DIVALDO PEREIRA FRANCO E JOANNA DE ÂNGELIS |
Para um repórter de um jornal inglês uma ação bondosa lhe valeu a vida.
Enviado para a África do Sul como correspondente, ele chegou até Moçambique, uma terra devastada, por décadas, pela guerra e pela fome.
Ele crescera na África e costumava andar por todos os lugares, junto com sua mãe. Médica devotada, ela priorizava a questão da vacinação e percorria vales e montanhas, para todos imunizar.
Ele sabia que os rebeldes moçambicanos tinham bases em Malauí, mas também sabia que os jornalistas estrangeiros não eram bem-vindos.
Ávido pelas notícias, contudo, aventurou-se, até ser preso por seis homens com cartucheiras, granadas e lança-bombas.
Resolveram levá-lo como prisioneiro até sua base de operações.
Pelo caminho, passando pelas aldeias, ele era apresentado como um troféu e, embora não entendesse o que falavam, uma mistura de dialetos, podia perceber que a sua captura era dramatizada.
Era um espião. Estava armado. Resistira. Por vezes, davam-lhe chutes e tapas.
Após dois dias de caminhada rude e maus tratos, finalmente o grupo chegou à base e ele foi apresentado ao comandante do campo.
Vestido a caráter, ouvia o relato com atenção, alimentando-se bem, enquanto ao pobre aprisionado não foi permitido nem sentar-se.
Em dado momento, o jornalista pôde ouvir que eles passaram a usar o dialeto Chindau. Este ele conhecia de seu tempo de criança, quando de suas andanças com sua mãe pelas aldeias.
Prestou atenção e, então, hesitante, saudou o comandante com o que pôde se lembrar do dialeto Chindau.
O comandante ficou admirado. Como ele conhecia aquela língua?
-Cresci aqui. - Falou o prisioneiro.
Dizendo o nome de sua família, viu repentinamente o semblante duro daquele chefe se transformar.
-Sua mãe era médica? Perguntou ele. Então foi ela que me vacinou.
E, erguendo a manga da camisa, mostrou a cicatriz da vacina.
-E você, continuou, você é o garoto que nos dava um torrão de açúcar, com o remédio. Ficava insistindo para que colocássemos a língua para fora e punha açúcar nas nossas bocas.
Graças a isso, eu cresci forte!
Tudo mudou em questão de minutos. De refém passou a hóspede de honra. Pôde sentar-se, alimentar-se, refrescar-se com um pano úmido.
No dia seguinte, foi levado de volta com todo cuidado e atenção. Os captores dos dias anteriores, transformados em zelosos guarda-costas agora, até tiraram foto com ele.
O jornalista guardou a foto, certo de que uma boa ação permanece sempre viva, apesar das distâncias e do tempo.
* * *
A bondade é luz que se espalha na noite das desesperanças.
Acendamos as luzes da bondade onde se estenda a escuridão e convertamos os nossos braços em traves de misericórdia, silenciando a eventual ingratidão que venhamos a receber.
Os ingratos necessitam redobrados atos de bondade para serem sensibilizados, pois a ingratidão é enfermidade da alma.
Redação do Momento Espírita com base no artigo A recompensa de
uma boa ação, publicado em Seleções Reader´s Digest, de janeiro
de 1999 e no verbete Bondade, do livro Repositório de sabedoria, v. 1,
pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 23.07.2010.
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