Dizem que o ódio é o amor que enlouqueceu. E, quando se observam certas separações de casais muito bem se pode constatar essa verdade.
Também que a linha divisória entre o amor e o ódio é muito tênue.
Até há pouco diziam se amar e havia flores, mimos, abraços. Prazer na companhia um do outro. De repente, ei-los a buscarem advogados e cada um dos cônjuges a gritar mais alto pelo que assevera serem seus direitos.
Pensando assim, é que aquele conciliador adentrou a sala para a audiência de separação. Marido e mulher se sentavam um em frente ao outro. Ao lado dele, o advogado de ambos.
Para descontrair o ambiente, disse o conciliador: Estão sentindo este odor?
E, ante o espanto dos presentes, acrescentou: É amor! Sinto um cheiro forte de amor!
Logo, rápido como uma flecha de cupido, indagou: Existe a possibilidade de reconciliar?
Não, respondeu depressa e gelidamente o marido. A mulher começou a chorar baixinho, sem balbuciar palavra alguma.
O advogado disse que era o caso de homologar o desejo de ambos. O casal não tinha filhos, estavam casados há quatro anos, não havia bens a serem partilhados. Eles tinham pressa.
Então, o conciliador, paciente e consciente do seu papel, disse que gostaria de saber o motivo da separação.
Foi a vez do homem se exaltar: Ela me traiu!
Pela mente do conciliador, veio à lembrança uma passagem evangélica. Pareceu ver a pequena praça em Jerusalém, cercada de tamarineiras em flor, naquele final de dia, quando apresentaram ao Mestre uma adúltera...
Pediu permissão aos presentes e disse que Jesus perdoara a adúltera. Por que o perdão não poderia ser usado ali?
O advogado confessou ser o pastor dos dois. Eram protestantes e o caso caíra como uma bomba na igreja. Por isso, tudo deveria acabar logo...
A conversa foi seguindo, sem nenhuma pressa por parte do conciliador. Afinal, pensava ele, se estava tratando com duas vidas. Duas criaturas que se haviam unido por se amarem.
Depois de três horas de conversação, a mulher, que estivera calada o tempo todo, deu um grito e caiu de joelhos aos pés do marido.
Beijando as mãos dele, pediu perdão. Era uma cena comovente.
O marido não resistiu. Também chorou. Eles eram cristãos, ele aprendera os ensinamentos de Jesus. E, acima de tudo, ele amava a sua esposa.
Concedeu o perdão, tão importante para ambos e reconciliaram-se.
Ao saírem, o conciliador recebeu do advogado um forte abraço. Naquele gesto, dizia: Muito obrigado! Deus é contigo.
* * *
Todos os ensinamentos de Jesus são para serem utilizados em nossas vidas. A lição do perdão talvez seja das mais difíceis de assimilarmos e colocar em prática.
No entanto, é regra de felicidade. Quem se equivoca e se arrepende, necessita da oportunidade de redenção.
Todo aquele que se levanta da queda, encontra apoio em Deus.
O Pai Criador não desampara filho algum e, no rebanho de Jesus, sempre haverá um lugar para as ovelhas que retornam e desejam avançar.
Pensemos nisso e sejamos agentes do perdão.
Redação do Momento Espírita, com base no artigo O direito de família e a Doutrina Espírita, de Hélio Ribeiro, dirigente e expositor espírita de Niterói/RJ.Em 15.08.2011
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