Dirão alguns, talvez, que a soma dos valores que detém em contas bancárias, aplicações, rendas, bens móveis e imóveis.
Poderão pensar outros que o destaque se pode dar no ambiente artístico, cultural, político.
A pessoa também poderá se destacar pela inteligência, pela visão de mundo, adiante de seu próprio tempo.
Ou pela beleza, pelo porte, pelo discurso fácil, ágil, atilado.
No entanto, o maior destaque, com certeza, é no campo moral.
A intimidade do ser.
Porque alguém pode ser muito rico, belo, de discurso impecável, um cientista, uma alta inteligência e ser moralmente pobre.
Na atualidade, o tom dominante parece ser o de fazer o que todos fazem.
Assim, os homens desejam mostrar virilidade, sendo comandantes de sua própria casa.
As mulheres desejam demonstrar que são belas e desejadas, que jamais a solidão as haverá de abraçar.
E assim por diante...
Dizemos que isso faz parte da cultura do país onde se vive, do mundo onde nos movemos.
Será que não podemos destoar do comum?
Será que não podemos nos destacar, exatamente por sermos diferentes?
Na Índia, entre os parses, a mulher é educada para servir ao homem.
Ela deve lhe dar muitos filhos, pois se assim não for, significa que algo errado existe na relação matrimonial.
Ela deve ser-lhe a servidora, preparando-lhe os pratos de arroz, lentilhas, carnes, a cada dia.
Deve zelar pela sua roupa, porque ele precisa parecer impecável aos olhos do mundo.
Pois aquela mulher nascida em Calcutá se apaixonara por um jovem de Bombaim. Conhecera-o em casa de uma amiga, em uma festa. Pouco mais de quatro meses depois, estava casada. Logo que os dois se casaram, ela havia insistido em passar a ferro as camisetas finas para ele. Ele, no entanto, fincara pé e lhe dissera que se casara com ela por amor e para ter a sua companhia. Se desejasse simplesmente alguém que lavasse e passasse a sua roupa teria se casado com quem trabalhava exatamente para cuidar do seu vestuário.
Seu senso de justiça, sua indignação moral diante do status inferior das mulheres, entre os seus, era inigualável.
Mais de uma vez a jovem sentira a inveja das amigas.
-Qual é o segredo? Indagavam-lhe.
-Como foi que você o treinou tão bem?
Mas ela dizia que nada tinha a ver com isso. Ele chegara a ela desse jeito.
-Ele é a pessoa mais justa que eu conheço. Acredita na igualdade de direitos para as mulheres.
* * *
Um homem diferente, destoando entre os de sua estirpe.
Dentro de sua própria comunidade.
Isso nos diz que não importa onde vivamos, a cultura que se nos impõe.
Cada qual pode, dentro de seus parâmetros de justiça e moral, ser diferente.
Destoar para melhor.
Ser uma flor perfumada, colorida, num campo cinzento de erva seca e dura.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita, a partir de informações colhidas
no livro A doçura do mundo, de Thrity Umrigar, ed. Nova Fronteira.
Em 21.1.2020.