domingo, 31 de maio de 2020

O EXERCÍCIO DA AMIZADE

Francis Bacon
O filósofo Francis Bacon disse que a amizade duplica as alegrias e divide as tristezas. Cícero afirmou que um amigo é como se fosse um segundo eu. Poetas, compositores e escritores, ao longo dos séculos, criaram obras enaltecendo o valor e a importância dos amigos. Ouve-se muito sobre amizade, mas, será que pensamos sobre os mecanismos que aproximam e unem as pessoas nessa relação? Nos primórdios da Humanidade, quando imperava a regra do cada um por si, o outro era visto como ameaça, alguém que precisava ser afastado ou eliminado. No entanto, a solidão e o isolamento, num mundo repleto de adversidades, dificultava a sobrevivência. Dessa forma, para superar obstáculos e assegurar alimento, abrigo e proteção, os seres humanos passaram a se agrupar. O interesse e a necessidade de sustentar a vida fez com que os núcleos familiares abrissem espaço para estranhos. Eles ajudariam a cobrir os pontos fracos, garantindo o êxito nas caçadas, nas colheitas, na defesa da prole, entre outras vantagens. Contudo, aceitar alguém estranho no grupo familiar também configurava um risco. Caso o forasteiro tivesse intenção de eliminar seus concorrentes, por causa de alimento ou território, estaria próximo o bastante para aprender os pontos fracos daquele grupo. O que diferenciava um possível rival infiltrado de um colaborador e parceiro era o sentimento que o mantinha conectado ao grupo. Um amigo contribui para o progresso e a harmonia de seus companheiros. O inimigo trama sua desestabilização. Interesse, cobiça, inveja, desejo de possuir o que é do outro podem aproximar as pessoas, mas não as mantêm unidas para o crescimento comum. São sentimentos que exploram, drenam e destroem. Uma vez esgotado o objeto do interesse, cada um toma seu caminho. Isso, certamente, não é amizade. Laços de afeto, simpatia, amor, aproximam os que vibram numa mesma sintonia e os mantêm ligados. Quando acolhemos uma pessoa com quem não possuímos relação de consanguinidade, ou quaisquer outros interesses, mas pela qual sentimos grande afinidade, estabelecemos com ela uma união mental. É comum ouvir que amigos são a família que escolhemos. Em verdade, há amigos que são até mais próximos que os próprios familiares. Tornam-se realmente da família, numa dimensão que extrapola a vida material. No mundo moderno, não nos agrupamos mais para caçar alimento, nos proteger de animais ferozes e enfrentar as dificuldades comuns aos nossos ancestrais. No entanto, enfrentamos outras adversidades, materiais e morais, que também nos fragilizam e abalam. Nesses momentos, ter amigos ao nosso lado nos encoraja e fortalece, ajudando-nos a superar os percalços. Quando tais laços têm origem no amor, respeito e empatia, superada a crise, a amizade continua ainda mais vigorosa. O ser humano não é autossuficiente. Não possui todas as faculdades, habilidades e competências necessárias para seu desenvolvimento. Ele necessita da vida em sociedade para aprender e exercitar o auxílio recíproco. A amizade é uma das mais belas formas dessa prática. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 23.5.2015.

sábado, 30 de maio de 2020

EXERCENDO A SOLIDARIEDADE

São admiráveis os exemplos de solidariedade que constatamos em nossos dias. Quando muitos dizem viver em um mundo em que cada qual busca apenas a própria felicidade, nos deparamos com ações que nos levam a perceber como o ser humano tem bondade em seu coração. Em uma cidade do Estado do Mato Grosso, um grupo de alunos estava terminando o curso de agropecuária. Durante todo o ano haviam realizado eventos a fim de reunir o montante suficiente para comemorar a formatura com uma viagem. Planejavam ir a um parque de águas quentes, em Barra do Garças, no mesmo Estado. Um dos colegas se sobressaía pela alegria por ter sido selecionado para o programa Jovem Aprendiz. Porém, os exames laboratoriais a que se submeteu para ingressar no programa, revelaram sérias anomalias no sangue. As preocupações logo se apresentaram na família e entre os colegas. A recomendação médica indicou a necessidade de procurar um especialista, a fim de receber atendimento específico. Ante o quadro preocupante, os formandos tomaram uma decisão: cancelaram a viagem de formatura e doaram todo o dinheiro arrecadado para o tratamento do colega. Além disso, se propuseram a se empenhar em novas ações com o objetivo de angariar os recursos necessários para custear o tratamento. 
* * * 
Essa disposição que beneficia uma pessoa que passa por momentos difíceis se chama solidariedade. Não se manifesta somente pelo sentimento, mas, sobretudo, pela ação, que tem a finalidade de consolar, confortar, ajudar. Quando nos conscientizarmos de que somos todos iguais perante o Pai Celestial, o sentimento solidário nos unirá mais fortemente e nos sentiremos mais felizes. Cada um buscará colaborar para suprir aquilo de que o próximo necessite, formando um círculo de solidariedade. Veremos então que não mais haverá abandonados, nem privilegiados, mas uma sociedade irmanada pelos sentimentos de fraternidade e solidariedade. Vivenciando a solidariedade, perceberemos que ela nos habilita a deixarmos de pensar apenas em nós mesmos e em nossos interesses para nos colocarmos à disposição do outro. E nos convida ainda, a abrirmos mão de alguma satisfação pessoal em benefício do bem-estar do próximo. Agindo dessa forma, gradativamente venceremos o egoísmo, alargaremos nossa percepção do outro e descobriremos o prazer de amar. A vivência da solidariedade nos permite descobrir e cultivar o que há de melhor em nós mesmos e nos fortalece para enfrentarmos nossas próprias dificuldades. Permite ainda sermos felizes proporcionando a felicidade alheia, que contagia mais e mais pessoas. 
 * * *
Jesus lecionou o amor e exemplificou a preocupação com a dor alheia. Sua mensagem continua a nos chamar à comunhão e à consolação. Felizes os que podemos ser solidários, os que servimos e amamos ao Senhor amando as Suas criaturas, operários que somos todos de um amanhã ditoso. Felizes porque todo o bem que proporcionamos ao próximo é bem para as nossas próprias vidas. 
Redação do Momento Espírita, a partir de fatos. 
Em 2.3.2019.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

DEUS NÃO DESISTE

Você já se deu conta de que Deus nunca desiste? Se ainda não havia percebido, observe o mundo ao seu redor. Se você amanhece triste, Deus lhe oferece o canto dos pássaros, antes mesmo do amanhecer, pois seu canto sonoro se faz ouvir quando a noite ainda não se despediu por completo. Se você se sente só no mundo, Deus lhe acena com inúmeras oportunidades de conhecer pessoas e fazer novas amizades, desfazendo essa sensação de abandono. Deus nunca desiste... Para aqueles que não gostam dos dias chuvosos, o Criador enfeita as folhas verdes com pequenas gotas brilhantes, como querendo mostrar que a chuva tem seus encantos e belezas. Para quem não gosta dos dias quentes, Deus oferece o espetáculo dos insetos alados, em graciosa dança, a dizer que o verão tem sua graça. Deus nunca desiste... Aos Seus filhos que não apreciam os dias frios do inverno, Deus mostra as noites mais limpas e cravejadas de estrelas e os dias de céu mais azul, de todas as estações. Deus nunca desiste... Se você ainda hão havia percebido essa realidade, comece a olhar ao seu redor. Há muitos motivos para você acreditar que o Criador está sempre fazendo o máximo para que você perceba o Seu empenho. Só no dia de hoje, quantas mostras da ação de Deus não se podem contemplar?! Se, para você, o dia parece inútil, as situações sem graça e os problemas sem possibilidade de solução, pare e observe melhor. Você notará uma árvore lhe oferecendo sombra, uma flor ofertando perfume, um pássaro cantando para você, uma borboleta o convidando a bailar... Porque Deus nunca desiste. Ainda que a morte se apresente como vencedora da vida... Mesmo que se diga o ponto final da relação de amor que nos une a outros seres... Ainda que se proclame devastadora de sentimentos e capaz de aniquilar sonhos... Não se deixe levar por essa farsante cruel... Porque do outro lado do túmulo a morte será desmascarada, porque Deus nunca desiste... E a vida segue estuante. O Criador tem planos de felicidade para você... E jamais desistirá, enquanto você não tomar posse dessa herança que lhe foi destinada. Essa herança está depositada no íntimo de cada um de nós, e mesmo que os milênios se escoem, que nos pareça que jamais a conquistaremos, um dia a felicidade será realidade... Deus nunca desiste... Ainda que no dia de hoje você não tenha nenhuma conquista significante, que a tristeza lhe ronde as horas, que a alegria pareça distante e a esperança esteja de férias... Deus não desiste. Quando o hoje partir e nada mais restar de suas horas, Deus lhe acenará com um novo dia, e novas oportunidades surgirão para que você dê mais um passo na direção da felicidade efetiva. E se esta existência não for suficiente para você atingir a felicidade suprema, ainda assim, Deus não desistirá... Uma nova oportunidade irá surgir... Uma nova existência lhe será oferecida... E novamente teremos a prova de que Deus não desiste. E se Deus não desiste é porque ele ama cada filho Seu... E se assim é, por que você, que é herdeiro desse Pai amoroso e bom, irá desistir? Pense nisso e observe os acenos divinos em cada convite da vida para que você jamais deixe de caminhar na direção da luz. ... Porque Deus, Deus nunca desiste. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, Coletânea v. 8 e 9 e no livro Momento Espírita, v. 5, ed. FEP. 
Em 29.5.2020

quinta-feira, 28 de maio de 2020

A LIÇÃO POSITIVA DO VÍRUS

Percebemos como as pandemias se alastram? 
Seja a mais recente, do coronavírus, nossa conhecida, seja a do cólera no século XIX ou da gripe espanhola no século XX. Embora em épocas diferentes, não houve em nenhuma delas, quem estivesse imune. Isso porque os vírus atingem a todos igualmente, independente da classe social, da cor da epiderme ou dos títulos acadêmicos. Somos todos da mesma espécie, ou seja, constituídos da mesma matéria e vulneráveis a eles. Não importa o que temos ou como pensamos. Não importa a profissão que abraçamos ou nossa religião. Não há diferença se estamos acima do peso, ou se fizemos plásticas corporais. Se os cabelos são pintados ou estão embranquecendo naturalmente. Se temos tatuagem ou usamos piercing, se nos vestimos dessa ou daquela forma, se somos moradores de rua ou vivamos em uma mansão. Para o vírus, somos todos iguais. Simplesmente seres frágeis, diante de sua ação. É isso que somos, iguais, da mesma espécie, filhos do mesmo pai, experienciando mais uma vida neste planeta. 
Por que agimos diferente da ação dos vírus? 
Por que não nos vemos todos iguais?
Por que, no trato, diferenciamos as pessoas conforme sua classe social?
Por que classificamos pessoas, rotulamos atitudes, conceituamos aparências? 
Não somos todos da mesma espécie? 
De tempos em tempos a natureza nos obriga a algumas pausas para nos fazer lembrar dessas coisas simples. Lembrar-nos de que não somos melhores do que ninguém. Somos muito importantes perante a vida. Nosso próximo também. Temos direitos que defendemos e pelos quais lutamos. Igualmente devemos fazê-lo pelos direitos do próximo. Quando moramos na mesma casa, somos co-responsáveis uns pelos outros. Assim somos nós neste lar chamado Terra. Não existe problema de um. Os problemas do planeta são problemas de todos. As dores do mundo são as dores que pertencem a todos. A fome que há no mundo, é a fome que diz respeito a todos. Precisamos nos dar conta de que somos todos iguais. A dor de cabeça, a febre, a tosse que atinge os que vivem no Oriente alcançam, igualmente, os que vivemos no Ocidente. O que conduz à morte no Norte, de igual forma o fará no Sul. Somos iguais. Dessa forma, respeito, atenção, consideração para com todos, próximos ou distantes. Se formos tentados a desqualificar alguém, menosprezar uma pessoa ou tratá-la com preconceito, lembremos dos vírus. Eles não agiriam assim. Identificariam em nós apenas seres humanos, seres iguais. Essa seja, talvez, a preciosa lição que as pandemias podem nos oferecer. Elas nos recordam o que esquecemos um dia: que somos todos filhos da mesma Terra, filhos do mesmo Pai, criados de igual forma. No mais, tudo é passageiro. Com o tempo, a beleza se vai, a fortuna troca de mãos, o emprego é outro, a saúde se desfaz. Aprendamos a lição positiva: agir igual para com todos.
Tratemos a todos com amorosidade, gentileza e respeito que cabe àqueles que se percebem iguais, seres da mesma espécie. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 28.5.2020.

quarta-feira, 27 de maio de 2020

EXEMPLOS VIVOS

ANNE E OTTO FRANK
Possivelmente você já ouviu falar, mais de uma vez, a respeito de Anne Frank. Seu diário, escrito durante os dois anos em que permaneceu escondida dos nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial, em um minúsculo anexo, no sótão do prédio em que funcionava o escritório de seu pai, em Amsterdã, foi publicado e transformou-se em peças de teatro e filmes famosos. Anne Frank viveu como um canário na gaiola e apesar de tudo o que sofreu, acreditava que as pessoas, no fundo, são realmente boas. Com seus pais, a irmã mais velha, um dentista e a família Van Daan foi finalmente apanhada pelos nazistas e confinada em um campo de concentração, onde veio a morrer. O que poucos sabem, possivelmente, é que seu pai, Otto Frank, após a morte da filha, recebeu cartas de jovens do mundo inteiro e tornou-se mentor, orientador de muitas vidas. 
Assim foi que uma jovem americana, de nome Cara Wilson, teve reacendida sua esperança por ele. Observando a triste figura do mundo, após o assassinato de John e Bobby Kennedy, de Martin Luther King Jr., ela acreditava que o mundo estava perdido. Afinal, todos eles haviam sido baleados por homens perturbados. Como ela poderia gerar um filho num mundo assim? Otto Frank lhe escreveu, em resposta:
-Mesmo que o fim do mundo fosse iminente, eu plantaria hoje uma árvore. A vida continua, e talvez seu filho faça o mundo avançar um passo. 
Graças a essa perspectiva de esperança, ela teve coragem para se tornar mãe. Teve dois filhos. De Atenas, uma outra jovem lhe escreveu narrando seu horripilante passado - o modo como o pai, envolvido no movimento de Resistência aos nazistas, fora morto na sua frente. A jovem perdera o interesse por tudo, pela vida em si. Foi então que ela assistiu à peça O diário de Anne Frank. Escreveu a Otto e ele lhe respondeu que, embora houvessem impedido Anne de ver suas metas realizadas, ela tinha diante de si toda uma vida de esperanças. A garota ateniense superou a depressão. 
Um rapaz de nome John Neiman, depois de reler o livro de Anne Frank na Faculdade, escreveu a Otto e ele o orientou, dizendo que se ele quisesse honrar a memória de Anne e dos outros que morreram, cumprisse aquilo que Anne tanto desejava - fazer o bem aos outros. John se tornou sacerdote e em Redondo Beach, Califórnia, passou a estender a mão aos sobreviventes do Holocausto. Talvez não se consiga jamais saber quantas vidas o exemplo de Anne Frank e os conselhos de seu pai influenciaram positivamente. Contudo, o que se guarda é a certeza de que cada ser, onde se encontre, com quem esteja, pode se tornar uma carta viva do amor a serviço do bem. 
* * * 
Anne Frank tinha somente 13 anos quando sua vida se transformou radicalmente. Deixou a casa grande e ensolarada de Amsterdã para viver no único local que lhe garantiria a vida. Durante dois anos, ela somente podia contemplar o céu azul de primavera ou as noites estreladas, de uma pequena abertura na água-furtada onde se escondia, sem jamais poder abrir uma janela. Seu diário revela uma fé inabalável e a nobreza fora do comum de um Espírito amadurecido no sofrimento. Anne Frank morreu em fevereiro de 1945, no Campo de Concentração de Bergen-Belsen. 
Redação do Momento Espírita com base no livro O diário de Anne Frank, ed. Record e no artigo Cartas aos pais de Anne Frank, publicado na revista Seleções Reader´s Digest, de junho/1997.
Em 09.02.2009.

terça-feira, 26 de maio de 2020

PERMANECENDO ÚTEIS

Clint Eastwood
Clint Eastwood é um dos atores de Hollywood de mais avançada idade. Somam mais de oitenta filmes, em sua longa carreira como ator, diretor, produtor ou compositor de algumas das trilhas sonoras. Aos oitenta e três anos, foi entrevistado por um veículo de comunicação sobre como conseguia estar tão ativo, mesmo tendo passado a barreira dos oitenta anos. A resposta foi simples e direta:
-Meu segredo é o mesmo desde 1959: fico ocupado, não deixo o que é velho entrar em casa. É fundamental que tenhamos a vida preenchida de ocupações, de tarefas úteis. Todos temos talentos, recursos importantes que podem ser postos à disposição da sociedade, da comunidade em que vivemos, a fim de se multiplicarem. Ninguém pode afirmar, categoricamente, que não sabe fazer nada ou que não serve para nada. Sempre existe a possibilidade de encontrarmos algo útil, algo que some e produza o bom, o bem, o belo para alguém. Se boa parte de nossos anos e das horas de nossos dias são dedicados ao trabalho profissional, produzamos com vontade. Dediquemo-nos, seja qual for nossa função, com empenho e esforço, oferecendo o melhor para todos os que irão usufruir ou dependam de nossas ações. Isso é ser útil. Assumamos de maneira ampla as responsabilidades familiares, no papel que nos couber na dinâmica do lar. Sintamo-nos comprometidos. Nas relações sociais, nas horas que nos sobram, busquemos um trabalho voluntário, dedicando-nos de maneira abnegada, preenchendo nosso tempo de forma proveitosa. Com o passar dos anos, natural que tenhamos que ajustar a dinâmica da vida. Os filhos deixam o lar para construir o seu; a aposentadoria chega e, se as responsabilidades antigas não têm mais espaço em nossas vidas, pensemos em outras possibilidades para continuarmos sendo úteis. Se já não precisamos dedicar longas horas do dia para o exercício profissional, podemos servir, um tanto mais, no voluntariado. Sempre poderemos ser úteis. Nossas habilidades manuais, capacidades que desenvolvemos poderemos encaminhar para uma instituição específica, para atendimentos individuais. Pensemos que o envelhecimento do corpo é um processo natural e inevitável enquanto permanecermos encarnados, o que não deve nos retirar o prazer de viver, a jovialidade, a alegria de sermos úteis. Em qualquer tempo, em qualquer localidade que nos encontremos, se quisermos, perceberemos os convites para transformar nossas horas vazias em horas produtivas, benéficas ao próximo. Não permitamos que nossa mente e nosso tempo livre sejam ocupados com coisas velhas, já superadas; lembranças amargas, dissabores, embates que vencemos, no passar dos anos. Permitamo-nos a jovialidade com a certeza de quem sabe que, não importa nossa idade ou nossos recursos, nossos saberes ou nossas limitações, sempre haverá a chance de sermos úteis.
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 26.5.2020.

segunda-feira, 25 de maio de 2020

EXEMPLOS QUE CONVENCEM

JOANNA DE ÂNGELIS
E
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Marina procurou o serviço assistencial de uma instituição religiosa. Inscrita, após a entrevista, começou a se beneficiar da cesta básica, do lanche todos os sábados para si e para os filhos. O carinho dos trabalhadores da instituição a comovia. Jamais, em toda sua vida, fora tão bem tratada. Chamavam-na pelo nome, sempre, desde o primeiro dia. Tomaram conhecimento das suas necessidades mais prementes e passaram a auxiliá-la. Os filhos estavam na escola, mas recebiam reforço escolar daquelas pessoas dedicadas. Frequentando as palestras, principiou a se interessar pelas lições do Evangelho. Lições que ela ouvira em criança, de forma rápida, mas que não dera muita importância. Contudo, ali, naquele grupo, os ensinos eram trazidos de uma forma tão doce e prática que ela começou a incorporá-los à sua vida. Passou-se um tempo. Certo dia, a vizinha Laura a procurou no exato momento em que ela e os filhos se preparavam para se dirigir à instituição religiosa.
-Gostaria de ir junto com você, nesse lugar que você vai, todo sábado, falou ela. 
Marina se mostrou surpresa. 
-Por quê?, perguntou.Acho que você não está precisando de serviço assistencial. Seu marido e seus dois filhos trabalham, sua casa está bem arrumadinha. É uma das melhores da vila. Por que quer ir lá? 
-Eu não quero ganhar nada, explicou Laura. É que estou muito curiosa. Depois que você começou a frequentar esse lugar, mudou muito. Para melhor, é claro. Antes, você era uma vizinha que nem cumprimentava, quando passava. Hoje, passa, sorri e cumprimenta. Antes, eu costumava ouvir muitos gritos vindos da sua casa. Você brigava com os seus filhos. E sei também, só de olhar de longe, que você nem cuidava direito da casa. A roupa era mal lavada. Você me desculpe lhe dizer todas essas coisas, mas eu reparava. Agora, você cuida direitinho de sua casa, não grita mais com os meninos. Está mais calma, serena. Se o que você ouve naquele lugar conseguiu modificar você, eu também quero ir lá, para aprender e me modificar também. Você me leva? 
Naquele dia, a instituição recebeu mais uma senhora ansiosa por aprender as lições do Evangelho de Jesus. 
* * * 
Aproveitemos cada oportunidade para agir de forma elevada. Existem pessoas que esperam momentos extraordinários e ocasiões especiais para mostrarem a sua bondade e elevação. É possível que eles nunca cheguem. Lembremos que não será o que façamos que nos tornará grandes e importantes, porém, como façamos cada coisa que nos transformará em criaturas valiosas. Tornemo-nos, pois, grandes nas pequeninas coisas, cientes de que somos sempre exemplo vivo onde nos situemos e nosso exemplo, bom ou mau, arrastará muitos para o mesmo caminho. 
Redação do Momento Espírita, com base em fato ocorrido no Clube de mães do Centro Espírita Ildefonso Correia, em Curitiba (PR) e com pensamentos finais do cap. XIV do livro Vida feliz, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. 
Em 19.04.2012.

domingo, 24 de maio de 2020

EXEMPLOS MODIFICAM VIDAS

A. J. Cronin
Dizem que as palavras convencem, mas os exemplos arrastam. Ou seja, os exemplos sempre falam mais alto e têm o condão de transformar vidas, arrebatar as pessoas. Narra o médico e escritor escocês A. J. Cronin, em uma página solta na imprensa internacional, intitulada "Porque eu creio em Deus", sua experiência pessoal. Estudante de medicina na Universidade de Glasgow, durante a sua juventude, não era diferente dos seus colegas quanto à irreverência na crença no Ser Supremo. Quando pensava na palavra Deus, um sorriso de mofa lhe aparecia nos lábios, transparecendo o desprezo por esse mito, desgastado pelo tempo. Quando se formou e foi clinicar, ao sul do país de Gales, conheceu uma jovem enfermeira, cuja atuação lhe chamou muito a atenção. Ela trabalhava sozinha, numa ronda de quinze quilômetros diários, montada numa bicicleta, para atender os seus pacientes. Sua fisionomia revelava os traços de uma disposição, jovialidade e paciência dignas de admiração. Mesmo depois de um dia estafante, se chegasse um chamado urgente, retornava à sua tarefa. E nunca estava tão ocupada que não pudesse pronunciar uma palavra de consolo e bom ânimo a quem precisasse. Seu salário era irrisório e mal atendia as suas necessidades básicas. Mas, ela realizava o seu trabalho como se estivesse recebendo a maior remuneração de toda a classe médica. Certa noite, depois de um dia particularmente trabalhoso, difícil, doutor Cronin se sentou ao lado dela, para saborear uma xícara de chá. Observando-lhe o cansaço, o médico lhe perguntou: 
-Enfermeira, por que você não exige que lhe paguem melhor? Você devia ganhar, pelo menos, o triplo do que ganha por semana. Você merece mesmo. 
Um silêncio se fez, por alguns instantes. Depois, ela sorriu e seu olhar brilhou intensamente, surpreendendo o médico. Então, com voz terna e modulada, ela respondeu: 
-Doutor, se Deus sabe que eu mereço, isso é tudo para mim. 
Naquele momento, Cronin compreendeu que toda aquela existência de trabalho, em que se destacava o amor ao próximo, era um atestado evidente da sua maneira de adorar a Deus. Percebeu, num lampejo, a riqueza da significação da vida daquela jovem. E, por outro lado, o vazio interior existente no seu próprio mundo íntimo, pela ausência da crença em Deus. Aquilo o fez pensar e, depois de algum tempo, em que outros fatos se lhe alinharam à observação, ele se ergueu do pântano do cepticismo para a terra firme da adoração a Deus. 
* * * 
José Couto Ferraz
Sim, exemplos arrastam. Falam muito mais alto à razão e ao coração do que muitas palavras. Por esse motivo, é que o sábio de Nazaré convocou os homens ao amor, prescrevendo: Amai-vos uns aos outros. E, para acrescentar Como eu vos amei, abandonou as estrelas, tomou um corpo de carne e veio viver entre as Suas ovelhas, Pastor Celeste que é. Durante pouco mais de três décadas, viveu a infância, a juventude e caminhou para a maturidade, servindo sempre, no lar, na carpintaria do pai, no mundo. Finalmente, certo de que lhe seguiríamos a exemplificação nobre, afirmou: 
-Os meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem. 
Pensemos nisso. 
Vivamos e exemplifiquemos a sábia exortação. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo A lei de adoração, de José Couto Ferraz, da Revista Internacional de Espiritismo, outubro 2016. 
Em 27.12.2016.

sábado, 23 de maio de 2020

O EXEMPLO SEMPRE FALA MAIS ALTO

As sandálias do discípulo fizeram um barulho especial nos degraus da escada de pedra, que levavam aos porões do velho convento. Era naquele local que vivia um homem muito sábio. O jovem empurrou a pesada porta de madeira, entrou e demorou um pouco para acostumar os olhos com a pouca luminosidade. Finalmente, ele localizou o ancião sentado atrás de uma enorme escrivaninha, tendo um capuz a lhe cobrir parte do rosto. De forma estranha, apesar do escuro, ele fazia anotações num grande livro, tão velho quanto ele. O discípulo se aproximou com respeito e perguntou, ansioso pela resposta: 
-Mestre, qual o sentido da vida? 
O idoso monge permaneceu em silêncio. Apenas apontou um pedaço de pano, um trapo grosseiro no chão junto à parede. Depois apontou seu indicador magro para o alto, para o vidro da janela, cheio de poeira e teias de aranha. Mais do que depressa, o discípulo pegou o pano, subiu em algumas prateleiras de uma pesada estante forrada de livros. Conseguiu alcançar a vidraça, começou a esfregá-la com força, retirando a sujeira que impedia a transparência. O sol inundou o aposento e iluminou com sua luz estranhos objetos, instrumentos raros, dezenas de papiros e pergaminhos com misteriosas anotações. Cheio de alegria, o jovem declarou: 
-Entendi, mestre. Devemos nos livrar de tudo aquilo que não permita o nosso aprendizado. Buscar retirar o pó dos preconceitos e as teias das opiniões que impedem que a luz do conhecimento nos atinja. Só então poderemos enxergar as coisas com nitidez. 
Fez uma reverência e saiu do aposento, a fim de comunicar aos seus amigos o que aprendera. O velho monge, de rosto enrugado e ainda encoberto pelo largo capuz, sentiu os raios quentes do sol a invadir o quarto com uma claridade a que se desacostumara. Viu o discípulo se afastando, sorriu levemente e falou: 
-Mais importante do que aquilo que alguém mostra é o que o outro enxerga. Afinal, eu só queria que ele colocasse o pano no lugar de onde caiu. 
* * * 
Pense em como aquilo que você faz todos os dias está influenciando os outros. Por isso, aja sempre no bem. Faça as coisas corretas, começando pelas pequenas como, por exemplo, manter limpa a cidade. Seja você aquele que não joga papel no chão. Coloque-o no bolso, na bolsa, num lugarzinho do carro. Quando passar por uma lixeira, deposite-o ali. Seja você aquele que respeita os sinais de trânsito. Não estacione seu carro sobre a calçada nem em fila dupla. Respeite as filas do ônibus, do banco, do supermercado, em qualquer lugar. Espere a sua vez sem reclamar nem xingar. Preserve a paz. Não arranque flores dos jardins públicos, mesmo que seja para plantar em sua casa, em seu jardim. Preserve o que é de todos. Enfim, dê o bom exemplo em tudo. Ao seu lado, sempre haverá uma criança, um jovem, um adulto, alguém, enfim, que se achará no direito de fazer o que você faz, principalmente se você for alguém que ele respeita, como o pai, a mãe, o professor, o melhor amigo, o político conhecido na cidade. E lembre-se: mais importante do que aquilo que alguém mostra é o que o outro enxerga. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo A lição, da revista Presença Espírita, ano XXVI, nº 20. 
Em 13.06.2012.

O EXEMPLO SEMPRE FALA MAIS ALTO

sexta-feira, 22 de maio de 2020

O VERDADEIRO REINO

No injusto processo de julgamento e condenação, Pôncio Pilatos indagou a Jesus se ele era rei dos Judeus. O Mestre, entendendo a limitada percepção e visão dos homens, relativiza a resposta. Não nega Sua realeza, mas responde que Seu reino não é deste mundo. E complementa: 
-Se o meu reino fosse desse mundo, os meus servos batalhariam para que eu não fosse entregue aos Judeus. O meu reino não é daqui. 
Ao responder, dessa forma, para o governador da Judeia, Jesus traz a síntese do caráter de Sua proposta. Ele nos ensina que Sua realeza é de cunho espiritual. O sentido figurado de reino e realeza, presentes na fala do Cristo, não se vinculam às conquistas materiais, tronos, joias ou terras. A realeza à qual Ele se refere está na posse dos valores espirituais, da nobreza da alma, dos tesouros do coração. Sabe Jesus que a vida terrena é passageira, e que todos carregamos nossos feitos, positivos ou não, ao retornarmos ao mundo espiritual. Assim, Sua fala está voltada para a vida futura, para o ser espiritual que somos todos nós. Embora nunca tenha negado as necessidades e desafios da vida terrena e as responsabilidades naturais do mundo, nos convida a aprofundar nosso entendimento a respeito da própria vida. Dai a César o que é de César, afirmou Ele, entendendo que todos temos compromissos com o mundo material, e por eles nos devemos responsabilizar. Porém, sem a compreensão da continuidade da vida após a morte, será muito difícil entender as propostas de Jesus. Analisemos: não necessariamente somos bem-aventurados na Terra ao sermos mansos, pacíficos ou ao termos sede e fome de justiça, conforme Ele proclama no Sermão da Montanha. Podemos ainda fazer outra reflexão: qual a validade de amar aos inimigos como Jesus nos convida a fazer? Ou ainda, qual a finalidade de orar por aqueles que nos perseguem, conforme leciona o Mestre? Precisamos ter em mente que todas as orientações do Amigo Jesus são para o Espírito imortal que somos. Ao nos esforçarmos para conquistar essas virtudes, o coração se enche de tesouros importantes. E, como Ele mesmo nos ensinou, onde estiver nosso tesouro, aí estará igualmente o nosso coração. Jesus leciona Imortalidade, em cada ensino, em cada conselho, em cada parábola que encontramos nos Evangelhos. O grande desafio para cada um de nós está em construirmos essa compreensão da nossa Imortalidade. Analisemos os porquês daquilo que nos sucede, sejam as dores, os reveses, as dificuldades, ou mesmo as alegrias e conquistas. Confrontemos qualquer dessas situações com a proposta de Jesus. Veremos que o Seu olhar transcende o momentâneo, o imediato. Por isso, aprendamos a agir de forma mais correta. Se a cada situação que nos alcança, procurarmos considerá-la como oportunidade de aprendizado, mudaremos nossas ações. A partir disso, veremos a cada dia, chances maiores para irmos construindo o reino de Deus em nós. O reino que não tem aparências exteriores porque Ele está dentro de nós. 
Pensemos nisso.  
Redação do Momento Espírita, com base no Evangelho de João, cap. 18, versículos 34 a 36.
Em 22.5.2020.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

NATALIE GILBERT E MAURICE CHEEKS

UM EXEMPLO PARA IMITAR

Natalie Gilbert
e Maurice Cheeks
Aconteceu num estádio. O público comparecera para assistir disputado jogo da temporada. Nada menos que vinte mil pessoas aguardavam. Uma menina, de apenas treze anos, ganhara como prêmio, a honra de cantar o Hino Nacional do País, os Estados Unidos, na abertura do grande evento. De vestido longo, cabelo arrumado e um belo sorriso nos lábios, ela toma do microfone e inicia a execução. Afinadíssima, sua voz se projeta, emocionada, pelo imenso estádio. Então, o braço treme, ela engasga, esquece a letra. A câmara televisiva a mostra em close, os olhos marejados de lágrimas, aguardando ansiosamente alguém próximo que a ajude. Ela se vê absolutamente só. Treze anos. Uma menina. Sozinha, ali, no meio. O público ameaça uma vaia. E ninguém toma a iniciativa de ir até lá para ajudar. Todos ao seu redor a observam, parados. De repente, um homem se destaca e caminha ao seu encontro. É Mo Cheeks, técnico dos Portland Trail Blazers. Postando-se ao lado de Natalie Gilbert, a jovenzinha assustada, ele a abraça. Ela intenta esconder o rosto em seu peito. Mas o homem alto, encorpado, começa a cantar, incentivando-a a que faça o mesmo. Ela vacila, mas ele continua, entusiasmando-a. E, depois, com gestos, incentiva o povo a que cante junto. E, o público, compenetrado agora, percebendo a grande lição de solidariedade do técnico, canta. Logo mais, o estádio inteiro forma um único coro, emocionado e vibrante. E Natalie Gilbert conclui o Hino. Olha para o seu salvador e diz: Muito obrigada.
* * * 
Um homem, um gesto fez a grande diferença. Aquela menina poderia sair dali traumatizada, acreditando-se a última das criaturas, por ter falhado em hora tão importante. Mas a alma solidária de Mo Cheeks não somente a auxiliou, tanto quanto deu uma lição a vinte mil espectadores. Uma lição de solidariedade. Uma lição da atitude de um verdadeiro líder, de quem se importa com o outro. Demonstrou que, quando alguém está em dificuldades, quem estiver mais próximo tem o dever de ajudar. Ensinou a utilizar a empatia. Será que todas aquelas pessoas ali reunidas não pensaram, por um minuto sequer, que poderia ter acontecido com eles, se estivessem no lugar dela? Será que tantos pais e mães ali presentes não pensaram que poderia ser a sua filha a ter aquele esquecimento? Naquele dia, Natalie Gilbert realizou o que se propôs. E Mo Cheeks demonstrou a diferença que faz um ser humano no Mundo.
* * * 
Todos nós, onde quer que nos encontremos, podemos e devemos fazer a diferença. Quando todos observam alguém que perde o equilíbrio, ou tropeça e cai, podemos ser aquele que estende os braços para amparar. Ante alguém que derruba pacotes em plena rua, podemos ser a mão que auxilia. Oferecer-se para trocar um pneu, providenciar algumas compras, atender uma criança por alguns momentos. Quem de nós, onde esteja, não pode fazer algo simples, mas muito especial? Algo que expresse que o ser humano é um ser de extraordinário potencial de amor, que é acionado ao mais discreto movimento da necessidade alheia. Pense nisso e, seja você, onde estiver, a criatura especial que faz a grande diferença no Mundo. Um exemplo para imitar. Um líder para seguir.
Redação do Momento Espírita, com base em fato. Disponível no livro Momento Espírita, v. 6, ed. FEP.
Em 14.1.2014.
http://momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=1593&let=&stat=0

quarta-feira, 20 de maio de 2020

EXEMPLO INESQUECÍVEL

Helen Keller
Dentre as mulheres mais notáveis do Século XX, destaca-se a extraordinária Helen Keller. Nascida em Tuscumbia, nos Estados Unidos, em 1880, morreu em 1968, em Connecticut. Aos dezoito meses de idade, um mal não definido provocou-lhe cegueira e surdez. Por consequência, ficou muda. Até aos sete anos de idade era um verdadeiro animalzinho, com vida puramente instintiva, condenada, segundo os padrões da época, à idiotia.
Anne Sullivan e Helen Keller
Coube à Anne Sullivan, admirável professora de vinte anos, conseguir, após indescritíveis esforços, que a menina tivesse o primeiro contato com o mundo exterior, aprendendo a distinguir seres e objetos com o toque das mãos e a ensaiar o raciocínio em relação às suas experiências táteis. Já era muito para quem sofria tão graves limitações. Mas Helen Keller foi além. Embora a vida, no seu mundo sem som e sem imagem, fosse um grande desafio, ela aceitou todas as dificuldades e riscou do seu vocabulário a palavra impossível. Primeiro aprendeu a falar, prodígio alcançado com infinita paciência e intermináveis exercícios. Que se saiba, foi a primeira pessoa que conseguiu articular palavras inteligíveis, sem ter ouvido som algum. Inscrita em um colégio para moças, onde a receberam com muita relutância, em virtude de suas deficiências, diplomou-se com distinção, embora não pudesse ouvir as aulas, nem fazer qualquer anotação. Helen Keller provou que o poder da vontade representa uma força quase ilimitada, ao aprender muito no campo da geografia, da álgebra, das ciências físicas, da botânica, da zoologia e da filosofia. Escrevia em inglês e em francês, mantendo correspondência com figuras de grande projeção no mundo inteiro. Proferiu centenas de conferências em vários países, inclusive no Brasil, e escreveu livros notáveis. O mais extraordinário foi que ela superou os sentimentos de autocompaixão e de crônica infelicidade que caracterizam boa parte dos Espíritos quando enfrentam suas provações. Dedicou sua vida em favor dos cegos, dos surdos e dos mudos. No seu livro intitulado Minha vida de mulher, ela escreveu: Ninguém pode saber melhor do que eu o que são as amarguras dos defeitos físicos. Não é verdade que eu nunca esteja triste, mas há muito resolvi não me queixar. Mesmo o ferido de morte deve esforçar-se por viver seus dias com alegria, por amor dos outros. Eis para que serve a religião: inspirar-nos à luta até o fim, de ânimo forte e sorriso nos lábios. Uma ambição eu tenho: a de não me deixar abater. Para tanto conto com a bênção do trabalho, o conforto da amizade e a fé inabalável nos altos desígnios de Deus. 
* * * 
Helen Keller é o símbolo marcante do que podem realizar aqueles que compreendem que a felicidade não está subordinada à satisfação de meros desejos egoístas, mas sim, ao desejo de compreendermos o que a vida espera de nós. Condenada a viver em um mundo silencioso e de trevas, havia claridades e sons em seu íntimo, que jamais perceberemos com os sentidos físicos. Havia nela heroísmo suficiente para enfrentar as contrariedades e vencê-las, persistindo sempre no bem. Havia harmonia e comunhão com a vontade do Pai.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Exemplo inesquecível, do livro Temas de hoje - problemas de sempre, de Richard Simonetti, ed. Correio Fraterno do ABC. 
Em 07.06.2010.

terça-feira, 19 de maio de 2020

A História de Tommy - Momento Espírita

A HISTÓRIA DE TOMMY

Jack Canfield
John Powell, professor de Teologia na Universidade, conta que no primeiro dia de aula conheceu Tommy. De maneira irreverente, ele entrou penteando seus longos cabelos louros. Imediatamente, John o classificou com um E de estranho... Muito estranho. Ele acabou se revelando o ateísta de plantão do seu curso. Constantemente, fazia objeções, ria diante da possibilidade de existir um Deus Pai que amasse Seus filhos, incondicionalmente. Quando terminou o curso, o aluno perguntou a John, num tom ligeiramente cínico: 
-O senhor acredita que eu possa encontrar Deus algum dia? 
O professor respondeu enfaticamente: 
-Não! 
-Eu pensei que esse fosse o produto que o senhor estava tentando nos impor. - Respondeu o jovem. 
John deixou que ele desse uns cinco passos fora da sala e gritou: 
-Tommy, eu não acredito que você consiga encontrar Deus, mas tenho absoluta certeza de que Ele o encontrará. 
Passado algum tempo, John veio a saber que Tommy estava com câncer terminal. Antes que o ex-professor fosse ao seu encontro, ele veio procurá-lo. Seu físico estava devastado pela doença. Os cabelos longos haviam desaparecido pelo efeito da quimioterapia. No entanto, os olhos do rapaz estavam brilhantes e a sua voz estava firme. 
-Tommy, tenho pensado tanto em você! Ouvi dizer que você está doente!  
-É verdade, estou muito doente. Tenho câncer em ambos os pulmões. Agora é uma questão de semanas. – Foi a resposta. A razão pela qual eu realmente vim vê-lo, continuou o rapaz, foi a frase que o senhor me disse no último dia de aula. Pensei um bocado a respeito, embora naquela época não quisesse procurar Deus. Quando os médicos removeram um nódulo da minha virilha e disseram que era um tumor maligno, encarei com mais seriedade essa procura. Quando a doença se espalhou pelos meus órgãos vitais, comecei realmente a dar murros desesperados nas portas do paraíso. Porém, Deus não apareceu. Um dia acordei e, em vez de atirar mais alguns apelos por cima de um muro, atrás de onde Deus poderia ou não estar, simplesmente desisti. Decidi que, de fato, não estava me importando... com Deus, com vida eterna ou qualquer coisa parecida. Resolvi usar o tempo que me restava fazendo alguma coisa proveitosa. Lembrei de outra frase que o senhor havia dito: 
-“A tristeza mais profunda é passar pela vida sem amar.” 
Decidi que queria que as pessoas soubessem que eu as amava. Comecei pela pessoa mais difícil: meu pai. Ele estava lendo o jornal quando me aproximei e lhe falei:
-“Pai.” 
O jornal desceu, vagarosamente, alguns centímetros... 
-“O que é?” 
-“Papai, queria que soubesse que amo você.” 
O jornal escorregou para o chão e meu pai fez duas coisas que eu não lembro de tê-lo visto fazer jamais. Chorou e me abraçou. Conversamos durante toda a noite, embora ele tivesse que ir trabalhar na manhã seguinte. Foi mais fácil com a minha mãe e com meu irmão mais novo. Então, um dia, eu me voltei e lá estava Deus. Ele não veio ao meu encontro quando eu lhe implorei. Mas, o que é importante é que o senhor estava certo. Ele me encontrou mesmo depois de eu ter parado de procurar por Ele. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Conte ao mundo por mim, do livro Histórias para aquecer o coração dos adolescentes, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen e Kimberly Kirberger, ed. Sextante.

segunda-feira, 18 de maio de 2020

PEQUENAS AGRESSÕES

Importante percebermos que, quase sempre, nossos destemperos, nossas crises de desequilíbrio, esses rompantes que nos acometem no dia a dia, vão se construindo aos poucos. Muitas vezes não é um fato isolado ou apenas uma situação que pode nos levar à mudança de humor, ou ao abalo emocional. São pequenas e corriqueiras ocorrências que vão se acumulando e, aos poucos, desequilibram nossas emoções. Acontece, por exemplo, de manhã, a xícara de café nos escapar da mão sujando-nos a roupa; o filho teimar em não se vestir, ignorando o tempo escasso; o trânsito nos apresentar pessoas apressadas e imprudentes. No trabalho, encontramos o colega mal humorado e grosseiro, aliando-se ao acúmulo dos compromissos da agenda profissional. Em família, os imprevistos que sempre acontecem, exigindo-nos uma atitude, uma providência... Tudo isso vai se somando e fazendo o dia pesar nos nossos ombros. Também os afazeres se acumulam, sem que os consigamos vencer. Quantas vezes despertamos com os resíduos emocionais de situações do dia anterior, que insistem em permanecer em nosso íntimo? A isso se adicionam as situações do amanhã... E, logo mais, estamos transbordando transtornos, chegando a ser rudes com as pessoas. 
* * * 
A vida é efetivamente desafiadora. É feita de mil nadas, como pequenas picadas de alfinetes que machucam, sangram, nos desequilibram. Contudo, essa é uma análise parcial do nosso cotidiano. Ao focarmos só nas dificuldades e impedimentos, estamos esquecendo de que a vida também é feita de alegrias e oportunidades, proteções e bênçãos. Para que o desânimo, a fadiga ou mesmo a exaustão não determinem alterações em nosso comportamento, é necessário ponderar. Muitos problemas deixariam de nos preocupar, se não lhes déssemos importância exagerada. Consideremos que o filho de difícil comportamento é também quem nos adoça as horas com seus beijos e afagos. Se o trânsito é estressante, pensemos em quantos nem podem se locomover, atrelados a um leito hospitalar. Se os colegas do trabalho são inconvenientes, recordemos dos tantos que suplicam por uma ocupação e um salário. Existem muitos problemas que deixam de nos envolver, graças à proteção de nossos amigos espirituais que, em nome da Providência Divina, nos amparam e assistem. Dessa forma, quando nos sentirmos a ponto de explodir, façamos uma breve pausa. Alguns minutos isolados serão suficientes para uma prece, um momento de reflexão, de meditação, buscando o asserenamento. Orar ao Senhor da Vida, rogando-lhe serenidade e equilíbrio, é terapia de excelência para essas situações. Um breve momento a sós, uma leitura, uma música que acalme, nos facilitará essa conexão. A oração, seja no início do dia, pedindo amparo e proteção, seja de agradecimento, ao findar da jornada, será sempre momento de refazimento das energias e do equilíbrio emocional. Não deixemos de orar, sempre e constantemente. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. IX, item 7, do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 18.5.2020.

domingo, 17 de maio de 2020

EXEMPLO EDIFICANTE

A médica suíça Elisabeth Kübler-Ross, que ficou conhecida no mundo por seu trabalho junto aos doentes terminais e por escrever a respeito da morte e o morrer, também exemplificou lições ricas de vida. Ela narra em sua biografia que decidiu comprar uma fazenda de trezentos acres, numa região rural do Estado da Virgínia. A vida simples da fazenda a apaixonou. Acordava com uma sinfonia de vozes de vacas, cavalos, galinhas, porcos, burros, lhamas... Os campos se desdobravam até onde sua vista podia alcançar, cintilando sob o orvalho fresco da manhã. Árvores amigas ofereciam sua sabedoria silenciosa. Suas mãos tocavam a terra, a água, o sol. Trabalhavam com a matéria-prima da vida. Porque ela anunciasse que iria adotar bebês contaminados pela AIDS, começou a sofrer perseguições dos vizinhos. Em 1994, ela estava para tomar um avião quando uma amiga veio correndo ao seu encontro, no aeroporto. Haviam colocado fogo em sua casa. Queimou inteira e foi considerada perda total. Queimaram os diários que seu pai escrevera sobre a infância dela, os seus papéis e pesquisas com pacientes, sua coleção de arte nativa norte-americana, fotografias, roupas... Tudo. Mas ela não desanimou. Pelo contrário, escreveu: 
-As adversidades somente nos tornam mais fortes. Viver é como ir para a escola. Dão a você muitas lições para estudar. Quanto mais você aprende, mais difíceis ficam as lições. Aquela experiência foi uma dessas lições. Já que não adiantava negar a perda, eu a aceitei. De qualquer forma, era só um monte de coisas. Eu estava ilesa. Meus dois filhos crescidos estavam vivos. Algumas pessoas tinham conseguido queimar a minha casa com tudo o que estava dentro, mas não tinham conseguido me destruir. Quando aprendemos as lições, a dor se vai. Aprendi que não há alegrias sem dificuldades. 
Como gosto de dizer:
-"Se protegêssemos os Canyons dos vendavais, nunca saberíamos a beleza de seus relevos." 
-Confesso que aquela noite de outubro foi uma dessas ocasiões em que é difícil encontrar beleza. Como acredito que o único propósito de nossa existência é crescer, fiz minha escolha. Alguns dias depois, dirigi-me à cidade, comprei uma muda de roupas e me preparei para o que viria em seguida. 
* * * 
Nunca é tarde demais para recomeçar a vida ou retomar um empreendimento. Por mais profunda que nos pareça a queda ou por mais duro que nos pareça o infortúnio, hoje pode ser o ponto de retorno e de elevação a um pico mais acima. A um voo mais alto para a alma.
Nunca é tarde demais para corrigir e melhorar o que notamos errado.
Nunca é tarde para compensar enganos. Para compreender e perdoar.
Nunca é tarde demais para nos voltarmos para Deus e lhe aguardar as bênçãos.  
Nunca é tarde demais para aprender com a própria vida. 
Redação do Momento Espírita, a partir de biografia de Elizabeth Kübler-Ross. 
Em 14.04.2011.

sábado, 16 de maio de 2020

O EXEMPLO DOS DESBRAVADORES

Neil Armstrong, Edwin Aldrin
 e Michael Collins
Ao se estudar a história dos grandes descobrimentos, não há quem não reverencie o espírito de aventura e coragem dos primeiros navegadores. Os fenícios, em frágeis embarcações, avançavam sempre em direção ao horizonte, buscando o que havia além. E assim descobriram novas terras. Em 20 de julho de 1999, quando se comemoraram os trinta anos da chegada do homem à lua, recordamos com emoção o desprendimento daqueles astronautas que se dispuseram a uma viagem tão arriscada. Principalmente após as revelações, até então inéditas, de que Neil Armstrong e Edwin Aldrin, os primeiros homens a pisarem no solo lunar, partiram da Terra sabendo que havia um grande risco de nunca mais retornarem. Estavam preparados para morrer na lua, se algo desse errado. Sabiam que seu companheiro Michael Collins, o astronauta que ficou na Apolo 11, retornaria sozinho para a Terra, se o módulo lunar não conseguisse decolar da lua. Armstrong e Aldrin teriam ainda trinta e seis horas de suprimento de oxigênio. Depois, seria somente aguardar a morte. As possibilidades de que isso acontecesse eram tantas que o governo americano já tinha tudo pronto. O ritual fúnebre, como seriam avisadas as esposas dos dois astronautas, o discurso do Presidente Richard Nixon, comunicando a tragédia para o mundo. Como disse Collins em uma entrevista vinte anos depois: 
-Saímos daqui sabendo que poderiam ocorrer falhas e que podíamos tanto ser heróis como mártires. 
O que ocorre é que os grandes homens, ao exporem as próprias vidas em benefício da Humanidade, não estão pensando em ser heróis ou mártires. O seu objetivo é alcançar a vitória. O que virá depois é consequência natural. É por esse motivo que, todos os dias, seres humanos se doam em totalidade a outros seres humanos. Médicos se debruçam sobre cadáveres para o estudo minucioso da organização física, tanto quanto sobre tubos de ensaio e uma série de outros aparatos, na tentativa da descoberta de vacinas e medicamentos novos. O seu objetivo é alcançar a cura ou, ao menos, o alívio temporário das dores que atormentam os homens. Talvez conseguir uma forma de deter a enfermidade que avança, destruindo células e órgãos preciosos no corpo humano. Sua vida é de dedicação. E seus nomes aparecem vez ou outra. Certamente, o daqueles que alcançam o sucesso e têm suas descobertas mostradas para o mundo. Os demais permanecem no anonimato. Mas, nem por isso param suas pesquisas. O que lhes importa é alcançar o seu objetivo. Exatamente como um alpinista, almejam atingir o topo da montanha desafiadora, a fim de poderem dizer, vitoriosos: 
-Eu consegui. 
* * * 
Se o desânimo e o cansaço estiverem nos cercando, pensemos nos grandes descobridores. Lembremos dos inventores, da sua paciência, persistência e constância nas pesquisas. Recordemos a coragem dos primeiros navegadores, enfrentando os oceanos desconhecidos. Tenhamos em mente os que arriscaram suas vidas para as conquistas da Humanidade. Tanto quanto daqueles que todos os dias estudam, trabalham, pensam e arquitetam mil maneiras para a Humanidade viver mais confortável, mais tranquila, mais serena. E enquanto estivermos, intimamente, lhes agradecendo por todos os avanços já conquistados, sigamos os seus exemplos. Jamais nos deixemos parar a meio do caminho porque a grande alegria é justamente alcançar os objetivos traçados. 
Redação do Momento Espírita a partir do artigo Prontos para morrer, da revista Veja, de 21.07.1999. 
Em 02.06.2011.

sexta-feira, 15 de maio de 2020

FICAMOS EM CASA

Vivemos momentos curiosos. Todos os assuntos ficaram em segundo plano. Nada é mais urgente que sobreviver. O mundo se encheu de medo e incerteza. Um inimigo comum, sem nacionalidade, sem rosto, sem causa declarada, colocou o planeta de joelhos. E o ser humano, do alto de sua empáfia de espécie dominante, teve que reconhecer que não tem controle sobre tudo. Parem o que estão fazendo! Adiem os compromissos! Cuidem-se e fiquem em casa. O distanciamento social pareceu ser uma das alternativas de defesa. Ficarmos distantes fisicamente uns dos outros e evitarmos aglomerações. Uma grande campanha convidou todos a ficarem em casa. 
Mas, o que esse ficar em casa significa? 
Que mensagem a vida nos ofereceu com essa alternativa? 
Que mensagem as leis maiores do Universo estão proclamando em altos brados em nossos corações e mentes? 
Ficar em casa, num primeiro momento, pôde parecer apenas uma operação para evitar contágio. É o que as autoridades da Área da Saúde orientaram. No entanto, pensemos além. Ficar em casa significa oportunidade de recolhimento, de reflexão, de rever os passos e prioridades. Ficar em casa significa entrar em contato com a casa íntima, a alma. Eis o nosso verdadeiro lar. É tempo de olhar para dentro, de olhar o que somos, o que queremos realmente na existência e observar para onde a vida estava nos levando até então. 
Para onde estávamos indo? 
Qual era a direção principal de nossa existência? 
O que mais nos preocupava e ocupava? 
Como estavam os nossos amados? Como estava o nosso tempo para eles? 
Ficar em casa significa também: olhemos para nossa família! Entendamos que aí estão as nossas maiores missões. Nada é mais importante do que isso. De que adiantam tantas ambições na área da profissão, na área das finanças, dos investimentos, se de uma hora para outra tudo pode ruir? No entanto, os laços afetivos nunca se perdem. As relações saudáveis nunca se desfazem. Nem mesmo a tão temida morte é capaz de tirar isso de nós. Ficamos em casa. Ficamos com os nossos. Conversamos com eles sobre coisas que nunca tínhamos conversado antes. Expressamos os nossos medos, ouvimos outros medos. Expressamos gratidão e abrimos nosso coração para receber a gratidão alheia. Consolamos e fomos consolados. Falamos o que pensamos, mas também ouvimos o que os outros pensavam. Ficamos em casa, não saímos na rua das conquistas efêmeras da vida, não frequentamos locais de aglomeração de desejos e vaidades perniciosos. Ficamos em casa, olhamos nos olhos, abraçamos os amores, abandonamos a rotina. Nossa vida não foi a mesma depois de termos permanecido mais tempo na casa da alma. E, curiosamente, descobrimos que aquilo que, aparentemente, veio para nos fazer adoecer, na verdade colaborou para nos curarmos. Ficamos em casa. Conectamo-nos à nossa essência divina. Retiramos de lá as forças para enfrentar as dificuldades, quaisquer que fossem. Fortalecemo-nos. Encontramos a verdadeira saúde. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 15.5.2020.

quinta-feira, 14 de maio de 2020

ERA UMA VEZ

Era uma vez um reino que ficava em terras muito, muito distantes. Como todo reino, tinha um rei. E, esse rei estava muito preocupado com seu povo. Tratava-se de um reino pobre, com poucos recursos. As pessoas ganhavam seu sustento com muito esforço braçal. As doenças as consumiam e não tinham conforto nenhum. Foi aí que o rei decidiu trazer de outras terras pensadores, cientistas, artistas, filósofos, para semearem coisas boas em seu reino. E assim aconteceu. Os filósofos trouxeram ideias de liberdade, de respeito e direito ao próximo. Os artistas ofereceram à população o belo, na música, nas artes plásticas, nos textos que passaram a embalar corações e mentes. Os cientistas apresentaram a tecnologia. As doenças foram diminuindo, as dores físicas se aplacando. Até mesmo a morte foi se tornando algo bem menos próximo. Os transportes ficaram mais fáceis. As pessoas podiam se comunicar à distância. Havia calor e luz em todas as residências. No entanto, o rei começou a perceber algo estranho. Enquanto tudo isso era oferecido ao povo, as pessoas se tornaram cada vez mais egoístas. As preocupações dominantes eram para com o trabalho e não para com a família. Com o dinheiro e não com os valores morais. Foram se isolando, a pouco e pouco, embora a população do reino fosse, agora, bem mais numerosa. O rei expediu normas, fez discursos ao povo, alertando sobre o caminho errado que estavam seguindo. Tudo inútil. Foram anos de aviso, de advertências, sem nenhum sucesso. Então, ele optou por algo drástico, considerando que seus conselhos de nada serviam, para aqueles corações. Procurou, em floresta escura, uma bruxa e lhe pediu que lançasse um encanto sobre todos, algo que os fizesse despertar. A partir daquele dia, as pessoas souberam que havia uma maldição pelas ruas do reino. Elas não podiam mais sair tranquilamente, fazer compras ou mesmo trabalhar, pois seriam amaldiçoadas. Algumas, comentava-se, poderiam até morrer. Desse modo, todos se recolheram aos seus lares, por longos dias, demoradas semanas. E, algo estranho foi acontecendo. Reclusas, as pessoas começaram a olhar mais para sua família, conversar mais. Também passaram a conviver mais consigo mesmas, a se perceber, analisar suas emoções, seus valores. Olharam para dentro de si mesmas. Analisaram como estavam conduzindo suas vidas. Então, como por encanto, esse era o verdadeiro encanto lançado pela bruxa, foram se dando conta da necessidade de mudar. A solidariedade, a amizade, a empatia ressurgiram. Valores perdidos foram reencontrados. A pouco e pouco, o reino se tornou melhor. Não exatamente por causa de novas descobertas científicas ou tecnológicas. O reino se tornou melhor porque as pessoas perceberam que nada tem importância real se somos incapazes de amar o nosso próximo, de convivermos, de estreitarmos laços. 
* * * 
As dificuldades estão no reino de nossa intimidade. E o que nos ocorre não é resultado de maldições. São encantos em forma de oportunidades que Deus envia, a fim de nos tornarmos melhores, mais humanos, mais amorosos. Aproveitemo-las! 
Redação do Momento Espírita. 
Em 14.5.2020.

quarta-feira, 13 de maio de 2020

DEUS É QUEM CURA

Samuel Cristian Hahnemann
Alguns homens, quando realizam grandes feitos, costumam encher-se de orgulho. Chegam a pensar que são infalíveis em sua atuação e creem que tudo podem. E isso nos recorda do grande mestre e criador da Homeopatia, Samuel Cristian Hahnemann. Uma postura de verdadeiro sábio. Em 1835, chegou a Paris e começou a clinicar, embora o descrédito e o ataque de muitos dos seus colegas alopatas. Foi então que a filha de Ernest Legouvé, membro da Academia Francesa, famoso escritor da época, adoeceu gravemente. Um artista de nome Duval foi chamado para fazer um retrato da jovem agonizante. Era a derradeira lembrança que o pai amoroso desejava ter da filha que se despedia da vida. Concluída a tarefa, executada com as emoções que se pode imaginar, Duval fez ao pai uma pergunta nevrálgica: 
-Se toda a esperança está perdida, por que o senhor não tenta uma experiência com a nova medicina que tanto alvoroço tem feito? Por que não consulta o doutor Hahnemann? 
Nada havia a perder e o pai chamou o homeopata. Quando o viu, pareceu-lhe estar defronte a um personagem fantástico de contos infantis. Hahnemann era de baixa estatura, robusto e firme no andar, envolvido em uma capa e apoiado sobre uma bengala com castão de ouro. Uma cabeça admirável, cabelos brancos e sedosos, lançados para trás e cuidadosamente encaracolados em torno do pescoço. Com seus olhos de um azul profundo, sua boca imperiosa inquiriu minuciosamente sobre o estado da menina. Na sequência, pediu que transferissem a enferma para um quarto arejado, abrindo portas e janelas para que ar e luz entrassem abundantes. No dia seguinte, iniciou o tratamento. Foram dez dias de expectativa e de tensão. Finalmente, a esperança se confirmou. A menina estava salva. O impacto dessa cura, quase milagrosa, foi enorme, em toda Paris. Em reconhecimento pela salvação de sua filha, apesar de muitos ainda afirmarem que Hahnemann não passava de um charlatão, Legouvé presenteou o médico com o próprio quadro pintado por Duval. Era uma obra prima. O criador da Homeopatia a contemplou demoradamente, tomou da pena e escreveu: 
-Deus a abençoou e salvou. Hahnemann. 
Considerava, pois, a cura uma bênção de Deus, da qual ele não fora mais do que um instrumento. 
* * * 
Assim são os verdadeiros sábios, os grandes gênios da Humanidade. Eles sabem que dominam grandes porções do conhecimento. Mas não esquecem de que a inteligência lhes foi dada por Deus, de onde todos emanamos. Somos os filhos da Suprema Inteligência, que nos permite crescer ao infinito. Contudo, a Ele cabem todas as bênçãos, permitindo-nos, na qualidade de irmãos uns dos outros, atuar, agir, no grande concerto da Criação. Pensemos nisso e façamos o bem, sempre nos recordando que sem Deus nada podemos. 
Redação do Momento Espírita, com base em dado biográficos de Samuel Hahnemann. Disponível no CD Momento Espírita, v. 23, ed. FEP.
Em 13.5.2020.

terça-feira, 12 de maio de 2020

É TEMPO DE UNIÃO

Desde tempos longínquos, o homem percebeu que viver em grupo lhe poderia permitir melhores condições de sobrevivência. Em grupo, as caçadas podiam ser melhor planejadas, e, consequentemente, mais exitosas, a todos beneficiando. Em grupo, havia mais chances de defesa contra inimigos, fossem os da natureza ou seres de diferentes localidades. Aprendemos, no transcorrer do tempo, a nos agrupar em vilas e constituir comunidades, dividindo tarefas, servindo-nos da habilidade de cada um, melhorando o padrão geral de vida. Enquanto uns plantavam, outros construíam casas, produziam artefatos, cuidavam das crianças e dos idosos. Aprendemos que dependemos uns dos outros e que cada um tem seu valor. Nenhum de nós é autossuficiente que possa dispensar o agricultor, o industrial, o comerciante, o médico, o professor, os encarregados da limpeza pública. A sociedade somente se enriquece com a multiplicação e a soma das várias habilidades. Com o tempo, com o avanço da tecnologia, da ciência em geral, fomos nos distanciando uns dos outros. Construímos altos edifícios e nos isolamos em nossas células individuais. Erguemos mansões, casas maravilhosas e colocamos grades para preservar os nossos jardins e a nossa propriedade. Passamos a ter o nosso carro, a nossa casa, a nossa fazenda, a nossa família, a nossa... Enclausuramo-nos. Deixamos de ser solidários, de pensar no outro, de oferecermo-nos para auxiliar aqui, aliviar a carga do outro acolá. Com certeza, pessoas altruístas sempre existiram no mundo e são elas que mantiveram, ao longo dos séculos, a nossa sociedade com ares de humanidade. Mas, o comum de nós, vivemos em função dos nossos próprios interesses. Porém, quando uma calamidade mundial se apresenta, quando a sobrevivência de todos depende da atitude de cada um, retornamos a pensar coletivamente. Se nos encontramos em crise pandêmica, o cuidado que temos conosco se reflete no todo, porque nossas atitudes não somente preservam a nossa integridade física mas também a dos demais. Se a crise é de carência de água, medicamentos, suprimentos médicos, alimento, percebemos que necessitamos repartir o que temos. Auxiliar nas providências que possam minimizar a situação. Redescobrimos que somos uma única família, hospedados no mesmo lar e que as chances de vivermos melhor, depende, naturalmente, da atitude de cada um. A união faz a força. Unidos seremos fortes. Unidos poderemos vencer a adversidade, o momento que passa, a crise que parece se eternizar. Na frente de batalha, cada soldado cuida do companheiro que tem ao seu lado, porque ele, ao mesmo tempo, lhe constitui a defesa. Estamos retornando aos tempos em que nos reuníamos para contar as novidades, para trocar informações, para orar. Embora virtualmente, estamos juntos, nos importando com o outro, com suas condições. Porque se o fogo se propaga na cidade, quanto antes o possamos debelar, menos chances teremos de que chegue em nossa porta. Tempo de união. Tempo de nos darmos as mãos, unirmos as mentes e vibrar pela saúde da nossa Terra, do nosso planeta, de toda a Humanidade. 
Redação do Momento Espírita.
Em 12.5.2020.

segunda-feira, 11 de maio de 2020

O EXEMPLO DO CRISTÃO

O lugar era agradável e toda vez que vinha à Jerusalém, era em Betânia que Jesus buscava o repouso. A chácara dos irmãos Lázaro, Marta e Maria era um recanto muito especial. Ali, as noites eram iluminadas pelas palavras de Jesus. O povo vinha de todas as partes, especialmente depois que Jesus fez Lázaro sair do túmulo, onde havia sido sepultado em função do sono letárgico que o acometera. Todos queriam ver o homem que retornara da morte, após ter ficado encerrado no túmulo por três dias. Sobre essa passagem o Apóstolo João anotou o seguinte: 
-Muitos dos judeus, por causa de Lázaro, iam e acreditavam em Jesus. 
A lembrança do Apóstolo é precisa e não é diferente a situação nos dias atuais. Muitos homens estão mortos nos sepulcros da indiferença, do egoísmo e da negação. Quando um deles, exatamente como Lázaro, é tocado pela mensagem de Jesus, se torna objeto da curiosidade geral. As pessoas desejam conhecer as modificações da sua conduta. Por isso o observam. Se era alguém irritadiço, esperam que ele demonstre agora um tanto mais de calma. Se esposo, aguardam por uma postura de maior cuidado para com a companheira. Que se torne afetuoso, que seja mais gentil, que utilize as palavras preciosas por favor, obrigado, desculpe. Se for pai, são os filhos que ficam ansiosos por seu abraço, por seu carinho. Esperam que ele se torne mais presente nas suas brincadeiras, nas reuniões da escola. Em resumo, se transforme num pai de verdade. Se estiver envolvido em relações comerciais, todos aguardarão dele honestidade, cumprimento de datas estipuladas, preço justo, boa mercadoria. Não importa quem seja ou o que faça. Os olhos do mundo se voltarão para ele porque ele foi tocado pela Boa Nova de Jesus. Se um de nós é beneficiado por Jesus, se Jesus nos levantou do pó terrestre para o conhecimento da vida infinita, recordemo-nos dos amigos que nos cercam. A maioria deles têm notícias de Jesus. Já ouviu falar do Homem de Nazaré, da Sua mansidão, da Sua mensagem. Possivelmente já leram trechos dos Evangelhos e têm noções gerais a respeito de muitos dos Seus feitos. Mas ainda não estão preparados para compreendê-lO de forma integral. Para eles, seremos como Lázaro: o ponto de observação direta. Eles começarão a receber a claridade da crença sincera através de nós, reconhecendo o poder de Jesus pela transformação que estejamos apresentando. Pensemos nisso: se fomos tocados pela mensagem do Rabi da Galileia, está em nossas mãos continuar nos recintos da morte moral ou nos levantarmos para viver a vida integral e servir de exemplo aos que nos rodeiam. 
* * * 
O Apóstolo Paulo, em suas epístolas, referia-se aos cristãos como cartas vivas do Evangelho. E tinha razão, pois o cristão verdadeiro carrega o Cristo dentro de si e, assim procedendo, se renova e vive naturalmente. Como um passo inicial para a vivência de dias melhores, o cristão está convocado para a missão de edificar o bem em toda parte, consolidando a paz, no trato com os semelhantes. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 113, do livro Caminho, Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb e no verbete Cristão, do livro Repositório de sabedoria, v. 1, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. 
Em 4.12.2012.