domingo, 31 de janeiro de 2016

Boa Vontade

A importância da boa vontade nos feitos humanos é bastante difundida. É comum ouvir-se de alguém que tem vontade de fazer algo útil. Por exemplo, que se sente chamado a desempenhar alguma tarefa. A vontade é um precioso atributo do Espírito imortal. No princípio do processo evolutivo, o ser é grandemente guiado pelos instintos. De modo gradual, sua razão se desenvolve e ele passa a agir com liberdade. Dentre várias opções, elege a que lhe parece melhor. É então que a vontade se manifesta como um poderoso impulsionador do progresso. Ela se relaciona com o sentimento, com o querer, com os anseios do próprio coração. Ocorre que a boa vontade não é um processo mágico que torna tudo imediatamente possível. Não basta querer para realizar. Quem realmente tem boa vontade estuda e trabalha para adquirir condições de desempenhar bem a sua tarefa. Assim, a boa vontade é um fator imprescindível para o sucesso de um empreendimento. Se não houver uma vontade firme, um querer profundo, as dificuldades crescem de importância. À míngua de um ideal forte, o homem esmorece. Caso não se sinta valorizado, desiste. Se o resultado demora, acha que o esforço não compensa. Entretanto, quando ele realmente deseja algo, encontra forças para seguir em frente. Se a vontade é mesmo boa, firme e valiosa, então muito se torna possível. Não apenas pelo desejo ardente, mas pela disposição de fazer o que for possível e necessário. Convém ter essa realidade em mente quando se proclama a própria boa vontade. Se o desejo é se dignificar pela conduta correta, as tentações do mundo nunca são fortes demais. Quem tem o real propósito de se manter puro, gasta um tempo a estudar a própria realidade íntima. Não teme admitir suas fraquezas, como uma fase necessária para superá-las. Só porque cai algumas vezes, não desiste do propósito de elevar-se. Do mesmo modo, quem de fato deseja algo realizar de bom não mede esforços. De forma racional, procura tornar-se competente na tarefa eleita. Aproxima-se de quem já a desempenha bem e o auxilia. Não quer brilhar de imediato, em altos postos. Aceita de bom grado desempenhar papéis modestos, nos quais lentamente se habilita e aperfeiçoa. Não desiste enquanto não consegue seu intento. Bem se vê como a boa vontade é preciosa como recurso de aprimoramento. Contudo, ela não prescinde de esforço, de trabalho e de estudo. Ao contrário, quem realmente tem boa vontade aprende a fazer direito. Pense nisso.
Redação do Momento Espírita. Em 28.02.2011.

sábado, 30 de janeiro de 2016

BOA VONTADE E SIMPATIA

Malba Tahan
Um homem adquiriu uma fazenda, e dias depois encontrou-se com um de seus novos vizinhos. 
-O senhor comprou esta propriedade? – Perguntou-lhe o vizinho em tom quase agressivo. 
-Comprei-a sim, meu amigo! 
-Pois sinto lhe dizer que vai ter sérios aborrecimentos. Com as terras, comprou também uma questão nos tribunais. 
- Como assim? Não compreendo! 
-Vou explicar. Existe uma cerca, construída pelo proprietário anterior, fora da linha divisória. Não concordo com a posição dessa cerca. Desejo defender os meus direitos, e assim irei fazer! 
- Peço-lhe que não faça semelhante coisa – pediu o novo vizinho – acredito na sua palavra. Se a cerca não está no lugar devido, iremos e consertaremos tudo de comum acordo. 
- O senhor está falando sério? – Exclamou o antigo morador. 
-É claro que estou!
- Pois se é assim – respondeu o reclamante – a cerca fica como está. O senhor é um homem honrado e digno. Faço mais questão de sua amizade do que de todos os alqueires de terra. Assim, os dois vizinhos tornaram-se amigos inseparáveis.
 * * * 
 Que virtude magnífica é a boa vontade! Quantos conflitos poderão ser evitados, se nosso coração aprender a ouvir, a entender um pouco o outro. Que virtude magnífica é a simpatia! Essa maneira alegre e respeitosa de receber as pessoas, quando podemos exercitar a gentileza, quando podemos exercitar o sorriso. Tais virtudes estão dentro de uma maior, a mansidão. A mansidão que não permite que a ira encontre guarida em nossa alma. A mansidão que não se enfada por bagatelas, e nem toma como ofensa o que na realidade não é. A mansidão que nos prepara para o perdão, evitando qualquer pensamento de vingança. A mansidão que nos ensina a ser afáveis, gentis com todos, para que assim possamos colher bons frutos. Aqueles que são simpáticos, aqueles que são gentis, naturalmente são mais amáveis, isto é, mais fáceis de serem amados. Aqueles que procuram resolver as crises através do diálogo equilibrado, da boa vontade, facilmente escapam de criar para si inimigos, e assim vivem mais felizes. Dessa forma, recebamos sempre com simpatia e boa vontade aqueles que se aproximam de nós.
 * * * 
 Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra. Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus. Jesus foi a lição maior de brandura, de mansuetude. Seu bondoso coração encontrou resistências sem fim na alma dos homens da Terra. Foi injuriado, desrespeitado, agredido, mas conservou-se sempre pacífico e calmo. Que seu exemplo possa inspirar a modificação de nossas vidas, direcionando-as para a conquista de mais essa virtude. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Boa vontade, do livro Lendas do céu e da Terra, de Malba Tahan, ed. Record e no cap. XI, do livro O Evangelho segundo o Espiritismo de Allan Kardec, ed. Feb. Em 1.2.2013.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

BOAS MANEIRAS

A cansada ex-professora se encaminhou ao caixa do supermercado. Sua perna esquerda doía e ela esperava ter tomado todos os comprimidos do dia. Um para pressão alta, outro para a tonteira e outros tantos para as suas demais enfermidades. Pensando em sua vida, agradeceu a Deus por ter se aposentado há alguns anos, porque sentia que não tinha mais energia para ensinar. Antes de chegar na fila do caixa, viu um rapaz com quatro crianças e a esposa grávida. Ela não pôde deixar de notar a tatuagem em seu pescoço. Logo deduziu que ele estivera preso. Aquele tipo de tatuagem parecia muito próprio de presidiários. Continuou a observá-lo. Ele vestia camiseta branca e calças largas. Trazia o cabelo raspado. Pensou que ele era membro de uma gangue. E por isso, tentou deixar que o homem passasse na sua frente, na fila. 
-Você pode ir primeiro. – Ofereceu. 
-Não, a senhora primeiro. – Insistiu ele. 
Ela ainda disse que ele estava com crianças e a mulher grávida. Era justo que fosse atendido antes. Com um gesto largo e um sorriso, ele indicou o caminho para a ex-professora e disse: 
-Por favor, adiante-se. Devemos respeitar os mais velhos. 
Ela aceitou e caminhou, mancando, na frente dele. A professora que ainda existia nela não pôde desperdiçar o momento. Virando-se para ele, perguntou: 
-Quem lhe ensinou boas maneiras? 
O homem respondeu rápido: 
-A senhora, professora, na terceira série. 
 * * * 
Todo professor é um semeador. Exatamente como na parábola narrada pelo Mestre Jesus, algumas sementes poderão cair à beira do caminho, serem pisadas e comidas pelas aves do céu. Poderão cair sobre pedras e, por não terem raízes, após um tempo, fenecerem. Ou então cair entre espinhos e por eles serem sufocadas. Mas as que caem em terra boa, crescem e dão frutos. Como toda semente é única, uma dará frutos à proporção de trinta por um, outra cinquenta por um e outra ainda setenta e cem por um. O importante é se saber que toda semente lançada ao solo, cedo ou tarde, frutifica. Por isso mesmo, todos somos convidados a semear a boa semente, sem a preocupação da colheita. Às vezes, enquanto semeamos pode nos parecer que tudo é vão, mas os conceitos de honestidade, respeito, dignidade, que lançarmos ao solo da infância, algum dia se manifestarão. Assim, não nos cansemos de ensinar e exemplificar. O tempo transcorrerá, muitas situações haverão de se modificar. Contudo, a boa semente permanece no coração e rende frutos. 
 * * *
A aparente inocência da infância oculta bagagens alicerçadas ao largo de séculos de existências. Dessa forma, educá-la significa trabalhar para podar ou inibir a ação dos elementos perniciosos trazidos em sua intimidade. Ao mesmo tempo, incentivar as conquistas felizes, maduras e nobres. A infância bem educada dará ensejo à juventude bem estruturada, em termos gerais. Essa, por sua vez, propiciará o surgimento de uma sociedade de adultos honrados, honestos, fraternos. Em resumo, um mundo melhor.
Redação do Momento Espírita com base em texto de autor ignorado. Em 27.1.2015.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Bilhete a um garoto

José Wanderley Dias
Oi, garotão... Tu não lerás este bilhete... Mas tenho a certeza plena de que tomarás conhecimento do que aqui te direi. Chegaste e te foste embora... Durou muito pouco a tua permanência entre nós. Poderá alguém dizer, com precipitação, que viveste pouco... Teria razão, em termos meramente humanos... E não teria razão no absoluto: posto que viveste e viverás toda a eternidade... O fato é que a alegria de tua chegada foi logo substituída pela dor de tua partida... A felicidade de tua vinda foi marcada pelo luto de tua despedida. Valeu a pena tanto sacrifício? Valeu, garotão, fica inteiramente tranquilo quanto a isto... O amor não se mede em minutos ou em séculos: é grandeza que não pode ser quantificada, medida, pesada, calculada... Por isto mesmo é que trouxeste tanto sorriso e levaste contigo tantas lágrimas... Sabes que aprendemos contigo? Todos nós, garotão... Porque eras esperado, o esperado... E olha, não apenas no enxoval, tecido e bordado com tanto carinho por mãos de mãe, de tias, de avós... Eras esperado em cada coração, em cada pensamento... Tua gestação foi problemática, penosa... E que valor teve. Provou teus jovens pais... Em nenhum instante eles pensaram em desistir do sacrifício, da luta, dos riscos, até mesmo da vida, que o trazer-te ao mundo representava... Tu foste e és feliz, garotão. Sim, porque nós não acreditamos na morte, senão como começo e garantia de vida sem morrer... Não passaste pelo dissabor de não seres aceito. Pelo contrário, cada pulsar de teu coração que se formava era a alegria, a esperança, o anelo e sonho de todos que já te queriam bem, antes que nascesses. Quem nasce das dores aceitas é assim ainda mais querido e amado. Foi o que aconteceu contigo. As lágrimas não apagavam tua presença e até a faziam mais intensa, mais amada, mais feliz. Sabes que, como se isso fosse possível mesmo, tu uniste ainda mais os teus pais? Teu pai se comoveu, como pode um homem comover-se, com o heroísmo de tua jovem mãe. Dores, agonia, sofrimento, nada a afastava da missão e do conforto de trazer-te à luz. E tua mãe admirou ainda mais teu pai, moço na idade, maduro na tranquilidade aflita com que via passarem-se as horas de angustiosa expectativa, de presságios e de pressentimentos. E os dois se uniram. Compreendiam que vinhas do Alto. Por isto aceitaram, ainda que o fizessem em pranto, que para o Alto voltasses minutos após tua chegada. Viveste alguns minutos. E tua vida, tão curta em termos humanos, serviu para que várias dezenas de pessoas meditassem e compreendessem que a verdadeira vida, assim como o amor de que ela nasce, não pode ter fim.
 * * * 
Este texto foi escrito por um avô ao seu neto, neto que nasceu e respirou neste mundo por breve tempo. Mas é um hino à vida. Vida terrena e à vida imortal, do Espírito que nunca morre. Quando tantos pensam em ceifar vidas antes que venham à luz, quando tantos depreciam o nascer, quando tantos pensam em eliminar vidas no ventre materno, faz-se de importância pensar e meditar sobre esses versos, frutos do amor verdadeiro que compreende a gloriosa dádiva da vida. 
Redação do Momento Espírita, com base em crônica do jornalista José Wanderley Dias, publicada no jornal Gazeta do Povo, de 14 de maio de 1986. Em 11.02.2011.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Bezerra de Menezes

No Brasil, um dos espíritas que mais se destacou foi Bezerra de Menezes, o consolidador da Federação Espírita Brasileira. Cearense de nascimento, mostrou-se desde cedo inteligente. Aos seis anos sabia ler e, aos vinte anos, sozinho, chegou no Rio de Janeiro com trinta e oito mil réis no bolso e uma esperança imensa no coração. Precisou lecionar para se sustentar. Às vezes passava grandes privações, quando a fé em Deus e a prece o amparavam. Estudava pelas bibliotecas e comprava livros de segunda mão. Sorriso bondoso, gestos elegantes e nobres, palavras meditadas, foi sempre um conselheiro e um guia. Impecável como estudante, sua nota em exame era habitualmente ótima com louvor. Concluiu o curso de medicina aos vinte e cinco anos. Abriu um consultório, com um colega, no centro da cidade. Enquanto em sua casa, o número de enfermos ia crescendo pois eram atendidos de graça, a sua clínica no centro da cidade ficou às moscas, por meses. Ingressando no exército, com o posto de cirurgião-tenente, dedicou-se à cirurgia, onde foi notável. Não abandonou sua clientela pobre. O que ganhava de um lado gastava do outro. Era o atendimento gratuito, depois o dinheiro para o medicamento, o leite da criança até o caixão para o pobre morto. Casou-se por amor e ficou viúvo com duas crianças de três e um ano. Tornou a se casar, ainda por amor. Gostava de escrever e logo ficou conhecido como jornalista elegante. Aos vinte e nove anos, foi eleito vereador. Aos trinta e seis, deputado geral. Durante sua atividade política, combateu os desmandos, as roubalheiras, os escândalos. Pouco antes da Proclamação da República, seu nome figurou numa lista tríplice para senador pelo Rio de Janeiro. Em dezesseis de agosto de 1886, o eminente cidadão, político, jornalista e médico proclamava aos quatro ventos a sua adesão ao Espiritismo. Mais de mil e quinhentas pessoas lhe ouviram o discurso pronunciado no salão nobre da Guarda Velha, no Rio de Janeiro. Bezerra de Menezes colocou sua pena a serviço da religião espírita cristã, desde o primeiro artigo que assinou, em janeiro de 1887. Presidente da Federação Espírita Brasileira, por duas vezes, fez com que crescesse a admiração e o respeito de todos os espíritas pela instituição nacional. Ficou conhecido como o Kardec brasileiro, líder do Espiritismo, tendo sido intensa sua atividade em defesa dos direitos e liberdades dos espíritas contra certos artigos do Código Penal. Tão grande era seu coração, na prática do bem, que o povo passou a chamá-lo médico dos pobres. Viveu e morreu modestamente, distribuindo com os necessitados tudo que possuía. No dia 11 de abril de 1900, desencarnou. Espírito de escol deixou luminoso rastro em sua existência terrena. Abolicionista inflamado, o Apóstolo do Espiritismo no Brasil, prossegue se consagrando mais de perto à transformação gradual das longas fileiras de infelizes. O francês Léon Denis, um dos discípulos de Allan Kardec declarou, do outro lado do Atlântico: Quando tais homens deixam de existir, enluta-se não somente no Brasil, mas os espíritas de todo o mundo. Curiosidades Na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro há um quadro a óleo, representando Bezerra de Menezes em tamanho natural. Foi oferta da colônia portuguesa residente naquela cidade que, na placa, presta homenagem ao grande talento e honrado caráter do doutor Adolfo Bezerra de Menezes. Com o pseudônimo de Max ou as iniciais A.M., ele escrevia artigos na imprensa leiga e espírita. Como vice-presidente da Federação Espírita Brasileira traduziu do francês Obras Póstumas, de Allan Kardec, que foi publicado em 1892, no Brasil.
Redação do Momento Espírita, com base na biografia de Bezerra de Menezes, do livro Grandes vultos espíritas do Brasil, ed. FEB e no livro Bezerra de Menezes, de Canuto de Abreu, ed. FEESP. Em 30.9.2013.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

O BERÇO DE JESUS

Donald Spoto
Ao se estudar as origens de alguns símbolos do Natal, referimo-nos a Francisco de Assis como o criador do presépio. Antes dele, o presépio fazia parte dos hábitos da época de festas natalinas nas catedrais romanas e em outras localidades. Contudo, o pobrezinho de Assis fez algo muito especial naquele dezembro de 1223. Ele foi a um lugar de retiro, distante cinquenta quilômetros de Assis, perto de Greccio. Ali se hospedou com alguns frades. Pedindo o auxílio de um nobre da cidade, preparou um significativo memorial de Natal. Reportando-se ao Evangelho de Lucas, no Novo Testamento, que narra o nascimento de Jesus em uma manjedoura e, a um versículo do Velho Testamento, que se refere a que o boi conhece seu dono, e o jumento conhece a manjedoura de seu patrão, ele idealizou a cena. Pediu que fossem trazidos animais e os amarrou próximos a um casal local com seu filhinho. Eles representavam José, Maria e o Menino Jesus. Como os Evangelhos se referem a magos e pastores, Francisco pediu a alguns frades que os representassem. E, assim, naquela véspera de Natal do ano de 1223, Greccio se tornou uma nova Belém.
A pregação de Francisco, na noite iluminada por velas e tochas, foi sobre a humildade e a pobreza de Jesus. Ao contrário da tônica severa das pregações medievais, ele falou da doçura de Jesus. Era a mensagem de que Ele Se oferece para nascer no coração de cada homem, a cada dia. Era a grande evocação ao nascimento do Ser mais perfeito que a Terra já conheceu. Jesus não era o remoto fundador de uma grande religião. Ele viera para lecionar o amor, amando aos Seus irmãos, vivendo com eles, sofrendo-os e auxiliando-os. Trazia Francisco, com aquela dramatização, a mensagem de uma nova forma de oração que se concentrava no nascimento de Jesus, Sua vida e Sua morte. Findo o culto religioso da noite, Francisco ajudou o nobre a servir um banquete a todos os convidados. Para os animais, uma porção dupla de feno e aveia. Para os pássaros, do lado de fora, grãos foram lançados. O amor de Jesus, personificado no Seu arauto de Assis, não esquecia criatura alguma. Todos eram irmãos. Todos criaturas de Deus, modeladas pelo amor do Pai. Aquela comemoração, para Francisco, não era uma peça sentimental de teatro, mas a representação simbólica de algo que pode e deve ocorrer todos os dias: o nascimento de Jesus nos corações daqueles que o desejarem. Ele trouxe o acontecimento do passado para o presente. Usou pessoas comuns em lugares comuns, com suas próprias roupas, para a dramatização. Tudo isso para dizer que Jesus não era uma personalidade distante, nascida em um local distante. Era o amor presente na vida de cada um dos seres para os quais Ele viera. Foi a partir dessa noite que a tradição do berço de Natal, da manjedoura, passou a ser uma das imagens religiosas mais conhecidas em todo o mundo, sendo reproduzida em telas, esculturas, impressa ou gravada, sempre com talento e emotividade. Pensemos nisso e ofertemos o nosso coração a Jesus como a manjedoura mais doce e mais terna para o Seu nascimento em nós. Porque... é Natal outra vez! 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Catorze (1223 – 1224), do livro Francisco de Assis, o santo relutante, de Donald Spoto, ed. Objetiva. Em 24.6.2014.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

BENS IMPERECÍVEIS

Você possui muitos bens imperecíveis? Talvez tenha lhe vindo à mente sua Declaração de bens e direitos entregue ao fisco no último exercício fiscal. Mas nós não estamos falando desses bens e sim dos bens da alma, realmente imperecíveis. Sim, quando voltarmos para o mundo espiritual, seremos identificados pelas nossas conquistas essencialmente espirituais. Sob esse ponto de vista as coisas ficam mais fáceis, pois todos temos possibilidades de angariar bens, já que eles independem de posição social ou financeira. No campo dos sentimentos, por exemplo, é possível que tenhamos uma lista grande dessas aquisições, desde que saibamos aproveitá-las. Valorizar um beijo carinhoso de criança... O abraço afetuoso de um amigo... A alegria do filho ao livrar-se das rodinhas auxiliares da sua bicicleta... A conversa com os pais e avós ao redor do velho fogão à lenha... O cheiro de mato molhado de chuva... O sol se despedindo no horizonte... A primeira flor, ofertada pelo nosso grande amor... A expressão de dor no olhar da filha que rompeu com o namorado... A explosão de alegria do filho que conquistou uma medalha nos jogos infantis. A desolação da filha quando lhe dissemos que não a levaríamos conosco na viagem de férias... Saber converter as relações estabelecidas por conveniência em amizade sincera... Com respeito à moral também há um imenso campo para joeirar e ajuntar bens imperecíveis. A humildade de pedir perdão por uma atitude equivocada... O respeito às ideias e opiniões dos outros... O cultivo da honestidade, ainda que a pouco e pouco. O sacrifício dos interesses próprios por amor à justiça. A caridade, que sabe perdoar e esquecer uma ofensa. A dignidade que não se deixa contaminar pelos interesses escusos. A sabedoria de não emitir opinião sobre um assunto que desconheça... E no campo intelectual há muito terreno para cultivar nossos bens imperecíveis. A leitura sistemática de tudo o que pode nos clarear a mente. Os questionamentos sinceros quanto à nossa natureza, origem e destino como seres humanos. A busca dos porquês da dor, das desigualdades intelectuais, morais e sociais. A derrubada do muro apodrecido do preconceito racial, religioso, cultural e social. Enfim, agora podemos avaliar o quanto de bens imperecíveis que já detemos e os que ainda estamos por conquistar. Mas, a verdade é que não sabemos de quanto tempo ainda dispomos na presente existência e, por essa razão, não podemos perder tempo. É preciso que valorizemos as horas e ajuntemos esses tesouros, aos quais Jesus se referia dizendo que o ladrão não rouba, a traça nem a ferrugem consomem. Pensemos nisso! Redação do Momento Espírita. Em 31.01.2010.

sábado, 23 de janeiro de 2016

OS BENS DA TERRA

Acontece vez ou outra. Passamos em frente a uma loja e lá está o aviso: “fechado para balanço.” É. A empresa parou um dia para fazer a verificação do estoque, entre outras tantas providências. É um dia em que pára o fluxo de clientes, das compras e vendas para tomar pé, verdadeiramente, do que existe no interior da loja, no almoxarifado, etc. Essa é uma providência que, cada um de nós, pessoa física, deveria tomar de vez em quando. Fazer um levantamento de tudo o que guarda em casa. Com certeza, iríamos descobrir coisas que nem lembramos mais que um dia guardamos. O jogo de toalhas bordado pela vovó e presenteado há muito tempo. Que nunca usamos. Para não estragar. Para não gastar. Mas, afinal para que ele nos foi dado? Algo tão bonito, primoroso, bordado com tanto carinho. Fica lá, no armário, guardado. Ninguém vê. Ninguém usa. Ninguém aproveita. A não ser as traças que, ao menor descuido, vão fazer belas e substanciosas refeições. E aquele conjunto de saia e blusa tão bonito? Está guardado há tanto tempo, que já passou da moda. Agora, não dá mais para usar mesmo. Mas nós o havíamos guardado para usar em uma ocasião especial. Que de tão especial ainda não chegou. E aqueles sabonetes em formato de concha adquiridos na feira de artesanato? Quanto tempo ficarão guardados? Para que? Logo mais eles perderão o perfume, perderão o colorido. Para que haverão de servir? Livros, roupas, guardados. Eles vão se acumulando. Esse fica guardado porque foi fulano que nos deu. Aqueloutro, porque nos recorda determinada ocasião. Convenhamos. As coisas são para serem usadas, aproveitadas. Guarda-se tanto que depois de algum tempo, acaba-se tendo que jogar fora. Ninguém aproveitou, nem aproveitará. Desapegar-se dos bens quer dizer também ter as coisas e servir-se delas. Tê-las para serem usadas, para atender as necessidades. Quem muito amontoa, não usufrui. Aprendamos a nos servir do que nos é dado ou do que adquirimos com o próprio esforço. Há quem compra um carro, mas não viaja com ele, para não gastá-lo. Não vai a determinados lugares porque pode ser estragado. A poeira, a estrada, a vizinhança. Sempre há uma desculpa para não o utilizar. Os meses passam. O carro continua novo. Mas não serve ao seu objetivo: ser meio de transporte. Há quem adquire calçados, guarda-os novos no armário, mas usa sempre o mesmo par, até acabar. As coisas são para servir ao homem, não para o escravizarem. Façamos um inventário do que temos em casa, desalojemos dos armários o que está guardado há muito tempo sem servir a ninguém. E coloquemos tudo a benefício nosso ou de quem precise. A propósito, para um exercício inicial, podemos começar com as coisas mais simples. Comecemos com o sabonete que somente ornamenta a pia ou está ainda guardado na caixa bonita, cheia de laços. Lembremos: a forma aprisiona. Demos a ele a chance de ser uma outra coisa. Uma espuma perfumada em nossas mãos. 
 *** 
É natural o desejo do bem-estar. É um direito de todos os homens o uso dos bens da terra. Servir-se deles com sabedoria é o que o homem deve buscar. Isso lhe constituiu ao mesmo tempo, uma prova, pelas tentações que propicia, quanto uma missão, para dar aos bens terrenos a melhor utilidade. Equipe de Redação do Momento Espírita.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

BENFEITORES INVISÍVEIS

Diz-se que, ao lado de grandes homens, existe uma mulher, esposa, irmã ou mãe, que lhe serviu de sustentáculo e apoio. Pois, por detrás de grandes conquistas ou eventos, em geral, existe um benfeitor, quase sempre ignorado das criaturas. Publicações preciosas, estudos científicos, descobertas, têm mecenas que abriram seus cofres e ofereceram valores para a sua concretização. Gabriel Delanne, considerado apóstolo do Espiritismo, pelo seu trabalho de divulgação, certa vez recebeu uma carta de uma senhora, que lhe pedia fosse a Versalhes, onde ela morava. Desejava, confessava ela, lhe dar conhecimento de algo importante referente ao Espiritismo. A carta estava escrita em papel inferior, redigida em termos obscuros, em estilo descuidado e cheia de erros de francês, além de falhas de ortografia. Delanne se sentiu tentado a desconsiderá-la. Todavia, após refletir, decidiu ir ao encontro que lhe era assinalado. A residência indicada, uma casa antiga, ficava num quarteirão distante, na extremidade de um subúrbio, nos fundos de velho pátio. Depois de tocar a campainha três vezes, ouviu um passo pesado e a porta se entreabriu. Delanne entrou, sentou-se e ficou observando o ambiente, que lhe pareceu estranho. Com um acento inglês, a mulher começou a expor a ideia de fundar um pequeno jornal para divulgar o Espiritismo. Mas, senhora, respondeu ele, é preciso dinheiro. Isso custa muito caro. A mulher se dirigiu, com seu passo pesado, para uma mala que Gabriel havia visto ao entrar. Ela a abriu, apanhou um maço de velhos papéis e retirou uma enorme pasta de couro. De uma das bolsas apanhou cinco notas de mil francos, que colocou, tranquilamente, diante de Delanne. Naquela época, ano de 1883, cinco mil francos representavam uma soma com a qual se podia tentar uma operação comercial. Aqui está, disse ela. Para as primeiras despesas. Depois, eu fornecerei o mais que seja necessário. O senhor aceita redigir o jornal? E, foi assim, graças à generosa inglesa, que não era outra senão a senhora D’Espérance, médium de feitos extraordinários, ainda não conhecida na França, que a revista Le Spiritisme veio a lume, em março de 1883. Foi grande veículo de divulgação da nova doutrina. E Gabriel Delanne conservou a maior admiração por aquela que assim dispôs dos seus bens. Imensamente grato, gostava de narrar a seus íntimos a história do inusitado encontro e do exitoso final.
 * * * 
Para o seu messianato, também Jesus contou com pessoas bem aquinhoadas que financiavam Seu apostolado, Suas viagens e dos companheiros que Ele elegera para o colégio apostólico. Lucas, em Seu evangelho, cita Susana, Madalena, Joana, a mulher do intendente de Cusa. O trabalho do bem se realiza com o esforço de todos. E, cada qual colabora com o que tenha: uns dispõem dos valores, outros do seu trabalho e esforço pessoal. Assim se constrói o mundo novo. Ontem, hoje e amanhã.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 1, do livro Gabriel Delanne, vida e obra, de Paul Bodier e Henri Regnault, ed. CELD. Em 17.3.2015.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Benfeitora

A dor tem sido, em todas as épocas da Humanidade, uma constante entre os seres. Instala-se de forma inesperada e passa, a partir daí, a ser o centro das atenções, modificando planos, alterando rumos. Quando detestada, suas reações são violentas, tornando-se ainda mais forte. Quando aceita, seus efeitos são muito mais brandos. A verdade é que a dor se faz conhecida de todos e ninguém pode impedir-lhe a presença. Ela assume as mais variadas facetas e, depois que encerra um ciclo, prepara, para um novo cometimento, a sua oportuna aparição. Ora são as dificuldades econômicas que afligem, ora a solidão afetiva que o dinheiro não consegue aplacar. Ali é o ódio que dilacera os tecidos íntimos do ser, acolá são as garras das enfermidades irreversíveis que reduzem a pó as mais sinceras esperanças. São amores que partem para o outro plano da vida, sem nem mesmo um último adeus. São mentiras que destroem sonhos e afastam corações amigos. A dor, como ferramenta divina de depuração, submete e atinge, sem exceção, todas as criaturas. Os prepotentes, que a desconsideram, não chegam ao termo da jornada sem experimentar-lhe a companhia. Os orgulhosos, que a desprezam, considerando-se inalcançáveis, encontram-na logo adiante. Seu cerco é invencível. Instrumento da Lei de Deus, a dor serve como benfeitora anônima que a todos visita. Sua ação não é resultado do acaso, tampouco pode ser considerada como uma ocorrência injusta. Nossas atribulações nada mais são do que consequências de equívocos do passado, exigindo a cabível reparação e o devido resgate. São repercussões da violação das Leis Divinas. São ocasiões benditas de aprendizado e refazimento. Você, que conhece Jesus, receba essa benfeitora sem rebeldia, sem lamentações. Aproveite essa oportunidade para despertar para novos valores da vida, que permanecem desprezados. A dor, que a muitos amesquinha, humilha e atordoa, deve constituir estímulo de crescimento e evolução, a fim de que você alcance a grande vitória sobre si mesmo. Não tema. Não se deixe dominar pelo sofrimento e pela sensação de autocomiseração. Quando um motivo de dor ou de contrariedade o atingir, eleve-se acima das circunstâncias, dominando os impulsos de impaciência, de cólera ou de desespero. Você pode, pela própria vontade, domar ou vencer a dor, ou, pelo menos, fazer dela meio de elevação. A dor serve para polir, lapidar, esculpir e edificar as verdadeiras qualidades do Espírito imortal. Lembre-se que são bem-aventurados os aflitos porque têm a oportunidade de provar a sua fé, a sua firmeza, a sua perseverança e a sua submissão à vontade de Deus. E porque passada a tempestade, eles terão as alegrias que lhes faltam na Terra. 
 * * * 
A felicidade não é desse mundo. A dor será necessária enquanto os homens não pautarem seus atos, pensamentos e palavras de acordo com as Leis eternas. Todas as aflições do presente são frutos de um passado equivocado. Nem a fortuna, nem o poder, nem mesmo a juventude em flor são condições essenciais à felicidade. Há pessoas que detêm tudo o que falta a outros e também não se sentem, felizes. Utilize a fé como remédio certo para o sofrimento. Ela aponta sempre os horizontes do Infinito, ante os quais se esvaem os poucos dias de sombra do presente. 
Redação do Momento Espírita, com base no livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb; do livro O problema do ser, do destino e da dor, de Léon Denis, ed. Feb e do livro Momentos de felicidade, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 30.12.2009.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

O BENFEITOR ANÔNIMO

JACK CANFIELD
Não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita. As palavras do Mestre de Nazaré foram colhidas pelo Apóstolo Mateus e inseridas no capítulo sexto do seu Evangelho. Certamente seguindo este especial ensinamento, é que aquele homem, muito rico, distribuía benefícios. Primava pelo anonimato. Certa vez, chegando em uma pequena cidade, a negócios, entrou em uma lanchonete para um rápido lanche. Observou que entre os garotos que brincavam na rua, um mancava por causa de um dos pés deformado. Chamando-o, lhe perguntou se o pé o incomodava, ao que o menino respondeu que não podia correr, como os demais. Também falou que precisava cortar um pedaço do sapato para poder pisar melhor. 
-Você gostaria de ter seu pé curado? – Perguntou o homem. 
-É claro! 
Respondeu o garoto, com os olhos brilhando. 
-Pois eu vou providenciar que seu pé fique normal. – Prometeu o estranho. 
Em seguida, pediu ao seu motorista que descobrisse o endereço do menino Jimmy, de oito anos. Depois, que falasse com os seus pais, conseguindo autorização para a realização da cirurgia. Não foi tarefa difícil ao empregado, pois todos conheciam o garoto do pé defeituoso. Ele encontrou uma casa muito pobre, com vestidos remendados e algumas camisas velhas no varal. Foi preciso conversar muito para convencer os pais que tudo não passava de armação. Afinal, disse a mãe, ninguém dá nada de graça. Mas o meu patrão, afirmou o motorista, costuma fazer isso sempre. Jimmy foi para uma clínica especializada e submeteu-se a cinco cirurgias. Tornou-se o xodó da enfermagem. O fiel motorista acompanhou tudo, a pedido de seu empregador, providenciando o que fosse preciso. Finalmente, chegou o dia de voltar para casa. Sapatos novos foram providenciados. Jimmy não cabia em si de contentamento e ansiedade. Quando o luxuoso carro parou na porta da sua casa, ele disse:
- Espere! Quero entrar sozinho. 
Os pais e os irmãos vieram à porta. E um menino de pés sem defeitos, calçando sapatos novos, desceu do automóvel e andou, sorridente, de braços abertos, ao encontro deles. Naquele Natal, o empresário ainda providenciou que toda a família fosse levada a uma grande loja da cidade, para que cada um deles escolhesse um par de sapatos. Jimmy se tornou um bem sucedido homem de negócios, e jamais soube o nome do seu benfeitor. Tudo porque seu benfeitor, Henry Ford, pioneiro da indústria automobilística americana, sempre dizia que é mais divertido fazer algo pelas pessoas quando elas não sabem quem lhes fez o bem.
 * * * 
Fazer o bem sem ostentação é grande mérito. Mais meritório ainda é ocultar a mão que dá. É mesmo marca de grande superioridade moral, porque renuncia à satisfação do aplauso dos homens. Os que assim agem, provam sua real modéstia e se enquadram exatamente no ensino evangélico: Não saber a mão esquerda o que dá a mão direita. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. O benfeitor secreto, do livro Histórias para aquecer o coração dos pais, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Jeff Aubery, Mark & Chrissy Donnelly, ed. Sextante e no cap. XIII, item 3, de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB. Em 5.10.2015.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

BENEVOLÊNCIA E FIRMEZA

CONFÚCIO
Conta uma lenda chinesa que, certa vez, achava-se Confúcio, o grande filósofo, na sala do Rei. Em dado momento, o soberano, afastando-se por alguns instantes dos ricos mandarins que o rodeavam, dirigiu-se ao sábio chinês e lhe perguntou: 
- Dizei-me, ó honrado Confúcio: como deve agir um magistrado? Com extrema severidade a fim de corrigir e dominar os maus, ou com absoluta benevolência, a fim de não sacrificar os bons? 
Ao ouvir as palavras do rei, o ilustre filósofo conservou-se em silêncio. Passados alguns minutos de profunda reflexão, chamou um servo, que estava por perto, e pediu-lhe que trouxesse dois baldes: um com água fervente e outro com água gelada. Havia na sala, adornando a escada que conduzia ao trono, dois lindos vasos dourados de porcelana. Eram peças preciosas, quase sagradas, que o rei apreciava muito. E, com a maior naturalidade, ordenou o filósofo ao servo: 
-Quero que enchas estes dois vasos com a água que acabas de trazer, sendo um com a água fervente e o outro com a água gelada! 
Preparava-se o servo obediente para despejar, como lhe fora ordenado, a água fervente num dos vasos e a gelada no outro quando o rei, saindo de sua estupefação, interrompeu-o com incontida energia: 
-Que loucura é essa, venerável Confúcio! Queres destruir estas obras maravilhosas? A água fervente fará, certamente, arrebentar o vaso em que for colocada e a água gelada fará partir-se o outro! 
Confúcio tomou então um dos baldes, misturou a água fervente com a água gelada e, com a mistura assim obtida, encheu os dois vasos sem perigo algum. O poderoso monarca e seus mandarins observavam atônitos a atitude singular do filósofo. Esse, porém, indiferente ao assombro que causava, aproximou-se do soberano e falou: A alma do povo, ó rei, é como um vaso de porcelana, e a justiça é como água. A água fervente da severidade ou a gelada da excessiva benevolência são igualmente desastrosas para a delicada porcelana. Por isso é sábio e prudente que haja um perfeito equilíbrio entre a severidade, com que se pode corrigir o mau, e a benevolência, com que se deve educar o bom. 
 * * * 
 Energia e doçura são medidas eficazes para uma educação bem sucedida. Jesus, o maior educador de todos os tempos, sabia dosar com equilíbrio essas duas medidas. Ordenava, com firmeza, aos Espíritos obsessores que se afastassem de suas vítimas, e eles obedeciam prontamente. Falava com ternura aos corações endurecidos e esses se abriam para receber a Boa Nova do Seu Evangelho. Expulsou, com energia, e sem violência, os mercadores do Templo, e perguntou com doçura a Saulo de Tarso na Estrada de Damasco: 
-Saulo, Saulo, por que me persegues? 
Jamais se intimidou diante dos fariseus hipócritas que desejavam confundi-Lo e perdê-Lo, nem deixou de responder com ternura às perguntas daqueles que tinham sede de saber. Portanto, a sabedoria do Mestre de Nazaré está a nos dizer que a alma humana é passível de ser corrigida e educada, mas que é preciso saber usar a energia e a doçura na medida certa. 
Redação do Momento Espírita, com base em texto de autor desconhecido. Em 08.05.2009.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

A BENEVOLÊNCIA

A sociedade atual, com todas suas novidades diárias, seu progresso tecnológico, suas conquistas e ganhos, não poucas vezes, nos assusta. As mudanças sociais são tantas e tão rápidas acontecem, que nos deixam, por vezes, sem rumo e sem parâmetros de comportamento. O que ontem era padrão, hoje entra em desuso. O que a pouco era frequente, já não se faz mais da mesma maneira. E já não sabemos como tratar o vizinho, como educar o filho, como conviver em família. A falta de referência e de padrão social de tal forma nos aturde que se torna habitual aqueles que se isolam, que evitam o contato com o próximo, que se fazem indiferentes à vida em sociedade. Não agem assim necessariamente porque são maus, apenas porque não sabem como fazer. E assim, preferem isolar-se. Não raro, pela opção do isolamento, tornam-se frios, arredios, quando não deprimidos, desenvolvendo as mais variadas síndromes e complexos. Mas, qual a melhor atitude a ter perante o próximo, nos perguntamos. Como agir, em uma época em que tudo muda e todos mudam? A melhor referência de comportamento social está dita, de forma lúcida e sintética, no Evangelho de Jesus: Não faças aos outros o que não queres que te façam. Ao aconselharmo-nos dessa forma, Jesus propõe que nossas ações sejam sempre as melhores, sejam aquelas que desejamos para nós mesmos. Em outras palavras, Jesus nos aconselha a agirmos com bondade, com afabilidade e benquerença para com nosso próximo. Portanto, a melhor opção, quando estivermos em dúvida de como agir, será optarmos pela benevolência, pelo bem. Assim, quando alguém nos pedir ajuda, o auxílio para o que quer que seja, se estiver ao nosso alcance e nos seja possível, que o façamos com a melhor boa vontade. Aí está a benevolência. Quando nos voluntariarmos para auxiliar alguém, que ofereçamos o que temos de melhor, do nosso tempo, da nossa capacidade, das nossas condições. Aí mora a benevolência. E, mesmo quando nada nos for pedido, podemos ter a benevolência como companheira em nossos dias. À cara fechada e mal humorada do balconista podemos responder com um sorriso simpático e um sonoro e sincero Bom dia. Aos achaques e destemperos daqueles a quem amamos, ofereçamos a boa palavra, o diálogo tranquilo, a atitude do equilíbrio e da harmonia. Tenhamos para com a vida a atitude perene da boa vontade, da bondade de ânimo ao agir com aqueles com quem convivemos no nosso dia-a-dia. E mesmo para o desconhecido. Será a benevolência que fará nascer em nossa intimidade a solidariedade e a afabilidade para com todos. Assim, optemos sempre pela benevolência, oferecendo nossa melhor parte para que a sociedade seja mais branda e fraterna. Isso que todos desejamos para nós mesmos. 
Redação do Momento Espírita. Em 17.03.2011.

domingo, 17 de janeiro de 2016

OS BENEFÍCIOS DO AUTOCONHECIMENTO

O autoconhecimento é importante em nossas vidas para nos entendermos melhor. Muitas vezes, ignoramos o real significado de algumas sensações que vivenciamos no nosso cotidiano, por não nos conhecermos profundamente. Pensamos estar doentes. Buscamos o parecer médico e o resultado nos frustra, porque nada é constatado, em nível físico. Quantas vezes nos sentimos debilitados, como que enfraquecidos, com sensações desagradáveis a nos invadir? Ou irritados, sem saber a causa? Quantos são os dias em que acordamos sem vontade de nada, até mesmo, de sair da cama? E quando nos perguntam o que está acontecendo conosco, nossa resposta é: Nada. Mas continuamos sem vontade de coisa alguma. 
* * * 
Importante seria que tivéssemos em mente que, além da realidade física e social, temos, atuante em nós, a realidade espiritual. Muitos não aprendemos ainda, mas à noite, quando dormimos, nos libertamos parcialmente do corpo e, dessa forma, participamos da vida espiritual. Esses momentos são importantes para nossa realidade espiritual, pois permitem que mantenhamos contato com amigos, amores e mesmo inimigos e desamores do passado de nossas vidas. Ao acordarmos, no corpo físico, trazemos gravadas no subconsciente as lembranças, acompanhadas de seus efeitos, que se refletem em nosso corpo. Pode acontecer que algumas dessas sensações interfiram em nosso estado de ânimo, parecendo-nos estar doentes, desanimados. Conscientemente, não sabemos explicar o porquê desse mal estar. Assim também, os momentos de alegria e disposição especiais, ao acordarmos, dão-nos a certeza de que vivemos bons momentos durante o sono do corpo. O sono físico é a porta pela qual Deus nos permite também, manter contato com nosso anjo da guarda, que nos aconselha e nos orienta. Grandes sábios da Humanidade tiveram o seu momento de glória nas suas invenções, depois de terem um sono ou mesmo um cochilo, em que visitaram certos locais espirituais ou receberam determinadas informações da Espiritualidade. Ou, ainda, sintonizaram com outras mentes criativas que os inspiraram a encontrar a solução para o que planejavam criar, inventar. Por isso tão importante é o uso de uma boa leitura e a oração sincera, antes de nos entregarmos ao sono, todas as noites. Essa atitude nos garantirá a presença de amigos espirituais, cujo contato nos haverá de beneficiar. 
* * * 
Nosso corpo funciona retratando o estado de ânimo do Espírito que o habita. As sensações, que nos parecem estranhas ou sem causa, podem estar ocorrendo em nível espiritual, refletindo-se no corpo físico. Na busca do autoconhecimento, bom que identifiquemos quem somos, espiritualmente falando, e como vivenciamos essa realidade. Ou seja: qual a qualidade dos nossos pensamentos e sentimentos, quais as emoções que predominam em nós, quais desejos alimentamos, pois essas são manifestações da alma que nos identificam com almas afins e nos permitem sensações agradáveis ou não. Com tal estudo, decifraremos muitas questões que nos parecem inexplicáveis e poderemos corrigir imperfeições que nos criam sintonias indesejáveis. Apliquemo-nos nisso. 
Redação do Momento Espírita. Em 17.7.2015.

sábado, 16 de janeiro de 2016

OS BENEFÍCIOS DA ATENÇÃO

Narra um psicólogo que um casal trouxe o filho ao seu consultório. Garoto de quatorze anos, cabeludo, foi descrito pelos pais como um terrível problema. Ele já havia fugido de casa inúmeras vezes, só retornando ao lar por interferência policial. O relacionamento entre pais e filho era muito ruim. A mãe chorosa disse ao psicólogo que não sabia mais o que fazer. Tudo que ela e o marido podiam, davam ao filho. Ele não tinha do que reclamar. Roupas, carro, dinheiro, viagens. E o comportamento não melhorava. O terapeuta iniciou uma série de sessões com o adolescente. Depois de algum tempo, conquistou a sua confiança e o jovem contou o seu drama emocional: Meus pais não ligam para mim. Dão coisas para mim, até o que nem quero. Mas, nunca fazemos alguma coisa juntos. Quando tento falar com meu pai, ele nem me olha. Muito menos me escuta. Já vai perguntando se eu quero mais dinheiro. Minha mãe vive a me criticar o cabelo, o brinco na orelha, mas nunca me ouve. Estava descoberto o problema. A causa da rebeldia do garoto chamava-se rejeição. Os pais lhe davam coisas materiais mas não se doavam a ele, em momento algum. Psiquiatras, psicólogos, educadores e religiosos já se posicionaram, oportunamente, dizendo que a melhor atitude pessoal para ajudar alguém em dificuldade, e em especial a juventude, é o domínio da arte de prestar atenção. O que quer dizer, se interessar pela pessoa. Ouvir como quem deseja mesmo se inteirar do problema. Observar atitudes que estejam a dizer: olhem para mim. Isso porque toda criatura humana sente necessidade de ser ouvida. A ausência dessa atenção causa muitos problemas psicológicos a crianças, jovens e adultos. Em verdade, a criança manhosa que fica puxando a saia da mãe ou o braço do pai, o adolescente revoltado, o desordeiro, até um determinado ponto estão gritando: eu quero a atenção de vocês. E quem de nós não pode ceder alguns minutos para ouvir? Quando Anne Sullivan encontrou a menina Helen Keller, cega, surda e muda, ela parecia em seus seis anos de idade um animal selvagem. Fechada em seu mundo, sem conseguir ser entendida, quando não faziam aquilo que ela queria, dava beliscões, pontapés, mordidas. Anne Sullivan realizou o milagre dando-lhe atenção. Atenção apoiada em afeição, motivada pelo interesse. Anos mais tarde, Helen Keller escrevia em suas memórias: “senti passos que se aproximavam. Estirei a mão, e alguém a pegou, fui levantada e segura pelos braços daquela que, vindo para me revelar todas as coisas, viera, acima de tudo, para me querer bem. Registrem na memória essa relíquia de pensamento: a moeda de ouro da atenção – aprendam a dá-la graciosa e alegremente, que os dividendos hão de voltar, derramando-se em vocês.”
 *** 
 Todos os seres humanos têm necessidade de segurança na jornada carnal, cheia de percalços. Os pais, os educadores, os adultos em geral são modelos para a criança, que os amará, copiando suas atitudes ou os detestará, também incorporando inconscientemente sua maneira de ser. O carinho na infância, o amor e a ternura, ao lado do respeito à criança são fundamentais para uma vida saudável. Não esqueçamos que os seres humanos que compõem a nossa sociedade, com seus diversos comportamentos, são a resultante da educação na família e do seu nível de consciência individual. 
Fonte: Revista Presença Espírita nº 219 de jul/ago de 2000 pág. 14 – Os benefícios da atenção de José Ferraz.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

O BENEFÍCIO DOS SONHOS

Ao nos enviar ao planeta Terra, a fim de que, ingressando na carne, trilhássemos a via do progresso, até alcançarmos as estrelas, Deus foi extremamente sábio e bom. Profundamente conhecedor dos Seus filhos, estabeleceu que, a cada noite, o repouso nos fosse exigido e mergulhássemos no sono. O sono é imprescindível para o equilíbrio da vida orgânica. A sua privação estabelece problemas de variada ordem: fadiga, diminuição dos reflexos, sonolência, envelhecimento precoce, queda da imunidade, dificuldade de concentração e problemas de memória. Importante para o refazimento orgânico, o restabelecimento de energias e o reequilíbrio das funções que acionam o corpo. Mas, algo especial acontece, quando dormimos. O corpo adormece e, nesse momento, ocorre a emancipação da alma. Ou seja, afrouxam-se os liames que atam o Espírito à matéria, e ele se desprende, parcialmente, rumando para os lugares de sua predileção.
Luciano Nassar
Quando retorna ao corpo, as lembranças que o Espírito imprima ao cérebro físico, se constitui no que denominamos sonho. Durante o sono, podemos viajar com os seres amados, que reencontramos além da cortina carnal. Poderemos ir a lugares conhecidos, estabelecendo essa admirável comunicação entre os que nos encontramos estagiando na carne e os que se encontram libertos do corpo físico. Quando temos aspirações nobres, nossas horas de sono podem ser aproveitadas para engrandecimento dos ideais, amadurecimento dessas aspirações, enriquecimento dos planos do bem. Também podemos receber aconselhamentos de Espíritos amigos. João Carlos Martins, o famoso pianista e maestro, conta uma singular experiência. Numa fase em que precisara abandonar o piano, sua paixão, desde menino, teve um encontro especial durante o sono. Um querido amigo, o maestro Eleazar de Carvalho, desencarnado no ano de 1996, lhe disse: Venha estudar regência e, então, você vai poder recomeçar uma nova vida. Não foi preciso nada mais. João Carlos decidiu que iria estudar regência. E, em plena madrugada, traçou planos: a regência seria uma missão de vida. Seria seu prazer pessoal, mas também iniciaria uma cruzada pela valorização dos músicos profissionais. Mais ainda: atuaria a favor da inclusão social, trabalhando com a formação musical de jovens carentes. Era o final de 2003. Ele tinha sessenta e três anos. E começou, no dia seguinte, uma nova vida. Graças a isso, nasceu a Orquestra Bachiana Filarmônica, única no Brasil inteiramente mantida pela iniciativa privada e pela bilheteria dos concertos. Foi a volta do amante da arte aos palcos. Sua grande dedicação e esforço lhe permitiram que, seis meses depois, estivesse à frente da English Chamber Orquestra, em Londres, gravando os seis concertos de Brandemburgo, de Bach. João Carlos não conseguia virar as páginas, nem segurar a batuta direito. Memorizou toda a obra para o sucesso da gravação. 
* * * 
Sonhos... Como é grande o amor de Deus permitindo esses belos encontros espirituais. 
Redação do Momento Espírita, com dados extraídos do livro A saga das mãos, de João Carlos Martins e Luciano Nassar, ed. Campus/Elsevier. Em 7.9.2013.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O BENEFÍCIO DOS REENCONTROS

Existem pessoas que se dizem religiosas, mas fazem a ressalva de que o são à sua maneira. 
-Não costumo ir à Igreja. - diz um. 
-Não frequento o Centro Espírita. - diz outro, e complementa: Mas eu creio em Deus, estudo, leio, faço as minhas orações.
A respeito dessa questão, o frequentador de uma Igreja escreveu para o editor de um jornal, reclamando que não fazia sentido ir à Igreja todos os domingos. 
-Eu tenho ido à Igreja por uns 30 anos, - ele escreveu - e durante esse tempo eu ouvi uns três mil sermões. Mas, por minha vida, eu não consigo lembrar de nenhum deles... Assim, eu penso que estou perdendo meu tempo e os padres e os pastores estão desperdiçando o tempo deles pregando sermões. 
Essa carta iniciou uma grande controvérsia na coluna de cartas ao editor, para prazer do editor-chefe do jornal. Por semanas, ele recebeu e publicou cartas sobre o assunto. Então, alguém escreveu: 
-Eu estou casado há 30 anos. Durante esse tempo, minha esposa deve ter cozinhado umas 32.000 refeições. Mas, por minha vida, eu não consigo lembrar do cardápio de nenhuma dessas 32.000 refeições. Contudo, de uma coisa eu sei. Todas elas me nutriram e me deram a força que eu precisava para fazer o meu trabalho. Se minha esposa não tivesse me dado essas refeições, eu estaria, hoje, fisicamente morto. Da mesma maneira, se não tivesse ido à Igreja, para alimentar a minha fome espiritual, eu estaria hoje, morto, espiritualmente. 
* * * 
O escritor, cuja carta encerrou a discussão a respeito do assunto de frequência ou não ao templo religioso, utilizou um excelente argumento. Trouxe à memória das pessoas que, quando se vai ao templo, seja a Igreja, a Sinagoga, o Centro Espírita, o que seja, somos agraciados com algo muito especial. Primeiro, com a riqueza imediata do reencontro com os companheiros que comungam da nossa mesma crença religiosa, que se pautam pelos nossos mesmos valores ético-morais. São amigos, companheiros de atividades que nos abraçam, sorriem, ofertando-nos o seu afeto... que nos sustenta. Quantas vezes chegamos tristes, um tanto desalentados por dificuldades que nos atormentam e esses amigos desanuviam a nossa psicosfera individual com suas presenças. Depois, a mensagem do dia que nos alcança, pela boca do padre, do pastor, do coordenador de estudos, permitindo-nos reflexões sempre renovadas. Reflexões que farão toda a diferença em nossa vida. E, enquanto nos é oferecido o ágape para o intelecto, o sentimento, através da exposição oral, do sermão, da palestra, somos envolvidos pelas generosas bênçãos espirituais. Sim, nosso Mestre e Senhor sempre Se faz presente e nos envolve em luz, em harmonia. Afinal, Ele preconizou que onde houvessem dois ou mais reunidos em Seu nome, ali Ele estaria. E Ele próprio, enquanto na Terra, inaugurou esses encontros e reencontros de bênçãos, reunindo-Se com os apóstolos, com os amigos, com os que O buscavam, para as elucidações a respeito do reino que Ele vinha fundar no coração dos homens. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base em texto colhido da Internet, intitulado Porque ir à Igreja, sem menção a autor. Em 01.10.2009.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

O BENEFÍCIO DA VERDADE

Clark Gable
Ele era um ídolo do cinema americano. Onde sua presença fosse anunciada, em avant-première ou qualquer outro evento, compareciam as multidões. No lançamento de um de seus mais famosos filmes, foi recepcionado, no aeroporto, pelo dobro de pessoas que habitavam a cidade. Um fenômeno. Representava na tela o ideal de muitos corações femininos: o homem que sabia amar, que enfrentava perigos, que defendia pessoas, mesmo que alguns dos seus papéis demonstrassem uma certa agressividade ou até desonestidade. Foi laureado pela Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood, com a estatueta de melhor ator, por duas vezes, na década de 1930. Iniciando sua carreira no teatro, foi no cinema que verdadeiramente conquistou fama e sucesso. Pois esse ator, como todas as pessoas que vivem sobre a Terra, passou por dores profundas. Em 1939, depois de mais um divórcio, parecia que ele encontrara o grande amor de sua vida. O casal passou a viver no rancho de sua propriedade e desfrutavam do prazer da convivência um do outro, entre os tumultos das próprias carreiras. Chamavam-se carinhosamente um ao outro de mãe e pai. Durante a Segunda Guerra Mundial, ele chegou a se alistar e participou de quatro missões na Força Aérea Americana. E Carole Lombard, sua esposa, participou da campanha pelos bônus de guerra. Desejando retornar para junto do marido com maior rapidez, em vez de seguir pela via férrea, ela tomou um avião. Nunca chegaria aos braços do marido. No dia 16 de janeiro de 1942, o avião bateu no Monte Potosi, em Nevada, nos Estados Unidos e morreram todos os 22 passageiros e tripulantes a bordo. A causa do acidente não foi revelada mas sabe-se que o avião voava fora do curso. E, para economizar energia, dado o período de guerra, as balizas de sinalização da área estavam apagadas. Clark Gable, o grande ator, entrou em um período de dor, talvez revolta, não conseguindo administrar emocionalmente a perda da esposa. Entregou-se ao vício do álcool e, andando pela casa, era ouvido a indagar: Por que, mãe? Por quê? A partir daí, a bebida se lhe tornou companheira por largo tempo, e talvez tenha contribuído para ele partir desse mundo, em plena madureza, aos 59 anos. O que ressalta disso tudo é como se faz difícil, para quem não tem conhecimento da vida espiritual, da vida além desta vida, conseguir assimilar a partida de um ser amado. Lembramos que Jesus afirmou que conheceríamos a verdade e a verdade nos libertaria. Sim, para quem conhece a verdade, a Imortalidade do Espírito, a morte não assume o aspecto de surpresa. Quem já aprendeu a verdade de que somente nos encontramos na Terra por um breve tempo, que a vida material é passageira, mas que todos sobrevivemos a ela, tem a dor da separação amenizada. Sofre pela ausência física do seu amado. Mas guarda a certeza de que ele vive, que o amor não morre nunca e que, em breve, o reencontro se dará porque chegará a nossa vez de retornarmos à Casa do Pai. Pensemos nisso e nos ilustremos nessas verdades anunciadas, desde épocas imemoriais, por muitos arautos da Imortalidade. Mas, especialmente, da forma mais lúcida e exemplar, pelo Excelso Rabi da Galileia. Lembremos: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Libertará da dor maior, do sofrimento insano, da incerteza, da desesperação, acendendo luzes de esperança no céu da saudade. 
Redação do Momento Espírita, com dados biográficos do ator americano Clark Gable. Em 21.02.2011.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A BENÉFICA INFLUÊNCIA DA MÚSICA

Teppo Sarkamo
No mês de março de 2008, a revista científica Brain divulgou um estudo realizado por cientistas da Universidade de Helsinque, na Finlândia, com pacientes que sofreram derrame cerebral. Sessenta voluntários participaram da pesquisa, divididos em três grupos. O primeiro, formado por pacientes que foram expostos à audição musical, por duas horas diárias. O segundo, por pacientes que ouviam livros–áudio. O terceiro grupo não ficou exposto a nenhum tipo de estímulo auditivo. Após três meses, os cientistas observaram que a memória verbal melhorara 60% entre os pacientes que ouviam música, comparado com apenas 18% do grupo dos livros-áudio e 29% entre os pacientes que não receberam estímulos auditivos. A pesquisa demonstrou ainda que os pacientes que ouviram música, durante a recuperação, revelaram uma melhora de 17% na concentração e na habilidade de controlar e realizar operações mentais e resolver problemas. Teppo Sarkamo, que liderou o estudo, disse que a exposição à música durante o período de recuperação estimula a atividade cognitiva e as áreas do cérebro afetadas pelo derrame. Além de ajudar a prevenir a depressão nos pacientes. A notícia é alvissareira e demonstra que, a cada dia, o homem avança no conhecimento, ampliando seus conceitos. Que cientista conceberia, em anos recuados, que a arte poderia auxiliar a recuperação do cérebro humano? Os que acreditam no Espírito, os artistas, os estetas, mais de uma vez sentiram o êxtase ao ouvirem determinadas peças musicais e falaram de suas propriedades. A respeito da ação da música, em março de 1869, o Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec estampou, em sua Revista Espírita, uma página mediúnica, assinada pelo consagrado Rossini. O compositor italiano Gioachino Antonio Rossini, autor de música sacra, de música de câmara e de trinta e nove óperas, dentre elas as célebres O barbeiro de Sevilha e Cinderela, escreveu: A influência da música sobre a alma, sobre o seu progresso moral, é reconhecida por todo o mundo. A harmonia coloca a alma sob o poder de um sentimento que a desmaterializa. Tal sentimento existe num certo grau, mas se desenvolve sob a ação de um sentimento similar mais elevado. A música exerce uma influência feliz sobre a alma. E a alma, que concebe a música, também exerce sua influência sobre a música. A alma virtuosa, que tem a paixão do bem, do belo, do grande, e que adquiriu harmonia, produzirá obras-primas capazes de penetrar as almas mais encouraçadas e de comovê-las. Por fim, diz o compositor que moralizando os homens, o Espiritismo exercerá grande influência sobre a música. Produzirá mais compositores virtuosos, que comunicarão suas virtudes, fazendo ouvir suas composições. 
* * * 
Utilizemos a música em nossa vida. A música que emociona, que eleva. Não há necessidade de se ouvir somente música erudita, clássica. Há tantos compositores populares, de tantos países, com músicas belíssimas, que encantam e extasiam os que as escutam. Busquemo-las e deixemos que nossa alma cresça, enchendo-se de sons, de harmonia, de beleza. 
Redação do Momento Espírita, com base em notícia colhida no Boletim SEI nº 2121 e no artigo Dissertações espíritas, da Revista Espírita, março de 1869, ed. FEB. Em 27.9.2013.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

BENDITA PÁTRIA

Luiz Marins
É lamentável a depreciação que os próprios brasileiros fazem do Brasil. Parece que uma onda de pessimismo varre o país de norte a sul. E o que mais e mais se ouve, se lê e se assiste são frases pessimistas e cheias de ranço. No entanto, os brasileiros mais esclarecidos sabem que temos muitas razões para falar bem do Brasil e bons motivos para enaltecer nossa bendita Nação. Segundo dados fornecidos pela Antropos Consulting, o Brasil é o país que tem tido maior sucesso no combate à AIDS e de outras doenças sexualmente transmissíveis, e vem sendo exemplo mundial. O Brasil é o único país do hemisfério sul que está participando do Projeto Genoma. Numa pesquisa envolvendo 50 cidades de diversos países, a cidade do Rio de Janeiro foi considerada a mais solidária. Nas eleições de 2000, o sistema do Tribunal Regional Eleitoral estava informatizado em todas as regiões do Brasil, com resultados em menos de vinte e quatro horas depois do início das apurações. O modelo chamou a atenção de uma das maiores potências mundiais: os Estados Unidos, onde a apuração dos votos teve que ser refeita várias vezes, atrasando o resultado e colocando em xeque a credibilidade do processo. Mesmo sendo um país em desenvolvimento, os internautas brasileiros representam uma fatia de quarenta por cento do mercado na América Latina. No Brasil temos catorze fábricas de veículos instaladas e outras quatro se instalando, enquanto alguns países vizinhos não possuem nenhuma. Das crianças e adolescentes entre sete e catorze anos, noventa e sete vírgula três por cento estão estudando. O mercado de telefones celulares do Brasil é o segundo do mundo, com seiscentos e cincoenta mil novas habilitações a cada mês. Na telefonia fixa, nosso país ocupa a quinta posição em número de linhas instaladas. Seis mil, novecentas e noventa empresas brasileiras possuem certificado de qualidade ISO 9000, maior número entre os países em desenvolvimento. No México são apenas trezentas empresas e duzentas e sessenta e cinco na Argentina. O Brasil é o segundo maior mercado de jatos e helicópteros executivos. Por que temos esse vício de só falar mal do nosso Brasil? Por que não nos orgulhamos em dizer que nosso mercado editorial de livros é maior do que o da Itália, com mais de cincoenta mil títulos novos a cada ano? Que temos o mais moderno sistema bancário do planeta? Que nossas agências de publicidade ganham os melhores e maiores prêmios mundiais? Por que não falamos que somos o país mais empreendedor do mundo e que mais de setenta por cento dos brasileiros, pobres e ricos, dedicam considerável parte de seu tempo em trabalhos voluntários? Por que não dizemos que somos hoje a terceira maior democracia do mundo? Que apesar de todas as mazelas, o Congresso está punindo seus próprios membros, o que raramente ocorre em outros países ditos civilizados? Porque não nos lembramos que o povo brasileiro é um povo hospitaleiro, que se esforça para falar a língua dos estrangeiros, gesticula e não mede esforços para atender bem o turista? Por que não nos orgulhamos de ser um povo que faz piada da própria desgraça e que enfrenta os desgostos sambando? É! O Brasil é um país abençoado de fato. Bendito país, que possui a magia de unir pessoas de todas as raças, de todas as religiões, de todas as cores... Bendito país que sabe entender todos os sotaques... Bendito país que oferece todos os tipos de climas para contentar toda gente. Bendita seja, querida Pátria chamada Brasil!
Redação do Momento Espírita com base em dados extraídos de matéria de Luiz Marins, Ph.D, diretor da Antropos Consulting, publicada no jornal Gazeta do Povo, de 07.09.2001. Em 10.03.2011.

domingo, 10 de janeiro de 2016

BENDITA DOR

LÉON  DENIS
Vivemos na Terra a existência necessária ao crescimento do Espírito imortal que somos. A luta que nos chega é um mecanismo que nos ensina e edifica. Em certos momentos da nossa caminhada, encontramos algum tipo de sofrimento, independente da posição social que ocupamos, do poder econômico ou do grau de evolução moral no qual nos encontramos. Mas, poucos temos consciência de que as dores bem suportadas nos conduzirão ao reino de Deus. Não que devamos ansiar por tristezas nem desconfortos, pois a felicidade é sempre desejada. Contudo, se Deus nos enviar para a luta, não desanimemos, agradeçamos e sigamos em frente. Aceitemos o problema que nos chega com uma atitude corajosa para enfrentá-lo, nos tornando capazes de buscar a sua solução. Essa é a resignação dinâmica que Deus espera que tenhamos. Diante do sofrimento, a resignação pelo amor é uma virtude que devemos desenvolver em nós. Ela é o resultado da confiança em Deus, acrescida à coragem para a luta. A dor provoca em nós uma ação misericordiosa e se soubermos observar o nosso íntimo, veremos que ela nos educa e nos impulsiona ao aperfeiçoamento. Embora os problemas, muitas vezes, nos pareçam desafiadores e insolúveis, não coloquemos sobre o olhar o peso da tristeza. Busquemos revestirmo-nos de ânimo e tranquilidade. A dor física é, em geral, um aviso da natureza. Ela nos alerta que algo não vai bem em nosso corpo e que alguma providência deverá ser tomada no sentido de buscar um tratamento ou modificar um hábito não salutar. Saibamos ver a dor que se apresenta, de forma leve e construtiva. Não nos fixemos nela como se fosse o foco principal de nossas vidas. As dores no mundo assumem a importância e adquirem o valor que nós lhes atribuímos. Uma grave doença pode ser encarada como uma bênção, se vivida por um Espírito confiante em Deus, pois esse irá considerá-la como um elemento purificador. De outro modo, algum leve incomôdo pode ser considerado um verdadeiro infortúnio, se vivenciado por uma alma que vive distante da sintonia com as Leis Divinas. Agradeçamos ao Pai que nos envia a dor e façamos dela oportunidade de redenção. Bendito será o dia em que aprendermos a amar as dores que nos chegam. Todas as criaturas de Deus estão destinadas à glória, mas somente serão completamente felizes quando alcançarem a perfeição. Por isso pôs Deus, nesta terra de aprendizagem, ao lado das alegrias raras e fugitivas, dores frequentes e prolongadas, para nos fazer sentir que o nosso mundo é um lugar de passagem e não o ponto de chegada. Gozos e sofrimentos, prazeres e dores, tudo isto Deus distribuiu na existência como um grande artista que, na tela, combina a sombra e a luz para produzir uma obra prima. 
Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais do cap. XXVI, do livro O problema do ser, do destino e da dor, de Léon Denis, ed. Feb. Em 14.06.2012.

sábado, 9 de janeiro de 2016

AS BÊNÇÃOS DE DEUS

JOANA DE ÂNGELIS
E
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Conta antiga história popular que, certa vez, um modesto trabalhador da terra encontrava-se no trato de sua gleba, arando o terreno, em um amanhecer de beleza arrebatadora. Acercou-se, então, um indivíduo muito bem vestido e, envolvido na soberba e na arrogância dos seus saberes, perguntou ao humilde lavrador: 
-Camponês, tu crês em Deus? 
-Sim, senhor, eu creio em Deus. - Respondeu-lhe simplesmente. 
-Então, retornou o materialista convicto, podes me mostrar um lugar onde Deus se encontra? 
E sorriu sarcástico. O homem simples olhou em volta, enquanto se apoiava no cabo da enxada. Depois, com naturalidade, respondeu: 
-Senhor, eu não sou capaz de mostrar um lugar onde Deus se encontra nesta paisagem de luz. No entanto, - continuou - eu peço ao senhor para me mostrar um lugar onde Deus não esteja. 
Tomado de espanto, o soberbo afastou-se desconcertado. 
* * * 
Assim se dá conosco. Quantas vezes, perante as coisas da vida, não nos damos conta dos presentes de Deus, de Suas obras a nosso serviço, a nos sustentar as necessidades da vida. Poucas vezes nos apercebemos de que mesmo nosso corpo, de que nos cremos proprietários, é obra de Deus, que no-lo empresta, para que a vida física se faça com a finalidade do nosso progresso. Os filhos, os amores, as lições de aprendizado no dia-a-dia, tudo é bênção de Deus que nos oferta, como Pai amoroso preocupado com as necessidades de Seus filhos. Deus Se encontra em toda parte, em toda a Sua obra. Desde a sinfonia dos astros, no espaço infinito, até o acelerado ritmo das micropartículas, na intimidade do átomo. É natural que, a cada época da Humanidade, conforme o desenvolvimento intelectual e moral, o ser humano busque entender Deus e O compreenda exatamente conforme suas capacidades de entendimento. Porém, à medida que vamos galgando conquistas morais e intelectuais, dilatam-se nossa percepção e entendimento da presença Divina, que envolve a tudo e todos sob Suas bênçãos. Será essa percepção da alma que nos levará a, naturalmente, louvar e agradecer a Deus, por tudo que Ele nos oferece. Será a partir daí que sintonizaremos com a Divindade, a fim de pedir Sua ajuda frente às provas naturais da vida, assim como para melhor nos integrarmos na harmonia da Criação. Assim, cabe-nos buscar perceber a presença de Deus em nossa vida. Nas dificuldades, nos dias mais intensos, será Deus o amparo e o sustento em nossas dores. Nas conquistas e nos dias de felicidade e paz, será Deus a companhia e o esteio, rejubilando-Se conosco pelas nossas vitórias. Aprofundar nossas reflexões em torno de Deus e Suas bênçãos é exercício diário que compete a cada um de nós. Só assim o nosso proceder será o do filho em gratidão, que compreende que todas as coisas que provêm do Pai são sempre na medida de nossas necessidades e capacidades. Assim procedendo, jamais a revolta ou a descrença em Deus, frutos da imaturidade espiritual, terá guarida na intimidade de nossa alma. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 1, do livro Entrega-te a Deus, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Intervidas. Em 20.05.2011.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

A BÊNÇÃO DO TRABALHO

O trabalho é uma lei natural. Da mesma forma que a alimentação e o sono, ele é imprescindível para uma vida equilibrada e saudável. A necessidade de laborar constitui um precioso auxiliar do progresso. Ao movimentar seu corpo e sua inteligência para atingir um objetivo, o homem aprimora-se. No setor profissional a criatura vê-se obrigada a certas disciplinas que depois carreia para os demais setores de seu viver. Em sua profissão, a pessoa precisa observar horários, ser gentil e cordata, acatar determinações dos superiores. Essa disciplina, com o tempo, burila os aspectos mais ásperos da personalidade. A obediência gradualmente vai reduzindo o âmbito de atuação da vaidade e do orgulho. A pontualidade torna-se um saudável hábito, que evidencia respeito pelos semelhantes. A gentileza, a princípio forçada, lentamente torna-se um modo de ser. A inteligência, ao concentrar-se na solução de específicos problemas, ganha novo brilho e expande-se. Assim, sob os aspectos intelectual e moral, o trabalho é uma bênção. Mesmo quem possui fortuna, necessita trabalhar como um imperativo de equilíbrio. É que o desempenho de um ofício dá ao homem a possibilidade de ser um elemento útil na sociedade. Essa sensação de utilidade faz bem ao ser humano, permitindo-lhe vislumbrar uma finalidade maior em sua existência. Contudo, muitas pessoas consideram o trabalho como se fosse um castigo. O final de semana é aguardado como uma libertação, ao passo que a segunda-feira é amplamente lastimada. Grande contingente de homens deseja aposentar-se o mais cedo possível. Eles não se preocupam se com isso se tornarão pesados para a sociedade, por inúmeras décadas. No anseio de livrar-se do dever de trabalhar, contam em anos, meses e dias o tempo que falta para sua aposentadoria. Tal modo de pensar e sentir evidencia uma percepção equivocada do viver. A vida não possui como objetivo o descanso. Descansar de forma periódica e temporária é necessário para a restauração das forças. Mas a finalidade da vida é o aperfeiçoamento contínuo, proporcionado pela utilização dos próprios talentos na construção de um mundo melhor. Ao tornar-se inativo, todo organismo vivo tende para a decrepitude. O movimento e a atividade garantem a manutenção do vigor. O problema é que muitos se equivocam na escolha de suas atividades. A ganância frequentemente faz com que a profissão seja escolhida mais pela boa remuneração que proporciona do que pela vocação. Ocorre que desempenhar voluntariamente uma atividade de que não se gosta, podendo-se optar por outra, constitui um enorme peso colocado sob os próprios ombros. O trabalho não se destina somente a garantir a sobrevivência. Ele também deve proporcionar satisfação íntima. É o que se dá quando alguém sabe que faz bem algo de que gosta e que possui utilidade para os outros. Mas mesmo quando não se ama a profissão exercida, é possível desempenhá-la com competência e boa vontade. Basta que o profissional sinta que está fazendo sua parte na construção de um mundo melhor. Que ele vislumbre a importância do que faz para a harmonia do meio social em que se insere. Assim, ame o seu trabalho. Considere-o uma bênção que o auxilia a ser melhor a cada dia. 
Redação do Momento Espírita. Em 11.05.2009.