quinta-feira, 31 de outubro de 2019

ESFORÇO E DEDICAÇÃO

De maneira clara, percebemos que a tecnologia vem, a passos largos, diminuindo o tempo para se fazer muitas coisas. Analisemos quanto tempo gastávamos na cozinha, quando não se dispunha de tecnologia para processar alimentos. Se havia carne na refeição, era porque o abate fora feito no quintal da própria casa, e as verduras vinham da horta plantada ao fundo. Quanto tempo levávamos para nos comunicar com alguém distante? Era o tempo de escrever o texto manualmente, refazê-lo algumas vezes, quando encontrávamos algo grafado errado, postar a carta nos correios, e esperar o longo tempo de entrega ao destinatário. E quando desejávamos uma informação, um dado qualquer, um texto informativo para o trabalho profissional ou escolar? A busca da fonte segura, em alguma biblioteca especializada, levava o tempo do deslocamento, a dificuldade em se obter cópia das informações, longo tempo de transcrição. Hoje, a velocidade necessária para essas e tantas outras atividades tornou-se muito pequena, e temos a impressão de que tudo pode se obter de maneira rápida, imediata, quase que instantânea. Assim, não é de se estranhar que, aqueles que nasceram a partir da década de noventa, que já contavam com os computadores pessoais incorporados ao seu cotidiano, tenham, algumas vezes, a falsa impressão de que tudo é rápido, fácil, sem dificuldades. Criaram a ilusão de que a velocidade da tecnologia atinge a tudo, e também a todos. Esquecem eles, e quase todos nós, que a tecnologia avançou e nos ofereceu conforto, diminuindo as velocidades externas. Iludidos com a capacidade tecnológica do mundo, esquecemos que as velocidades internas permanecem as mesmas e que ainda é necessário o esforço pessoal para as conquistas da mente e do coração. Não raros são os que imaginam ser possível dispensar horas de estudo, esforço e dedicação para o aprendizado escolar. Creem, falsamente, que os capazes, os inteligentes, os sábios, têm apenas um dom natural, e nenhum esforço a mais. Acreditam que as horas de reflexão e análise, o exercício intelectual contínuo, ao longo dos anos, o sacrifício das longas horas dedicadas ao estudo, tudo isso é desnecessário. Não se recordam que os grandes inventos são fruto do esforço pessoal; que o virtuosismo é a consequência de perseverantes horas de dedicação e estudo; que a beleza das apresentações artísticas requer intensos treinamentos e renúncias. Portanto, se a tecnologia nos facilita e acelera as atividades cotidianas, as nossas conquistas permanecem sendo fruto do nosso esforço. Assim, não nos iludamos que tudo seja fácil como o toque de um botão, e que o esforço e dedicação são virtudes hoje dispensáveis. A velocidade de nossa mente e de nosso coração permanecem as mesmas, intocadas pela tecnologia. E ainda aguardam, mente e coração, o empenho de cada um de nós para que se desenvolvam, ganhando amplitudes nos potenciais que guardamos em gérmen dentro de nós mesmos.
Redação do Momento Espírita. 
Em 31.8.2013.

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

O ESFORÇO

A jovem chegou na capital e se instalou. Vinha de pequena cidade do interior do Estado para estudar e trabalhar. Durante os primeiros dias, as andanças para as questões de matrícula, a busca por um emprego, a procura de um pequeno apartamento para morar lhe tomaram as horas até a exaustão. No entanto, depois de algum tempo, já instalada em seu minúsculo apartamento, com poucos móveis, começou a ouvir a vizinhança. Eram vozes que vinham dos andares de baixo e de cima. Vozes de crianças e de adultos. Vozes que significavam vida ao seu redor. Precisando estudar, pois o seu intuito era de se preparar para o próximo vestibular, ela buscou se isolar de tudo. Entretanto, um ruído que vinha de um prédio próximo ela não conseguia anular. Era o som insistente de um piano. A horas sempre certas, ela podia ouvir. Não eram músicas, sonatas ou sinfonias. Era, sim, um contínuo exercício no teclado. Pareciam escalas e mais escalas repetidas. Estranhamente, todos os dias, os longos exercícios se repetiam. Passaram-se os meses e, um dia, pensou a jovem: 
-Pobre coitada dessa criatura que deseja se tornar pianista. Pela continuidade e repetição dos mesmos exercícios, nunca deverá passar disto. Será uma criança com dificuldades de aprendizagem? 
E o som passou a ser seu companheiro enquanto estudava. Certa noite, um amigo a convidou a ir ao teatro. Afinal, ela já estava há meses na capital e somente vira a soberba construção por fora. Haveria um concerto musical com consagrada pianista. A jovem exultou. Depois de tantos meses de estudos e trabalho, que reduziam a sua vida a um ir e vir da escola para a fábrica e para o apartamento, ela ficou feliz em ter um raro momento de lazer. E, especialmente, um espetáculo que prometia ser muito bom, conforme lhe falou o amigo. O concerto foi maravilhoso. A pianista era uma senhora de certa idade e que demonstrou, durante pouco mais de uma hora, ser uma virtuose do precioso instrumento. Após ser muito aplaudida, ela se recolheu ao camarim e a jovem conseguiu, através do amigo, chegar até a distinta senhora para a cumprimentar. Qual não foi sua surpresa ao descobrir, em curta conversa com a artista famosa, que ela era a sua vizinha de prédio. Aquela mesma que passava horas e horas, todos os dias, a exercitar escalas e mais escalas musicais. E concluiu a pianista: 
-Para manter a agilidade dos dedos e interpretar com propriedade os grandes compositores, de forma alguma posso abandonar os cansativos exercícios diários. 
 * * *
Lembre: a montanha se forma pouco a pouco, no escoar dos anos. O carvão se transforma em diamante graças ao trabalho lento do tempo. O mar se forma gota a gota. A árvore frondosa, um dia foi pequena e oculta semente no interior da terra. Assim também são as conquistas no campo do intelecto, das artes e das ciências. Dependem do esforço contínuo e perseverante. Tudo na vida é, em essência, o resultado do esforço de alguém, do trabalho do tempo e da paciência das horas.
Redação do Momento Espírita, a partir de fato. 
Em 15.02.2012.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

A LUZ

Ele não tinha sombras. Ele era Luz. Veio para as trevas e as trevas não O reconheceram. Brilhou em meio à escuridão mas, os que perceberam Sua luminosidade, nada mais desejaram senão apagar a luz que irradiava. Ele não tinha sombras porque era perfeito. Nenhum traço de inferioridade lhe manchava a personalidade. Antes que a Terra exalasse seu primeiro suspiro como um planeta propício à vida, Ele já era. Por isso, muitos O julgaram o próprio Incriado e o confundiram com a Divindade. Mas Ele, sempre correto, esclareceu, desde o primeiro momento: Eu vim para cumprir a vontade de meu pai, que está nos céus. Ele não tinha sombras. Nenhuma culpa, nenhum senão lhe maculava o Espírito. Por isso, podia estabelecer o convite: Vem e segue-me. Senhor do mundo, pastor de um rebanho de almas incultas, eivadas de erros e de viciações morais, veio para as conduzir. Contudo, nem todos lhe ouviram a voz ou O desejaram seguir naqueles tempos. Por isso, Ele prossegue com o insistente chamado, anunciando as bem-aventuranças do reino do Pai. Ele era a Luz. Os que nada desejavam senão espalhar sua própria sombra, O perseguiram, levantando calúnias, engendrando maldade. Ele respondia com amor. Por onde passava, deixava pegadas luminosas a fim de que os que viessem empós, na fieira do tempo e das vidas, pudessem segui-lO. Quando o desejassem, quando lhe pudessem compreender a mensagem. Falando com a autoridade de quem faz o que recomenda, Ele se dirigia aos Espíritos perturbadores e infelizes, arrancando-os da insensatez. A Sua era a mensagem da paz: 
-A minha paz vos deixo, a minha paz vos dou. Senhor das estrelas, não amealhou bens perecíveis, antes preocupou-se em conquistar corações para o reino de Deus. A quem O feria, qual o sândalo que perfuma o machado que o agride, brindava com o aroma da Sua paz. De tal forma isso impregnava a criatura que não mais O esquecia. E, na poeira do tempo, optava por se entregar a Ele. Manso como as pombas, jamais se deixou vencer pelos violentos, a eles respondendo com a dignidade da Sua conduta. Ao soldado que O esbofeteou em plena face, indagou, sem medo: 
-Se disse algo equivocado, aponta meu erro. Mas, se nada disse errado, por que me bateste?
E, quando a hora soou, qual um cordeiro levado ao altar dos holocaustos, Ele se entregou, sem reagir. E, sozinho, enfrentou o juízo arbitrário dos pigmeus que detinham o poder tolo e temporário: Anás, Caifás, Pilatos. Ele era o Senhor do mundo e submeteu-se à justiça comezinha dos homens, ensinando que o exemplo fala mais alto do que as palavras. Ele era a Luz. Até hoje, Ele brilha e espera. Espera que as Suas ovelhas lhe atendam ao chamado, reconheçam a Sua voz e descubram que com Ele não mais haverá noite de solidão e amargura. Que com Ele, não haverá sede de justiça porque Ele é a água viva, que dessedenta para sempre. Com Ele não haverá carências pois Ele é a plenitude. Ele é Jesus, o Filho de Deus, o Bom Pastor das nossas almas. Ele é o Enviado, o Messias aguardado no tempo e anunciado por séculos na voz dos profetas. Ouçamo-lO. Sigamo-lO. Ele é a Luz, o Caminho, a Vida... 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 26, ed. FEP. 
Em 29.10.2019.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

BENDITOS PROFESSORES

Quem não tremeu durante uma prova? 
Quem não teve aquele momento em que parece que tudo desaparece da mente e as respostas simplesmente não acodem à memória? 
Quem se deparou olhando para as questões a serem respondidas e tudo aquilo parecer inédito, como se jamais tivesse tido contato com aquela matéria? 
Dia de prova. 
Muitos temos dificuldades nesses momentos. Alguns por não estudarmos. Alguns por causa do nosso sistema emocional. Outros porque não entendemos a matéria e então as questões nos parecem impossíveis de serem respondidas. Por isso, possivelmente, é que aquela adolescente, sem esperanças de conseguir uma boa nota, escreveu ao final da página da prova: 
-Professor, eu sou uma decepção em matemática. Por isso, não se assuste com o meu zero. Mas, dê-me ao menos um ponto. 
Ao receber a prova corrigida de retorno, a aluna se surpreendeu. Jorge, o professor, reformulara uma das frases dela, anotando com caneta vermelha: 
-Eu não sou uma decepção em matemática. 
Acrescentando: 
-Pode me ajudar a entender melhor? 
Por fim, respondendo ele mesmo: 
-Claro! 
A atitude do professor viralizou na internet, motivando comentários de toda sorte. Houve quem descrevesse suas próprias experiências negativas em provas escolares. Houve quem afirmasse que, se tivesse tido um professor desse quilate, com certeza teria entendido a matéria. E até gostado dela. E, houve, inclusive, quem se manifestasse dizendo: Por isso estudo para ser professor. Toda vez que vejo um mestre com essa atitude tenho a certeza da minha vocação. Houve quem relatasse como sua professora a acalmara durante uma prova, corrigindo-a depois, em conjunto e lhe ensinando a resolver cada uma das questões propostas. Professores assim fazem a grande diferença nas escolas e, sobretudo, na vida dos seus alunos. Quando erramos e alguém nos mostra o equívoco, é lição que não mais esquecemos. Muito melhor do que simplesmente ganhar uma nota ruim, ter as respostas riscadas fortemente em vermelho, assinalando a nossa ignorância ou ainda parco entendimento a respeito daquilo tudo. 
Quem quer que tenha tido, em sua carreira escolar, um bom professor, não o esquece. 
Aquele professor que se dispôs a permanecer um tanto mais depois da aula, para explicar detalhadamente o que não entendemos. 
Aquele que nos atendeu, extramuros da escola, em horários diversos, elucidando nossas dúvidas. 
Aqueloutro que nos indicou bibliografia adequada, apontou erros, sugeriu ajustes em peças escritas, em trabalhos cuja qualidade deixavam muito a desejar. 
Aquele professor que até percebeu a nossa pouca vontade de estudar a matéria que ele lecionava e nos chamou à parte, demonstrando o valor daquele conhecimento em nosso futuro. 
Afinal, quantas vezes, em meio a tantas informações, não indagamos: 
-Para que preciso saber isso? Quando vou usar isso em minha vida? 
Professor, ser especial. Ele detém o conhecimento que ainda não conquistamos, a experiência que ainda não tivemos. E deve ser recheado de amor para repassar tudo isso, entre uma dose de paciência e outra de boa vontade. Deus abençoe os professores que nos instruíram, abrindo clareiras em nossas mentes! 
Redação do Momento Espírita, com base em fato colhido da internet. 
Em 28.10.2019.

domingo, 27 de outubro de 2019

E SE A VIDA FOSSE UMA ESTRADA...

Cada um de nós caminha pela vida como se fosse um viajante que percorre uma estrada. 
Há os que passam pouco tempo caminhando e os que ficam por longos anos. 
Há os que veem margens floridas e os que somente enxergam paisagens desertas.
Há os que pisam em macia grama e os que ferem os pés em pedras pontudas e espinhos. 
Há os que viajam em companhias amigas, assinaladas por risos e alegria. 
E há os que caminham com gente indiferente, egoísta e má. 
Há os que caminham sozinhos – inclusive crianças - e os que vão em grandes grupos. Há os que viajam com pai e mãe. E os que estão apenas com os irmãos. 
Há quem tenha por companhia marido ou esposa.Muitos levam filhos. Outros carregam sobrinhos, primos, tios. Alguns andam apenas com os amigos. 
Há quem caminhe com os olhos cheios de lágrimas e há os que se vão sorridentes. Mas, mesmo os que riem, mais adiante poderão chorar. Nessa estrada, nunca se conheceu alguém que a percorresse inteira sem derramar uma lágrima. Pela estrada dessa nossa vida, muitos caminham com seus próprios pés. Outros são carregados por empregados ou parentes. Alguns vão em carros de luxo, outros em veículos bem simples. 
E há os que viajam de bicicleta ou a pé. 
Há gente branca, negra, amarela. Mas se olharmos a estrada bem do alto, veremos que não dá para distinguir ninguém: todos são iguais.
Há gente magra e gente gorda. Os magros podem ser assim por elegância e dieta ou porque não têm o que comer. Alguns trazem bolsas cheias de comida. Outros levam pedacinhos de pão amanhecido. Muitos gostam de repartir o que têm. Outros dão apenas o que lhes sobra. Mas muita gente da estrada nem olha para os viajantes famintos. 
Há pessoas que percorrem a estrada sempre vestidas de seda e cobertas de joias. Outros vestem farrapos e seguem descalços. 
Há crianças, velhos, jovens e casais, mas quase todos olham para lugares diferentes. Uns olham para o próprio umbigo, outros contemplam as estrelas, alguns gostam de espiar os vizinhos para fofocar depois. Uma boa parte conta o dinheiro que leva e há os que sonham que um dia todos da estrada serão como irmãos. Entre os sonhadores há os que se dedicam a dar água e pão, abrigo e remédio aos viajantes que precisam.  
Há pessoas cultas na estrada e há gente muito tola. Alguns sabem dizer coisas difíceis e outros nem sabem falar direito. Em geral, os sabichões não gostam muito da companhia dos analfabetos. O que é certo mesmo é que quase ninguém na estrada está satisfeito. A maioria dos viajantes acha que o vizinho é mais bonito ou viaja de forma bem mais confortável. 
É que na longa estrada da vida, esquecemos que a estrada terá fim. E, quando ela acabar, o que teremos? Carregaremos, sim, a experiência aprendida durante o tempo de estrada e estaremos muito mais sábios, porque todas as outras pessoas que vimos no caminho nos ensinaram algo. A estrada de nossa existência pode ser bela, simples, rica, tortuosa. Seja como for, ela é o melhor caminho para o nosso aprendizado. Deus nos ofereceu essa estrada porque nela se encontram as pessoas e situações mais adequadas para nós. Assim, siga pela estrada ensolarada. Procure ver mais flores. Valorize os companheiros de jornada, reparta as provisões com quem tem fome. E, sobretudo, não deixe de caminhar feliz, com o coração em festa, agradecido a Deus por ter lhe dado a chance de percorrer esse caminho de sabedoria. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v.7 e CD Momento Espírita, v. 14, ed. FEP. 
Em 26.1.2017.

sábado, 26 de outubro de 2019

UM AMOR DE AVÓ

A AVÓ
E
A NOIVA TARA FOLEY
Ser avô ou avó é algo verdadeiramente incrível. Vencer os anos até poder ver os próprios filhos se tornarem pais, é emoção intraduzível. Também porque na qualidade de avós, já vencemos a maternidade e a paternidade, tivemos nossas dificuldades e agora podemos contemplar, de outro ângulo, esses pequeninos que surgem em nossas vidas. É uma fase bem diversa daquela em que os filhos nos chegaram e precisávamos pensar em tudo, enquanto a inexperiência nos trazia tantas incertezas. Para os netos, os avós constituem um capítulo à parte. Existem aqueles que crescem, sob cuidados atentos deles, por ausência dos pais. Existem outros que têm a casa dos avós como um segundo lar, um lugar de apoio, recreação, diversão. Um lugar que buscam quando se desentendem com os pais, ou com o primeiro amor. Há os que se habituaram a ter, semanalmente, o dia dos avós, ou seja, o dia de ficar com eles. Dia de brincar, de pular na cama, de tomar sorvete, comer bolinho de chuva...
De qualquer forma, esses seres maduros fazem a diferença em muitas vidas. Talvez tenha sido essa a razão pela qual aquela jovem, ao ter ciência de que sua avó, de 102 anos, não poderia comparecer ao seu casamento, por causa da saúde frágil, teve uma atitude inusitada. Sabendo da importância que a ocasião representava para a avó, Tara Foley, a noiva, decidiu que transportaria a celebração até onde ela estava internada. Levando consigo fotógrafa, maquiadora, cabeleireira, além das joias e do vestido que usaria no grande dia, Tara voou até a Flórida para que a avó pudesse ter a chance de ver como ela ficaria vestida de noiva. Para completar a surpresa, as duas posaram para um ensaio de fotos mais do que especial. Difícil descrever a alegria, o sorriso daquela senhora. Ao se despedir, ela segurou o rosto da neta, olhou no fundo dos seus olhos e disse: 
-Eu te amo muito. 
Vinte e sete dias depois ela morreu. Quanto à Tara, no dia do casamento oficial, surpreendeu a família com o ensaio fotográfico que fizera com a avó. A emoção foi indescritível. Não houve quem não deixasse que as lágrimas descessem pelas faces. 
 * * * 
Ficamos imaginando os sentimentos daquela avó, com a presença da neta, podendo vê-la vestida a caráter para o casamento. Mais do que isso, ter-lhe recebido o carinho e participado da sessão de fotos. Como deve ter se sentido amada. Não sabemos se o casamento se deu antes ou depois da morte da avó, mas de um detalhe temos absoluta certeza: encarnada ou desencarnada, ela deve ter assistido, em espírito, ao belo consórcio de sua neta. Imaginamos também que no futuro, quando Tara tiver seus filhos, terá fotos lindas para mostrar a eles. Mais do que lhes falar do respeito e do amor que se deve ter aos antepassados, lhes mostrará do seu próprio exemplo. E todos sabemos que mais do que as palavras, são os exemplos que produzem efeitos positivos na educação. Oxalá haja muitas netas desse quilate no mundo. E muitas avós que, por sua dedicação e carinho, mereçam algo semelhante e muito mais.
Redação do Momento Espírita, com base em fato colhido no site Claudia.abril.com.br, em 11.9.2019. 
Em 25.10.2019.
http://momento.com.br

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

DAS PÉTALAS ARRANCADAS!!!

Andrey Cechelero
A menina pequena começou a perceber o jardim de sua casa. Encantou-se com uma flor de cor vermelha – bougainville. Ainda no colo, pediu ao pai para chegar mais perto. Desejava ver com as mãos e sentir seu perfume. Ao puxar um pequeno galho colorido, a maioria das pétalas se desprendeu acidentalmente. Estavam agora na palma da mão pequenina. Havia deixado o ramo da planta escarlate quase sem vestes. A criança se assustou. O galho retornou velozmente para trás. Olhou para o pai como que dizendo: Não pretendia machucá-la... Logo após fez um gesto inusitado. Esticou o bracinho, segurando na mão as pétalas soltas que ainda guardava e buscou novamente as flores que haviam permanecido no galho. Ela queria devolver o que havia retirado da flor, agora semi-desnuda. O pai ficou sem ação. Seu primeiro impulso foi dizer que não era possível, no entanto, aceitou o desejo da filha e deixou que ela ajeitasse delicadamente as partes arrancadas junto às que ainda se mantinham no arbusto. Enfim, a menina deu a situação por resolvida. O pai, porém, não. Ficou com as pétalas arrancadas no pensamento. 
 * * * 
É possível devolver uma pétala para uma flor? Os botânicos certamente dirão e provarão que não. Uma vez retiradas, não voltam mais. Não há como colar, costurar ou provocar qualquer espécie de regeneração. Assim como o tempo; assim como as palavras que proferimos; assim com os atos. Não há como desfazer o que foi feito, o que foi dito, o que passou. Ferimos alguém profundamente e pedimos desculpas. Será que somos nós tentando devolver pétalas arrancadas? Assim, voltemos à questão original: é possível devolver uma pétala para uma flor? Tudo nos leva a aceitar o não como a resposta mais razoável, ou a única plausível. Resposta triste. Porém, se a ingenuidade e pureza infantis acreditaram ser possível, quem sabe possamos acreditar tornar possível, mas de uma forma diferente. E se decidíssemos cuidar daquela árvore de uma maneira especial, olhando-a todos os dias, assim como o Pequeno Príncipe um dia cuidou de sua rosa? Estarmos atentos ao que ela precise e não deixar que lhe falte coisa alguma. Vamos nos ocupar do solo, mantendo-o fértil. Conversarmos sempre, dizer o quanto está bela, acompanhar seu crescimento e lá estarmos, emocionados, quando finalmente, novas pétalas nascerem no lugar das faltantes. Quem sabe será nossa forma de devolver... E se não pudermos restituir exatamente aquela flor por alguma razão, poderíamos cumprir nossa missão da mesma forma, com outras. Entendendo que nossa dívida é com a natureza como um todo. 
 * * * 
O homem sofre sempre a consequência de suas faltas. Não há uma só infração à Lei de Deus que fique sem a correspondente punição. Desde que o culpado clame por misericórdia, Deus o ouve e lhe concede a esperança. Mas, não basta o simples pesar do mal causado. É necessária a reparação, pelo que o culpado se vê submetido a novas provas em que pode, sempre por sua livre vontade, praticar o bem, reparando o mal que haja feito. A sua felicidade ou a sua desgraça dependem da vontade que tenha de praticar o bem. 
Redação do Momento Espírita, com base na crônica Das pétalas arrancadas, de Andrey Cechelero e no cap. XXVII, item 21 do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 24.10.2019

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

E SE A MORTE CHEGASSE AGORA?

SÃO FRANCISCO DE ASSIS
Se você soubesse que hoje iria morrer – o que faria? 
Esta pergunta foi feita a um homem, no século XIII. Era um homem iluminado. Nascido em berço de ouro, conheceu as delícias da abastança. Filho de rico mercador, trajava-se com os melhores tecidos da época. Sua adolescência e juventude foram impregnadas das futilidades daqueles dias, em meio a expressivo número de amigos. Assim transcorria sua vida, quando um chamado se deu a esse jovem. Então, ele se despiu dos trajos da vaidade e se transformou no Irmão Francisco, o Irmão dos Pobres. Sua alma se encheu de poesia e ele passou a compor versos para as coisas pequeninas, mas muito importantes, da natureza. Chamou irmãos à água, ao vento, ao sol, aos animais. Sua alma exalava o odor da alegria que lhe repletava a intimidade. Muitos amigos o seguiram, abraçando os lemas da obediência, pobreza e castidade. Amigos na opulência, amigos na virtude. Certo dia, enquanto arrancava do jardim as ervas daninhas, Frei Leão, que o observava, lhe perguntou: 
-Irmão Francisco, se você soubesse que morreria hoje, o que faria? 
Francisco descansou o ancinho, por um instante. Seus olhos, apagados para as coisas do mundo passageiro, pareceram contemplar paisagens interiores de beleza. Suspirou, pareceu mergulhar o olhar para o mais profundo de si e respondeu, sereno:
-Eu? Eu continuaria a capinar o meu jardim. 
E retomou a tarefa, no mesmo ritmo e tranquilidade. 
Quantos de nós teríamos condições de agir dessa forma? A morte nos apavora a quase todos. Tanto a tememos que existem os que sequer pronunciamos a palavra, porque pensamos atraí-la. Outros, nem comparecemos ao enterro de colegas, amigos, porque dizemos que aquilo nos deprime, quando não nos atemoriza. Algo como se ela nos visse e se recordasse de nos vir apanhar. E andamos pela vida como se nunca fôssemos morrer. Mas, de todas as certezas que o mundo das formas transitórias nos oferece, nenhuma maior que esta: 
-Tudo que nasce, morre um dia
Assim, embora a queiramos distante, essa megera ameaçadora que chega sempre em momentos impróprios, ela vem e arrebata os nossos amores, os desafetos, nós mesmos. Por isso, importante que vivamos cada dia com toda a intensidade, como se nos fosse o derradeiro. Não no sentido de angústia, temor, mas de sabedoria. Viver cada amanhecer, cada entardecer e cada hora, usufruindo o máximo de aprendizado, de alegria, de produção. Usar cada dia para o trabalho honrado, que nos confira dignidade. Estar com a família, com os amigos. Sorrir, abraçar, amar. Realizar o melhor em tudo que façamos, em tudo que nos seja conferido a elaborar. Deixar um rastro de luz por onde passemos. Façamos isso e, então, se a morte nos surpreender no dobrar dos minutos, seguiremos em paz, com a consciência de Espíritos que vivemos na Terra doando o melhor e, agora, adentraremos a Espiritualidade, para o reencontro com os amores que nos antecederam. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 17, no livro Momento Espírita, v.8 e na Agenda Momento Espírita 2020, ed. FEP. 
Em 25.3.2019.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

E SE A MORTE.....

E se a morte fosse apenas uma passagem, como um portal, para um outro ambiente, para outro local, onde tudo muda, porém continuamos a ser a mesma pessoa? Analisando assim, a morte não seria o fim, o término, o ponto final. Apenas passagem. 
E se a morte fosse apenas uma viagem? Dessas em que nos despedimos de quem vai para muito longe, sentimos saudades, lembramos sempre, sabendo que o outro está seguindo a vida. Não nos desesperamos, só choramos baixinho de saudades, porque sabemos que não é uma viagem sem volta, ou uma partida sem reencontro. Amanhã, também viajaremos, e nossos amores, nossos amigos, estarão no cais do porto para se despedirem e assistir ao nosso embarque. Assim considerada, a morte não seria a separação sem fim, um destino incerto. Seria apenas uma viagem. 
E se a morte fosse apenas uma mudança de casa? A mudança do vizinho amigo, que morava há anos ao nosso lado, e se foi... É verdade que a casa permanece vazia, sem vida, sem alegria, porque ele não se encontra ali. Nossa amizade já não se faz no contato diário, nas conversas ao pé do muro. Mas, sabemos que ele está em outro lugar, em outro local, em outra casa. Pensando assim, a morte não seria o abandono, o desaparecer, o não existir. Apenas uma mudança. 
E se a morte fosse o voltar para casa, depois de longa viagem, dessas onde se percorrem estradas, se visitam localidades, aprendem-se lições e vivências acontecem? Então, o término da viagem seria a alegria do viajor que retorna para o lar, enquanto outros companheiros de viagem ainda têm trechos a percorrer. Trechos que, logo mais, eles também concluirão e estarão conosco. 
Por esse ângulo, a morte não seria a conclusão, o epílogo, o fechamento de uma história. Apenas o retomar da vida em outras paragens, para mais um capítulo. 
 * * * 
Em verdade, assim é a morte: a mudança, a passagem, a transição, a viagem ou o retorno. Mas, todos continuaremos. A vida prossegue tão ou mais pujante mesmo quando a consideramos encerrada. Isso porque não somos o corpo físico, que um dia abandonaremos. Ele é apenas a vestimenta física, em caráter de empréstimo pela Providência Divina, a fim de vivenciarmos as lições de que carecemos. Concluído o que aqui viemos fazer, apartamo-nos dele, e prosseguimos a viver. Por isso, a morte não deve se constituir na dor pungente do adeus. Apenas nas saudades do até logo. Além disso, não permanecemos isolados totalmente de nossos amores que nos antecederam na saída do corpo. Eles comparecem em nossos sonhos, nos visitam para amenizar as saudades, ou para nos aconselhar, ou nos atender em alguma circunstância. Quantas vezes demonstram suas presenças invisíveis com um abraço caloroso, palavras doces, que nos levam a recordá-los, senti-los, emocionando-nos até às lágrimas? Dessa forma, se as saudades nos apertam o coração, tenhamos paciência. Não tarda o dia em que todos aportaremos no lado de lá, a fim de continuarmos a vida, sepultando definitivamente a morte. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 32, ed. FEP.
Em 26.3.2018.

terça-feira, 22 de outubro de 2019

As flores que Deus nos deu!

Ao compor o nosso lar Terra, Deus o encheu de flores. Certamente para amenizar as dificuldades que temos que enfrentar por aqui. Interessante que, em as observando, passamos a lhes conferir valores e as escolhemos como símbolos de afeição, sinceridade, amizade. Até de movimentos sociais. Quando estão abertas, elas simbolizam a natureza em seu maior esplendor. Representam a glória e refletem tudo o que esteja ligado à beleza, à juventude, à paz, ao Espírito e à primavera. Para os astecas e os maias, as flores possuíam uma simbologia sagrada e de perfeição. Isso porque os jardins repletos de flores representavam não somente um ornamento, mas estavam associados aos deuses e à criação do Universo. Por sua vez, nas passagens bíblicas elas surgem como símbolos da beleza, do amor. Jesus se serve dos lírios e da erva do campo para falar da Providência Divina. Nas culturas ocidentais, a flor-de-lis e o lírio simbolizam a pureza, a virgindade, a beleza e a renovação espiritual. Em alguns momentos, flores se tornaram símbolos de momentos marcantes. Os cravos, por exemplo, são conhecidos como as flores do recomeço. No dia 25 de abril de 1974, aconteceu a Revolução dos Cravos, um marco para a democracia portuguesa, que deixava para trás um passado trágico, regido pela ditadura. Os soldados colocaram cravos vermelhos na ponta das armas e assim, a flor ficou simbolizando a nova fase política daquele país. Por sua vez, a camélia, favorita dos mandarins e monges chineses, foi imortalizada pelo famoso escritor Alexandre Dumas, em seu romance A dama das camélias. Na História brasileira, conforme os escritores que descreveram as lutas abolicionistas, na segunda metade do século XIX, a camélia era símbolo do movimento. A escolha dessa flor se deu porque havia, no Rio de Janeiro, um famoso quilombo no bairro do Leblon onde eram produzidas flores, especialmente camélias, que abasteciam a então capital do país. Desde muito que a camélia, natural ou artificial, era um símbolo da ala radical do movimento, utilizada inclusive como senha para a identificação dos seus participantes. Os que se envolviam mais perigosamente no movimento, apoiando fugas, criando esconderijos, usavam camélias. Qualquer escravo que fugisse encontrava um protetor, identificando-o pela camélia que a mulher ostentava no decote e o homem na lapela. A própria Princesa Isabel era vista, em público, com camélias no decote. O palácio imperial de Petrópolis, por sua iniciativa, teve seus jardins cobertos de cameleiras. Em 13 de maio de 1888, no momento em que assinava a Lei Áurea, foram-lhe entregues dois buquês de camélias. Um era artificial, em nome do movimento vitorioso. O outro, de flores naturais, vindas do quilombo do Leblon, enviadas por gente do povo, que o abolicionista Rui Barbosa definiu como a mais mimosa das oferendas populares. Flores, dádivas de Deus para alegrar e perfumar as nossas vidas. Quem as pode contemplar sem se emocionar com a beleza, o aroma, as cores tão diversas, que falam da generosidade de um Deus Pai, Amoroso e Bom? 
Redação do Momento Espírita.
Em 22.10.2019.

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Um ajuste de vontade

Certa feita, Jesus afirmou que não fazia a Sua vontade, mas a do Pai do céu. Em uma leitura apressada, talvez se conclua que Ele abdicou de Sua liberdade enquanto esteve na Terra. Nessa linha, teria renunciado até à faculdade de querer, para atender os desígnios divinos. Ocorre que a liberdade é um dos grandes atributos espirituais, que confere mérito a qualquer conduta. Nenhum ser humano minimamente equilibrado e refletido se disporia a agir como marionete. 
Quem aceitaria se tornar um escravo, mesmo a preço de ouro? 
Jesus também disse que a Verdade nos libertaria. Bem se vê o quanto a liberdade é preciosa, pois representa a culminância de um processo de aprendizado. Quando o Espírito compreende a essência dos mecanismos que regem a vida, torna-se amplamente livre. Liberta-se da ardência dos sentidos, de dores e de vícios. A liberdade é uma lei da vida. Tem como suas naturais contrapartes a responsabilidade e o mérito. Porque pode optar entre várias condutas possíveis, a criatura tem mérito ou demérito conforme o que decida realizar. A ninguém é lícito suprimir a liberdade do próximo ou transferir a responsabilidade dos seus atos a terceiros, ao segui-los sem refletir. Assim, ao eleger a Vontade Divina como Sua, Jesus não abdicou da Sua própria liberdade. Ele a utilizou da forma mais sublime possível. Absolutamente livre em sua excelsa pureza e sabedoria, decidiu querer o que Deus queria. Por livre vontade, tornou-se o instrumento da Misericórdia Divina na Terra. Fez-se professor, médico e amigo de Seus irmãos menores. O Cristo não se ressentia da missão que lhe cabia. Não reclamava e nem blasfemava. Com Seu íntimo asserenado pela completa integração com o Divino, foi forte e sábio em todas as situações. 
 * * * 
Convém refletir sobre esse significativo exemplo. O melhor que pode ocorrer a qualquer criatura é ajustar sua vontade aos desígnios divinos. Deus é pleno de um amor incomensurável e deseja o melhor para Seus filhos. Por isso, faculta-lhes tantas reencarnações de aprendizado e resgate quantas sejam necessárias. A finalidade dessas incontáveis experiências é que o Espírito vença a si mesmo e se torne radiosamente sublime. Ciente disso, não reclame de dificuldades, não se sinta uma vítima e nem se rebele. Cumpra com dignidade todos os seus deveres, por difíceis que se apresentem. Mas o faça satisfeito, e não desgostoso, como quem cumpre uma pena. Realizar fantasias e satisfazer apetites dificilmente lhe trará plenitude. Mas se integrar na ordem cósmica, pelo amoroso cumprimento do papel que lhe cabe no mundo, garantirá seu acesso a vivências de gloriosa alegria. 
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 21.10.2019.

domingo, 20 de outubro de 2019

A ponte

O homem andava pelo caminho árido. Longo era o percurso a vencer. Chegou afinal a um ponto onde pensou que não poderia prosseguir. Enorme abismo se apresentava à frente. 
Como transpô-lo? 
Sentou-se desolado à beira da garganta escancarada. 
E agora? 
Então olhou para sua direita e divisou um pouco além de onde se encontrava, o perfil de uma ponte. Ébrio de contentamento, dirigiu-se para lá. As forças lhe voltaram e ele, satisfeito, caminhou sobre o abismo de rochas nuas, seguro, graças à ponte. São variadas as pontes no mundo e, algumas, famosas. A Golden Gate em São Francisco; a Presidente Costa e Silva, mais conhecida como Rio-Niterói; a Ponte da Amizade, ligando Brasil e Paraguai; a ponte Neuf, em Paris. Diferentes em largura, comprimento e arquitetura. Todas, no entanto, traço de união entre duas extremidades distantes.
Você já pensou alguma vez se tornar uma ponte? 
Ponte entre Deus e os homens, entre a luz e as sombras?
Um hífen de luz entre a dor e o medicamento precioso, entre o desalentado e o consolo, entre o faminto e o alimento? 
Estenda suas mãos e aja. Enquanto muitos reclamam das distâncias, estenda os braços e estabeleça a ponte da fraternidade. Quando vários gritam em face do caos que impera, estenda a ponte da organização e da disciplina. Seja uma ponte entre a miséria e o trabalho digno, convidando os companheiros que seguem com você, a se engajarem em ocupação útil que garante o pão, o abrigo, a nobreza de servir. Lembre que entre os homens e Deus, Jesus, o Divino Amigo ainda hoje permanece de braços abertos, conforme Ele mesmo afirmou: Tudo que pedirdes ao pai em meu nome, ele vos dará. 
* * * 
Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo tornou-se uma ponte entre Jesus e o Apóstolo Paulo, filtrando o pensamento do Cristo, para que as Epístolas traduzissem as recomendações do Mestre aos núcleos nascentes da Boa Nova. Chico Xavier fez da sua existência uma ponte entre o mundo visível e invisível, fazendo sol nas almas, encurtando as distâncias da saudade. A exemplo dele, pontes se multiplicam no mundo, na ação de homens e mulheres que se anulam em benefício do próximo. Madre Teresa de Calcutá, Alberto Schweitzer, Irmã Dulce. Sem falar nos professores que estabelecem a ponte entre o livro e a ignorância, descerrando os caminhos da cultura. Médium, servidor, amigo, irmão. Onde esteja, torne-se uma ponte de amor, de alegria, de serviço. 
* * * 
Deus vive, manifesta e dilata o Seu amor através das criaturas. Onde você estiver, Ele se manifestará. Permita que os outros O sintam através de você, da sua ação, da sua palavra e da sua expressão. Pense nisso. Mas pense, agora!
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 2, ed. FEP. 
Em 18.10.2019.

sábado, 19 de outubro de 2019

Uma Libertadora desde a infância

PRINCESA ISABEL
A maioria dos brasileiros conhece da biografia da Princesa Isabel apenas o fato de ter sido aquela que libertou os escravos, assinando a Lei Áurea em 13 de maio de 1888. O processo de extinção da escravidão, uma nódoa a manchar a nossa nação, em verdade, foi gradual. Começou em 1850, com a Lei Eusébio de Queirós, que proibiu o tráfico negreiro. Depois, foi a Lei do Ventre Livre de 1871, que considerava livres todos os escravos nascidos a partir daquela data. Diga-se, lei também assinada pela então Regente Isabel. Mais adiante, foi a Lei dos Sexagenários, em 1885, garantindo liberdade aos escravos com mais de sessenta anos. O que poucos sabemos, possivelmente, é a grandeza do espírito da Princesa Isabel que foi preparada, desde os quatro anos de idade para se tornar a Imperatriz do Brasil. Desde pequena, ela tinha ideais de liberdade e fraternidade. Não conseguia entender o porquê de existir escravidão e tanta crueldade entre os seres humanos. Educada com uma boa dosagem de rigor e amor, ela viu transcorrer a sua juventude entre aulas de literatura, latim, inglês, alemão, botânica, mitologia, matemática e leitura dos Evangelhos. Tinha ideias avançadas para a época. Afirmava que o Império deveria permitir que todos manifestassem suas crenças religiosas, não devendo ninguém ser proibido de realizar o culto à sua maneira. Imaginava que, um dia, a liberdade deveria chegar ao torrão brasileiro, também nesse sentido. Sonhava com o dia em que todos fossem tratados de igual forma. Em suas brincadeiras, ela não fazia distinção entre as suas amigas e os filhos dos escravos, com os quais convivia, sem embaraço algum. Adolescente, concluía que se o seu nome e sua identidade representavam uma herança familiar, também aqueles negros, capturados em suas terras distantes, deviam ter a sua. Que histórias constituiriam as suas vidas? Possivelmente alguns fossem filhos de reis, ou quem sabe, os próprios reis. Sentia-se compadecida porque tudo lhes era retirado: o nome, porque o tiveram adaptado para o nosso idioma; a família, porque pais e filhos eram vendidos separadamente, como simples mercadoria. Por isso, ao assumir a regência do Império, pela terceira vez, ela assinou a Lei Áurea. Declarou: Sempre fui a favor da causa abolicionista, então, para mim, foi uma felicidade imensa poder proporcionar este marco em nossa História. Minha alma se encheu de louvor neste dia e respirei aliviada, pois sabia que havia cumprido minha missão com os escravos. Mais de uma vez, criança, ela se questionara: Por que nascera princesa, branca, livre e filha de Imperador nestas terras brasileiras e não nas europeias, como seus ancestrais? Por que seus dois irmãos, que poderiam ter sido sucessores diretos da coroa, tinham morrido em tenra idade? Devia haver um motivo, pensava. Questionava-se o que lhe competiria fazer por este país. Possivelmente, nesse maio de 1888, deverá ter se dado conta do porquê nascera nas terras brasileiras. Deus a abençoe onde se encontre Isabel, a Redentora. 
Redação do Momento Espírita, a partir de dados biográficos da Princesa Isabel. 
Em 16.10.2019.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

A professora que fez a diferença

Foi pelos meados do século XX que o presidente do Tribunal de Sessões Especiais da cidade de Nova York foi expor as suas ideias sobre o tratamento aos criminosos primários. Era uma conferência perante magistrados do Estado do Missouri e, em certo momento, ele afirmou que sua atitude, em relação à delinquência entre os jovens se originara de um tratamento inteligente e afetuoso que lhe dispensara uma de suas mestras. Ele não lhe mencionou o nome. Mas, terminada a reunião o juiz presidente da Corte Suprema do Missouri se aproximou e lhe perguntou se ele se referira à Srta. Varner. E continuou: 
-Você verificará que alguns dos juízes aqui reunidos foram profundamente influenciados por ela. 
Nada menos de quatro juízes vieram manifestar-se a respeito. Um dos juristas mais respeitados da América, o juiz Laurance Hyde, lhe disse: 
-Ela foi uma professora maravilhosa. Ensinava seus alunos a não se contentarem em aprender apenas o que estivesse no livro. Mas interrogassem o autor, que contestassem suas afirmativas, que procurassem conhecer melhor o assunto. Assim, se descobria o prazer de aprender. E ele que acreditara que somente para si ela fora a conselheira particular, que o guiara através do curso secundário. Depois, através do curso superior, até se formar em Direito. 
Dava-se conta, agora, que essa mulher admirável como professora, vice-diretora e diretora, exercera a mesma influência sobre centenas de alunos que passaram por aquela escola. E cada um deles a considerava a sua conselheira particular. Generais, motoristas de táxi, fazendeiros, magistrados, cientistas, almirantes, senadores todos foram beneficiários do afeto e da sua dedicação. Ela exerceu a sua influência sobre centenas de destinos. Quando, na escola, havia um menino que todos os demais professores julgavam um indisciplinado incorrigível, ela afirmava: 
-Não existe semelhante coisa. 
E se encarregava do caso. Tratava o adolescente com tal amor e compreensão que a transformação se operava. O próprio chefe de polícia, mais de uma vez, levou à sua presença mocinhos acusados de prática de ilegalidades. Eram atos sem grandes consequências, mas, ainda assim, contrários à lei. Ela conversava com eles, e eles nunca mais se metiam em encrencas. Calla Edington Varner, uma professora que fez a diferença. Como faz falta, nos dias em que vivemos, professores dessa qualidade. Professores que tenham em mente seus deveres cívicos e lembrem que numa democracia todos importam. E que cada um pode fazer a grande diferença, operando mudanças pequenas ou expressivas onde se encontre. Com certeza, professores assim existem. E a esses, a nossa grande e especial homenagem. Sobretudo os votos de que não esmoreçam, mesmo ante a indiferença de muitos, ou até observações desestimuladoras de que não vale o investimento. Também nosso apelo aos que temos filhos na escola para que nos demos conta do esforço de heróis assim especiais, que se dedicam muito além do dever. Heróis silenciosos nas salas de aula, horas e horas. Heróis dedicados em seus lares, preparando aulas, estudando, pesquisando. Heróis que ensinam, que iluminam mentes, que alimentam corações com sua presença afetuosa e esclarecedora. 
Redação do Momento Espírita com base no artigo Saudação a uma professora, de Irving Ben Cooper, da Revista Seleções Readers’s Digest, de outubro.1957. 
Em 15.10.2019.
http://momento.com.br

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Santa Dulce dos Pobres: a vida pela Caridade

Ela viveu com “um pires na mão” rogando a Deus e aos homens que a ajudasse a socorrer os desamparados. Essa foi a determinação de seu espírito: fazer de sua vida um instrumento da fé e da caridade.
Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes nasceu em Salvador, dia 26 de maio de 1914, e, aos 20 anos de idade, consagra sua vida à castidade, pobreza e obediência, recebendo o nome de Irmã Dulce. Sua pequena estatura e fragilidade física contrastavam com o caráter independente e obstinado que marcaram sua luta e sua coragem para defender os pobres e os doentes. Um dos fatos mais marcantes dessa coragem foi ter invadido cinco casas vazias, na Ilha dos Ratos, para abrigar e cuidar de mendigos e doentes que recolhia nas ruas. Incompreendida pelo seu gesto fraterno, foi expulsa do local por ordens municipais, e durante dez anos bateu de porta em porta, na cidade de Salvador, apelando ao povo, nos mercados e feiras livres, por um pouco de comida para alimentar seus assistidos, assim como foi ao encontro das autoridades, prefeitos e governadores, rogando por um espaço onde pudesse abrigar a sua obra. O único lugar que lhe ofereceram foi um antigo galinheiro no Convento de Santo Antônio, que sua criatividade e o amor transformaram num albergue. Mais tarde, com a doação de um terreno pelo governo da Bahia, seu trabalho e o sonho de servir transformaram o albergue no Hospital Santo Antônio A dedicação e o tempo fariam desse local a sua grande obra de caridade, estruturada num centro médico, social e educacional que atende pobres, doentes e abandonados de toda parte
Sua imensa bondade começou a repartir-se aos treze anos, entre os miseráveis e carentes que cruzavam o caminho de seu coração no portão de sua casa, transformada num centro de atendimento aos filhos do calvário. Contudo, os passos determinados na sua missão começam aos 20 anos, como professora e enfermeira voluntária, ensinando e assistindo as comunidades pobres nas favelas de Alagados e de Itapegipe, na Cidade Baixa, área onde viriam a se concentrar as principais atividades das suas Obras Sociais, na cidade de Salvador.
Em 1936, ela fundou o primeiro movimento cristão operário de Salvador chamado União Operária São Francisco. Para conseguir financiar o número sempre crescente dos seus assistidos, sua criatividade não tinha limites. Com o franciscano alemão Frei Hildebrando Kruthaup construiu três cinemas, uma fonte autossustentável com cuja renda mantinha o Círculo Operário da Bahia, aberto por ambos em 1937, para atender os filhos dos trabalhadores pobres proporcionando atividades culturais e recreativas, além de uma escola de ofício.
Sua grande obra é o Hospital Santo Antônio, capaz de atender setecentos pacientes e duzentos casos ambulatoriais. A assistência médica conta com especialização geriátrica, cirúrgica, hospital infantil, centro de atendimento e tratamento de alcoolismo, clínica feminina, unidade de coleta e transfusão de sangue, laboratórios, um centro de reabilitação e prevenção de deficiências. A instituição, que atende a população carente e oferece exames de alta complexidade, é considerada pelo Ministério da Saúde como o maior complexo de saúde do Brasil com atendimento 100% SUS.
Mas a dimensão das suas obras sociais não para por aí. Irmã Dulce criou também o Centro Educacional Santo Antônio, instalado na pequena cidade de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, onde são abrigadas mais de trezentas crianças de 3 a 17 anos, educadas e encaminhadas para cursos profissionalizantes. Sua imensa obra social se completa com o Centro Geriátrico Júlia Magalhães, um asilo que é tido como referência do Ministério da Saúde no atendimento ao idoso, pela qualidade integral da assistência ambulatorial e hospitalar para casos graves e pacientes crônicos.
Suas Obras Sociais – um complexo de 15 núcleos, que prestam atendimento nas áreas de saúde, assistência social, educação, ensino e pesquisa médica — estão entre as mais notáveis realizações assistenciais do Brasil. Católica por convicção, Irmã Dulce tornou-se uma das figuras mais proeminentes na área da religiosidade do séc. XX. Sua fé e a entrega de sua vida abraçando a bandeira da caridade foi, como a vida e a obra do espírita Francisco Cândido Xavier, um exemplo irretocável de ecumenismo e de amor aos semelhantes, que conquistou respeito de todos aqueles que colocam o Cristo acima das barreiras das religiões.
Assim a descreve a jornalista baiana Danutta Rodrigues:
“O que me chamava atenção em Irmã Dulce era a preocupação que ela tinha com o outro. Ela poderia estar cansada e era incapaz de transferir isso ao outro. Sempre procurava ouvir, ajudar, acompanhar. Ela sempre tinha um tempo para todos. Ela era um evangelho vivo”.
Em 11 de novembro de 1990, Irmã Dulce foi internada no Hospital Português com problemas respiratórios e depois transferida à UTI do Hospital Aliança e finalmente ao Hospital Santo Antônio. Em 20 de outubro de 1991, recebe no seu leito de enferma a visita do Papa João Paulo II. No dia 13 de março de 1992, aos setenta e sete anos, seu espírito deixa o corpo físico para voltar ao Mundo Maior com a certeza de sua missão cumprida. Inicialmente sepultada no alto do Santo Cristo, na Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia, seu corpo foi posteriormente transferido para a Capela do Hospital Santo Antonio, centro das Obras Assistenciais Irmã Dulce.
Nos jardins deste hospital há uma pequena placa onde se lê:
“O Galinheiro
Este espaço é o marco inicial das Obras Sociais de Irmã Dulce. Aqui existia o galinheiro do Convento Santo Antônio, onde em 1949, Irmã Dulce teve a permissão da madre superiora para abrigar 70 doentes que cuidava em espaços públicos e privados da cidade baixa.”
Bibliografia: Gaetano Passarelli. O Anjo bom da Bahia. Paulinas, 2011.
Obs: Nós espíritas reconhecemos seu grandioso trabalho em prol dos mais necessitados e reconhecemos-a como gigante espírito de luz!
Texto Divulgado pelo Mundo Espírita (Canal de divulgação da Federação Espírita do Paraná)

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

DIVALDO FRANCO E IRMÃ DULCE

SANTA DULCE DOS POBRES
E
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Divaldo voltava do IPASE, onde trabalhou durante a sua juventude e maturidade, quando observou que uma freira, muito franzina, tentava carregar nos seus braços um mendigo doente nas ruas da cidade do Salvador.
Na época, bem jovem e forte, o nosso irmão apresentou-se à religiosa, oferecendo-se para carregar o pobre doente.
A freira também apresentou-se, dizendo chamar-se irmã Dulce, e contou-lhe que sonhava construir um grande hospital para abrigar esses doentes abandonados nas ruas. Nosso irmão, então, carregou o doente que estava tuberculoso, com fortes hemoptises e levou-o a um barracão seguindo as orientações de irmã Dulce.
Passado algum tempo, nossa irmã telefonou a Divaldo e foi o início de uma grande amizade.
A boa religiosa, contou-lhe, certa feita, que um cantor famoso oferecera uma expressiva doação em dinheiro para as obras do Hospital, numa época de sérias dificuldades. E assim os dois amigos dialogavam sempre sobre as bênçãos da beneficência.
Divaldo sempre visitava a freira amiga, mesmo depois da fundação do Hospital Santo Antonio, que ela idealizou e fundou.
Fala-nos sempre sobre o carinho que irmã Dulce nutria pelos doentes, a ponto de trocar as camas ortopédicas de presente para seu uso particular, por mais leitos no hospital.
Divaldo conta que para a freira, a caridade tinha urgência. Quando faltavam quartos, internava os doentes em qualquer outro cômodo do hospital, pois achava que era melhor do que deixá-los na rua sofrendo privações.
Em uma oportunidade, a Mansão do Caminho recebeu mais de 2.000 panetones e ofereceu parte deles à irmã Dulce para que ela distribuísse aos seus doentes.
Assim são os caminhos da fraternidade, da solidariedade, da amizade. Duas almas de grande evolução, com o mesmo ideal de amor, travaram belíssima e sólida amizade, dialogando sobre os pobres e aflitos do mundo, procurando amenizar suas dores e padecimentos através da ação da caridade.
Professavam religiões diferentes, mas o amor a Jesus e o ideal de dedicação ao próximo os irmanava.
OBSERVAÇÃO: Hoje, 13 de outubro, o Papa canonizou irmã Dulce. Esperamos que aqueles que a admiram, não fiquem apenas fazendo pedidos a ela. Que sigam seu exemplo de amor ao próximo, de caridade e humildade. Que não fiquem explorando seu nome para se beneficiar financeiramente. Ela merece muito mais que um título de "santa", ela merece respeito.
Em 13/10/2019

terça-feira, 15 de outubro de 2019

QUE BOM, DIVALDO, SABER QUE VOCÊ FOI AMIGO DE IRMÃ DULCE !!!

SANTA DULCE DOS POBRES
E
DIVALDO PEREIRA FRANCO
IRMÃ DULCE, SANTA DULCE DOS POBRES, E O ESPIRITISMO 
Irmã Dulce e o seu relacionamento amigável e respeitoso com o Espiritismo.. 
A veneranda Irmã Dulce, outro espírito luminoso que passou pela Terra, em Salvador, Bahia, era grande amiga de Divaldo Franco, criador e mantenedor da Mansão do Caminho, que atende mais de 3.000 crianças por dia naquela cidade. 
Quando dispunha de saúde relativa, ela não tinha preconceito algum e, seguidamente, ia ao Centro Espírita Caminho da Redenção e perguntava a Divaldo: 
-Meu filho, a irmã do “lado de lá” tem mensagem à irmã do lado de cá?! 
“Irmã do lado de lá”, simplesmente é a Mentora Espiritual de Divaldo Franco, Joanna de Ângelis... 
Depois de certo tempo, quando a saúde de Irmã Dulce se agravou, era Divaldo quem ia visitá-la em seu hospital, onde ela ficava boa parte do tempo em uma cadeira, orientando os trabalhos, e ali era sua cama. A seu lado, sempre um balão de oxigênio. Divaldo, uma vez indagou: 
- A irmã não gostaria que fizéssemos uma campanha para comprarmos uma cama hospitalar para a senhora? 
Ela respondeu: 
- Não, meu filho, graças a essa cadeira eu já consegui mais de 20 camas para meus doentes... 
As pessoas doavam-lhe camas achando que ela iria ter mais conforto, mas aquele nume tutelar dos doentes e sofredores abria mão das camas e assim seu hospital tinha mais leitos...
#RodrigoAcostaEspiritismo 
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rodrigoacostaespiritismo.blogspot.com

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

O EDUCADOR PERFEITO

Como nos tornarmos bons educadores? Pais, professores, estudiosos, todos necessitamos desse aprimoramento. Multiplicam-se as teorias e as propostas. Determinadas linhas sugerem um tipo de abordagem, outras afirmam serem as suas as mais adequadas. Muito importante refletirmos a respeito, nos tempos atuais e, essencial mesmo, abordarmos a educação integral, não aquela meramente intelectual. Somos seres morais, assim, o educar precisa considerar o educando em sua essência. Surge, então, a figura do Mestre Incomparável, do grande Pedagogo da Humanidade. Jesus possui todas as qualidades do educador perfeito. Os recursos pedagógicos de que se serve conduzem o educando, com feliz e profunda alegria, à verdade essencial dos seus ensinos. Por isso pode sacudir e despertar a consciência adormecida do seu próprio povo, asfixiado sob o peso excessivo da lei mosaica e da política imperialista da época. Seus ensinos são sempre adaptados aos ouvintes. Nas ocasiões mais oportunas, Ele os pronuncia de forma compreensível para todos. Recorre frequentemente às imagens e parábolas, dando maior plasticidade às Suas ideias. A Pedagogia do Mestre é também gradual. Não cai jamais em precipitações que possam fazer malograr o aprendizado. Semeia e espera que as sementes germinem e frutifiquem: Tenho ainda muito a vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele Espírito de Verdade, ele vos guiará em toda a verdade. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar. Como Educador Genial, Jesus emprega em alto grau a arte de interrogar, de expor, de provocar o interesse dos discípulos. Seus colóquios decorrem sempre num ambiente de incomparável simpatia. É digno, severo, paciente, segundo as circunstâncias e os interlocutores. Seus ensinamentos são claros e intuitivos. Cria figuras literárias e busca exemplos da vida cotidiana para esclarecer o Seu pensamento. Aperfeiçoou a forma da parábola e revestiu-a de incomparável esplendor. Seus ensinos têm um toque de autoridade: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. No entanto, exerce com suavidade essa autoridade. Responde com bondade aos contraditores de boa fé e com energia aos que querem combatê-lO. Jesus é Modelo e Guia em todas as áreas da vida e em todas as épocas. Estudemos o Mestre, sem fanatismo ou idolatria exagerada, que mais dEle nos afastam do que aproximam. Estudemos a Sua conduta, o Seu jeito de ser com todos. Esforcemo-nos para imitá-lO, para que nossas ações encontrem respaldo nas dEle. Ele é Guia seguro, irretocável. Suas lições são atemporais e não dependem de cultura, crenças ou época. Sejamos melhores educadores confiando no maior de todos, no Pedagogo dos pedagogos. Esse Educador Perfeito sujeitou-se a estar com aprendizes hostis, relutantes e imaturos por muito amá-los e por enxergar suas luzes potenciais. Nunca desistiu, nunca deixou de ensinar. Que este seja o maior norte de todos aqueles que temos a honrada missão de educar na face da Terra. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 2, do livro História Geral da Pedagogia, de Francisco Arroyo, ed. Mestre Jou e transcrição do Evangelho de João, cap.16, vers. 12 a 14. 
Em 14.10.2019.

domingo, 13 de outubro de 2019

ESCULTORES DE ALMAS

Sandra Borba Pereira
Péricles foi um célebre orador e estrategista que governou Atenas de 460-430 a.C., e ficou conhecido na história como a maior figura política daquela cidade. Estimulou as artes e a cultura, realizou grandes construções como o Partenon, templo pagão de insuperável perfeição arquitetônica e riqueza escultural de Atenas. Certa feita, promoveu uma grande festa em homenagem à beleza da cidade de Atenas, para a qual mandou convidar todos aqueles que, de alguma forma, haviam contribuído para que a cidade ficasse tão bela. Avisado que os convidados já estavam presentes, Péricles lançou seu olhar sobre os salões e notou escultores, pintores, arquitetos, políticos, mas não percebeu nenhum pedagogo. Chamou seus assistentes e lhes perguntou por que os pedagogos não estavam ali. E eles responderam: 
-Porque não foram convidados, senhor. Afinal, não deram nenhuma contribuição para embelezar Atenas.          
Então Péricles ordenou: 
-Vão convidá-los imediatamente para a festa, pois são eles que embelezam as almas dos atenienses.
Interessante pensar no que isso significa. Importante refletir sobre o que significa ter o poder de esculpir nas almas daqueles que se dispõem ao aprendizado, à reflexão sobre os valores, as virtudes, o sentido da vida. E nesse contexto podemos dizer que os professores são escultores de almas, sim. Um dia um professor aposentado, alma sensível e dedicada, competente e estudioso, estava sendo entrevistado e lhe foi pedido para que falasse um pouco sobre sua maior produção literária, pois também é escritor, e ele falou com sabedoria: Minha maior produção são os meus alunos. De fato, quem tem acesso a um ser humano, numa sala de aula, predisposto a receber lições, poderá deixar uma grande e nobre produção. Trabalhar com as mentes e os corações é algo de valor inestimável. E como o professor também é um ser inacabado, a experiência numa sala de aula pode e deve ser uma grande oportunidade de ensinar aprendendo e aprender ensinando. No cômputo final, o resultado será uma grande experiência conjunta que faculta a ambas as partes momentos de embelezamento mútuo. Se você tem o elemento humano sob sua responsabilidade, lembre-se da importância dessa nobre tarefa e seja um artista dedicado a embelezar as almas dos seus educandos, pois é de almas belas e nobres que a Humanidade precisa.
 * * * 
Você, que é professor, antes de iniciar a sua aula, olhe para os rostos que estão à sua frente e lembre-se de que são almas prontas a absorver suas lições. E não serão somente as instruções formais que irão captar, mas, acima de tudo, essas almas absorverão suas vibrações de amor, dedicação e entusiasmo com que se dirige a todos. Afinal, ensinar é uma arte que requer mais do que simplesmente transferir informações. É a sabedoria de criar possibilidades para que cada aluno se produza e se construa a si mesmo com os elementos de reflexão que recebe do seu mestre. Pense nisso, e seja um bom escultor de almas. 
Redação do Momento Espírita, sob inspiração de uma fala de Sandra Borba Pereira, em Curitiba-Pr, no dia 12/03/2005. 
Em 05.09.2008.

sábado, 12 de outubro de 2019

O ESCULTOR DE ALMAS

O nobre carpinteiro de Nazaré era um extraordinário escultor de almas. Numa época plena de preconceitos e discriminações, Ele acolhia a todos. À mulher adúltera convidou que se erguesse, recompusesse sua vida, mas não tornasse a errar. Ele frequentava a casa de amigos, conhecidos e até de desconhecidos, e com eles fazia as refeições. Enquanto se alimentava, oferecia o pão da vida aos que partilhavam a refeição. Conhecedor das limitações humanas, amou incondicionalmente a Humanidade. Ofertou o perdão como dádiva generosa para que a criatura tivesse a chance de recomeçar, de tentar outra vez e outra mais. Refinado na arte de pensar, ensinava tesouros de sabedoria com poucas palavras. Os mansos herdarão a Terra, lecionou. Diferente do poder do mundo, Ele prometia os territórios do Seu reino para os que vivenciassem a mansidão. Estimulando os homens a pensar, convidou a que observassem os pássaros do céu e as flores dos campos. Nas entrelinhas, Ele ensinava que o homem deve aprender a olhar para a natureza e desfrutar da sua beleza. Deve erguer os olhos ao céu e não somente mantê-los fixos nas coisas da Terra. Profundo conhecedor da alma humana, trabalhava a emoção das criaturas. Tomou a juventude do Apóstolo João, arrebatado, e lhe esculpiu a emoção. Ele se tornou o poeta do amor. Tomou da experiência do Apóstolo Pedro e o convidou a ser pescador de almas. Ouvindo a disputa entre os discípulos, discorreu sobre quem seria o maior, no reino dos céus. Tomou da lâmina do Seu exemplo, para entalhar nas suas almas o exato cumprimento do dever. Por isso se fez pequeno, ao ponto de somente admitir estar acima das pessoas quando foi cravado na cruz. Ouvia perguntas absurdas e pacientemente trabalhava nos becos da alma dos que O buscavam. Tomou de uma semente de mostarda para falar do vigor da fé. Serviu-se de imagens da natureza para as lições da sabedoria. Tudo para ensinar que nas pequenas coisas se escondem os mais belos tesouros. Escultor de almas, trabalhou pacientemente as pessoas consideradas escórias da sociedade. A todas ensinou a arte de amar. Trabalhou com pessoas difíceis para mostrar que vale a pena investir no ser humano. Finalmente, ensinou com Seu exemplo que a felicidade não está nos aplausos da multidão ou no exercício do poder. A Sua conduta expressou que a felicidade se encontra nas avenidas da emoção e nas vielas do Espírito.
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Aprendamos com o Mestre da vida a ter uma vida rica social e emocional. Voltemos a fazer coisas simples. Andemos descalços na areia, cuidemos de plantas, criemos animais. Façamos novos amigos, conversemos com vizinhos, cumprimentemos as pessoas com um sorriso. Leiamos bons livros, meditemos sobre a vida, escrevamos poesias. Rolemos no tapete com as crianças, façamos do nosso ambiente de trabalho um oásis de prazer e descontração.  
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 2, do livro O mestre do amor, de Augusto Cury, Academia de Inteligência (Coleção Análise da Inteligência de Cristo). 
Em 19.12.2014.

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

ESCUDO CONTRA A DEPRESSÃO

Ursula Nuber
As estatísticas mostram que um número significativo de pessoas sofre de depressão. E as vítimas são cada vez mais jovens, afirmam os especialistas. Sofrer de depressão é muito mais do que se sentir triste por causa de algum problema. É não encontrar mais prazer em nada, não conseguir tomar decisões, perder a esperança e se tornar descrente de tudo. Não haverá um amanhã é a tônica de muitos depressivos. Enquanto a ciência trabalha para identificar as causas desse terrível mal, os que sofrem de depressão podem fazer algo para fortalecer a própria resistência. 
Primeiro: tenha pensamentos otimistas. Ninguém nasce pessimista. Pensar de forma negativa é alguma coisa que se aprende e que pode ser esquecida. Por isso, quando alguma coisa sair errada, não se ache incompetente. Pense que é apenas um caso isolado, que não deve ser generalizado. Reconheça que você não é o único responsável por tudo. Lembre que tudo passa e amanhã tudo estará melhor. Quem sabe, daqui a pouco mude o panorama. Você já percebeu como a natureza se apresenta chorosa, o céu com nuvens pesadas e escuras, e logo mais o sol brilha forte, o calor chega, as poças de lama secam e tudo está belo outra vez? Assim também é a vida. 
Segundo: tente relaxar mais - trabalhe, mas programe o seu dia para ter seus momentos de descontração. Não deixe de ler algo positivo, edificante. Ouça músicas que lhe acalmem o coração e os pensamentos. Saia para um passeio sem compromisso de ir a lugar algum. Dê uma volta na quadra. Vá até a praça olhar as crianças brincarem. Deixe o sol lhe acariciar o rosto e o vento lhe desarrumar os cabelos. Vá para o jardim. Plante uma flor. Pode a roseira. Ajeite os galhos dos arbustos. Frequente o teatro, uma boa roda de amigos, a praia e o campo, diversificando sempre, para não criar monotonia. Afeiçoe-se a um trabalho no bem, auxiliando uma instituição, contribuindo e sentindo-se útil, responsável.
Terceiro: procure apoio social – quem sofre de depressão, tem a tendência a se fechar e a querer resolver tudo sozinho. Por isso, converse com alguém em quem você confie. Alguém que seja capaz de avaliar seus problemas e ajudar você a resolvê-los. Pode ser um amigo especial, um irmão de crença, um grupo de autoajuda. Por vezes, o depressivo acha difícil até mesmo pensar em deixar suas quatro paredes. Entretanto, o esforço vale a pena. Visite um templo religioso e confie-se a um diálogo fraterno. Ou, então, procure um profissional especializado para falar, desabafar e receber sugestões para levantar a sua autoestima. 
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Não se permita descer ao fundo do poço, nem cair aos últimos degraus da depressão. Se árvores floridas, pessoas felizes e risos lhe causam inveja e o incomodam, comece a exercitar, desde agora, as regras do escudo contra a depressão. A vida é preciosa demais para não ser vivida em totalidade. E vivê-la em totalidade é produzir coisas positivas, sentir-se feliz e fazer os outros felizes. É contribuir para o bem-estar de alguém. É sentir-se responsável por uma criatura, uma planta, um vaso de flor, um animal, uma tarefa qualquer. Afinal, todo o sentido da vida se resume no amor, pois todos fomos criados pelo Amor de Deus. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Como vencer a depressão, de Ursula Nuber, de Seleções Reader´s Digest, de setembro de 2001. Em 30.11.2013.