um dia se tornarem pais dos próprios filhos. Optaram pela adoção e se inscreveram em um programa do município, ficando à espera. Certo dia, a notícia chegou inesperada pelo telefone: Temos uma criança. Vocês são os próximos da lista. Venham vê-la. Rapidamente se deslocaram para o local. Pelo caminho se perguntavam: Como será o bebê? Louro? Cabelos castanhos? Miúdo? Olhos negros? Menino ou menina? Tal fora a alegria na recepção da notícia, que se haviam esquecido de indagar de detalhes. Vencida a distância, foram recepcionados pela assistente social que os levou ao berçário e apontou um dos bercinhos. O que eles puderam ver era uma coisinha miúda embrulhada em um cobertor. Mas a servidora pública esclareceu: 
-Trata-se de um menino. É importante que vocês o desembrulhem e olhem. Não sei o que acontece pois vários casais o vieram ver e não o levaram. Se vocês não o quiserem, chamaremos o casal seguinte da lista. 
Marido e mulher se olharam, ele segurou a mão dela e falou: 
-Querida, talvez a criança seja deficiente ou enferma. Pense, se fosse nosso filho, se o tivéssemos aguardado nove meses, se ele tivesse sido gerado em seu ventre, alimentado por nossas energias, o amaríamos, não importando como fosse. Por isso, se Deus nos colocou em seu caminho, ele é para nós e o levaremos, certo? 
A emoção tomou conta da jovem. Estreitaram-se num amplexo demorado. É nosso filho, desde já. Foi a resposta. A enfermeira lhes trouxe o pequeno embrulho. Era um menino de cor negra. A desnutrição esculpira naquele corpo frágil uma obra esquelética, com as miúdas costelas à mostra. Levaram-no para casa. A primeira mamada foi emocionante. O garotinho sugou com sofreguidão. Pobre ser! Quanta fome passara. Talvez fosse a primeira vez que bebesse leite. No transcorrer das semanas, o casal descobriu que o pequeno era um poço de enfermidades complicadas. Meses depois, foi a descoberta de uma deficiência mental. Na medida em que mais problemas surgiam, mais o amavam. Já se passaram cinco anos. O garoto, ao influxo do amor, venceu a desnutrição e as enfermidades. Carrega a deficiência, mas aprendeu a falar, embora com dificuldade e todas as noites, quando se recolhe ao leito, enquanto os pais lhe ensinam a orar ao Senhor Jesus, em gratidão pelo dia vencido, ele abraça, espontâneo a um e outro e diz: 
-Mamãe, papai, amo vocês. 
Haverá na Terra recompensa maior do que a que se expressa na espontaneidade de um Espírito reconhecido na inocência da infância? 
* * * 
O filho deficiente necessita muito dos pais. Todo Espírito que chega ao nosso lar, com deficiência e limitação, necessita do nosso amor para que se recupere e supere a própria dificuldade. O filho deficiente é sempre compromisso para a existência dos pais. Amemos, pois, os nossos filhos, sejam eles joias raras de beleza e inteligência ou diamantes brutos, necessitados de lapidação para que se lhes descubra a riqueza oculta. 
Redação do Momento Espírita, com base em fato. Disponível no CD Momento Espírita, v. 18, ed. FEP. Em 7.8.2013.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

O AMOR NÃO MORRE

Ida Brown 
Um compositor brasileiro teve oportunidade de se expressar quanto ao amor, dizendo:
O amor é eterno enquanto dure. 
É, com certeza, uma visão parcial do amor. Talvez a visão de um amor não verdadeiro. Uma tênue aparência de amor. A vida nos mostra exemplos inúmeros de que o amor não fenece, não se extingue. Nem o tempo, nem as circunstâncias mais adversas o apagam. Foi por essa razão que Ida Brown escreveu para o editor de um jornal, dizendo de sua fidelidade à sua coluna. E pedindo um favor. Ela dizia ter oitenta anos, ser viúva e se encontrar em uma casa de repouso. Contava que, aos dezessete anos, se apaixonara por um rapaz. Ele era pobre e sua família recém-chegada do Leste Europeu. Ela era rica, de família influente, quarta geração de americanos vindos da Alemanha. Ele tinha vinte e três anos. Amavam-se. A família de Ida, contudo, não desejando, de forma alguma, aquele consórcio, a levara para a Europa por quase um ano. Quando ela retornara, seu grande amor não estava mais na cidade. Parecia ter desaparecido da face da Terra. Ninguém sabia para onde ele fora. Ela acabara por se casar, mais tarde, com um homem maravilhoso com o qual vivera por cinquenta anos. Mas, ele morrera há um ano e agora, ela não conseguia senão pensar no antigo amor. Desejo encontrar Harry, é o que ela escrevia. A única pista que lhe posso fornecer é o nome dele completo e o antigo endereço. E concluía a carta com um:
Aguardo com fé e ansiedade a sua resposta. 
O homem, embora cheio de afazeres, se emocionou com a carta e prometeu a si mesmo ajudá-la. Várias semanas depois, ele fez uma viagem e foi até a Casa de Repouso. Foi ao sexto andar e falou com um cavalheiro idoso, mas elegante, com os olhos brilhando de inteligência e energia. Depois, o tomou pelo braço e o levou até o elevador. Desceram ao terceiro andar, onde Ida estava esperando. O encontro foi dos mais emocionantes. Sem que soubessem, os dois estavam morando na mesma Casa de Repouso, há cinco meses, a três andares de distância. Algumas semanas mais e o editor do jornal retornou à mesma Casa de Repouso. Desta vez, para assistir ao casamento de Ida e Harry, com mais de cinquenta anos de atraso. 
* * * 
Você pode pensar que esta é mais uma história ideal para um filme hollywoodiano. Pode ser. Mas a arte imita a vida, se serve de exemplos de amor para os imortalizar nas telas. O amor existe. Aí estão milhares de casais a dizer que ele é verdadeiro. E nada o arrefece. O verdadeiro amor é profundo como o mar, infinito como o céu. Cultivemo-lo! 
Redação do Momento Espírita, com base em história do livro Pequenos milagres, v. II, de Yitta Halberstam e Judith Leventhal, ed. Sextante e penúltima frase colhida no cap. XLIV, do livro Depois da morte, de Léon Denis, ed. Feb. Em 18.08.2010.

terça-feira, 26 de maio de 2015

O AMOR MATERNO

Xiran Xue
Existirá ou não o tão falado instinto materno? Há os que pretendem provar que tudo não passa de imposição social. E o fazem, relacionando momentos históricos, em que ele se mostrou mais ou menos intenso. Por vezes, quase nulo em algumas comunidades. Contudo, amor de mãe é verdadeiramente sublime. Pelo fruto das suas entranhas ou pelo ser que seu coração adotou, ela é capaz dos maiores sacrifícios. Na China do século XX, uma jornalista teve oportunidade de incluir, entre suas reportagens, uma especialmente dedicada às catadoras de lixo da Província de Nanquim. Uma mulher, em especial, lhe chamou a atenção. Era diferente das demais. No porte, na maneira de se vestir, no barraco construído de forma artística impecável, com sucata. Certo dia, a ouviu cantar uma melodia russa. Indagando, descobriu que a mulher fora casada com um homem de projeção social e política. Como se transformara em uma catadora de lixo é o que desejava descobrir, sem sucesso. A catadora não desejava revelar seu passado. Um dia, fazendo uma viagem a Pequim, a jornalista encontrou uma caixa de bombons russos. Imaginou que uma pessoa que soubesse cantar uma melodia em russo, deveria gostar deles. Quando os entregou, a mulher se emocionou. Aqueles eram os chocolates com que seu marido a costumava presentear. Algum tempo depois, a jornalista foi convidada para uma recepção na casa de um jovem político ambicioso. A mansão impressionava. A recepção era à ocidental. Em certo momento, a anfitriã lhe ofereceu um bombom. Quando abriu a caixa, a jornalista viu que ali estava a letra da canção russa que ela havia copiado à mão e dado à catadora de lixo. Não aguentou a curiosidade e procurou, logo que pôde, a catadora de lixo. Como a caixa fora parar naquela mansão? Qual o mistério? Foi marcada uma entrevista mas a catadora de lixo não compareceu. Então, entre tantas cartas deixadas na entrada da rádio, a jornalista encontrou uma que dizia mais ou menos assim: Cara Xinran. Obrigada pela sua amizade e pela caixa de bombons russos. Lembrou-me de que sou uma mulher que um dia teve um marido. Dei os bombons ao nosso filho. Achei que ele gostaria, da mesma forma como o pai gostava. É muito difícil para um filho viver com a mãe. Para a esposa dele também. Não desejo criar transtornos na vida de meu filho. Nem lhe causar a dificuldade de tentar um equilíbrio entre mãe e esposa. Mas acho impossível escapar da minha natureza feminina e dos hábitos de uma vida como mãe. Vivo como vivo para estar perto do meu filho. Para vê-lo passar a caminho do trabalho, logo cedo toda manhã. Por favor, não lhe conte isto. Ele pensa que moro no interior. Desculpe, mas vou embora. Sou professora de idiomas e devo retornar para o interior e continuar ensinando crianças. Os velhos devem ter um espaço onde possam construir uma velhice bonita para si mesmos. Dei ao meu filho todo o calor que tinha em mim. Felicidades. A catadora de lixo. Na cabana do lixo.
 * * * 
Entre os animais, há um sentimento instintivo da fêmea pelas suas crias, que cessa quando se fazem desnecessários os cuidados. Nos seres humanos este sentimento é diverso e denota virtudes, como o devotamento e a abnegação. Sobrevive mesmo à morte, e acompanha o filho até no além-túmulo. De todas as formas de amor na Terra, o amor materno autêntico é das mais sublimes. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. A catadora de lixo, do livro As boas mulheres da China, de Xinran, ed. Companhia das letras e item 890 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb. Em 21.10.2011.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

AMOR INTERMINÁVEL

Mary Catherine Fish
Em um de seus poemas, Vinicius de Moraes escreveu: 
Seja o amor eterno enquanto dure... 
O verso tem fornecido oportunidade para que os que dizem amar, rapidamente desfaçam laços que parecia iriam ultrapassar os tempos. Tem se tornado comum dizer que o amor passa. E nos indagamos: Será mesmo? Será o amor assim tão efêmero, passageiro? A história de Mary e Tom Fish demonstra que o verdadeiro amor resiste a tudo. Eles se casaram num dia de maio de 1994 e, nos primeiros meses, tudo era um mar de rosas. Juntos pintaram, decoraram e mobiliaram a casa. Mary fez as cortinas, Tom plantou rosas. Ele era um homem atlético e, quando mais jovem, adorara escalar montanhas. Mary, despreocupada e satisfeita, esperava que os desafios que tivessem que enfrentar juntos viessem sob a forma de filhos e mudanças de vida. Mas, em fevereiro do ano seguinte, Tom começou a não se sentir bem. Ele estava no trabalho, tentou tirar um refrigerante da geladeira, mas não conseguiu levar a mão à porta. Exames médicos indicaram dois tumores cerebrais muito agressivos. O médico anunciou a gravidade, marcou a cirurgia para o início da semana seguinte e descreveu, com voz fria, os procedimentos. O casal olhou um para o outro. Tom começou a dizer: Desculpe, desculpe. Como se desejasse expressar o quanto sentia estar causando a ela tanta preocupação. Ele passou por cirurgias, radioterapia e quimioterapia, alternando momentos bons com outros bem difíceis, em que tinha dificuldade para pronunciar certas palavras e Mary precisava descobrir o que ele desejava dizer. Voltaram-se para Deus, em oração. Certo dia, Mary sugeriu que eles recitassem em voz alta os votos matrimoniais que tinham escrito. Enquanto ela se esforçava para recordar o que escrevera, Tom recitou: Eu, Tom, aceito você, Mary Catherine, tesouro de meu coração e minha companheira querida, para ser minha mulher, amante e amiga, para viajar pela vida comigo, até além do fim do caminho. Eu a amarei, consolarei e honrarei, na alegria e na tristeza, todos os meus dias. Um dia, fazendo a maior bagunça para se alimentar, ele perguntou: Amor, como você se sente diante da possibilidade de eu me tornar deficiente? Com sinceridade absoluta, ela falou: Meu amor, você é a minha vida. Tudo que eu quero é que você continue comigo. Posso enfrentar qualquer problema. Comemoraram um ano de sua união, comendo a parte de cima do bolo da festa do casamento, que haviam guardado, no congelador, especialmente para a ocasião. No começo, ela desejou que ele voltasse a ser saudável; depois, pedia que ele vivesse mesmo com as deficiências; então, precisou aceitar o fato que ele iria morrer. Finalmente, Mary se deu conta de que tudo que podia fazer era ajudá-lo espiritualmente. Quando Tom se foi, ela escreveu: Sei que o amor resiste à dor e ao infortúnio. Se fôssemos capazes de escolher um sentimento que perdurasse acima de todos os outros, haveria escolha melhor? Pensemos nisso: o amor é o maior dos sentimentos. O amor nunca acaba. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Um amor interminável, de Mary Catherine Fish, da revista Seleções Reader´s Digest, edição especial de aniversário [70 anos]. Em 12.6.2013.
http://momento.com.br/

domingo, 24 de maio de 2015

AMOR INSUPERÁVEL

Ele veio à luz numa noite quase fria e para aquecê-lO, serviram-se os pais de palhas e feno, destinadas aos animais do local onde se abrigavam. Teve Sua vida ameaçada, desde os meses primeiros, por quem temia se ver destituído do trono das vaidades. Vagou por terras estrangeiras, retornando à cidade de Seus pais, para crescer em graça e vitalidade. O clima político era de intranquilidade. O povo a que pertencia era escravo de nação arbitrária e dominadora. O governo estava centrado no acúmulo das riquezas e na manutenção do poder pela força, desde que lhe faleciam razões outras. Toda vez que lhe mencionariam o nome, ao longo dos séculos que viriam empós, seria lembrado como Aquele que viera de cidade das menos expressivas de Sua nação. Seu pai não detinha projeção social. Era carpinteiro e, cedo, Suas mãos longas e finas passaram a modelar a madeira. Quando o tempo se fez próprio, fez-Se conhecer dos homens, servindo-Se de frases ditas muitos séculos antes de Sua vinda. Frases de conhecimento popular, repetidas de geração a geração, em cânticos de esperança. Mas aqueles mesmos para quem viera, não O reconheceram. Esperavam alguém cheio de pompa e Ele fez-Se pequeno, para amar e servir aos homens. Acusaram-nO de crime de sacrilégio porque ousou afirmar a Sua filiação Divina, desvelando-nos o Pai de todos nós. Chamou os que O seguiam de amigos, patenteando que a amizade é dos mais puros sentimentos. Afirmou que Se ofereceria em holocausto, no momento oportuno e que, pelos Seus amigos, daria a própria vida. Lecionou a alegria, fazendo-Se presente em momentos de importância da vida de parentes e pessoas que desejavam com Ele partilhar o pão, a mesa, a amizade. Abençoou com Sua presença um casamento, assinalando a importância da família. Chamou a Si os pequenos, afirmando da importância do período infantil e, educador excepcional, disse das graves responsabilidades de se bem conduzir essa quadra da vida. Esteve com os jovens e, idealista, convidou-os para O seguirem, a fim de que tivessem a sua juventude abençoada pelo amor imperecível. Fez da natureza Seu templo e Sua escola, chamando a atenção dos que O ouviam para as coisas pequeninas. O grão de mostarda, a figueira improdutiva, a sega no momento apropriado, a periodicidade das estações, uma folha de árvore. Ensinou a nobreza no sacrifício por amor à verdade. Com Seu sangue regou o ânimo dos que Se lhe tornariam seguidores, no transcorrer dos evos. Retornando do país do Além, Ele que fora abandonado, traído, apresentou-Se para consolar os amigos. Atestou a Imortalidade com a Sua presença, permitindo-Se tocar, apalpar. Conhecedor das necessidades humanas mais primárias, não Se pejou em preparar, na praia, o fogo, oferecendo aos amigos pescadores, o alimento, em Seu retorno das lides. Foi filho amoroso, amigo incondicional, servidor da Humanidade. Nada exigiu. Exemplificou a perfeição e, num convite veemente, estabeleceu que quem O desejasse imitar, bastava tomar de Sua cruz e segui-lO. O que Ele fazia, todos podiam realizar. Não prometeu recursos amoedados ou situações de privilégio. Ele era o Modelo e Guia, sem sequer possuir uma pedra para repousar a cabeça. Não era excepcional, afirmava. Filho do Pai Excelso, comungando de Sua vontade, revelou-nos a nossa filiação Divina. E no Seu testamento de amor afirmou que somos os herdeiros das estrelas, os senhores dos astros, viajores do Universo. Chamam-nO Nazareno, Amigo Celeste, Galileu, filho de Deus. Não importa. Ele é Jesus, o amor insuperável. Nosso Mestre, Amigo, Irmão. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 21 e no livro Momento Espírita, v. 6, ed. FEP. Em 9.1.2014.

sábado, 23 de maio de 2015

UM AMOR INCOMPARÁVEL

O amor dos pais pelos filhos costuma causar admiração. Nenhuma dedicação lhes parece excessiva, quando se trata de assegurar o bem-estar de seus rebentos. As figuras doces das crianças são observadas com enternecimento pelos genitores. Eles os percebem como pérolas de luz, como penhor de um futuro melhor. São uma nova e promissora geração, em cujas mãos o mundo pode se tornar mais digno e justo. Mas por um tempo são apenas aves frágeis. Clamam por asilo no peito dos pais, que os acolhem carinhosamente. Para garantir a sobrevivência dos pequeninos, seus genitores trabalham incansavelmente. Quando a enfermidade aparece, atravessam noites de dolorosa vigília, sem esmorecer. A fragilidade dos que iniciam a existência é marcante. É preciso assegurar-lhes absolutamente tudo. Alimento, agasalho, escola, educação... Essa formidável responsabilidade gera incontáveis inquietações. Entretanto, mais tarde, os pais não se lembram de cobrar impostos de reconhecimento. Também não aguardam que os filhos se convertam em fantoches de seus caprichos. Tudo o que almejam é que se tornem adultos honrados e felizes. Contudo, algumas dessas crianças rosadas e risonhas mais tarde caem sob terríveis enganos. Deixam-se seduzir pelas tentações do mundo e esquecem as lições que receberam no lar. Para os outros, então, são apenas criminosos ou pervertidos. Mas para os pais eles seguem como preciosos tesouros. Os genitores sabem esquecer as rugas de dor que as quedas dos filhos lhes causam. Desejam mais do que tudo que seus rebentos se reergam e reparem os estragos que causaram. Que surjam novamente dignos perante o mundo e reconstruam sua felicidade em bases nobres. Talvez alguns considerem demasiada tal dedicação. Para esses, eles têm apenas uma resposta, mesclada de alegria e de pranto: Ora, são os meus filhos! O amor dos pais pelos filhos realmente costuma causar admiração. Embora sejam criaturas imperfeitas, trabalham pelo bem dos filhos e jamais aceitam que permaneçam derrotados e sofredores. Imagine-se, então, a grandiosidade do Amor Divino! Deus não apenas gera corpos. Ele cria os Espíritos e acompanha com ternura inimaginável a sua lenta e milenar evolução. O Universo é o maravilhoso lar divino, onde os filhos do Autor da Criação têm as experiências de que necessitam. Amparados, fortalecidos, corrigidos, sobretudo amados, seguem em direção ao seu destino de luz. Nesse grandioso contexto, facilmente se percebe que as dificuldades são percalços momentâneos. Afinal, foi por amor que Deus nos criou e é com amor que nos conduz à sabedoria e à paz! Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. LXIII do livro Justiça Divina, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. Em 07.07.2009.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

AMOR FRATERNO

O rei Salomão foi um rei judeu considerado dos mais sábios. Durante seu reinado, viveram em Sião dois irmãos que eram agricultores e semeavam trigo. Quando chegou a época da colheita, cada um foi colher o trigo no seu campo. Uma noite, o irmão mais velho juntou vários feixes da sua colheita e os levou para o campo do irmão mais novo, pensando: Meu irmão tem sete filhos. São muitas bocas para alimentar. É justo que eu lhe dê uma parte do que consegui. Contudo, o irmão mais novo também foi para o campo, juntou vários feixes do seu próprio trigo, carregou até o campo do irmão mais velho, dizendo para si mesmo: Meu irmão é sozinho, não tem quem o auxilie na colheita. É bom que eu divida uma parte do meu trigo com ele. Quando se ergueram ambos, pela manhã, e foram para o campo, ficaram muito admirados de encontrar exatamente a mesma quantidade de trigo do dia anterior. Chegada a noite seguinte, cada um teve o mesmo gesto de gentileza com o outro. Novamente, ao acordarem, encontraram seus estoques intactos. Foi na terceira noite, no entanto, que eles se encontraram no meio do caminho, cada qual carregando para o campo do outro um feixe de trigo. Abraçaram-se com força, derramaram muitas lágrimas de alegria pela bondade que os unia. A lenda conta que o rei Salomão, ao tomar conhecimento daquele amor fraterno, construiu o Templo de Israel naquele lugar da fraternidade. O amor fraterno é um dos exercícios para se alcançar a excelsitude do verdadeiro amor. Os que nascemos numa mesma família, como irmãos de sangue somos, as mais das vezes, Espíritos que já nos conhecemos anteriormente em outras existências. É isso que explica os laços do afeto que nos unem. Embora ocorram casos em que os irmãos se detestem, chegando mesmo ao ponto de se destruírem mutuamente, comove observar como tantos outros se amam e se auxiliam. Percebe-se, pela sua forma de agir, que nasceram para amparar-se mutuamente e alcançar objetivos altruístas. É comovente observar como Deus dispõe os seres de forma a exercitarem o amor. Lembramos de uma família na qual o segundo filho é portador de enfermidade que o impossibilita, desde os verdes anos da infância, a ter uma vida dentro dos parâmetros considerados de normalidade. Necessita de amparo constante, pois até mesmo as refeições não consegue fazer sozinho. E o irmão menor, extremamente dedicado, sempre pronto a atendê-lo. Eu ajudo, são suas palavras mais frequentes. Amor fraterno. Felizes os que aproveitam a oportunidade do exercício e estabelecem pontes eternas do seu para o outro coração. 
* * * 
Nossas famílias são planejadas antes de renascermos. Nesse planejamento são levados em conta os nossos contatos anteriores. Isto explica, sem sombra de dúvidas, as simpatias e antipatias que, desde o berço, envolvem os que nos reunimos em uma mesma família.
Redação do Momento Espírita com base em lenda judaica. Disponível no livro Momento Espírita, v. 6,ed. FEP. Em 24.2.2014

quinta-feira, 21 de maio de 2015

AMOR FRATERNAL

Erich Fromm
Os que nascemos em uma mesma família estamos unidos pelos laços de sangue. Esses laços, no entanto, não configuram laços de amor necessariamente. Não é raro irmãos viverem às turras, ou terem muito ciúme e inveja uns dos outros, criando dificuldades de relacionamento no lar. Ou chegarem mesmo à agressão, à usurpação dos direitos e bens uns dos outros. Contudo, quando os laços afetivos existem, é comovedor se observar a dedicação de alguns irmãos. Carinho, atenção, dedicação, renúncia são algumas das expressões que surgem, de forma espontânea e comovedora. Recentemente, soubemos da história de uma garotinha de seus 4 para 5 anos de idade. Seu irmãozinho, de oito anos, enfermou e o diagnóstico foi leucemia. Pai e mãe passaram a se desvelar pelo garoto. Exames, internamentos, quimioterapia. Tudo o que a medicina hoje oferece aos portadores dessa enfermidade. Certo dia, a mãe tomou a menina entre seus braços e explicou que o irmão ficaria num hospital, durante algum tempo. Ele precisava de um tratamento especial para melhorar. Explicou também que, quando ele voltasse, ela não se assustasse porque, possivelmente, por causa do tratamento, ele teria perdido todo seu cabelo. Também lhe recomendou que não risse ou fizesse brincadeiras quando visse a “carequinha” do irmão. A menina ouviu com atenção e ficou calada. A mãe até pensou que ela não havia entendido bem. Entretanto, resolveu esperar. Alguns dias depois, os pais foram buscar o garoto no hospital. Quando o carro chegou na frente da casa, a garotinha olhou pela janela do primeiro andar e sorriu. Seu irmão estava de volta. E na cabeça, um boné vermelho. Correu para o banheiro, tomou a tesoura de sua mãe e concretizou o plano que estava em sua cabecinha, desde sua conversa com a mãe. Pouco depois, desceu as escadas aos pulos. Abriu a porta no exato momento em que o irmão chegava. Então, ela o olhou por um segundo, como a querer se certificar de que ele estava mesmo sem cabelo. No momento seguinte, estendeu as mãozinhas cheias de seus próprios cabelos para ele. Ele olhou para a irmãzinha e verificou que ela trazia os cabelos desalinhados, mostrando que os havia cortado, do jeito que pudera, com suas pequenas mãos. Um lado mais curto do que o outro, as franjas tortas como se fossem degraus de uma escada mal construída. Ela não disse nada. Nem ele. Os pais, um passo atrás do menino, observavam, atônitos. Então o garoto tomou nas suas mãos os cabelos que a irmã lhe oferecia e, com um sorriso largo, tirou o próprio boné e colocou na cabecinha dela. Depois se ajoelhou e ambos se abraçaram longa e demoradamente. Amor fraternal é a mais fundamental espécie de amor. É a que alicerça todos os tipos de amor. Entende-se por amor fraternal o sentimento de responsabilidade, de cuidado, de respeito pelo outro, o seu conhecimento, o desejo de lhe aprimorar a vida. Do lar, o amor fraternal transcende para os demais seres humanos. Se desenvolvemos a capacidade de amar a um irmão consangüíneo, não podemos deixar de amar, na seqüência, a todos os demais irmãos. O amor fraternal é o amor entre iguais. Iguais por sermos todos Espíritos, filhos do mesmo Pai. Iguais, hoje, na Terra, por estarmos na condição humana. Se pensarmos nas diferenças de talento, inteligência, conhecimento, veremos que são pequenas, se compararmos com a identidade essencial, comum a todos nós. * * * O amor é uma força ativa no homem. Uma força que irrompe pelas paredes que o separam de seus semelhantes. Que o une aos outros. Que o estimula a dar-se, numa extraordinária experiência de vitalidade e de alegria. 
Redação do Momento Espírita, a partir de cenas de um vídeo intitulado Gesto de amor, de autoria desconhecida e do cap. 2 do livro A arte de amar, de Erich Fromm, ed. Itatiaia. Em 23.11.2007.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

AMOR FILIAL

Shou Wen Allegretti
O amor dos pais para com os filhos por vezes alcança as raias da sublimidade. Isto é o que bem atestou um professor chinês, emigrado para o Brasil, ainda em sua juventude. Quando Wong tinha somente quinze anos, conforme o costume na China, os pais lhe escolheram a noiva e o casaram. Logo chegou a primeira filha. E a segunda. Ainda bebês, as duas meninas foram deixadas com a mãe, pois que o pai foi estudar em terras distantes. Retornando à China, porque estivesse em andamento a Segunda Guerra Mundial, ele passou a trabalhar para os americanos. Falando fluentemente o inglês, foi precioso instrumento para eles, enquanto ele próprio amealhou grande fortuna. Nesse ínterim, conheceu outra jovem por quem se apaixonou perdidamente e, desejando consorciar-se com essa, foi pedir à esposa que o liberasse de seus compromissos. Naquela época, era suficiente que a esposa assinasse um documento, concedendo ao marido a liberdade, para que o homem se considerasse divorciado. A primeira esposa, ao saber da real paixão do marido, concedeu-lhe o que ele pedia, ficando responsável pelas duas crianças pequenas e a mãe dele. Para sustentar-se e a elas, trabalhou o quanto pôde, sem jamais dizer qualquer palavra de azedume para a sogra, a quem cuidou até a morte. Muito menos fez às filhas qualquer referência maldosa a respeito do marido. Wong, por sua vez, ao irromper a guerra civil chinesa, começou a ser perseguido, justamente por seu trabalho com os americanos durante o conflito mundial. E, depois de alguns percalços, emigrou para o Brasil, com a nova esposa e a prole: quatro meninas. As filhas do primeiro casamento, somente por o terem tido como pai, embora jamais ele as tivesse assistido durante sua infância, juventude ou madureza, sofreram muito. Uma delas, juntamente com o marido, foi presa e exilada para o norte da China, de onde somente pôde retornar mais de onze anos depois. A outra teve o marido preso por quatro longos anos. Tudo por serem parentes do professor fugitivo do país. O tempo passou. Então, as filhas do segundo casamento procuraram as meio-irmãs do primeiro e passaram a trocar discreta, mas constante correspondência. Rolaram os anos. O pai envelheceu e adoeceu. As notícias chegaram às duas irmãs na China. Reunindo os recursos disponíveis, ambas vieram ao Brasil. Sem falar nenhuma palavra a não ser chinês, elas se aventuraram até aqui. Vieram ver o velho pai, cujo contato tinham perdido, desde a meninice e de cujos carinhos jamais puderam lembrar, pois não os tiveram. Com o afeto de dedicadas filhas, elas o saudaram. E com ele ficaram nos meses que antecederam à sua morte, atendendo-o em todas as suas necessidades. Na sua fala, demonstravam verdadeira devoção filial. Nada que pudesse trair mágoa, rancor ou ressentimento. O pai não as atendera na infância, entretanto, elas vieram atender o pai, em sua velhice. Nenhuma diferença no atendimento das filhas que receberam dele atenção e cuidados durante os anos de sua formação e aquelas que ele deixara na China, ainda crianças. O velho Wong recebeu de todas total cuidado, até a sua desencarnação. Então, sem esperar por abertura de testamento ou decisão do espólio, as duas irmãs fizeram as malas, abraçaram as meio-irmãs e retornaram para sua velha e amada China. 
* * * 
Atender os pais idosos em suas necessidades é dever dos filhos. O amor filial vai muito além disso. É dar aos pais esses pequenos nadas supérfluos e cuidados amáveis que lhes alimentam o coração envelhecido. E se a Lei Divina nos diz que devemos amar o próprio inimigo, a dedicação de filhos para com os pais deve se estender até mesmo para aqueles que não cumpriram seus deveres. Isso, as irmãs chinesas fizeram muito bem. 
Redação do Momento Espírita, com base em história real narrada por Shou Wen Allegretti e frases do cap. XIV, item 3 de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb. Disponível no cd Momento Espírita, v. 19, ed. Fep. Em 01.02.2012
http://momento.com.br/

terça-feira, 19 de maio de 2015

O AMOR ESTÁ NA MODA

A Organização das Nações Unidas - ONU estabeleceu que o ano de 2001 seria o Ano Internacional do Voluntariado. Concluído o ano, os comitês formados para impulsionar o trabalho voluntário e as doações em nosso país, mostraram um saldo muito positivo. Somente em um dos Estados brasileiros, o Centro de Voluntariado foi contatado por quinze mil pessoas, que demonstraram interesse em auxiliar, de alguma forma, a alguém. Um número muito maior do que o dos últimos quatro anos somados. E, vejamos, são quarenta Centros Voluntários no Brasil, que desejam transformar a experiência do ano em Década do Voluntariado. Mas, não é preciso estar ligado a uma instituição para ajudar. Basta desejar dedicar seu talento e algum tempo de seu trabalho no interesse social ou comunitário. A alvissareira notícia nos remete aos princípios evangélicos e ao convite insistente de Jesus: Amai-vos uns aos outros. Se recuarmos na História, verificaremos que os cristãos primitivos tinham exatamente esse sentimento em seus corações. Numa época em que não havia assistência social, em que as leis ainda não beneficiavam, nem protegiam o cidadão, os cristãos eram aqueles que amparavam velhos, órfãos e crianças abandonadas. Numa sociedade justa, ensinam os emissários espirituais, na magistral obra que é pilar básico da Doutrina Espírita, O Livro dos Espíritos, o forte deve trabalhar para o fraco. Não tendo este família, a sociedade deve fazer as vezes desta. É a lei de caridade. E estamos chegando lá. Estamos nos importando com o idoso, não somente criando mecanismos que lhe permitam o alimento, a moradia, o medicamento, mas igualmente que tudo isso se dê em clima de dignidade. Estamos nos importando com os sentimentos dessas criaturas que tanto fizeram e agora se encontram de forças diminuídas, mas ainda com possibilidades de serem e de se sentirem úteis. Estamos nos importando com as crianças que perambulam pelas ruas, nos preocupando em lhes dar instrução através da escola, mas também amor através da ação voluntária que as recebe e lhes oferece afeto. Estamos nos preocupando com seu lazer, com seus dias de infância, a fim de que elas cresçam em clima de menos carência e mais harmonia. Estamos diminuindo a lista dos órfãos e abandonados, graças aos corações que se abrem para se tornarem pais e mães da carne alheia, tanto quanto humanizando as casas-lares para aqueles que não alcançam a ventura da adoção. Em suma, estamos respirando e buscando transformar em realidade o milênio de paz que todos anelamos. O amor está na moda. A aragem branda de Jesus invade os corações das gentes de todas as nações. Isso é bom. Isso nos dá maior confiança de que, a breve tempo, o reino de Deus se instale, em definitivo, na Terra, porque ele começa no coração de cada um. * * * Determinada pesquisa revelou que um em cada cinco brasileiros adultos faz trabalhos voluntários. Além disso, 50% deles fazem doações para instituições e 30% para pessoas. Tudo isso nos leva a crer que o amor está na moda e que estamos descobrindo que amar faz bem para a alma e para a vida. 
Redação do Momento Espírita, com base em reportagem do dia 6.12.2001 da Folha de São Paulo; dados estatísticos extraídos da seção Só no Brasil, da revista Seleções Reader's Digest, de janeiro/2002 e no item 685a de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb. Em 16.7.2012.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

UM AMOR ESPECIAL

Jéssica Gardner
Quando Jéssica veio ao mundo, trazia a cabeça amassada e os traços deformados, devido ao parto difícil vivido por sua mãe. Todos a olhavam e faziam careta, dizendo que ela se parecia com um jogador de futebol americano espancado. Todos tinham a mesma reação, menos a sua avó. Quando a viu, a tomou nos braços, e seus olhos brilharam. Olhou para aquele bebê, sua primeira netinha e, emocionada, falou: Linda. No transcorrer do desenvolvimento daquela sua primeira netinha, ela estaria sempre presente. E um amor mútuo, profundo, passou a ser compartilhado. Quando a avó recebeu o diagnóstico, anos depois, de Mal de Alzheimer, toda a família se tornou especialista no assunto. Parecia que, aos poucos, ela ia se despedindo. Ou eles a estavam perdendo. Começou a falar em fragmentos. Depois, o número de palavras foi ficando sempre menor, até não dizer mais nada. Uma semana antes de morrer, seu corpo perdeu funções vitais e ela foi removida, a conselho médico, para uma clínica de doentes terminais. Jéssica insistiu para ir vê-la e seus pais a levaram. Ela entrou no quarto onde a avó Nana estava e a viu sentada em uma enorme poltrona, ao lado da cama. O corpo estava encurvado, os olhos fechados e a boca aberta, mole. A morfina a mantinha adormecida. Lentamente, Jéssica se sentou à sua frente. Tomou a sua mão esquerda e a segurou. Afastou daquele rosto amado uma mecha de cabelos brancos e ficou ali, sentada, sem se mover, incapaz de dizer coisa alguma. Desejava falar, mas a tristeza que a dominava era tamanha, que não a conseguia controlar. Então, aconteceu... A mão da avó foi se fechando em torno da mão da neta, apertando mais e mais. O que parecia ser um pequeno gemido se transformou em um som, e de sua boca saiu uma palavra: Jéssica. A garota tremeu. O seu nome. A avó tinha 4 filhos, 2 genros, uma nora e seis netos. Como ela sabia que era ela? Naquele momento, a impressão que Jéssica teve foi que um filme era exibido em sua cabeça. Viu e reviu sua avó nos 14 recitais de dança em que ela se apresentou. Viu-a sapateando na cozinha, com ela. Brincando com os netos, enquanto os demais adultos faziam a ceia na sala grande. Viu-a, sentada ao seu lado, no Natal, admirando a árvore decorada com enfeites luminosos. Então Jéssica olhou para ela, ali, e vendo em que se transformara aquela mulher, chorou. Deu-se conta que ela não assistiria, no corpo, ao seu último recital de dança, nem voltaria a torcer com ela pelo seu time de futebol. Nunca mais poderia se sentar a seu lado, para admirar a árvore de natal. Não a veria toda arrumada para o baile de sua formatura, ao final daquele ano. Não estaria presente no seu casamento, nem quando seu primeiro filho nascesse. As lágrimas corriam abundantes pelas suas faces. Acima de tudo, chorava porque finalmente compreendia como a avó havia se sentido no dia em que ela nascera. A avó olhara através da sua aparência, enxergara lá dentro e vira uma vida. Lentamente, Jéssica soltou a mão da avó e enxugou as lágrimas que molhavam o seu rosto. Ficou de pé, inclinou-se para a frente e a beijou. Num sussurro, disse para a avó: Você está linda.
* * *
Se desejas ensinar a teu filho o que é o amor, demonstra-o. Não lhe negues a carícia, a atenção, a palavra. O que faças ou digas é hoje a semeadura farta de bênçãos que o mundo colherá, no transcurso dos anos dos teus rebentos. E o mundo te agradecerá, por teres sido alguém que entregou ao mundo um ser que saiba amar, de forma incondicional e irrestrita.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Linda, de autoria de Jéssica Gardner, do livro Histórias para aquecer o coração dos adolescentes, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen e Kimberly Kirberger, ed. Sextante. Em 27.06.2008

domingo, 17 de maio de 2015

AMORES DISTANTES

Nossos amores são o tesouro que a vida nos oferece como dádiva perante os desafios da caminhada. Quando os temos não conseguimos aquilatar a vida sem eles. São de tal forma parte integrante da nossa estrutura emocional, que a existência terrena teria um peso imenso sem eles a nos apoiarem e amarem. Pertencem ao nosso coração porque os laços de querer bem se construíram reciprocamente em experiências e labores, desta ou de anteriores vidas. Nós os buscamos para abastecer o coração, para alegrar o dia, para desanuviar a mente, pois são eles que aliviam o guante da vida. Algumas vezes, se separam de nós fisicamente. Passam a morar em outras terras, pois que casam, precisam assumir compromissos profissionais em lugares distantes, aprimorar estudos... E lá se vão nossos amores. Nesses momentos, a paciência passa a ser nossa companheira na espera saudosa do retorno deles, na esperança do reencontro, de voltar a usufruir do aconchego da presença que preenche nossa alma com tanta facilidade. Porém, entendemos que a distância momentânea é necessária, pois se trata dos compromissos de cada Espírito. Embora essa distância incomode, mesmo que os dias se façam longos, o entendimento e compreensão da situação nos fortalecem para aguardar o momento onde celebraremos mais uma vez o amor e o querer bem. De forma semelhante ocorre com nossos amores que partiram antes de nós para o lado de lá da vida, para o mundo espiritual. Foram chamados de retorno ao lar pela Providência Divina, pois outros compromissos os aguardavam nas paisagens da Espiritualidade. De forma alguma, podemos pensar que Deus não percebeu a dor que essa partida nos causou. Não houve desconhecimento da Divindade, em nenhum momento, a respeito das saudades que nos queimam as fibras mais íntimas da alma. As lágrimas saudosas que derramamos por aqueles que partiram, eles também as sentem, pois que a vida continua, e ainda mais exuberante. Também na Espiritualidade, separados fisicamente de nós, eles sentem, na intimidade da alma, nossa ausência e têm o coração apertado nas saudades dos que aqui ainda permanecemos. Porém, percebem que o reencontro se dará na brevidade que Deus permitir, amparados na certeza de que o amor desconhece as barreiras da distância e do tempo. Portanto, se hoje os olhos vertem as lágrimas que o coração insiste em fazer jorrar, amanhã será o dia do reencontro. Novamente a vida nos oportunizará que as mãos se enlacem, os corações batam em uníssono, os olhares falem dos sentimentos que as palavras não conseguem vestir. Nas saudades dos amores distantes, haverá sempre a certeza do reencontro, o entendimento que o adeus jamais caberá nos lábios daqueles que verdadeiramente amam. Para esses, somente haverá um até breve, na certeza que hoje simplesmente padecemos a distância momentânea, porém necessária. Logo mais, em um novo amanhã, em nova etapa, teremos os nossos amores a nos preencher os dias de alegria e plenitude. 
Redação do Momento Espírita. Em 30.10.2013.

sábado, 16 de maio de 2015

AMOR E RENÚNCIA

A conversa informal, durante o café da manhã, foi mais uma oportunidade de aprendizado para os que ouviam aquela senhora de semblante calmo e cabelos embranquecidos pelas muitas primaveras já vividas. Ela pôs o café e o leite na xícara e alguém lhe ofereceu açúcar. Mas a senhora agradeceu dizendo que não fazia uso de açúcar. Alguém alcançou rapidamente o adoçante, por pensar que deveria estar cumprindo alguma dieta. Ela agradeceu novamente, dizendo que tomava apenas café com leite, sem açúcar, nem adoçante dietético. Sua atitude causou admiração, pois raras pessoas dispensam o açúcar. Então ela contou a sua história. Disse que, logo depois que se casara, havia deixado de usar açúcar. Imediatamente imaginamos que deveria ser para acompanhar o marido que, por certo, não gostava de doce. Contudo, aquela senhora, que agora lembrava com carinho do marido já falecido há alguns anos, esclareceu que o motivo era outro. Falou de como o seu jovem esposo gostava de açúcar, e falou também da escassez do produto, durante a Segunda Guerra Mundial. Disse que, por causa do racionamento, conseguiam apenas alguns quilos por mês e que mal davam para seu companheiro. Ela, que o amava muito, renunciou ao açúcar para que seu bem amado não ficasse sem. Declarou que depois que a guerra acabou e a situação se normalizou, já não fazia mais questão de adoçar seu café e que havia perdido completamente o hábito do doce. Hoje em dia, talvez uma atitude dessas cause espanto naqueles que não conseguem analisar o valor e a grandeza de uma renúncia desse porte. Somente quem ama, verdadeiramente, é capaz de um gesto nobre em favor da pessoa amada. Nos dias atuais, em que os casais se separam por questões tão insignificantes, vale a pena lembrar as heroínas e os heróis anônimos que renunciaram ou renunciam a tantas coisas para fazer a felicidade do companheiro ou da companheira. Nesses dias em que raros cônjuges abrem mão de uma simples opinião em prol da harmonia do lar, vale lembrar que a vida a dois deve ser um exercício constante de renúncia e abnegação. Não estamos falando de anulação nem de subserviência, de um ou de outro, mas, simplesmente, da necessidade de relevar ou tolerar os defeitos um do outro. Não é preciso chegar ao ponto de abrir mão de algo que se goste, por mero capricho ou exigência do cônjuge, mas se pudermos renunciar a algo para que nosso amor seja feliz, essa será uma atitude de grande nobreza de nossa parte. Afinal de contas, o verdadeiro amor é feito de renúncia e abnegação, senão não é amor, é egoísmo. Se entre aqueles que optaram por dividir o lar, o leito e o carinho a dois, não existir tolerância, de quem podemos esperar tal virtude? Se você ainda não havia pensado nisso, pense agora. Pense que, quando se opta por viver as experiências do casamento, decide-se por compartilhar uma vida a dois e isso quer dizer, muitas vezes, abrir mão de alguns caprichos em prol da harmonia do lar. Se você só se deu conta disso depois que já havia se casado, lembre-se de que a convivência é uma arte e um desafio que merece ser vivido com toda dedicação e carinho. Quando aprendermos a viver em harmonia dentro do lar, estaremos preparados para viver bem em qualquer sociedade. 
* * * 
O matrimônio é uma sociedade de ajuda mútua, cujos bens são os filhos – Espíritos com os quais nos encontramos vinculados pelos processos e necessidades da evolução. 
Redação do Momento Espírita, com pensamento final do verbete Matrimônio, do livro Repositório de sabedoria, v.II, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 26.12.2008. Disponível no CD Momento Espírita, v. 5 e no livro Momento Espírita, v. 1, ed. Fep.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

AMOR EM DESEQUILÍBRIO

CHICO XAVIER
Hoje em dia os modelos de educação são tantos e tão complexos, que grande parte dos pais já não sabe mais qual a maneira eficaz para se obter um bom resultado na orientação dos seus filhos. Há pais que aderiram ao modelo de uma educação dita liberal, de liberdade sem responsabilidade. Mas esse modelo provou sua ineficiência criando uma geração de pequenos tiranos, causadores de infelicidade e dor para seus genitores. Outros pais resolveram educar os filhos para se prevenir contra tudo e contra todos. E surgiu uma geração violenta e cruel, capaz de esmagar até mesmo os colegas de classe e os professores. Essa demonstração tácita do amor em desequilíbrio tem infelicitado pais e filhos que lhes caem nas armadilhas danosas. Assim, aos pais de boa vontade relacionamos algumas atitudes que devem ser evitadas para que se possa alcançar uma educação eficaz, promovendo o ser e elevando-o moralmente. 
1º - Achar que os filhos têm sempre razão, sem lhes reconhecer as falhas, supondo-os isentos de quaisquer defeitos e com isso incentivá-los à arrogância da falsa superioridade e ao desprezo da virtude. Ou num outro extremo, censurá-los por tudo e a cada instante, deixando neles marcas de insegurança interior e de complexos de inferioridade. 
2º - Manter as crianças e os adolescentes longe de quaisquer problemas por que a família passe, para apenas votá-los à convivência de brinquedos e festas, amolecendo-lhes a capacidade de resistência com a qual terão de enfrentar a dura, mas necessária, realidade da vida. 
3º- Satisfazer cada capricho infantil, jamais negando algo e assim desenvolver a ambição desmedida e a absoluta falta de firmeza e coragem no adulto de amanhã. 
4º - Aconselhar sempre o revide e a intransigência, observando que perdoar e pacificar é próprio dos tolos, afastando, desse modo, a alma infantil de qualquer tendência à compaixão. 
5º - Querer deixar aos descendentes, acima de tudo, o bem-estar amoedado, que pode se esvair, ao sopro de qualquer adversidade, ao invés de lhes transmitir a herança da cultura e da virtude, tesouros que as traças jamais poderão roer... 
6º - Desejar moldar os filhos segundo a própria imagem, numa reprodução de si, não lhes respeitando as inclinações da personalidade. 
7º - Acostumá-los a menosprezar empregados e subordinados que lhes devem obedecer a todos os caprichos e incentivá-los à bajulação e ao servilismo dos socialmente bem colocados, distorcendo assim a escala de valores da criança e do jovem que não saberá ver seres humanos em parte alguma, mas apenas objetos descartáveis da própria ambição. 
A obra da educação exige amor, mas exige também equilíbrio e lucidez. É preciso aliar energia e doçura, verdade e ternura, confiança e dinamismo para que os educandos sintam que seus educadores desejam alçá-los aos altiplanos da vida, da felicidade plena, sem ilusões nem fantasias. 
* * * 
Educar é a melhor maneira de curar o desequilíbrio do mundo e orientar com Jesus é curar todas as chagas do Espírito eterno. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. Tempo de refletir, do livro A educação da nova era, de Dora Incontri, ed. Comenius e no verbete Educar, do livro Dicionário da alma, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. Em 30.05.2011.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

AMOR EM AÇÃO

Você sabe definir com exatidão o que é a palavra caridade? Para muitos, ela significa a ajuda material a quem necessita. Sem dúvida este é o modo de aliviar, mesmo que temporariamente, a fome, a sede, as necessidades básicas de inúmeras criaturas. Muitos de nós talvez tenhamos despertado para a caridade através da ajuda material, frequentemente doando o que nos é supérfluo. Mas ela não se restringe a isto. Um dos mais conhecidos dicionários da língua portuguesa define caridade como o amor que move nossa vontade na busca do bem do outro. Inúmeras obras da Doutrina Espírita nos falam da necessidade de se doar, de coração, a outras pessoas. E essa doação se faz em vários níveis. Há, inclusive uma frase que nos diz: Fora da caridade não há salvação. Lembremos da parábola do samaritano, que Jesus contou em resposta ao doutor da lei que lhe perguntou quem era o seu próximo. Um homem fora vítima de assaltantes em uma estrada, e ficara muito ferido, sem sentidos e abandonado. Dois viajantes o viram, mas nada fizeram. Passava, então, pela estrada, um habitante da região da Samaria, que, por tal razão, era desprezado pelo povo judeu, do qual o homem ferido fazia parte. O samaritano, ao se deparar com o ferido, interrompeu sua viagem e o atendeu, movido por profunda compaixão. Limpou suas feridas, lhe fez curativos e, colocando-o no lombo de seu animal, o levou a uma hospedaria. Ali, tratou de cuidar do desconhecido por uma noite. Na manhã seguinte, tendo de seguir viagem, pagou adiantado ao dono da hospedaria para que esse mantivesse o ferido até que se recuperasse. Fez ainda mais: prometeu que, se houvessem gastos além do que adiantara, ele pagaria quando retornasse ao local. E seguiu viagem. Ora, esse homem não doou apenas seu dinheiro. Doou seu tempo, atenção, amor. Sabia que não poderia deixar a ajuda para a volta da viagem, ou seria tarde. Não sabia sequer o nome do homem a quem ajudara. Apenas sabia ser seu irmão. É esta a verdadeira caridade da qual nos fala Jesus. É a forma de autodoação, de anulação do egoísmo, de libertação do próprio ego. A parábola nos fala da ajuda a um desconhecido, em uma situação extrema. Mas, a mensagem que ela nos traz é muito ampla. Muitas vezes as pessoas que precisam de nossa caridade estão muito próximas de nós, por vezes em nosso próprio convívio familiar. O filho com problemas de aprendizado e que precisa tanto de toda a nossa atenção; o irmão que não segue o caminho do bem e que anseia por nosso amparo e perdão para retornar ao seio da família. O pai com dificuldades materiais que necessita de nosso auxílio neste momento difícil, a mãe adoentada que espera por nossos cuidados, e tantos outros que aguardam por um carinho, por uma palavra de compreensão. * * * Doar-se verdadeiramente sem querer nada em troca, exercitar o amor fraternal, esta sim é a lição mais pura e mais profunda do amor de Jesus. A parábola do samaritano é um maravilhoso chamamento à prática da caridade, e, depois de entendida passa a nos soar como a voz de Jesus que disse àquele doutor da lei: Vai e faze tu o mesmo. Redação do Momento Espírita com base no cap. Luz da caridade, do livro Jesus e o evangelho à luz da psicologia profunda, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed Leal e no cap. A parábola do bom samaritano, do livro Parábolas e ensinos de Jesus, de Cairbar Schutel, ed. O clarim. Em 12.06.2009.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

O AMOR É LEI DA VIDA

Você já se deu conta de que o amor é a lei maior que rege a vida? Antes de pensar numa resposta negativa, reflita um pouco sobre as seguintes considerações. Da batalha entre a chuva e o sol surge o arco-íris, exibindo suas múltiplas cores, tornando a paisagem mais bela e mais poética. É o amor sugerindo harmonia. Sob o rumor da cascata, que jorra violenta sobre as rochas desalinhadas e pontiagudas, as andorinhas fazem seus ninhos e garantem revoadas em todos os verões. É o amor orientando o instinto. Sob a neve que se estende sobre planícies e montes gelados as sementes dormem, para explodir em flor aos primeiros beijos do sol da primavera. É o amor acordando a vida. O tempo, hábil conselheiro, traz o esquecimento das dores e cicatriza as feridas abertas pelos sofrimentos mais acerbos. É o amor incentivando a vida. Quando a doença corrói o corpo físico, causando desconforto e dor, e os órgãos já não têm forças para manter funcionando a máquina de carne, a morte, como hábil cirurgiã, liberta o Espírito do fardo inútil. É o amor renovando a vida. Junto com a tempestade que rasga os céus com raios e trovões, chega a chuva generosa, fertilizando a terra e garantindo a boa safra. É o amor propiciando a vida. Sob a pesada pedra, a frágil semente germina e rasteja, contorna obstáculos, até encontrar a luz e florescer, vitoriosa. É o amor orientando a vida. Os séculos, quais anciães compassivos, se dobram sobre as memórias dos povos vencidos nas guerras promovidas pelo egoísmo, trazendo o bálsamo do esquecimento. É o amor amenizando o ódio. Na face do solo rachado, crestado pela seca implacável, surge pequeno olho d'água, dando notícias da vida que persiste, submersa, invencível. É o amor alimentando a esperança. Nos conflitos das guerras sangrentas e cruéis o homem transforma o mundo em que vive, criando tecnologia e fomentando o progresso. É o amor promovendo o esclarecimento. As marcas profundas esculpidas nas almas pelos holocaustos de toda ordem, forjam pérolas de luz nos corações sensíveis e os eleva acima das misérias humanas. É o amor gerando o entendimento. Quando um agente externo qualquer penetra o organismo humano, imediatamente um exército de células-soldados entra em combate para eliminar o intruso e garantir a saúde. É o amor defendendo a vida. O amor age em silêncio, trabalha incansavelmente para garantir a harmonia da vida. Nada supera a sua potência. Nada supera a sua ação. O amor é a lei maior da vida, e rege o micro e o macrocosmos, sem alarde, sem exibição. 
* * * 
Cada planeta que se movimenta no espaço é um orbe em evolução, gravitando na lei de amor. 
Cada estrela que brilha no Infinito, é um astro que conquistou a condição de mundo sublime, e está sustentado pela lei de amor... 
Cada criança que renasce nos palcos terrenos, traz consigo um plano de felicidade, traçado pelas leis de amor... 
O ser humano, que age e interage no meio em que vive, fomentando o progresso, está sob o amparo da lei de amor. 
Cada anjo que habita os mundos sublimes é um Espírito de luz que conquistou o mais alto grau na universidade da vida, e hoje nos convida ao amor... 
Redação do Momento Espírita. Em 14.02.2011.

terça-feira, 12 de maio de 2015

AMOR E JUSTIÇA

JOHN MACARTHUR
Houve, séculos atrás, uma tribo cujo chefe era tido como superior aos de todas as demais. Naquela época, a superioridade era medida pela força física. A tribo mais poderosa era a que tinha o chefe mais forte. Mas esse chefe não tinha somente força física. Era também conhecido por sua sabedoria. Desejando que o povo vivesse em segurança, criou leis abrangendo todos os aspectos da vida tribal. Eram leis severas que ele, como juiz imparcial, fazia cumprir com rigor. Certa feita, pequenos furtos começaram a acontecer. Ele reuniu o povo e, com tristeza no olhar, frisou que as leis tinham sido feitas para os proteger, para os ajudar. Como todos tinham o de que necessitavam para viver, não havia necessidade de furtos. Assim, estabeleceu que o responsável teria o castigo habitual aumentado de dez para vinte chibatadas. Os furtos, entretanto, continuaram. Ele voltou a reunir o grupo e aumentou o castigo para trinta chibatadas. Os furtos não cessaram. Por favor, pediu o chefe. Estou suplicando. Para o bem de todos, os furtos precisam parar. Eles estão causando sofrimento entre nós.
ALICE GRAY
E aumentou o castigo para quarenta chibatadas. Naquele dia, os que estavam próximos dele, viram que uma lágrima escorreu pela sua face, quando dispersou o grupo. Finalmente, um homem veio dizer que tinha identificado o autor dos furtos. A notícia se espalhou e todos se reuniram para ver quem era. Um murmúrio de espanto percorreu a pequena multidão, quando a pessoa foi trazida por dois guardas. A face do chefe empalideceu de susto e sofrimento. Era sua mãe. Uma senhora idosa e frágil. E agora? O povo começou a questionar se ele seria, ainda assim, imparcial. Será que faria cumprir a lei? Seria o amor por sua mãe capaz de o impedir de cumprir o que ele mesmo estabelecera? Notava-se a luta íntima dele que, por fim, falou: Meu amado povo. Faço isso pela nossa segurança e pela nossa paz. As quarenta chibatadas devem ser aplicadas, porque o sofrimento que esse delito nos causou foi grande demais. Acenou com a cabeça e os guardas fizeram sua mãe dar um passo à frente. Um deles retirou o manto dela, deixando à mostra as costas ossudas e arqueadas. O carrasco, armado de chicote, se aproximou e começou a desenrolar o seu instrumento de punição. Nesse momento, o chefe retirou o próprio manto e todos puderam ver seus ombros largos, bronzeados e firmes. Com muito carinho, passou os braços ao redor de sua querida mãe, protegendo-a, por inteiro, com o próprio corpo. Encostou o seu rosto ao dela e misturou as suas com as lágrimas dela. Murmurou-lhe algo ao ouvido e então, fez um sinal afirmativo para o encarregado. O homem se aproximou e desferiu, nos ombros fortes e vigorosos uma chibatada após outra, até completar exatamente quarenta. Foi um momento inesquecível para toda a tribo que aprendeu, naquele dia, como se podem harmonizar com perfeição, o amor e a justiça. 
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O amor é vida, e a compaixão manifesta-lhe a grandeza e o significado. O amor tudo pode e tudo vence, encontrando soluções para as situações mais difíceis e controvertidas. Enfim, o amor existe com a finalidade exclusiva de tornar feliz aquele que o cultiva, enriquecendo aqueloutro a quem se dirige. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Eterna harmonia, de John MacArthur, do livro Histórias para o coração, v. 2, de Alice Gray, ed. United Press e pensamentos finais do cap. 1, do livro Garimpo de amor, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Em 20.1.2015.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

AMOR E VIDA

FERNANDO PARRADO
Foi em mil novecentos e setenta e dois que um desastre aéreo ganhou repercussão internacional, tendo em vista o tamanho da tragédia. Uma equipe de jogadores de rugbi do Uruguai atravessava os Andes, com destino a Santiago do Chile, quando seu avião colidiu com uma montanha e caiu, dividindo-se em dois. Fernando Parrado era um desses atletas atingidos pelo acidente. Pouco antes de decolar, sabendo haver lugares vagos no voo, Fernando convidou sua mãe e sua irmã para o acompanharem na viagem. Quando aconteceu a queda, sua mãe morreu imediatamente pelo impacto. Sua irmã que, aparentemente, não apresentava graves ferimentos, começou a ter, em poucas horas, problemas de gangrena nas pernas. Fernando passou três dias cuidando da irmã que, em delírio, chamava pela mãe, pronunciava frases sem sentido e cantava canções infantis. Após vários dias em agonia, morreu nos braços do irmão. Dez dias depois, os acidentados ouviram, pelo rádio, a notícia de que as buscas tinham sido suspensas. Passados dois meses, Fernando e dois amigos decidiram sair em busca de ajuda. Por dez dias, dormindo não mais que duas horas por noite para não congelar, procuraram socorro. Ao ser perguntado o que o motivara tão intensamente, a ponto de enfrentar todos os percalços, Fernando afirmou que queria voltar por amor ao seu pai, que ele imaginava estar desesperado pela morte de toda a família. Foi o amor que o fez enfrentar brutais dificuldades, desafios físicos e emocionais intensos. Ao relatar sua experiência, nas palestras e conferências que passou a proferir, Fernando afirma que poucos de nós valorizamos o tempo como deveríamos. Não nos damos conta de que é um tesouro inestimável e, quase sempre, usamos o tempo de que dispomos em coisas de pouca ou nenhuma importância. E, para o que efetivamente é valioso e precioso, não dispomos de tempo. Já nos apercebemos, pergunta Fernando, que após nossa morte, nada no mundo se modifica? Os bancos continuarão funcionando, as lojas estarão abertas, a vida seguirá seu curso. Por isso, a maior riqueza que temos é o tempo que conseguimos dar a nós mesmos. Tempo para viver com alegria, compartilhar com nossos amores, cultivar amizades e investir em momentos significativos. Dessa forma, conclui Fernando Parrado, os dois maiores tesouros que dispomos são: nossos amores, o grande motor da vida de cada um de nós, e o tempo, recurso inestimável. 
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O tempo é um benfeitor anônimo. Companheiro infatigável na Terra, ele gasta o granito, reverdece o deserto e doa aridez ao solo fértil. Aprendamos a não desperdiçá-lo na vinha da existência planetária. Não permitamos que o rio das horas corra, levando preciosas oportunidades. Aproveitemos o hoje que logo passa, antes que ele se torne ontem... 
Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais do verbete tempo, do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 30.06.2012.

domingo, 10 de maio de 2015

MÃES E FILHOS

Pela Internet recebi outro dia uma carta assim: 
“Sempre soube que ela era importante para mim. Só não sabia o quanto ela era realmente valiosa e especial. Sempre imaginei que se um dia ela me faltasse, eu sentiria sua falta. Mas nunca calculei o que sua falta verdadeiramente representaria para mim. Sempre me disseram que amor de mãe é algo diferente, sublime, quase divino. Sempre me disseram tantas coisas a respeito desse relacionamento: mães e filhos. Tanto disseram, mas foi pouco o que eu ouvi e entendi sobre isso. Banalizei. Não acreditei. Até o dia em que ela se foi. Era uma tarde de final de primavera. O vento brando soprava e em minha casa não havia a mais leve suspeita da dor que se avizinhava. De repente, a notícia. Mas não poderia ser verdade. Não, Deus não permitiria que as mães morressem. Não assim. Não a minha. Engano meu. Era verdade. A verdade mais cruel e mais dura que meu coração precisou encarar, enfrentar, suportar. Ela partiu sem me dizer adeus, sem me dar mais um abraço, mais um beijo, sem me pegar no colo pela última vez, sem me dizer como fazer para prosseguir só, dali para frente ... Simplesmente partiu. E uma ferida no meu peito se abriu. Ferida que não cicatriza, que não sara, que não passa. É a falta que ela me faz. É minha tristeza por querer seu aconchego mais uma vez, seu consolo, sua orientação segura. Querer seu cafuné antes do meu adormecer, sua voz antes do meu despertar. Sua presença silenciosa em meus momentos de angústia, sua mão amiga a me amparar e confortar. Querer outra vez ouvir seu sussurro baixinho me dizendo que tudo vai dar certo e que tudo vai acabar bem. É uma saudade que aperta meu coração e me faz derramar lágrimas às escondidas. É uma dor de arrependimento por todas as mal-criações que fiz, pelas palavras atravessadas e rudes que lhe disse. Arrependimento porque agora sei que mãe é mesmo alguém muito especial e porque me dou conta de que os filhos só percebem isso muito tarde. Tarde demais, como eu.” 
A morte é um afastamento temporário entre os seres que habitam planos diversos da vida. Embora saibamos disso é compreensível a dor que atinge aqueles que se vêem afastados de seus amores pela ocorrência da morte. Muitas vezes essa angústia decorre do arrependimento pelas condutas equivocadas que os feriram, ou que não demonstrar o verdadeiro afeto que sentíamos por aqueles que partiram. Às vezes são as mães que partem, outras são os filhos, ou os pais, os amigos ... E tantas coisas deixam de ser ditas, de ser feitas, de ser vividas ... 
Pense nisso! 
A vida é marcada por acontecimentos inesperados que a transformam, muitas vezes, de modo irreversível. Cuide de seus amores porque, embora eles sejam para sempre, poderão não estar sempre ao seu lado. 
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em carta de autoria desconhecida.

sábado, 9 de maio de 2015

MÃES DO SILÊNCIO

Em Belém, a noite clareava-se pela conta infinita de estrelas que pairava no firmamento. Eles procuravam por um quarto simples em uma hospedaria, no qual pudessem passar a noite. Mas faltavam vagas. Um nobre senhorio, tomado de compaixão pela senhora que se encontrava em estágio final de gestação, ofereceu-lhes sua estrebaria, de modo que, ao menos, não dormissem ao relento. Agradecido, o casal acomodou-se sobre o feno destinado à alimentação dos animais. Naquela mesma noite, a jovem deu à luz um menino, cujo nome já havia sido escolhido: Yeshua, do original hebraico ou Jesus, na tradução latina. O casal, José e Maria, O contemplavam. Seus pequenos olhos, Suas mãos frágeis, os movimentos de Seu diminuto corpo. Após ligeiro descanso, Maria tomou o menino ao colo e, amamentando-O, sentiu seu coração de mãe ficar apertado. Ela sabia da grandiosa missão de seu pequeno, da imensa responsabilidade dEle para com toda a Humanidade. Trinta anos se passaram. Então, seguido por doze apóstolos, Jesus iniciou Sua vida pública, trazendo à Humanidade a lei magna do Universo: a lei do amor. Em oposição ao olho por olho, dente por dente, ofereceu o perdão, o amor ao próximo, a caridade e a humildade. Por vezes, foi criticado, atacado e, até mesmo, posto à prova, por conta de Suas ideias revolucionárias. Manteve-se sempre na postura de quem serve, de quem se doa. O ponto culminante foi quando, diante da autoridade romana, foi-lhe destinado o madeiro da cruz. Inocente de toda culpa, foi crucificado por não agradar aos interesses da classe dominante da época. Por trás de toda Sua missão e Sua via crucis, esteve a figura de Maria. Seu coração de mãe sofreu todos os amargurantes momentos que culminaram na crucificação de seu filho. Silenciosa e humilde, ela legou à Humanidade um grande exemplo de resignação. 
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Em toda mãe, há um traço de Maria. São mães que se desesperam diante de um filho dependente químico. Mães que dormem em frente aos presídios, esperando o horário das visitas. Mães cujos corações se desfazem em saudades do filho que retornou à pátria espiritual. Mães que se abstêm de horas preciosas de sono a velar o recém-nascido, um filho doente. Ou preocupadas com o filho adolescente que demora no retorno para casa. Mães que, no silêncio de seus atos, amam sem interesse, que se oferecem em sacríficio, se necessário for, pelo bem-estar dos seus. Mães que, a exemplo de Maria, sabem servir, se doar, se calar, sabem ouvir. Mães que sempre possuem a palavra precisa, na hora certa e da maneira correta. Mães que, mesmo do outro plano da vida, continuam a zelar e a interceder a Deus pelo filho de seu coração. Mães que fazem do mundo um lugar melhor, embelezando-o com seus gestos de puro amor. Discretas, singelas. Mães do silêncio. 
Redação do Momento Espírita. Em 11.5.2013.