sábado, 28 de fevereiro de 2015

AMANDO A VIDA

Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu... 
Assim são os versos iniciais da música de Chico Buarque de Holanda, Roda viva. E é como muitas pessoas se sentem, em alguns dias. Desesperançadas, descontentes, sem perspectivas de dias melhores. Pessoas que acreditam que para ser feliz há que se ter muito dinheiro para desfrutar de viagens, festas e ter tudo que se deseje: de roupas, joias a carros importados e iates. A mídia, de um modo geral, reforça essas ideias, com seus apelos de marketing, novelas e filmes que mostram a irrealidade da felicidade como consequência do ter. Pessoas assim facilmente se sentem infelizes. Se a festa não teve o brilho idealizado, se o amor partiu, se o amigo não atendeu a um pedido, tudo é motivo para tristeza. Acreditam que a vida não vai além de uma feliz excursão pelo planeta, em venturoso período de férias. Para quem, no entanto, tem a consciência da real dimensão da vida, que é aprendizado e progresso, todo esforço é valorizado e a superação é comemorada. Um exemplo disso é Emmanuel, um jovem iraquiano. Ele e o irmão foram encontrados por uma freira dentro de uma caixa de papelão. Certo dia, um anjo louro, conforme ele narra, adentrou o orfanato onde se encontravam. Em princípio, o intuito era de os conhecer e, talvez, financiar as cirurgias de que necessitavam. Ao menos, assim pensavam os irmãos que, por causa da guerra química, são portadores de graves defeitos físicos nos membros. Mas, aquela australiana se apaixonou pelos meninos que sequer sabem ao certo sua idade pois não têm certidão de nascimento. Emmanuel, que imagina ter em torno de dezessete anos, tem um sorriso aberto, franco, contagiante. Nada de tristezas alimentadas. Ele sonha em ser cantor profissional e, tendo se apresentado em um show de talentos, na Austrália, conquistou o público, com sua desenvoltura no palco. A música que escolheu foi Imagine, de John Lennon. Arrebatou o público ao convidar, em excelente interpretação: Imagine que não há países... Nada porque matar ou morrer. Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz. Imagine nenhuma propriedade. Nenhuma necessidade de ganância ou fome. Uma irmandade de homens. Imagine todas as pessoas compartilhando o mundo todo. Você pode dizer que sou um sonhador, mas eu não sou o único. Eu espero que algum dia você se junte a nós e o mundo viverá como um só. 
* * * 
Enquanto Emmanuel persegue seu sonho, ele continua sorrindo e amando a vida. Sobretudo a essa mãe que deu a ele e ao irmão uma nova vida. Para todos os que lamentam não ter roupas de grife ou dinheiro para gastar, é bom recordar desses dois iraquianos: sem identidade, sem família, com graves deficiências nos membros. E eles sorriem. Sem apego ao passado de dores, sem mergulho na tristeza pelas deficiências físicas, eles aproveitam intensamente a vida com a mãe australiana que beijam e abraçam, mesmo que não tenham braços perfeitos para envolver o pescoço amado. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base em dados biográficos de
Emmanuel Kelly, colhidos na Internet. Em 10.04.2012

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

AMADOS E AMÁVEIS

Theodore Roosevelt
Todos desejamos ser amados. Mas será que já compreendemos a necessidade de sermos amáveis? A História nos conta que todos os que foram hóspedes de Theodore Roosevelt, o Presidente americano, ficavam espantados com a extensão e a diversidade dos seus conhecimentos. Fosse um vaqueiro ou um domador de cavalos, um político ou diplomata, Roosevelt sabia o que lhe dizer. E como fazia isso? A resposta é simples: Todas as vezes que ele esperava um visitante, passava acordado até tarde, na véspera, lendo sobre o assunto que sabia interessar particularmente àquele hóspede. Porque Roosevelt sabia, como todos os grandes líderes, que a estrada real para o coração de um homem é lhe falar sobre as coisas que ele mais estima. O ensaísta e outrora professor de literatura em Yale, William Phelps, aprendeu cedo esta lição. Narra a seguinte experiência: Quando tinha oito anos de idade, estava passando um final de semana com minha tia. Certa noite chegou um homem de meia idade que, depois de uma polida troca de gentilezas, concentrou sua atenção em mim. Naquele tempo, andava eu muito entusiasmado com barcos, e o visitante discutiu o assunto, de tal modo, que me deu a impressão de estar particularmente interessado no mesmo. Depois que ele saiu, falei vibrante: 
-" Que homem!" 
Minha tia me informou que ele era um advogado de Nova York, que não entendia coisa alguma sobre barcos, nem tinha o menor interesse no assunto. 
-"Mas, então, por que falou todo o tempo sobre barcos?" 
-"Porque ele é um cavalheiro. Viu que você estava interessado em barcos, e falou sobre coisas que lhe interessavam e lhe causavam prazer. Fez-se agradável!" 
Inspirados nessas duas ricas experiências, indagamos: Será que nos esforçamos para nos tornarmos agradáveis aos outros? Será que encontramos neste mundo cavalheiros com tais características de altruísmo e polidez? São raros, infelizmente. Por isso, a lição nos mostra mais um caminho para a verdadeira caridade, ou mais uma sutil nuança dessa virtude. Se desejamos ser amados, obviamente que precisamos nos esforçar para sermos amáveis! A amabilidade é essa qualidade ou característica de quem é amável, por definição. É ser polido, cortês, afável. É agir com complacência. Allan Kardec, ao estudar a afabilidade e a doçura, na obra O Evangelho segundo o Espiritismo, conclui: 
A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que são a sua manifestação. 
* * * 
Não será porque sorrias a todo instante que conseguirás o milagre da fraternidade. A incompreensão sorri no sarcasmo e a maldade sorri na vingança. Não será porque espalhes teus ósculos com os outros que edificarás o teu santuário de carinho. Judas, enganado pelas próprias paixões, entregou o Mestre com um beijo. Por outro lado, não é porque apregoas a verdade, com rigor, que te farás abençoado na vida. Na alegria ou na dor, no verbo ou no silêncio, no estímulo ou no aviso, acende a luz do amor no coração e age com bondade. Cultiva a brandura sem afetação. E a sinceridade, sem espinhos. Somente o amor sabe ser doce e afável (...). 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 6, pt. 2, do livro Como fazer amigos e influenciar pessoas, de Dalle Carnegie, ed. Companhia Nacional; no item 6, do cap. IX do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb e no cap. Afabilidade e doçura, do livro Escrínio de luz, do Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. O clarim. Em 30.11.2012.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

AMABILIDADE

TAMI FOX
Benjamin Franklin costumava dizer que se alguém deseja ser amado, deve amar e ser amável. A fórmula não é inédita. Francisco de Assis, em seu cântico, se propunha a muito mais amar do que ser amado. E foi isso que aquela jovem sentada na lanchonete em frente à clínica, naquela manhã de primavera, pode comprovar por si mesma. Ela não queria admitir, mas estava com medo. No dia seguinte deveria ser internada para fazer uma operação de alto risco. Uma cirurgia na coluna vertebral. Tinha perdido seu pai recentemente e se sentia desamparada, sozinha. Parecia-lhe que a luz que sempre a guiava, tinha retornado ao céu. Mesmo assim, ela tentava encontrar forças em sua fé. Intimamente, cerrando de leve os olhos, pediu com fervor: 
-“Senhor, nessa época de tanta provação, mande-me um anjo.” 
Acabou seu lanche e se dirigiu ao caixa. Uma senhora idosa, andando vagarosamente, ficou à sua frente. Ela começou a admirar a elegância da senhora. Um lindo vestido xadrez vermelho e preto, um lenço, um broche, um chapéu vermelho-escarlate. Não se conteve.
-“Desculpe, senhora”, disse-lhe. “Mas não posso deixar de lhe dizer como é bonita. Vê-la assim tão elegante encheu-me de alegria.” 
A idosa se voltou para ela e a brindou com um sorriso.
-“Deus a abençoe, minha jovem. Eu tenho um braço artificial, uma placa de metal no outro e uma perna não é minha. Levo um bom tempo para conseguir me vestir. Tento me arrumar da melhor maneira possível. Você sabe, à medida que os anos passam, parece que as pessoas pensam que não têm importância vestir-se bem. Você fez com que eu me sentisse uma pessoa especial. Que o senhor a possa proteger e abençoar. Você deve ser um anjo enviado por ele para alegrar o meu dia.” 
A senhora se foi sem que a jovem conseguisse dizer uma só palavra. Sentiu-se reconfortada ao ouvir toda aquela disposição de quem tinha tantas dificuldades e extravasava elegância e bem-estar. Deus lhe enviara, afinal, o anjo que ela pedira. E ela somente fora amável com alguém. O amor é a virtude das virtudes. Veste-se de múltiplos modos e onde quer que se apresente, brinda sempre a quem o recebe com alegria, ventura, vida abundante. Ninguém se move sobre o planeta se não for com o combustível do amor. Amar é uma honra. E o trabalho da compreensão, o esforço da paciência, a dedicação da caridade, o conforto da fraternidade – tudo isto é amor. A firmeza da cooperação, a harmonia da afabilidade, a lucidez do bom alvitre são, também, parte do amplo espectro do amor. 
*** 
Conscientes dos limites que ainda nos caracterizam, na Terra, devemos concluir que temos necessidade de continuar amando o mais que possamos. Um elogio, um estímulo, uma realização feliz, uma construção do bem que esteja ao nosso alcance. Dessa maneira, lançaremos no solo do mundo as nossas sementes de paz, cooperando com a paz ampla com que sonhamos. 
Equipe de Redação do Momento Espírita com base no cap. Um anjo de chapéu vermelho, de Tami Fox, do livro Histórias para aquecer o coração, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Jennifer Read Hawthorne e Marci Shimoff, ed. Sextante e do cap. 19 do livro A carta magna da paz, do Espírito Camilo, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O ALVO CERTO

Um dos principais problemas no relacionamento entre as pessoas é a falta de jeito para falar. Nem todos conseguimos escolher a melhor forma de dizer algo que gostaríamos de dizer. E, por isso, surgem os desentendimentos. Façamos uma comparação bem simples, que poderá nos ajudar a resolver esse problema. Imaginemos que uma pessoa que esteja com um sério problema de saúde vá consultar um médico. O que ela espera? Certamente, que ele combata sua enfermidade e lhe restitua a saúde, não é mesmo? Mas, se ao contrário, o médico começasse a atacar o paciente, o doente, o que aconteceria? No mínimo diríamos que esse médico é louco. Pois bem, na relação entre as pessoas acontece algo semelhante. Quando percebemos algum problema no comportamento de alguém partimos para a agressão ao problemático e não ao problema. Se nosso filho, por exemplo, age de forma incorreta, o que fazemos? Chamamos o garoto e o atacamos com agressões verbais, diretamente à sua pessoa. Ao invés de combater o problema em si agredimos seus sentimentos, suas emoções, sua personalidade. Quando a criança deixa suas roupas sujas jogadas no banheiro, qual é o problema? A roupa jogada. Então, numa conversa, devemos tentar evitar que isso ocorra novamente, e para tanto não resolverá chamar a criança de relaxada, de descuidada, de irresponsável. Se nosso filho está usando drogas devemos envidar todos os esforços para que ele deixe disso. De nada vale chamá-lo de fraco, de doente, de mau caráter. Ao contrário, essa atitude o fará se sentir ainda mais dependente. Se alguém sente ciúme, inveja, ódio e queremos ajudar esse alguém, devemos atacar os maus sentimentos, e não o indivíduo. Em qualquer situação, quando atacamos o enfermo em vez da enfermidade, estamos incentivando a baixa autoestima da pessoa, estamos dizendo que ela é o problema, que ela é incapaz, que é um zero à esquerda. Mas quando a fazemos refletir sobre o problema, sobre o vício, sobre os desregramentos, as chances de resolver a questão são bem maiores. Dizendo à criatura que ela tem problemas é diferente de dizer que ela é o problema. Demonstrando que queremos ajudá-la a superar as dificuldades, ela sentirá em nós um aliado, e não um inquisidor. Quando nossa filha tem uma crise de ira e depois nos sentamos ao seu lado e buscamos um diálogo sincero e afetuoso sobre o assunto, fazendo-a refletir sobre os inconvenientes da liberação desse sentimento, dos efeitos físicos maléficos que acarretam, temos grande chance de lograr êxito. Quando oferecemos o antídoto, o remédio contra a ira, que é a calma, a tranquilidade, a benevolência, estamos no caminho certo. Mas se, ao contrário, nos iramos também e a agredimos com palavras amargas, só reforçaremos a sua atitude. Por todas essas razões, vale a pena direcionar nossa mira para o alvo certo, atacando a enfermidade em vez do enfermo. Estamos na era da razão e não podemos continuar errando o alvo. Já não há mais espaço para a negligência quanto à autoeducação e a educação dos seres que estão sob nossa responsabilidade. É preciso dedicar esforços e buscar esclarecimentos para que a nossa ação seja efetiva e traga bons resultados. 
* * * 
A Terra é uma escola. Todos os que aqui estamos precisamos ajudar-nos mutuamente para o progresso geral. É preciso que voltemos nossos olhares para os verdadeiros males sociais, que são o orgulho e o egoísmo, combatendo-os sem trégua. Uma vez abatidos esses males, a Humanidade estará apta a receber o troféu mais valioso de todos os tempos: a felicidade suprema. 
Redação do Momento Espírita Em 16.11.2010.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

UM ALUNO DIFERENTE

A professora levou seus alunos até os jardins do colégio para lhes falar sobre a natureza, mostrando-lhes a natureza viva. Aproximou-se de um flamboyant, coalhado de flores, e perguntou aos alunos que árvore era aquela. Alguns disseram que era uma árvore, apenas. Outros, que aquela árvore era um flamboyant, pois em sua casa havia um semelhante. Uma menina falou que os flamboyants só servem para fazer sujeira na calçada, quando derrubam as flores, pois isso é o que sua mãe diz sempre. Um garoto disse que seu pai havia cortado um, recentemente, pois suas raízes racharam o muro de seu quintal. Mas Pedro, menino de alma sensível, começou dizendo que via ali muito mais que uma árvore. Disse que via as flores, muito belas por sinal, mas que também podia sentir seu suave perfume. Chamou a atenção para as abelhas que pousavam de flor em flor, e também dos pássaros que buscavam refúgio em seus galhos aconchegantes. Lembrou que todos estavam sob a sombra generosa que as folhas propiciavam, e apontou para alguns insetos que passeavam, ligeiros, pelo tronco gentil. Falou, ainda, das muitas vidas que encontravam guarida naquele flamboyant desprendido, como liquens, musgos, pequenas bromélias e outras tantas formas de vida que ele podia perceber. Eis o que percebo, professora, falou Pedro, com a espontaneidade de um pequeno-grande poeta. A educadora, ainda embevecida com a aula que acabara de receber, falou amavelmente: Você tem razão, Pedro. Definir este pequeno universo simplesmente como uma árvore, é matar toda a sua grandeza e majestade. 
* * * 
Existem pessoas que não percebem os flamboyants floridos em praças, bosques e ruas. Elas estão muito ocupadas para perder tempo com coisas sem importância. Existem pessoas que definem flores e folhas apenas como sujeira indesejável. Outras preferem cortar árvores de dezenas de anos, para que não rachem seus muros e calçadas de cimento. Existem também aquelas para as quais os flamboyants representam alguns cifrões. Cortados, podem oferecer madeira para lenha ou se transformar em belos móveis. E há aquelas pessoas, como o pequeno Pedro, que veem muito mais que uma simples árvore. Veem o autógrafo do Criador, na majestosa obra da natureza. E você, a que grupo de pessoas pertence? 
* * * 
Reverenciar a vida é respeitá-la na sua mais ampla forma de expressão. Albert Schweitzer, o notável e mundialmente famoso missionário, médico, musicista e filósofo da Alsácia, conta, em seu livro autobiográfico intitulado Minha Infância e Mocidade: Achava inconcebível antes mesmo de frequentar a escola que, na oração da noite, só me mandassem rezar pelos homens. Por isso, depois de mamãe orar comigo e dar-me o beijo de boa noite, eu acrescentava, por conta própria, uma pequena oração suplementar, de minha autoria, em nome de todos os seres humanos, dizendo: Bom Deus, protegei e abençoai tudo o que respira, preservai-nos do mal e fazei-nos dormir tranquilamente! Um garoto de apenas sete anos de idade, com uma consciência lúcida sobre o que é reverenciar a vida. Apenas um menino, mas certo de que amar a Deus sobre todas as coisas quer dizer, em primeiro lugar, respeitar Sua obra e todas as coisas por Ele criadas.
Redação do Momento Espírita, com base no livro Minha Infância e Mocidade,de Albert Schweitzer, ed. Melhoramentos. Em 9.8.2012.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O ALUNO AGRESSIVO E O PROFESSOR PACIENTE!

Havia um aluno muito agressivo e inquieto naquela escola. Ele perturbava a classe e arrumava frequentes confusões com os colegas. Era insolente e desacatava a todos. Repetia os mesmos erros com frequência. Parecia incorrigível. Os professores não mais o suportavam. Cogitaram até mesmo de expulsá-lo do colégio. Antes disso, porém, entrou em cena um professor que resolveu investir naquele aluno. Todos achavam que era perda de tempo, afinal, o jovem era um caso perdido. Mesmo não tendo apoio de seus colegas, o professor começou a conversar com aquele jovem, nos intervalos das aulas. No início era apenas um monólogo, só o professor falava. Aos poucos, ele começou a envolver o aluno com suas próprias histórias de vida e com suas brincadeiras. De modo gradativo, professor e aluno construíram uma ponte entre seus mundos. O professor descobriu que o pai do rapaz era alcoólatra e espancava o garoto e sua mãe. Compreendeu que o jovem, aparentemente insensível, já tinha chorado muito e, agora, suas lágrimas pareciam ter secado. Entendeu que sua agressividade era uma reação desesperada de quem pedia ajuda. Só que ninguém, até então, havia decifrado sua linguagem. Era mais fácil julgá-lo do que entendê-lo. O sofrimento da mãe e a violência do pai produziram zonas de conflito na memória do rapaz. Sua agressividade era um eco da violência que recebia. Ele não era réu, era vítima. Seu mundo emocional não tinha cores. Não lhe haviam dado o direito de brincar, de sorrir e de ver a vida com confiança. Agora estava perdendo também o direito de estudar, de ter a única chance de progredir. Estava para ser expulso do colégio. Ao tomar consciência da real situação, o professor começou a conquistá-lo. O jovem sentiu-se querido, apoiado e valorizado, pela primeira vez na vida. O professor passou a educar-lhe as emoções. Ele percebeu, logo nos primeiros dias, que por trás de cada aluno arredio, de cada jovem agressivo, há uma criança que precisa de afeto. Em poucas semanas todos estavam espantados com a mudança ocorrida. O rapaz revoltado começou a demonstrar respeito pelos outros. Abandonou sua agressividade e passou a ser afetivo. Cresceu e tornou-se um aluno extraordinário. Tudo isso porque alguém não desistiu dele. 
* * * 
Professores ou pais, todos queremos educar jovens dóceis e receptivos. Queremos ver brotar diante de nossos olhos as sementes que semeamos. No entanto, são os jovens que nos desapontam, que testam nossa qualidade de educadores. São filhos complicados que testam a grandeza do amor dos pais. São os alunos insuportáveis que testam a capacidade de humanismo dos mestres. Pais brilhantes e professores fascinantes não desistem dos jovens, mesmo que eles causem frustração e não lhes deem o retorno imediatamente esperado. Paciência é o segredo. A educação do afeto é a meta. Os alunos que mais decepcionam hoje poderão ser aqueles que mais alegrias nos trarão no futuro. Basta investir tempo e dedicação a eles. Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 5 do livro Pais brilhantes – professores fascinantes, de Augusto Cury, ed. Sextante. Em 21.8.2014.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

ALTRUÍSMO

Luiz Moreau Gottschalk, um célebre pianista e compositor, visitando certa vez a cidade de Kingston, na Jamaica, entrou em um templo exatamente no momento em que se realizava um culto. O pastor falava a respeito da caridade. Pintava com imagens fortes o estado a que tinham ficado reduzidas algumas famílias de uns pobres náufragos perdidos, naqueles dias, durante uma grande tempestade no mar. O ministro usava toda a sua eloquência para comover o auditório, pedindo contribuições para remediar tanta desgraça. Eram crianças órfãs, sem alimento. Eram viúvas, sem abrigo. Eram mães idosas, sem ninguém mais que olhasse por elas. Comovido, o compositor acercou-se de um órgão, num dos ângulos do templo, sentou-se e deixou correr as mãos sobre o teclado. Uma melodia de sabor religioso, tênue, triste, apaixonada, que parecia um coro sublime, começou a envolver a assembléia. A suavidade da composição era tal que não impedia que todos continuassem a ouvir a voz do pregador que, dominado pela inspiração da música, ardorosamente foi tecendo imagens, evocando Jesus e a necessidade de amar o próximo. Finalmente, ele concluiu a sua fala, fascinado, como todos os circunstantes, pelas deliciosas harmonias que saíam do órgão. A música foi se perdendo em notas divinas e terminou. Então, o próprio pianista tomou seu chapéu, nele depositou algumas moedas, percorreu todos os bancos, recebendo dos presentes valiosos donativos. Quando chegou ao último banco, no fundo do templo, viu uma senhora muito idosa, alquebrada pelos anos, que trazia o rosto sulcado por lágrimas. Seria mãe de um dos náufragos? Uma viúva? Sem pestanejar, ele esvaziou o chapéu no colo da senhora e desapareceu, porta afora.
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Onde anda a miséria? Por vezes, empreendemos campanhas a favor de necessitados a respeito dos quais ouvimos falar e que se encontram distantes de nós. Muito justo e meritório. No entanto é importante dar uma olhada ao nosso redor. Existem pessoas muito necessitadas, mas que sofrem caladas, constrangidas de expor as suas dificuldades. Por isso mesmo, ensina o evangelho que o verdadeiro homem de bem é aquele que vai ao encontro da necessidade, sem esperar que a miséria lhe bata à porta. Para isso, é preciso ter sensibilidade e voltar os olhos para os palcos do sofrimento. Mesmo porque existem criaturas que, por sua própria condição, sequer podem estender mãos para pedir, pois os braços estão paralisados. Há os que não podem erguer a voz para suplicar, porque a tem afogada na garganta, pelas lágrimas da dor que nunca cessa. Há os que desejariam alcançar alguém que os auxiliasse, entretanto, as pernas lhes impedem andar. 
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A obra do bem em favor de todos precisa de muitos braços e não exige títulos universitários ou recursos financeiros. Aguarda, simplesmente, a vontade em ação, um coração que sente, uma mente que idealiza, braços fortes que ajam, desde agora, antes que a fome se transforme em enfermidade e a carência em miséria extrema. Redação do Momento Espírita com base no artigo Altruísmo de um grande músico, publicado no boletim semanal Luz do evangelho, de 10.03.2001. Em 20.11.2009.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

ALMAS PERFUMADAS

ANA JÁCOMO
São tantas as pessoas importantes em nossa vida...
Por vezes nos falta tempo ou oportunidade para lembrá-las disso.
Como a oportunidade somos nós que fazemos, e tempo é questão de prioridade, quem sabe seja este o momento de lembrar de alguém que amamos.
Eis belo poema de Ana Jácomo para sua avó Edith:
Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri.
Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda.
Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça. Lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher.
O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.
Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul.
Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis.
Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo. Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso.
Ao lado delas, pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.
Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra.
Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza.
Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria. Recebendo um buquê de carinhos. Abraçando um filhote de urso panda. Tocando com os olhos os olhos da paz.
Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.
Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não largava. Do acalanto que o silêncio canta. De passeio no jardim.
Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo. Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar.
Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus está dançando conosco de rostinho colado. E a gente ri grande que nem menino arteiro.
Costumo dizer que algumas almas são perfumadas, porque acredito que os sentimentos também têm cheiro e tocam todas as coisas com os seus dedos de energia.
Minha avó era alguém assim. Ela perfumou muitas vidas com sua luz e suas cores. A minha, foi uma delas. E o perfume era tão gostoso, tão branco, tão delicado, que ela mudou de frasco, mas ele continua vivo no coração de tudo o que ela amou.
E tudo o que eu amar vai encontrar, de alguma forma, os vestígios desse perfume de Deus, que, numa temporada, se vestiu de Edith, para me falar de amor. 
Redação do Momento Espírita com base no texto Almas perfumadas, de Ana Jácomo, constante em seu blog: anajacomo.blogspot.com
Em 22.02.2011.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

ALMAS ENAMORADAS

Geralmente, é na juventude do corpo que temos despertado o interesse em buscar o sexo oposto para compartilhar dos nossos sonhos. Quando encontramos a alma eleita, o coração parece bater na garganta e ficamos sem ação. Elaboramos frases perfeitas para causar o impacto desejado, a fim de não sermos rejeitados. Então, tudo começa. O namoro é o doce encantamento. Logo começamos a pensar em consolidar a união e nos preparamos para o casamento. Temos a convicção de que seremos eternamente felizes. Nada nos impedirá de realizar os sonhos acalentados na intimidade. Durante a fase do namoro é como se estivéssemos no cais observando o mar calmo que nos aguarda, e nos decidimos por adentrar na embarcação do casamento. A embarcação se afasta lentamente do cais e os primeiros momentos são de extrema alegria. São os minutos mais agradáveis. Tudo é novidade. Mas, como no casamento de hoje observa-se a presença do ontem, representada por almas que se amam ou se detestam, nem sempre o suave encantamento é duradouro. Tão logo os cônjuges deixem cair as máscaras afiveladas com o intuito de conquistar a alma eleita, a convivência torna-se mais amarga. Isso acontece por estarem juntos Espíritos que ainda não se amam verdadeiramente, que é o caso da grande maioria das uniões em nosso planeta. Assim sendo, tão logo a embarcação adentra o alto mar, e os cônjuges começam a enfrentar as tempestades, o primeiro impulso é de voltar ao cais. Mas ele já está muito distante... O segundo impulso é o de pular da embarcação. E é o que muitos fazem. E, como um dos esposos, ou os dois, têm seus sonhos desfeitos, logo começam a imaginar que a alma gêmea está se constituindo em algema e desejam ardentemente libertar-se. E o que geralmente fazem é buscar outra pessoa que possa atender suas carências. Esquecem-se dos primeiros momentos do namoro, em que tudo era felicidade, e buscam outras experiências. Alguns se atiram aos primeiros braços que encontram à disposição, para, logo mais, sentirem novamente o sabor amargo da decepção. Tentam outra e outra mais, e nunca acham alguém que consolide seus anseios de felicidade. Conseguem somente infelicitar e infelicitar-se, na busca de algo que não encontram. 
* * * 
Se a pessoa com quem nos casamos não é bem o que esperávamos, lembremo-nos de que, se a escolha foi feita pelo coração, sem outro interesse qualquer, é com essa pessoa que precisamos conviver para aparar arestas. Lembremo-nos de que na Terra não há ninguém perfeito, e que nossa busca por esse alguém será em vão. E, se houvesse alguém perfeito, esse alguém estaria buscando alguém também perfeito que, certamente, não seríamos nós. 
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Os casamentos são programados antes do berço. Assim, temos o cônjuge que merecemos e o melhor que as Leis Divinas estabeleceram para nós. Dessa forma, busquemos amar intensamente a pessoa com quem dividimos o lar, pois só assim conseguiremos alcançar a felicidade que tanto almejamos. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 5. ed. Fep. 26.4.2013.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A ALMA INFANTIL

CECÍLIA MEIRELLES
A alma infantil, nos diz Cecília Meirelles, como aliás, a alma humana, não se revela jamais completa e subitamente, como uma janela que se abre deixando ver todo um cenário. É necessário ter cuidado para entendê-la, e sensibilidade no coração para admirá-la. A autora nos narra que, certa vez, ouviu o comentário de uma professora que, admirada, contava sobre alguns presentes recebidos de alunos seus: 
-Os presentes mais engraçados que eu já recebi de alunos, foram, certa vez, na zona rural: Um, levou-me uma pena de pavão incompleta: só com aquela parte colorida na ponta. Outro, uma pena de escrever, dourada, novinha. Outro, um pedaço de vidro vermelho... 
Cecília afirma que seus olhos se alargaram de curiosidade, esperando a resposta da professora sobre sua compreensão a respeito de cada um dos presentes. A amiga, então, seguiu dizendo: 
-O caco de vidro foi o que mais me surpreendeu. Não sabia o que fazer com ele. Pus-me a revirá-lo nas mãos, dizendo à criança: “Mas que bonito, hein? Muito bonitinho, esse vidro...” 
E procurava, assim, provar-lhe o agrado que me causava a oferta. Ela, porém, ficou meio decepcionada, e, por fim, disse: 
-“Mas esse vidro não é para se pegar, Não... Sabe para que é? Olhe: a senhora põe ele assim, num olho, e fecha o outro, e vai ver só: fica tudo vermelho... Bonito, mesmo!” 
A professora finalizou dizendo que esses presentes são, em geral, os mais sinceros. Têm uma significação muito maior que os presentes comprados. Cecília Meirelles vai além, e busca ainda fazer uma análise de caráter psicológico: 
-O que me interessou, no caso relatado, foram os indícios da alma infantil que se encontraram nos três presentes. E os três parecem ter trazido a mesma revelação íntima: 
-Uma pena de pavão incompleta – reparem bem -, só com aquele pedacinho “colorido” na ponta, uma pena de escrever “dourada” novinha, e um caco de vidro “vermelho” são, para a criança, três representações de beleza. Três representações de beleza concentradas no prestígio da cor e desdobradas até o infinito, pelo milagre da sua imaginação. Essas três ofertas, portanto, da mais humilde aparência (para um adulto desprevenido), não devem ser julgadas como esforço entristecido da criança querendo dar um presente, sem ter recursos para comprar. A significação de dinheiro, mesmo nas crianças de hoje, ainda é das mais vagas e confusas. E sua relação de valor para com os objetos que a atraem é quase sempre absolutamente inesperada. Eu tenho certeza - diz a autora ainda – de que uma criança que dá a alguém uma pena dourada, uma pena de pavão e um caco de vidro vermelho, os dá com certo triunfo. Dá com certa convicção de que se está despojando de uma riqueza dos seus domínios, de que está sendo voluntariamente grande, poderosa, superior. 
* * * 
A infância não é somente útil, necessária, indispensável, mas é, ainda, a conseqüência natural das leis que Deus estabeleceu, e que regem o Universo. Com ela, aprendem os Espíritos que reencarnam – mais dóceis e influenciáveis quando no estado infantil. Aprendem também as almas que as cercam, colhendo desse período de inocência e magia o exemplo da pureza e da simplicidade de vida, que devemos todos encontrar em nosso íntimo. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. Os indícios da alma infantil, do livro Crônicas de educação, v. 1 de Cecília Meirelles, ed. Nova Fronteira. Em 19.09.2008.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

ALIMENTO DO AMOR

Ter uma família bem estruturada, harmônica é o desejo de todos aqueles que a não possuem. Olham com uma certa inveja pais e filhos se abraçando, entre confidências e uma delicada cumplicidade de amor. Os que constituem a família harmônica sabem que para mantê-la assim há um preço. Não é nada que possa ser comprado com cartão de crédito, títulos do mercado financeiro, ações da bolsa ou lingotes de ouro. O preço é uma mistura de tempo, atenção e carinho. Parece simples, contudo, raras vezes nos dispomos a renunciar ao nosso tempo de descanso, de leitura, de lazer, de tarefas importantes para dedicar aos filhos, ao cônjuge, a quem amamos. Atenção é algo que dispensamos quando nós nos sentimos sós e desejamos a companhia dos demais. E carinho? Bom, carinho é algo que geralmente dizemos que os que amamos sabem que temos por eles, mas não fazemos nada para demonstrar. Bem diferente daquela mãe de gêmeos que morava em uma casinha e criara a ambos com extremados cuidados. Durante o curso do ensino médio, os garotos, que desejavam estar mais tempo com seus amigos e amigas, passaram a sair nos finais de semana, retornando tarde da noite para casa. Então, fosse qual fosse a hora que retornassem, às vinte e três horas nos fins de semana comuns ou lá pelas duas da madrugada, quando havia baile no colégio, eles entravam no quarto da mãe e se deitavam em sua cama, um de cada lado. Ali, no escuro, começavam a contar tudo o que havia acontecido. A conversa durava horas. A mãe parecia estar ouvindo um sofisticado aparelho de som estéreo, com um filho gêmeo de cada lado, rindo, recordando, reclamando, sonhando acordados. Falavam de seus planos, suas esperanças, seus medos e suas experiências. Com eles, ela viajava pela terra da fantasia. Com as suas narrativas, parecia ver as garotas bonitas com quem tinham dançado, conversado, abraçado. Até que um dia, os meninos, quase rapazes, se deram conta de que, na manhã seguinte, a mãe sempre levantava muito cedo para ir para o trabalho. Dela dependia o sustento da família. Sentiram-se quase envergonhados por não terem sido sensíveis, percebendo esse detalhe antes. Por isso, falaram com a mãe, desculpando-se pela insensibilidade de até então e comentaram que, com certeza, ela deveria preferir não ser despertada quando voltassem para casa tarde da noite. A resposta da mãe foi imediata, sincera e recheada de carinho: Meus filhos, eu sempre posso voltar a dormir. Mas, lembrem-se, não poderei conversar sempre com os meus meninos. 
* * * 
Quando o amor verdadeiro adentra o lar, ilumina a família e se torna possível o entusiasmo com a vitória do outro e a participação das lutas comuns. O amor renuncia sempre quando sabe que, assim, poderá melhor auxiliar. O amor superior, no seio doméstico, sabe calar para apaziguar ou consegue falar para esclarecer, construir e abençoar. Só no amor os filhos receberão dos pais a orientação para a vida, com segurança e fidelidade ao verdadeiro bem. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Conversando com meus meninos, de John Trent, do livro Histórias para o coração da mulher, de Alice Gray, ed. United Press e no cap. 1, do livro Vereda familiar, pelo Espírito Thereza de Brito, psicografia de J. Raul Teixeira, ed. Fráter. Em 2.7.2014.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

ALGUÉM PRECISA DE VOCÊ!

Você já se sentiu alguma vez como um zero à esquerda, ou seja, sem valor algum?
Você pode responder que não, mas outras tantas pessoas já tiveram o seu dia de baixa autoestima.
São aqueles dias em que a gente olha ao redor e não consegue ver nada em que possamos ser úteis.
No entanto, e por essas mesmas razões, há sempre alguém que precisa de você.
Há pessoas caladas que precisam de alguém para conversar.
Há pessoas tristes que precisam de alguém que as conforte.
Há pessoas tímidas que precisam de alguém que as ajude a vencer a timidez.
Há pessoas sozinhas que precisam de alguém para conversar.
Há pessoas com medo que precisam de alguém para lhes dar a mão.
Há pessoas fortes, mas que precisam de alguém que as faça pensar na melhor maneira de usar a sua força.
Há pessoas habilidosas que precisam que alguém as ajude a descobrir a melhor maneira de usar sua habilidade.
Há pessoas que julgam não saber fazer nada e que precisam de alguém que as ajude a descobrir o quanto podem fazer.
Há pessoas apressadas que precisam de alguém que lhes mostre tudo o que não têm tempo para ver.
Há pessoas impulsivas que precisam de alguém que as ajude a não magoar os outros.
Há pessoas que se sentem perdidas e precisam de alguém que lhes mostre o caminho.
Há pessoas que se julgam sem importância alguma e precisam de alguém que as ajude a descobrir como são valiosas.
E você, que muitas vezes pensa não ter nenhuma utilidade, pode ser justamente a pessoa que alguém está precisando agora...
É claro que você não precisa, nem pode ser a solução para todos os problemas, mas faça o melhor ao seu alcance.
Se não puder ser uma árvore frondosa no topo da colina, seja um arbusto no vale - mas seja o melhor arbusto do vale.
Se não puder ser um arbusto, seja um ramo - mas seja o ramo mais exuberante a enfeitar a paisagem.
E se não puder ser um ramo, seja um pequeno tapete de relva para dar alegria a algum caminhante...
Se deseja ser um lindo ramalhete de flores perfumadas, e não consegue, seja uma singela flor silvestre - mas seja a mais bela.
E nesse esforço de ser útil a alguém que precisa de você, irá cada vez se tornando mais forte e mais confiante.
E todos as alegrias que espalhar pelo caminho serão as mesmas alegrias que encontrará na própria estrada.
Por mais difícil que esteja a situação, nunca deixe de lembrar que alguém precisa de você. E o mais importante: você pode ajudar alguém.

*  *  *
A Terra é uma grande escola, onde o Criador nos matriculou para que aprendamos a ser felizes.
A grande maioria das pessoas que habita este planeta não é completamente feliz.
Somos todos caminheiros da estrada chamada evolução, e, num momento ou noutro pode ser que precisemos de alguém.
Assim sendo, como sempre estamos rodeados de pessoas, é importante que você fique alerta, pois ao seu lado pode estar alguém que precise de você, neste exato momento.
Redação do Momento Espírita, com base em
 texto de autoria desconhecida. 
Em 09.02.2009.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

ALGUÉM PARA COMPARTILHAR

Um amigo nos contou algo impressionante. Desde muito jovem e antes mesmo de se graduar em física, ele desenvolvia pesquisas em iniciação científica e se interessava por questões ligadas aos fundamentos da física, e à lógica matemática. Continuou seus estudos em Lógica e Filosofia da Ciência no programa de pós-graduação do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, da Universidade Estadual de Campinas, entrando no campo da Teoria da Prova. Seu projeto era provar uma proposição de Dag Prawitz, da "Escola Escandinava de Teoria da Prova", denominado "Teorema de normalização simples para a Lógica Clássica de primeira ordem completa". Em sua tese de doutorado, "Provas de normalização para a Lógica Clássica", defendida na mesma Instituição em 1990, assumiu o problema proposto por Per Martin Löf, que consiste em definir um conceito de "pior seqüência de redução" para as derivações. Com este trabalho, que lhe valeu o prêmio Santista Juventude conseguiu provar que, se a pior seqüência de redução termina, então todas as seqüências terminam em uma única forma normal. Você deve estar se questionando: “o que vem a ser tudo isso? Não entendi absolutamente nada!” Mas foi justamente isso que nos impressionou na história desse amigo. Ele era profundo estudioso e conhecedor da teoria da prova, uma área específica da lógica matemática, mas resolveu deixar tudo isso de lado. E sabe por quê? Bem, porque ele sentia muita dificuldade em dividir seus conhecimentos com alguém, pois poucas pessoas conheciam essa área. “Então”, contava-nos ele, “deixei de lado essa matéria porque conhecia somente umas cinco pessoas com quem podia falar sobre o assunto, e algumas delas viviam fora do Brasil. Eu sinto necessidade de compartilhar minhas idéias”, concluiu o filósofo. O ser humano tem necessidade de dividir seus sentimentos com alguém. Por mais feliz que ele seja, se não houver ninguém para compartilhar, a felicidade não faz sentido. De que vale uma grande conquista, sem alguém que nos abrace e nos diga: “parabéns, você venceu!”? De que adianta sentir uma grande alegria se não tiver ninguém para saber disso? Não faz sentido sorrir, se não houver alguém para rir conosco. Quando vemos um filme e algo nos chama a atenção, logo queremos falar sobre isso, contar para alguém, mesmo que esse alguém seja um desconhecido. Enfim, a felicidade e a infelicidade são estados d’alma para serem compartilhados. Sem alguém para dividir conosco as nossas alegrias e tristezas, a vida fica sem sentido. Foi por essa razão que o jovem matemático resolveu deixar de lado aquela área da lógica e tratar de assuntos que pudesse compartilhar, trocar idéias, discutir. É verdade que existem áreas do conhecimento humano com as quais raros missionários assumem o compromisso de estudar e descobrir meios de torná-los úteis à humanidade. Mas mesmo esses ilustres missionários não deixam de sentir, vez ou outra, a necessidade de compartilhar suas descobertas com alguém. Na falta de quem os ouça, é bem possível que a depressão lhes faça companhia. Ainda assim se decidem pelo isolamento, por amor à causa que assumiram perante suas próprias consciências e pelo bem de seus semelhantes. Pense nisso! Sem alguém para compartilhar, não haveria abraços, nem apertos de mãos, nem troca de idéias... Não haveria como dividir os medos, os anseios, os sonhos, as alegrias... As pessoas que vivem isoladas, entram em profundas depressões, perdem a vitalidade e a vontade de viver... Pense nisso e, se tiver com quem, compartilhe suas experiências. Descubra a arte de compartilhar e perceberá que a vida lhe mostrará um colorido todo especial. 
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em conversa com Cosme Massi e em matéria a seu respeito, publicada no site: www.fundacaobunge.org.br/fundacaobungepagina_03.htm

domingo, 15 de fevereiro de 2015

ALGUÉM PARA AMAR

Venerável  Francisco de Paula Vitor (Padre Vitor)
O mundo está cheio de queixas. De pessoas que se dizem solitárias. Que desejariam ser amadas. Que vivem em busca de alguém que as ame, que as compreenda. O mundo está cheio de carências. Carências afetivas. Carências materiais. Possivelmente, observando o panorama do mundo onde vivia foi que Madre Teresa de Calcutá, certo dia, escreveu: Senhor, quando eu tiver fome, dai-me alguém que necessite de comida. Quando tiver sede, dai-me alguém que precise de água. Quando sentir frio, dai-me alguém que necessite de calor. Quando tiver um aborrecimento, dai-me alguém que necessite de consolo. Quando minha cruz parecer pesada, deixai-me compartilhar a cruz do outro. Quando me achar pobre, ponde a meu lado alguém necessitado. Quando não tiver tempo, dai-me alguém que precise de alguns dos meus minutos. Quando sofrer humilhação, dai-me ocasião para elogiar alguém. Quando estiver desanimada, dai-me alguém para lhe dar novo ânimo. Quando sentir necessidade da compreensão dos outros, dai-me alguém que necessite da minha. Quando sentir necessidade de que cuidem de mim, dai-me alguém que eu tenha de atender. Quando pensar em mim mesma, voltai minha atenção para outra pessoa. Tornai-nos dignos, Senhor, de servir nossos irmãos que vivem e morrem pobres e com fome no mundo de hoje. Dai-lhes, através de nossas mãos, o pão de cada dia, e dai-lhes, graças ao nosso amor compassivo, a paz e a alegria. Madre Teresa verdadeiramente conjugou o verbo amar na prática diária. Sua preocupação era em primeiro lugar com os outros. Todos representavam para ela o próprio Cristo. Em cada corpo enfermo, desnutrido e abandonado, ela via Jesus crucificado em um novo madeiro. Amou de tal forma que estendeu a sua obra pelo mundo inteiro, abraçando homens de todas as nações e credos religiosos. Honrada com o Prêmio Nobel da Paz, prosseguiu humilde, servindo aos seus irmãos da romagem terrestre. Tudo o que lhe importava eram os seus pobres. E os seus pobres eram os pobres do mundo inteiro. Amou sem fronteiras e sem limites. Serviu a Jesus em plenitude. E nunca se ouviu de seus lábios uma queixa de solidão, amargura, cansaço ou desânimo. Sua vida foi sempre um cântico de fidelidade a Deus, por meio dos compromissos com as lições deixadas por Jesus. 
* * * 
O Cristo precisa de almas dispostas e decididas que não meçam obstáculos para servi-lO. Almas que se lancem ao trabalho, por mais exaustivo que seja, porém sempre reconfortante e luminoso, desde que possa ser útil de verdade. Almas que não esperem nada do beneficiado, por suas mãos socorrido, a não ser a sua felicidade, sob as luzes do amigo Jesus. Almas cujo único desejo seja o de amar intensamente, sem aguardar um único gesto de gratidão. Almas que tenham entendido o que desejou dizer Francisco de Assis: É melhor amar do que ser amado.
Redação do Momento Espírita,com base no cap. 20 do livro Vida e mensagem, pelo Espírito Francisco de Paula Vítor, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter e no poema de Madre Teresa de Calcutá, intitulado Dai-me alguém para amar. Disponível no CD Momento Espírita, v. 7, ed. Fep. Em 20.01.2011.
DR.RAUL TEIXEIRA

sábado, 14 de fevereiro de 2015

ALGO MAIS

Um crente sincero na bondade de Deus, desejando aprender como colaborar na construção do Reino de Deus, certo dia pediu ao Senhor a permissão para compreender os propósitos Divinos e saiu a campo. De início, encontrou-se com o vento que cantava e o vento lhe disse: Deus mandou que eu ajudasse as sementeiras e varresse os caminhos, mas eu gosto também de cantar, embalando os doentes e as criancinhas. Em seguida, o devoto surpreendeu uma flor que inundava o ar de perfume, e a flor lhe contou: Minha missão é preparar o fruto; entretanto, produzo também o aroma que perfuma até mesmo os lugares mais impuros. Logo após, o homem parou ao pé de grande árvore que protegia um poço de água, cheio de rãs, e a árvore lhe contou: Confiou-me o Senhor a tarefa de auxiliar o homem; contudo, creio que devo amparar igualmente as fontes, os pássaros e os animais. O visitante olhou os feios batráquios e fez um gesto de repulsa, mas a árvore continuou: Estas rãs são boas amigas. Hoje posso ajudá-las, mas depois serei ajudada por elas, na defesa de minhas próprias raízes contra os vermes da destruição e da morte. O aprendiz compreendeu o ensinamento e seguiu adiante, chegando numa grande cerâmica. Acariciou o barro que estava sobre a mesa e o barro lhe disse: Meu trabalho é o de garantir o solo firme, mas obedeço ao oleiro e procuro ajudar na residência do homem, dando forma a tijolos, telhas e vasos. Então, o devoto regressou ao lar e compreendeu que para servir na edificação do Reino de Deus é preciso ajudar aos outros, sempre mais, e realizar cada dia algo a mais. * * * Temos que convir que, se cada um fizesse somente a sua obrigação, a Humanidade não teria saído das cavernas. O progresso só se realiza porque há pessoas que fazem algo mais que sua obrigação pura e simples. O esforço que cada criatura faz, em prol do bem comum, é o que propicia a realização das conquistas maiores. Se os homens de gênio tivessem apenas cumprido seu tempo justo de trabalho, não desfrutaríamos hoje das grandes descobertas. Se Pasteur, Thomas Edison, Pierre e Marie Curie, Graham Bell e outros tantos cientistas não tivessem feito algo mais que a sua obrigação, a Humanidade não teria atingido tamanho progresso. Nós, por nossa vez, também podemos e devemos fazer algo a mais para conquistar uma sociedade justa e feliz. Além das oito horas diárias de trabalho, podemos dedicar alguns minutos para tirar alguém do analfabetismo. Para ensinar um serviçal a utilizar corretamente os produtos e equipamentos de trabalho. Para socorrer um ancião desvalido. Uma criança desamparada. Um animal ferido. Um enfermo sem esperanças. Aprendamos, com o devoto da fábula que, para a construção de um reino feliz, Deus espera que cada um de nós faça algo mais. 
Redação do Momento Espírita com base no cap.15, do livro Antologia da criança, pelo Espírito Meimei, psicografado por Francisco Cândido Xavier, ed.Ideal. Em 25.05.2009.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

ALGO GRANDE QUE SIRVA PARA ALGUÉM

A moça trabalhava como voluntária numa loja de roupas usadas, um brechó de um hospital. Certo dia, conta ela, adentrou à loja uma certa senhora bastante obesa. Logo a atendente pensou, entristecida: 
-Puxa... Ela não vai encontrar nada na numeração dela... 
A partir daquele momento, ficou bastante apreensiva, conforme observava a senhora passando de arara em arara, procurando algo. Pensava numa forma de evitar que a cliente se sentisse mal, uma vez que tinha certeza de que não encontraria nada que lhe servisse. Não queria que ela se sentisse excluída e nem que a questão de seu sobrepeso viesse à tona, deixando a estranha sem jeito. Fez, então, uma breve oração, pedindo uma luz para se sair bem daquela situação delicada, evitando que a senhora passasse por qualquer tipo de humilhação naquele momento. Foi quando o esperado aconteceu. A cliente se dirigiu à moça e afirmou, um pouco entristecida e constrangida:
-É... Não tem nada grande, não é? 
E a moça, que até aquele instante não soubera o que fazer, abriu os braços de uma ponta a outra e lhe respondeu, sorrindo: 
-Quem disse?? É claro que tem! Olha só o tamanho deste abraço! 
E a abraçou com muito carinho. A loja toda parou para observar a cena inusitada e bela. A senhora, pega de surpresa, entregou-se àquele abraço acolhedor, deixou-se tomar por algumas lágrimas discretas e exclamou: Há quanto tempo ninguém me dava um abraço... Depois de alguns instantes, buscando se recompor, ainda emotiva, finalizou a conversa breve dizendo: Não encontrei o que vim buscar, mas encontrei muito mais do que procurava... 
* * * 
Inspirados nesta singela passagem, poderíamos perguntar: Será que dentro de nós, procurando nos baús de nossa intimidade, nas prateleiras da alma, também não podemos encontrar algo grande que sirva para alguém? Somos aprendizes, sim. Muito nos falta de bagagem moral e intelectual, mas muito já temos para oferecer. Quem não tem condições de dar um abraço sincero? Quem não consegue alguns minutos de sua semana para dedicar a algum tipo de trabalho voluntário? Quem não está apto a proferir uma palavra de estímulo, um elogio, um voto de sucesso ou de paz? Temos todos algo grande dentro de nós: o amor maior em estado de latência, a assinatura do Criador em nossas almas perfectíveis. O que temos de bom não precisa ser guardado a sete chaves conosco. A candeia precisa ser colocada sobre o alqueire para que brilhe para todos. Brilhe, assim, a nossa luz, sem economia e sem medo. Há tantos que precisam dela... Não deixemos passar um dia sequer sem ter sido importantes na vida de alguém, na história de um ser que respira ao nosso lado. Haverá dia em que finalmente entenderemos o que é viver como irmãos na Humanidade inteira. Que esta pergunta possa ecoar em nosso Espírito durante todo este dia: 
-Será que não temos algo grande que sirva para alguém? 
Redação do Momento Espírita com base em depoimento anônimo, colhido na Internet. Em 16.10.2012.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

ALÉM DO TEMPO

Seguiam a nossa frente. Passos vagarosos, cadenciados. Mãos dadas. As cabeças nevadas e a lentidão do passo lhes denunciavam a idade avançada. Um homem. Uma mulher. Um casal de idosos. De mãos dadas, enamorados. As mãos seguravam firme, como a dizer que um se constituía no apoio do outro. Assim no físico, assim no afeto. Ficamos a imaginá-los, na esteira do tempo, jovens, rindo e correndo pelo parque, sob as bênçãos do sol. Brincando no lago, jogando água um no outro, gargalhando. Pudemos quase vê-los, de forma nítida, abraçados, quietos, olhando enlevados o concerto da primavera em flor, mãos entrelaçadas, cabeças apoiadas, tecendo sonhos e fantasias. Terão imaginado quiçá que alcançariam esta idade, unidos? São eles mesmos. Atravessaram os anos e prosseguem apaixonados. Casaram, tiveram filhos, passaram as mil dificuldades de educar, instruir e amar a prole, renunciando muito a benefício deles. Quando os filhos se foram, um a um, como aves de arribação, deixando o ninho para construir o seu próprio e eles ficaram sós, souberam retomar o enlevo dos primeiros dias. O segredo dessa união sólida? O amor. Só o amor tem o poder de atravessar os anos e se tornar mais intenso. Só ele pode enfrentar com dignidade o encarquilhar das mãos, o aparecimento das rugas, o andar mais demorado. Somente ele, porque possui lentes especiais, que transcendem o físico e alcançam a alma. Relação assim regida prossegue para além da vida corpórea. Um parte como flor que fenece ao vento gélido e fica aguardando o outro. Enquanto espera o amado, a sua é a tarefa de amparar, zelar pelo que ficou nas estradas do mundo. Nas noites de solidão, fala-lhe à intimidade do logo mais e insufla-lhe coragem para não se abater ante os percalços que lhe faltam vencer. Aguarda-o, no mundo espiritual, como o noivo espera a amada, em dia festivo. E, quando, finalmente, chega o dia da partida, prepara-lhe a chegada e o retoma nos braços em suave amplexo demonstrando que o amor vence a dor, o sofrimento e a morte. Muitas almas que assim se amam, na Terra, intensamente, retornam mais tarde, em nova roupagem, novamente juntos e, porque amam verdadeiramente, unem-se outra vez para idealizar grandes coisas a bem da comunidade. É dessa forma que encontramos casais na ciência, na arte, na devoção ao semelhante, doando-se muito além do dever. Tendo experienciado o amor na sua essência mais profunda aprenderam que quanto mais ele se divide, mais se multiplica. 
* * *
Você sabia que Amélie Gabrielle Boudet, a senhora Kardec, esposa do Codificador do Espiritismo, após a morte dele viveu ainda por quatorze anos? Enquanto ele esteve encarnado, ela lhe foi a companheira fiel de todas as horas, em todas as suas atividades, fossem as pedagógicas ou as dedicadas à Doutrina Espírita. Desencarnou aos oitenta e sete anos, lúcida e ativa, devotada à causa do Espiritismo. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 8, ed. FEP. Em 29.10.2014.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

ALÉM DO DEVER

Um homem foi chamado à praia para pintar um barco. Trouxe tinta e pincéis e começou a pintar o barco de um vermelho brilhante, como fora contratado para fazer. Enquanto pintava, notou que a tinta estava passando pelo fundo do barco. Procurou e descobriu que a causa do vazamento era um buraco e o consertou. Quando terminou a pintura, recebeu seu dinheiro e se foi. No dia seguinte, o proprietário do barco procurou o pintor e lhe entregou um cheque de grande valor. O pintor ficou surpreso e falou: 
-“O senhor já me pagou pela pintura do barco.” 
-“Mas isto não é pelo trabalho de pintura”, falou o homem. “É por ter consertado o vazamento do barco.” 
-“Foi um serviço tão pequeno que não quis cobrar”, acrescentou o pintor.-“Certamente o senhor não está me pagando uma quantia tão alta por algo tão insignificante!” 
-“Meu caro amigo, você não compreendeu”, disse o proprietário do barco. “Deixe-me contar-lhe o que aconteceu. Quando pedi a você que pintasse o barco, esqueci de mencionar o vazamento. Quando o barco secou, meus filhos o pegaram e saíram para uma pescaria. Eu não estava em casa naquele momento. Quando voltei e notei que haviam saído com o barco, fiquei desesperado, pois me lembrei que o barco tinha um furo. Grandes foram meu alívio e minha alegria quando os vi retornando, sãos e salvos. Então, examinei o barco e constatei que você o havia consertado. Percebe, agora, o que fez? Salvou a vida de meus filhos! Não tenho dinheiro suficiente para lhe pagar pela sua ‘pequena’ boa ação...” 
* * * 
Se em nossa ação diária todos nós fizéssemos como aquele pintor, certamente o mundo seria diferente. Mas, o que geralmente acontece é que fazemos apenas a nossa obrigação, quando a fazemos. Fazer o que nos compete, com disposição e zelo, é apenas cumprir um dever. Todavia, se, além do dever, buscássemos fazer o que precisa ser feito, sem que ninguém nos peça, então poderíamos dizer que estamos investindo numa sociedade melhor. Quem trabalha apenas para receber seu salário, demonstra que vale quanto ganha. Mas, quem executa suas obrigações e vai além, sem esperar recompensa alguma, está investindo na própria felicidade. O trabalho dignifica o ser, mas o trabalho feito com amor e dedicação, enobrece a alma. Trabalhar por convicção e prazer, e não por obrigação, é a melhor maneira de se sentir bem. Isso porque, se ninguém elogiar nosso trabalho nem reconhecer nosso esforço, para nós não fará diferença alguma. A grande satisfação estará calcada unicamente em fazer com excelência o que fazemos. E o salário, nesse caso, será apenas uma conseqüência. 
* * * 
Toda a natureza trabalha. Trabalha o pássaro, trabalha o inseto. Os peixes também trabalham. Até mesmo o verme executa seu trabalho embaixo do solo. E o verme executa fielmente a tarefa que o Criador lhe confia, sem reclamar, nem esperar recompensa. E você, está fazendo a sua parte com fidelidade? 
Redação do Momento Espírita, com base em história de autoria ignorada. Em 02.01.2008.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

ALÉM DA VIDA

Dr. Raymond Moody
O que nos espera depois da morte física? Esta é uma pergunta que muitos se fazem. Ante o desconhecimento do que os aguarda, alimentam o terror da morte. Pessoas há que sequer ousam mencionar a palavra, como se isso fosse atrair o fato para si ou para os seus. Mas isso não impede que a morte chegue. O medo de morrer está muito em função do desconhecimento de que para além da vida corporal existe a verdadeira, a vida espiritual. Embora alguns ainda duvidem, é uma certeza. Dr. Raymond Moody Jr., com residência na Escola de Medicina da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos, possui larga experiência sobre o assunto. Com vários livros publicados, ele relata os casos de pacientes que tiveram Experiências de Quase Morte. Isto é, pessoas que sofreram problemas graves, que quase lhes assinalaram a morte e retornaram, contando o que lhes aconteceu naquele período. Embora alguns tratem tais relatos como alucinação, não se pode conceber que, ao retornarem ao corpo, após a morte aparente, tais criaturas relatem fatos, situações, quase sempre confirmados. Mais recentemente, Dr. Moody passou a analisar o caso de crianças que sofreram morte aparente. Porque, diz ele, se o adulto teve tempo para ser influenciado e modelado pelas experiências de sua vida e crenças religiosas, as crianças não estão profundamente influenciadas pelo ambiente cultural e nelas a experiência adquire um certo frescor. É o caso da garota de sete anos que, ao atravessar um trecho congelado do rio, caiu e bateu a cabeça. Desmaiou e permaneceu inconsciente por doze horas. Durante esse tempo, o médico não sabia se ela iria morrer ou viver. A garota se viu em um jardim extraordinariamente belo, com flores semelhantes a dálias enormes. Olhou em volta e viu um ser. Sentiu-se amada e acalentada pela sua presença. Foi uma sensação deliciosa, como jamais experimentara em sua vida. O ser então lhe disse: Você vai voltar. E ela respondeu: Sim. Ele perguntou por que ela queria retornar ao seu corpo e ela disse: Porque minha mãe precisa de mim. Depois disso, sentiu-se descendo por um túnel. Acordou na cama, levantou-se e disse: Oi, mamãe. Essa é uma boa evidência de que há vida depois da morte. Prosseguiremos a viver sim, porque o Espírito é imortal e haverá de retornar, muitas vezes ainda, ao cenário da Terra, até sua completa depuração. * * * Quando as crianças relatam suas Experiências de Quase Morte, constata-se que um número surpreendente delas se veem em corpos espirituais adultos. Tal fato está levando expoentes da Psiquiatria, da Psicologia e da Psicanálise à conclusão de que o homem não é um ser físico, vivendo experiências espirituais, mas um ser espiritual, temporariamente ligado a um corpo físico. É a Ciência levando o homem a reconhecer as verdades já propaladas desde a remota Antiguidade e vulgarizadas pelo Cristo. Redação do Momento Espírita, com base no cap. 3, do livro A luz do Além, de Raymond Moody, Jr., ed. Nórdica. Em 9.9.2013.