quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

O BEM QUE FALTA

CHICO XAVIER E EMMANUEL
Em uma conhecida passagem do Evangelho, Jesus afirma que o homem vê mais fácil um argueiro no olho do irmão do que uma trave no próprio olho. Trata-se de uma velha fissura da Humanidade, consistente na hipocrisia. A criatura tende a desculpar em seu comportamento o que critica no agir do semelhante. Contudo, no estudo do aperfeiçoamento da conduta, o homem deve começar por vigiar a si próprio. Ele precisa corrigir-se em tudo aquilo que lhe desagrada no semelhante. Muitos pregam contra os desperdícios dos administradores públicos. Entretanto, instalam-se entre as paredes domésticas de forma exagerada. É como se acreditassem ser destinados a atravessar a existência em uma carruagem de luxo, sobre lixo dourado. Enquanto isso, muitos padecem de fome e de frio. Outros criticam as autoridades, afirmando que são os verdugos do povo. Mas, no recesso do próprio lar, esses críticos tiranizam os seus modestos auxiliares. Há os que amaldiçoam a guerra e todos os que a promovem. Contudo, no ambiente familiar, são truculentos quais feras selvagens. Incontáveis homens apregoam a necessidade da pena de morte para os que enlouqueceram na delinquência. Mas eles mesmos, perante pais, amigos e irmãos, manejam o punhal invisível da ingratidão. Muitos lideram primorosas campanhas de socorro à infância desprotegida. Ainda assim, enxotam, sem piedade, o primeiro menino infortunado que lhes roga auxílio. Há quem se orgulhe de sua inteligência e cultura e se diga incomodado com a ignorância alheia. No entanto, não se lembra de ensinar a quem ainda ignora as primeiras letras. Vários dominam os intrincados ensinos da filosofia e são capazes de falar com brilho sobre ética e virtude. Entretanto, encastelam-se no conforto individual, afirmando que a caridade é fábrica de preguiça. Outros ensinam com sabedoria sobre bondade e simpatia. Mas se movimentam, em seus recintos privados, entre melindres e aversões. Não há nada de errado em refletir sobre equívocos, em saber, em falar e em ensinar. Ocorre ser necessário conjugar reflexão, sentimento, palavras e atos, a fim de que o bem se faça pleno. Quem consegue identificar o equívoco alheio também consegue perceber a própria realidade, desde que deseje. Ninguém se torna sublime em um instante, mas é preciso tentar com sinceridade. Primeiro, silenciar em si o vício de criticar gratuitamente o semelhante. Segundo, retificar os próprios sentimentos e disciplinar os pensamentos. Por fim, habituar-se a fazer todo o bem possível, sem esperar aplausos. Para que você se pacifique, o bem que lhe falta não reside na conduta dos semelhantes. O que o há de pacificar e conduzir à plenitude é o bem que você pode fazer, com os recursos que já possui. Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. L, do livro Justiça Divina, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. Em 23.07.2009.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O BEM POSSÍVEL

Os Espíritos encarnam na Terra para cumprir uma dupla finalidade: eles devem progredir e concorrer para a melhoria da vida no planeta. Essas finalidades são naturalmente entrelaçadas, pois é na luta de cada dia que o Espírito se melhora. No plano espiritual, há muita preparação para esse evento tão importante que é o renascimento. Cada existência representa uma oportunidade preciosa. Os desencarnados são em número muito superior ao dos encarnados. Para conseguir uma reencarnação, em especial em condições que possibilitem muito aprender e trabalhar, é necessário esforço. O candidato estuda a si próprio, suas tendências e seu passado. Com o auxílio de dedicados mestres, traça o plano das tarefas que pretende desenvolver. Dedica-se ao estudo de virtudes, esforça-se por inculcar em seu íntimo as disposições mais favoráveis. Finalmente, renasce, rodeado de expectativas felizes e muitas promessas. É na Terra que deve colocar em prática as resoluções que tomou e tornar efetivos os estudos que fez. Dentre muitos candidatos, foi o escolhido para desempenhar determinadas tarefas. Consequentemente, responde pelo que faz da oportunidade recebida. A Espiritualidade Superior ensina que o homem no mundo assume responsabilidades não só pelo mal que faz, mas também pelo bem que deixa de fazer. Trata-se de algo natural, pois os recursos recebidos para atuação no globo terrestre são empréstimos da Divindade. Família, bens materiais, cultura, amigos, o ambiente em que se vive, tudo procede da Misericórdia Divina. O Espírito tem de seu exclusivamente suas conquistas intelectuais e morais. A ordem cósmica é que amorosamente o rodeia de santas oportunidades de trabalho. Na famosa parábola dos talentos, o Mestre falou a respeito de três servidores que receberam talentos conforme a própria capacidade. O servidor considerado infiel não foi lançado nas trevas exteriores por fazer o mal propriamente dito. Ele se limitou a enterrar o talento que tinha recebido de seu senhor. Consequentemente, todo o bem que poderia ter feito com esse talento passou a pesar negativamente em sua economia espiritual. É interessante ter essa realidade em mente para evitar se complicar com uma postura demasiado passiva. O contexto social clama por mudanças e essas devem ser obra dos homens. O mundo precisa se tornar mais justo e fraterno e cada um tem de agir, na conformidade de suas forças. Quem pode fazer o bem e se omite assume pesadas responsabilidades em face da vida. Não fazer o mal é muito pouco, é quase nada. O importante é fazer todo o bem possível. Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita. Em 21.09.2010.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

O BEM MAIS PRECIOSO

Conta o folclore europeu que há muitos anos um rapaz e uma moça apaixonados resolveram se casar. Dinheiro eles quase não tinham, mas nenhum deles ligava para isso. A confiança mútua era a esperança de um belo futuro, desde que tivessem um ao outro. Assim, marcaram a data para se unir em corpo e alma. Antes do casamento, porém, a moça fez um pedido ao noivo: 
-Não posso nem imaginar que um dia possamos nos separar. Mas pode ser que com o tempo um se canse do outro, ou que você se aborreça e me mande de volta para meus pais. Quero que você me prometa que, se algum dia isso acontecer, me deixará levar o bem mais precioso que eu tiver então. 
O noivo riu, achando bobagem o que ela dizia, mas a moça não ficou satisfeita enquanto ele não fez a promessa por escrito e assinou. Casaram-se. Decididos a melhorar de vida, ambos trabalharam muito e foram recompensados. Cada novo sucesso os fazia mais determinados a sair da pobreza e trabalhavam ainda mais. O tempo passou e o casal prosperou. Conquistaram os cônjuges uma situação estável, cada vez mais confortável, e finalmente ficaram ricos. Mudaram-se para uma ampla casa, fizeram novos amigos e se cercaram dos prazeres da riqueza. Mas, dedicados em tempo integral aos negócios e aos compromissos sociais, pensavam mais nas coisas do que um no outro. Discutiam sobre o que comprar, quanto gastar, como aumentar o patrimônio, mas estavam cada vez mais distanciados entre si. Certo dia, enquanto preparavam uma festa para amigos importantes, discutiram sobre uma bobagem qualquer e começaram a levantar a voz, a gritar, e chegaram às inevitáveis acusações. 
-Você não liga para mim! - Gritou o marido. - Só pensa em você, em roupas e jóias. Pegue o que achar mais precioso, como prometi, e volte para a casa dos seus pais. Não há motivo para continuarmos juntos. 
A mulher empalideceu e encarou-o com um olhar magoado, como se acabasse de descobrir uma coisa nunca suspeitada. 
-Muito bem, disse ela baixinho. Quero mesmo ir embora. Mas vamos ficar juntos esta noite para receber os amigos que já foram convidados. 
Ele concordou. A noite chegou. Começou a festa, com todo o luxo e a fartura que a riqueza permitia. Alta madrugada o marido adormeceu, exausto. Ela, então, fez com que o levassem com cuidado para a casa dos pais dela e o pusessem na cama. Quando ele acordou, na manhã seguinte, não entendeu o que tinha acontecido. Não sabia onde estava e, quando sentou-se na cama para olhar em volta, a mulher aproximou-se e disse-lhe com carinho: 
- Querido marido, você prometeu que, se algum dia, me mandasse embora eu poderia levar comigo o bem mais precioso que tivesse no momento.Pois bem, você é e sempre será o meu bem mais precioso. Quero você mais do que tudo na vida, e nem a morte poderá nos separar. 
Envolveram-se num abraço de ternura e voltaram para casa mais apaixonados do que nunca. 
* * * 
O egoísmo, muitas vezes, nos turva a visão e nos faz ver as coisas de forma distorcida. Faz-nos esquecer os verdadeiros valores da vida e buscar coisas que têm valor relativo e passageiro. Importante que, no dia a dia, façamos uma análise e coloquemos na balança os nossos bens mais preciosos e passemos a dar-lhes o devido valor. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto O bem mais precioso, do folclore do Leste europeu. Disponível no livro Momento Espírita, v. 1 e no CD Momento Espírita, v. 4, ed. FEP. Em 12.6.2014.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O BEM FAZ BEM A QUEM O PRATICA

Rodrigo Turrer
A frase não é inédita. Já a ouvimos muitas vezes. Contudo, parece que, a pouco e pouco, as pessoas começam a se convencer dessa verdade. Pesquisa realizada, nos Estados Unidos, pelo Instituto Gallup, demonstra que 95% das pessoas afirmam sentir bem-estar com o exercício regular da filantropia. Filantropia entendida como qualquer atividade que vise promover o bem-estar do semelhante. Independe de dinheiro e pode estimular outros à realização de ações a benefício de alguém. Exemplos existem muitos. Como o da atriz brasileira que, durante quase duas décadas, frequentou o presídio do Carandiru, desativado em 2002. Ali ela criou o projeto Talentos aprisionados, promovendo cursos de teatro, dança, artes plásticas e literatura. Ao descrever seu trabalho, ela o qualifica de recompensador, não só para quem ela ajudou, mas para si mesma. Há quem diga que as pessoas praticam filantropia para aliviar a própria consciência, sem resolver a raiz do problema de quem, pretensamente, estariam auxiliando. Nesse ponto, lembramos a frase de Madre Teresa de Calcutá: Se você não pode alimentar 300 pessoas, alimente apenas uma. Assim, saber que uma criança, por exemplo, está abrindo um presente doado por alguém, pode não ser suficiente mas faz bem. Fez uma criança feliz, mesmo que por breves momentos. Por um curto período, ela soube que sonhos podem se tornar realidade. E voltará a sonhar. E cultivar esperança. E a pessoa, com certeza, partilhou daquela felicidade. Por vezes, as pessoas se questionam se podem doar algo sem sair de casa. E a resposta é afirmativa. Há muitas maneiras de se engajar em campanhas contra a fome, a doença, propondo-se à doação de valores, itens não perecíveis, roupas, medicamentos. Contudo, quem, além de doar alguma coisa, doa a si mesmo, vai ao encontro do outro, melhor ainda se sente. Uma história emocionante é de uma dona de casa que, em três anos, coletou e doou mais de 4.500 litros de leite materno para bebês órfãos na África. Podemos ter ideia de quantas vidas terá salvo, com seu gesto? E como ela deve se sentir feliz, realizada? 
* * * 
Se você é dos que já se doa no trabalho, em casa, com familiares e acha impossível se doar mais, acredite, é possível. Este é um convite para você se engajar nessa rede sem fronteiras, pelo bem. Isso porque desejamos que você possa sentir a felicidade, o bem-estar por fazer o bem. E se você não sabe o que fazer, onde começar, principie olhando a sua rua, os seus vizinhos, o seu bairro. Verifique o que falta, quem tem necessidades. Indague no seu templo religioso, no clube que frequenta. Tenha certeza: sempre existe alguém, bem próximo a você, envolvido no bem. E você poderá ser mais um, nessa fieira de bondade. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Com a caridade na agenda, de Rodrigo Turrer, publicado na revista Época de 04.01.2010. Em 10.08.2010.

domingo, 27 de dezembro de 2015

O BEM E O MAL SOFRER!

Era uma tarde de outono. Em meio ao burburinho do cotidiano, uma jovem buscava organizar seus pensamentos para então tranqüilizar a mente e conseguir trabalhar. Mas era tão difícil. Por mais que buscasse organizar suas idéias, em poucos instantes seu pensamento vagava entre lembranças e aflições. Desconcentrava-se e afligia-se. Sentia vontade de sair correndo para longe. No entanto, sabia que seu desconforto nada tinha a ver com seu trabalho. Além disso, não seria um lugar qualquer que lhe devolveria a serenidade perdida. Era nisso que pensava quando olhou pela janela. Nuvens espessas e escuras escondiam o sol. As montanhas próximas pareciam ter sido engolidas por densa névoa. A luminosidade do dia dava lugar à certeza da tempestade que não tardaria a cair. Sentiu seu coração ainda mais pesado. Era como se o seu estado de espírito estivesse representado pelo cenário emoldurado na janela. Quando as primeiras gotas da chuva começaram a escorrer pela vidraça ela sentiu-se mais infeliz. O desejo de chorar só foi contido pela presença dos colegas de trabalho, alheios à sua dor. Baixou novamente os olhos na tentativa de retomar o trabalho quando encontrou, entre seus pertences, um papelzinho impresso. Era uma dessas curtas mensagens que se acham dentro dos chamados “biscoitinhos da sorte”. Era singelo, mas preciso: “depois da tempestade vem a bonança.” Reencontrar, naquele momento, quando a chuva caía pesada, o bilhetinho que recebera por acaso dias antes, parecia-lhe mais do que uma simples coincidência. Afinal, sentia-se em meio a uma tempestade. Problemas sérios invadiam sua vida. Era como se uma enxurrada estivesse arrastando para longe dela sua paz e sua felicidade. Olhou novamente para o pequeno papel e o releu. No instante seguinte, olhou para fora. Pensou:“para Deus nada é impossível.” Cobriu o rosto com as mãos e fez uma breve, mas sincera prece, rogando ao Pai força e coragem para prosseguir. Sentiu-se mais leve e acabou sendo envolvida, sutilmente, pelo trabalho. O telefone tocou, pessoas a chamaram para resolver questões profissionais, e assim foi. Sem que percebesse, seus problemas pessoais cederam lugar à concentração no trabalho que ha pouco lhe faltava. Os minutos foram seguidos pelas horas. Quando, no final da tarde, ela voltou seus olhos para fora não pôde conter o espanto. A chuva havia parado e o cenário era muito diferente: o céu, banhado por intensa luz do sol, não tinha nuvens. As montanhas, antes ocultas pela neblina, agora tinham seus contornos bem definidos. Naquele momento, uma colega aproximou-se e disse-lhe: “quem diria, não? Depois da chuva que caiu no começo da tarde, um final de dia ensolarado como esse!” E completou, sorrindo: “para Deus nada é impossível!” A jovem sorriu, sentindo o ânimo renovado, e pensou: “realmente, para Deus tudo é possível.” 
*** 
O amor de Deus é uma presença constante na vida de cada um de nós. Enlevados pela alegria ou arrasados pelo sofrimento, por vezes, esquecemo-nos disso. No entanto, em momento algum Ele nos esquece, ou abandona. 
Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

sábado, 26 de dezembro de 2015

O BEM É INCANSÁVEL

Em uma de suas famosas Epístolas, Paulo de Tarso exortou seus irmãos na fé a que nunca cansassem de fazer o bem. Ainda hoje, os homens persistem necessitados desse conselho. É comum encontrar pessoas que se declaram cansadas de praticar o bem. Reclamam que o proceder justo não produz os frutos desejados. Bradam contra a ingratidão alheia. Sustentam que os desonestos e os maus prosperam de forma indevida. Contudo, semelhantes alegações jamais procedem de fonte pura. Muitos se dizem amantes e praticantes do bem, mas procuram antes de mais nada satisfazer seus interesses pessoais. Quando não conseguem atender seus propósitos egoístas, caem em um estado de tédio bem próximo do desespero. Se amassem o bem, sem qualquer objetivo oculto, ficariam satisfeitos com a correção da própria conduta. É indispensável muita prudência quando principiamos a cansar do bom combate. Quando começamos a pensar nos males que nos assaltam, depois do bem que julgamos ter semeado ou nutrido. Será que agimos corretamente na expectativa de obter privilégios da Ordem Cósmica? Achamos que a honestidade ou o trabalho devem funcionar como anteparo às dores próprias da condição humana? Aceitamos viver com dignidade, desde que o caminho siga sempre florido? O aprendiz sincero do Evangelho não ignora que Jesus exerce Seu ministério de amor sem Se exaurir. Desde o princípio da organização do planeta, o Mestre labora por todos os seus habitantes, a Ele confiados pela Divindade. Muitos Espíritos se comprometeram com a construção do bem na Terra, mas recuaram no momento do testemunho. Incontáveis belas promessas, feitas no plano espiritual, não se concretizaram. Entretanto, a realização desses trabalhos e promessas funcionaria primordialmente como fator iluminativo dos próprios envolvidos. Os demais se beneficiariam dos exemplos recebidos, mas a luz brotaria mesmo é no íntimo dos trabalhadores do bem. Mesmo verificando os desvios e recuos de seus emissários, a paciência do Cristo jamais se esgota. Ele segue a todos corrigindo, amando e tolerando. Estende de forma incansável Seus braços misericordiosos e sempre faculta outras atividades renovadoras. Assim, Jesus tem suportado e esperado através de tantos séculos. Por que razão não podem homens falíveis experimentar, de ânimo firme, algumas pequenas decepções durante alguns dias? A observação de Paulo a seus irmãos é justa e persiste atual. Quem realmente ama o bem não se cansa de praticá-lo e vivê-lo. Se nos entediamos do bom caminho, trata-se de um desastre pessoal. Ele sinaliza que não conseguimos emergir do mal que ainda reside em nós. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 11 do livro Pão nosso, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. Em 01.12.2010.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

BEM-AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO

No Sermão da Montanha, o Mestre Jesus afirmou: Bem-aventurados os pobres de Espírito, porque deles é o reino dos céus. Ainda hoje muito se fala sobre tal ensinamento, eis que grande interesse desperta em todos os que tomaram conhecimento dos ensinos de Jesus. No entanto, tal ensino, como tantos outros, resta ainda incompreendido pelos homens. O que, afinal, o Mestre pretendia proclamar? Jesus proclama que Deus quer Espíritos ricos de amor e pobres de orgulho. Os Espíritos ricos são aqueles que acumulam os tesouros que não se confundem com as riquezas da Terra. Seus bens não são jamais corroídos pelas traças, tampouco podem ser subtraídos pelos ladrões. Os pobres de Espírito são os que não têm orgulho. São os humildes, que não se envaidecem pelo que sabem, e que nunca exibem o que têm. A modéstia é o seu distintivo, porque os verdadeiros sábios são aqueles que têm idéia do quanto não sabem. Por isso, a humildade é considerada requisito indispensável para alcançar-se o reino dos céus. Sem a humildade nenhuma virtude se mantém. A humildade é o propulsor de todas as grandes ações, em todas as esferas de atuação do homem. Os humildes são simples no falar. São sinceros e francos no agir. Não fazem ostentação de saber, nem de santidade. A humildade, tolerante em sua singeleza, compadece-se dos que pretendem afrontá-la com o seu orgulho. Cala-se diante de palavras loucas. Suporta a injustiça. Vibra com a verdade. A humildade respeita o homem não pelos seus haveres, mas por suas reais virtudes. A pobreza de paixões e de vícios é a que deve amparar o viajor que busca sinceramente a perfeição. Foi esta a pobreza que Jesus proclamou: a pobreza de sentimentos baixos, representada pelo desapego às glórias efêmeras, ao egoísmo e ao orgulho. Há muitos pobres de bens terrenos que se julgam dignos do reino dos céus, mas que, no entanto, têm a alma endurecida e orgulhosa. Repudiam a Jesus e se fecham nos redutos de uma fé que obscurece seus entendimentos e os afasta da verdade. Não é a ignorância nem tampouco a miséria que garantem aos seres a felicidade prometida por Jesus. O que nos encaminha para tal destino são os atos nobres, embasados na caridade e no amor incondicional. Precisamos, também, adquirir conhecimentos que nos permitam alargar o plano da vida, em busca de horizontes mais vastos. Pobres de Espírito são os simples e nobres. Não os orgulhosos e velhacos. Pobres de Espírito são os bons, que sabem amar a Deus e ao próximo, tanto quanto amam a si próprios. São aqueles que observam e vivem as Leis de Deus. Estudam com humildade. Reconhecem o quanto ainda não sabem. Imploram a Deus o amparo indispensável às suas almas. Era a respeito desses homens que o Mestre Nazareno, em Suas bem-aventuranças, estava se referindo. Muitos são os que confundem humildade com servilismo. Ser humilde não significa aceitar desmandos e compactuar com equívocos. Ser humilde é reconhecer as próprias limitações, buscando vencê-las, sem alarde, nem fantasias. É buscar, incansavelmente, a verdade e o progresso pessoal, nas trilhas dos exemplos nobres e dignos. Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Pobres de Espírito e Espíritos pobres, do livro Parábolas e Ensinos de Jesus, de Cairbar Schutel, ed. O Clarim. Em 29.12.2009.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

O BEM ANÔNIMO

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Pessoas famosas, em geral, tomam páginas e páginas da imprensa escrita todos os dias. Revistas especializadas mostram como eles vivem, do que gostam, o que fazem das suas horas. Se viajam, casam ou descasam são notícia. Se cometem uma infração à lei, qualquer que seja, se tornam manchete. São seres humanos, com virtudes e defeitos. Praticam tolices, como todos nós, com a diferença de que estão sempre em evidência. Por isso, é muito bom se falar a respeito das coisas positivas que alguns desses seres realizam em suas vidas. E, digamos bem, sem querer que outros saibam.
Foi assim que um dia, Irmã Dulce, a freira baiana que deixou uma mensagem de amor para a Humanidade, com sua vida de dedicação aos doentes pobres, confidenciou a um amigo íntimo que, certa vez, andava muito preocupada com as dívidas da sua obra benemérita. Aproximava-se a época de pagar o décimo terceiro salário aos funcionários do hospital e ela não tinha de onde tirar o numerário. Armada de fé, orou a Maria, mãe de Jesus:
-Mãe Santíssima, peço a ti, como mãe de nosso Mestre, que me ajudes. Eu já pedi a Ele que olhe pela nossa obra. Mas, sabe, mãe, acho que Ele anda muito ocupado com outras coisas ou, então, deve estar cansado dos meus pedidos constantes. Ele não está me atendendo. Por isso, eu te peço, Maria, intercede por mim junto a Ele. Precisamos muito de dinheiro. Os funcionários não podem ficar sem o seu salário. Além disso, temos umas outras tantas dívidas que me estão preocupando. Ajuda-me, Maria. 
Alguns dias depois, Irmã Dulce conta que recebeu um telefonema. Era o cantor Roberto Carlos. 
-Olá, Irmã, como vai? 
Na resposta de Irmã Dulce, ele percebeu a preocupação. 
-A senhora está com problemas de dinheiro? 
-Pois é, meu filho, estou. A obra é grande, muitos os necessitados e as obrigações sociais. 
-De quanto precisa, Irmã? 
Depois que ela declinou a quantia, ele completou perguntando o nome do banco, o número da agência e da conta corrente. No dia seguinte, lá estava o depósito.
-Mas, disse o cantor, tem uma condição para eu lhe remeter o que a sua obra precisa, Irmã. A senhora deve me prometer que não contará para ninguém. 
Foi por esse motivo que, durante muito tempo, Irmã Dulce guardou segredo. Mas, um dia, resolveu contar para um amigo porque, dizia, queria que ao menos outra pessoa pudesse saber que almas nobres existem neste maravilhoso mundo de Deus. E, por acreditarmos que o bem merece lugar de destaque no mundo, optamos por narrar o episódio.
 * * * 
Sejamos sempre aqueles que têm olhos de ver o bem, o belo, o bom. Antes de permitir que a nossa inveja ou simplesmente nossa vontade de criticar, estabeleça comentários desabonadores sobre quem quer que seja, disponhamo-nos a nos tornar os divulgadores das boas notícias, dos gestos nobres, das ações nobilitantes. Nosso sofrido mundo necessita de vibrações positivas, de anúncios de bondade. Pensemos nisso e construamos o bem com nossas palavras, todos os dias. 
Redação do Momento Espírita, com base em informações colhidas no seminário O perdão e o autoperdão, desenvolvido por Divaldo Pereira Franco. Em 21.11.2013.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

BEM-AVENTURADOS OS JUSTOS

Você se considera uma pessoa justa? As respostas certamente são as mais variadas. Uns dirão que nunca refletiram sobre o assunto. Outros responderão imediatamente que não, que não se consideram justos. Outros mais se consideram muito justos, e assim por diante. Primeiramente, seria interessante definir o que seja justiça. Na visão cristã, a justiça consiste em cada um respeitar os direitos dos demais. E as bases da justiça estão na afirmativa do Cristo de que queiramos para os outros o que queremos para nós. Jesus coloca o próprio indivíduo como referencial da justiça já que ninguém, em sã consciência, deseja o mal para si mesmo. Entendendo a justiça dessa maneira, se observarmos as nossas ações diárias perceberemos que não temos sido muito justos, salvo raras exceções. No lar, por exemplo, quando deixamos de fazer a parte que nos cabe, no contexto familiar, estamos procedendo com injustiça. É muito comum deixarmos portas e gavetas abertas, objetos fora do lugar, sujeiras espalhadas pelo chão, sem percebermos que estamos sendo injustos, pois alguém terá que fazer o que caberia a nós. Não agimos com justiça ao estacionar o veículo ocupando espaços além do que necessitamos, impedindo que outros motoristas usem a vaga. No trabalho, quando usamos material exageradamente, desperdiçando sem necessidade, agimos com injustiça. Quando aproveitamos o tempo que nos está sendo remunerado pela empresa para fazer coisas particulares, somos injustos. É comum enviarmos um fax, por exemplo, numa folha de papel contendo apenas algumas linhas. Além do desperdício do nosso papel, estamos obrigando o receptor a gastar sua bobina além do necessário. É injusto. Pessoas que jogam papéis e outros objetos nas ruas e calçadas, agem com injustiça, mesmo que queiram desculpar seu gesto alegando que alguém é pago para fazer a limpeza. Se levarmos em conta que a verdadeira justiça consiste em fazermos aos outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem, ainda estamos distantes de nos considerarmos pessoas justas. O que ocorre, normalmente, é que queremos ver os nossos direitos respeitados, sem nos importar com o respeito que devemos aos demais, como prescreve a Doutrina Cristã. Vale lembrar, no entanto, que, se somos injustos nas pequenas coisas, o seremos também nas grandes, pois Jesus recomenda que se quisermos ser grandes, antes, temos que aprender a ser pequenos. E isso é muito lógico. Ninguém nasce já adulto. Construímos o nosso caráter aos poucos. Dessa forma, praticando a justiça nas pequenas situações, estaremos nos preparando para a justiça em maior amplitude. Esse é o caminho. 
* * * 
Embora a justiça dos homens não catalogue nossos pequenos delitos, eles não passam despercebidos pelas Leis Divinas. Assim sendo, vale a pena agirmos com correção em todas as circunstâncias, pois conforme assegura nosso Irmão Maior, Jesus, receberemos de conformidade com as nossas obras, sejam elas grandes ou não. 
Redação do Momento Espírita. Em 07.10.2008.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

BELEZA

Aspiração humana, a beleza física atinge em cheio nosso senso estético. Enche os olhos com suas cores e formas. Atrai, desperta desejos. Quem não a quer? Mas a beleza também traz consigo o pesado tributo da inveja, da cobiça, da vaidade e do orgulho. Mesmo assim, todos a queremos. Faz parte da natureza humana desejar sobressair-se, destacar-se por algo que os demais não têm. Por isso estendemos nosso desejo de beleza física para parceiros, filhos, roupas, casa, jardim, objetos. Queremos beleza em tudo, a toda hora. E rejeitamos automaticamente o que consideramos feio. Mas, o que é a beleza física? Um corpo perfeito, um rosto adorável? Cabelos brilhantes? Tudo isso é tão passageiro. O corpo envelhece e um dia morrerá. Cuidar do corpo é fundamental, mantê-lo limpo, bem cuidado, é dever de todos nós. Mas não precisamos transformar o corpo no centro absoluto de nossa atenção. E como vemos isso acontecer, não é? Tanta gente que permanece horas sem fim em academias, gastando muito dinheiro em cirurgias plásticas, lipoaspirações, remédios para emagrecer, cremes para retardar o envelhecimento. Uma saudável vaidade não é condenável. Querer estar bem, não afrontar os demais com uma aparência maltratada é o ideal. Mas há um limite para os exageros. E esse limite por vezes é ultrapassado. O problema que isso tudo gera é que, ao fim da vida, o que será daquele cuja atenção total estava no corpo? É por isso que vemos gente que envelhece atormentada, sem aceitar a própria idade, sem conseguir ser feliz. Há tantos que sofrem por causa da musculatura flácida, das rugas e da perda de viço da pele. Mas sofrer por isso não parece desnecessário? Sim. Devemos evitar cultivar o sofrimento em qualquer circunstância, especialmente por causa de um corpo que está destinado a desaparecer, voltar ao pó. E, no entanto, a beleza da alma – que ficará para todo o sempre – raros se lembram de cultivar. Essa beleza esplêndida, que se manifesta em gestos de amor, em palavras gentis, em paciência, doçura e serenidade. Acredite: as atitudes afetuosas são os cremes que retiram a fealdade espiritual. São as cirurgias plásticas que restauram a beleza moral. Elas são o nosso principal investimento para o futuro. Mas não pense que as coisas são simples como um estalar de dedos. Para exercitar a beleza da alma é necessário mais do que uma simples vontade. É preciso disciplina. E muito importante é ter os olhos voltados para algo além da vida na Terra. Se você observar cuidadosamente, verá que a maioria das pessoas se prende demais aos valores materiais. A sensação que se tem é que a curta vida na Terra é o centro de toda atenção da maioria da Humanidade. Raros são os que fixam seu pensamento em Deus e buscam agir de acordo com as leis criadas por Ele. Esses encaram a vida na Terra somente como uma passagem. Por isso eles trabalham, agem, relacionam-se com as pessoas, mas têm profunda consciência de que tudo é passageiro e impermanente. Viver assim tem suas dificuldades. Primeiro, porque a sedução da Terra é muito grande. Os prazeres, condições e sensações materiais têm apelos muito fortes. Eles nos atraem, prendem e nos mantêm atados às cadeias das paixões e alegrias momentâneas. Assim, os que desejam cultivar a beleza da alma devem ter disciplina porque precisam estar focados nos valores imortais da vida para perceber a prisão que é a vida terrena, para não se deixar aprisionar pela ilusão corporal. Esses, com os olhos postos nas estrelas, sabem que a vida é muito mais que a carne do corpo, que fazemos parte do imenso Plano Divino, onde a única beleza que importa é a do Espírito que vive para o bem. 
Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita. Em 26.9.2013.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Beleza real

Uma conceituada empresa de cosméticos americana fez uma campanha publicitária que nos leva a algumas reflexões sobre autoconfiança e autoestima. Resolveu elaborar desenhos de sete mulheres, com base na sua auto-descrição e na descrição feita por desconhecidos. Para tal foi convidado Gil Zamora, artista forense do FBI, que já produziu mais de três mil retratos falados em seus vinte e oito anos de carreira. Com essa experiência, a marca registrou a forma como as mulheres se veem, em comparação a como são vistas. Enquanto as voluntárias se escondiam atrás de uma cortina, Zamora desenhava com base na auto-descrição delas. Em seguida, o artista elaborava outro retrato falado da mesma mulher, porém, descrita por uma amiga ou outra pessoa do seu relacionamento. O resultado foi que a maioria das figuras elaboradas a partir desse ponto de vista mostrou feições mais harmônicas, mais felizes e mais condizentes com os reais traços fisionômicos dessas mulheres. O profissional contratado confessou que não esperava que os resultados finais fossem tão distintos. Ele relatou também que ficou tocado pelas reações emocionais que as mulheres tiveram quando viram os dois desenhos lado a lado. Elas constataram que a autopercepção estava distorcida, pois as descrições sobre si mesmas eram muito diferentes da percepção dos outros. Algumas delas se emocionaram ao serem apresentadas às figuras, pois ficava evidente que lhes faltava a valorização dos próprios encantos. Observaram que, no retrato feito a partir de como elas se descreveram, as imperfeições da face eram ressaltadas e o semblante aparentava ser mais carregado quando comparado ao outro. As imagens demonstraram que as mulheres eram muito críticas em relação a elas mesmas e não se valorizavam. 
* * * 
Se nos fosse solicitado que descrevêssemos nossa face será que faríamos como aquelas mulheres? Estamos valorizando apenas as imperfeições ou conseguimos enxergar nossas qualidades? A nossa face diz muito sobre nós mesmos e isso nada tem a ver com beleza física e perfeição de traços faciais. A leveza, harmonia e alegria que carregamos em nosso íntimo, neles, claramente, se exteriorizam. Podemos não ter um rosto que corresponda aos padrões estéticos de uma determinada sociedade mas, através da pureza de sentimentos, somos capazes de exalar a mais pura beleza. O belo está na candura do olhar, na mansidão da fala, na leveza dos gestos e na forma como tratamos os outros. Essa é a verdadeira beleza que devemos buscar construir em nossa alma e que, em consequência, se refletirá em nossos traços fisionômicos. Saibamos valorizar, na medida certa, o que de bom já conquistamos e busquemos nos amar mais, não no sentido da valorização excessiva do corpo material. Amar-nos mais é respeitarmo-nos, buscando as conquistas superiores da alma. Através do sorriso, das palavras e das atitudes perante a vida, nosso magnetismo se exteriorizará e se refletirá na aparência. A beleza real é aquela que tem duração eterna e será medida por nossa capacidade de espalhar luz. 
Redação do Momento Espírita. Em 22.8.2013.

domingo, 20 de dezembro de 2015

A BELEZA DE CADA UM

No momento em que a mídia enfatiza a beleza como questão de êxito para o sucesso e condição para se enriquecer de forma muito rápida; no momento em que se observa que muitos dos nossos jovens estão mais preocupados em mostrar e explorar o corpo, do que em conquistar valores reais; cabe-nos proceder a uma pequena pausa para meditação a respeito dos caminhos que temos buscado trilhar e daqueles que estamos apontando para os nossos filhos. Conta-se que um homem acabrunhado entrou em um templo para fazer as suas orações. Em determinado momento, confidenciou a Deus: 
-Senhor, eu estou aqui porque em templos não há espelhos, pois nunca me senti satisfeito com minha aparência. 
Então, na intimidade da consciência, ele começou a ouvir uma voz que lhe dizia, com entonação paternal: 
-Meu filho, nenhuma das minhas obras surgiu ou ficou sem beleza, pois, lembre-se, que tudo criei com amor. A aparente feiura é resultado da miopia dos homens, que não sabem, por vezes, descobrir a beleza oculta. De toda forma, lembre que não importa se o seu corpo é gordo ou magro. O que tem capital importância é que ele é o templo do Espírito imortal. Merece toda a consideração, pois, graças a ele, o Espírito atua no mundo para seu próprio crescimento. Não importa se seus braços são longos ou curtos. O que tem valor é o desempenho do trabalho honesto que executam. Não importa se as suas mãos são delicadas ou grosseiras. Sua função é distribuir o bem às outras criaturas. É acarinhá-las e lhes transmitir bem-estar. Não importa a aparência dos pés. Sua função é tomar o rumo do amor e da humildade. Não importa o tipo de cabelo, cor, comprimento e se existe ou não numa cabeça. O que importa são os pensamentos que por ela passam e que ela transmite, como criação sua, beneficiando ou destruindo seus irmãos. Não importa a forma ou a cor dos olhos. O que importa é que eles vejam o valor da vida e, assim ilustrados, colaborem para demonstrar esse valor a outros tantos seres que não gozam da mesma facilidade. Não importa o formato do nariz. O que importa é inspirar e expirar bom ânimo, entusiasmo, fé. Não importa se a boca é graciosa ou sem atrativos. O que importa são as palavras que dela saem, edificando vidas ou destruindo pessoas. 
* * * 
Se você não está feliz com a sua aparência física, medite a respeito. Olhe-se no espelho, outra vez, e descubra o brilho dos seus olhos graças ao amor que lhe vai na alma. Agradeça a possibilidade de um corpo para viver sobre a Terra, nosso lar e nossa escola. Finalmente, recorde de grandes vultos da Humanidade, que não ganharam prêmios ou foram admirados pela sua beleza física, mas transformaram as comunidades, influenciaram o mundo com seus gestos extraordinários. Lembre da pequenina irmã Dulce, da Bahia, da também pequena em estatura Madre Teresa de Calcutá. Por fim, de nosso Francisco Cândido Xavier que, de sua casa, em Uberaba, portador de variadas complicações físicas, espalhava luz para o mundo, através das suas mãos envelhecidas pelo tempo. Pense nisso.
Redação do Momento Espírita, com variações a partir do texto O espelho, de autoria desconhecida. Em 14.11.2013.

sábado, 19 de dezembro de 2015

UMA BELA AMIZADE

Ele não passava de um garotinho levado. Adorava pendurar-se nos galhos das árvores para se balançar. Vivia com os cabelos ao vento e os pés descalços. Tinha uma alma doce, toda amor. Chamava-se Guilherme Augusto Araújo Fernandes e morava ao lado de um lar para idosos. Ele conhecia todos os que moravam lá. E gostava de cada um deles de uma maneira especial. Gostava da senhora Silvano que tocava piano. E do senhor Cervantes que sempre lhe contava histórias arrepiantes. Também do senhor Waldemar que andava de um lado a outro com um remo, como se houvesse um lago por perto, para remar. Ajudava a senhora Mandala a ir de um lado para outro, apoiada em sua bengala. E admirava o senhor Possante com sua voz de gigante. Mas a pessoa de quem ele mais gostava era a senhora Antônia Maria Diniz Cordeiro. É que ela tinha quatro nomes, como ele. Ele a chamava de dona Antônia e lhe contava todos os seus segredos. Um dia, Guilherme Augusto ouviu seus pais conversarem a respeito da sua amiga. E entre uma frase e outra, descobriu que dona Antônia tinha perdido a memória. A mãe comentou que não era de admirar. Afinal, ela estava com noventa e seis anos de idade! Guilherme quis saber o que era a memória e o pai lhe disse que era alguma coisa da qual a pessoa se lembra. A resposta não satisfez o menino, que foi perguntar para a senhora Silvano. É algo quente, meu filho, muito quente, foi a resposta. O senhor Cervantes lhe disse que era uma coisa muito, muito antiga. E o senhor Waldemar informou que era uma coisa que fazia chorar, chorar muito. Para a senhora Mandala, era uma coisa que fazia rir, rir bastante. Já o senhor Possante lhe disse que a memória era alguma coisa que valia ouro. Então, o garoto foi para sua casa e começou a procurar memórias para dona Antônia, desde que ela havia perdido as suas. Procurou uma caixa de sapatos cheia de conchas, guardadas há muito tempo, e as colocou numa cesta. Também uma marionete e a medalha que seu avô lhe tinha dado um dia. Foi ainda para a cesta a bola de futebol, que valia ouro. E até um ovo fresquinho, ainda quente, retirado debaixo da galinha. Aí, Guilherme Augusto foi visitar dona Antônia e deu a ela, uma a uma, cada coisa da sua cesta. Ela ficou emocionada com os presentes daquela criança admirável. E começou a se lembrar. Ela segurou o ovo ainda quente, entre suas mãos, e contou para o menino sobre um ovinho azul, todo pintado, que havia encontrado uma vez, dentro de um ninho, no jardim da casa de sua tia. Encostou uma das conchas no ouvido e lembrou da vez que tinha ido à praia de bonde, há muito tempo, e como sentira calor com suas botas de amarrar. Pegou nas mãos a medalha e recordou, com tristeza, de seu irmão mais velho, que tinha ido para a guerra. E nunca mais voltou. Sorriu para a marionete e lembrou da vez em que mostrara uma para sua irmãzinha, que rira às gargalhadas. Conseguia lembrar até do detalhe do mingau escorrendo pela boca risonha da menina. Ela jogou a bola de futebol para Guilherme e lembrou do dia em que se conheceram. E recordou de todos os segredos que haviam compartilhado. Guilherme Augusto e dona Antônia sorriram e sorriram, pois toda a memória perdida tinha sido encontrada. E por um menino que nem era tão sábio, nem tão velho. Era simplesmente um menino que amava os idosos e sabia ser amigo. 
* * * 
Para se brindar alguém com alegria, não há necessidade de somas exageradas de dinheiro, nem de dotes especiais. Para fazer feliz a vida de alguém é suficiente uma dose de tempo, uma pitada de amor e um pouquinho de imaginação. Em resumo: uma bela amizade. 
Redação do Momento Espírita, com base no livro Guilherme Augusto Araújo Fernandes, da autoria de Mem Fox, ed. Brinque-book. Em 8.10.2015.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

O BEBÊ DE MARIA

Um poeta do Líbano, que amou Jesus, escreveu um dia a respeito dEle, mais ou menos assim: 
Quando Jesus nasceu, Maria, Sua mãe o envolveu em seus braços, como a concha envolve a pérola. E Ele palpitava com o ritmo de sua vida. Passaram-se as estações, e Ele tornou-se um menino cheio de risos. Ninguém entre nós sabia o que Ele iria fazer, pois parecia sempre fora da nossa espécie. Brincava com os outros meninos mais do que estes brincavam com Ele. E Ele cresceu como uma palmeira preciosa em nossos jardins. Seus olhos eram como mel, e cheios do assombro dos dias. E na Sua boca havia a sede do rebanho do deserto pelo lago. Depois, os anos O levaram a falar no templo e nos jardins da Galileia. Às vezes, Maria O seguia para lhe escutar as palavras e ouvir as batidas de seu próprio coração. Jesus visitou outras terras no Leste e no Oeste. Mas Maria O esperava no limiar da casa e, cada entardecer, seus olhos procuravam na estrada pela Sua volta. Entretanto, após a Sua chegada, ela costumava dizer-nos: "Ele é grande demais para ser meu filho." Parecia que Maria não podia acreditar que a planície tivesse dado nascimento à montanha. Foi na juventude do ano, quando as flores vermelhas enchiam os montes, que Jesus chamou Seus discípulos e foi a Jerusalém. Pelo anoitecer da quinta-feira, Ele foi capturado fora das muralhas da cidade e feito prisioneiro. Maria, Sua mãe, não pronunciou uma palavra. Mas surgiu em seus olhos o cumprimento daquela promessa de dor e alegria que tínhamos observado quando ela era apenas uma noiva em Nazaré. Nós chorávamos porque sabíamos qual ia ser o amanhã do seu filho. Mas ela não chorava porque também sabia o que Lhe iria acontecer. Quando os cascos abafados do silêncio batiam nos peitos dos insones, João, o discípulo amado de Jesus veio e disse: 
-"Mãe Maria, Jesus está indo. Sigamo-lO." 
Quando atingiram o monte, Jesus foi erguido na cruz. A face de Maria não era a face de uma mulher desolada. Era o semblante da terra fértil, sempre dando nascimento. Então Jesus olhou para Sua mãe e disse: 
-"Maria, a partir de agora sê a mãe de João." 
E a João Ele disse: 
-"Sê um filho amoroso para essa mulher. Vai a sua casa, e que tua sombra cruze o limiar onde outrora Me postei. Faze isso em Minha memória." 
E Maria disse: 
-"Olhai agora, Ele se foi. A batalha está terminada. A estrela já brilhou. O navio chegou ao porto. Aquele que apertei contra meu peito está palpitando no espaço. Mesmo na morte, Ele sorri. Venceu. Fui sem dúvida a mãe de um vencedor." 
E Maria voltou a Jerusalém, apoiada em João, o jovem discípulo. E para todos os que quisessem e nela procurassem consolo, ela falava de Jesus. Falava longamente de tudo que acontecera, de Seus ditos e de Seus feitos, transformando o inverno das incertezas em primavera de esperanças. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Susana de Nazaré, uma vizinha de Maria, da obra Jesus, o filho do homem, de Gibran Khalil Gibran, ed. Iarte. Em 20.04.2011.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

BATATA NÃO É FEIJÃO!

CECÍLIA MEIRELLES
Analisar como pensam as crianças é experiência deliciosa, e de ensino profundo. Duas meninas, uma de cinco, outra de sete anos, estavam na sua mesinha jantando. A menorzinha encontrou um grão de feijão na sopa, e disse para a outra: 
-Quando eu tiver uma semente de feijão, vou plantar no meu canteiro. 
A outra acabou de engolir a sua colherada, passou o guardanapo na boca, e replicou:
-Feijão não tem semente. A semente é ele mesmo. 
A pequenina não entendeu, e tornou: 
-Então, como é que ele pode nascer, sem semente? 
A outra, depois de pensar um pouco, explicou: 
-Eu acho que é mesmo a terra que, um dia, vira feijão. 
-Mas sem ter havido nenhuma semente, antes? 
-É, mesmo sem ter havido. Ela vai se juntando, juntando, juntando, e fica assim... num grão. 
E procurou pelo prato, para ver se encontrava mais algum. A menorzinha não se conformou muito com essa transformação abstrata. Foi tomando a sopa, e pensando. Depois de um pedaço de silêncio, reatou a conversa: 
-Olha, também pode ser assim: um homem faz uma bolinha pequenina, pequenininha de massa... Depois, pinta por cima. Fica o primeiro feijão, então. Depois, os outros nascem... 
A outra menina perguntou imediatamente: 
-E com que é que ele faz a massa? 
-Pode ser com... batata. 
-Mas batata não é feijão! - concluiu a maior, voltando a tomar sua sopa, pensando um pouco mais no tema proposto. 
As duas continuaram ali, sentadas na mesinha, sem solução para sua dúvida, e com as cabecinhas quentes, de tanto pensar, imaginar e questionar.
 * * * 
Quem dera pudéssemos manter, após a idade adulta, essa curiosidade saudável e investigadora, que não se contenta com respostas superficiais. Quem dera pudéssemos guardar na alma o hábito de fazer perguntas, de querer saber mais sobre isso ou sobre aquilo. Quem sabe, se a idade dos porquês nunca houvesse passado, teríamos evitado aceitar tantas verdades fabricadas, através dos anos. Muitos deixaram de questionar, de inquirir, aceitando tudo sem o processo indispensável do raciocínio. Outros tantos foram coagidos a não pensar, a simplesmente concordar com tudo, violentados naquilo que há de mais belo no Espírito: a liberdade de pensamento. 
* * * 
Sócrates foi proclamado um dos homens mais sábios de todos os tempos, e tinha o hábito de questionar, de descobrir o que estava por trás das coisas e das idéias. Precisamos nós, conquistar esta sabedoria, e desvendar o mundo de forma madura, encontrando assim as verdades eternas que nos farão cada vez mais felizes. Se continuarmos aceitando que feijões podem ser feitos de batata, estaremos condenados à estagnação do intelecto, e por conseqüência, ao engessamento moral. 
Redação do Momento Espírita, com base em trecho da crônica Como as crianças pensam, de Cecília Meirelles, do livro intitulado Crônicas de educação, ed. Nova Fronteira. Em 16.10.2008.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

BATALHA VENCIDA

Deveriam ser mais ou menos 10 horas da manhã. Ele estava no seu armazém, arrumando as mercadorias nas prateleiras. O movimento andava fraco e ele pensava nos compromissos financeiros assumidos, na esposa, nos três filhos. Foi então que, descendo a rua, a mulher magra e em desalinho foi chegando. Trazia no corpo as marcas do descuido. Nos braços, um bebê mirrado, parecendo à beira da morte. Ela entrou no armazém e falou numa linguagem enrolada, de quem se embriagou ou ainda não despertou plenamente:
-"O senhor quer o meu bebê? Sei que o senhor é homem de bem." 
Abriu os panos que envolviam o pequeno e o comerciante pode ver o estrago daquele corpinho. O abdômen volumoso contrastava com o esqueleto à mostra. Mas os olhos do garoto eram grandes, expressivos, e se dirigiam para ele como a suplicar: 
-“Eu quero viver. Eu preciso viver. Cuide de mim.” 
-"O senhor fica ou não fica?" tornou a mulher, agora um pouco irritada ou impaciente. 
E continuou:
-"Ele vai morrer mesmo. Está morrendo. Já não quer comer e vomita fezes." 
Pedro sentiu n`alma um estranho sentimento. Correu ao telefone e chamou a esposa: 
-“Venha logo. É urgente!” 
Quando Irene viu o bebê, tomou-se de amores. E do armazém para o hospital, o trajeto foi curto e rápido. A criança foi submetida a várias cirurgias, tratamentos múltiplos. Estranhamente, não chorava. Mas seus olhos negros, grandes, expressivos, somente suplicavam:
-“Desejo viver. Eu preciso desta oportunidade. Não me deixem morrer.” 
Já se passaram muitos anos do ocorrido. João é agora um garoto vivo, esperto, traquina. Ama Pedro e Irene como seus pais e é por eles amado. Os irmãos lhe têm especial carinho. E ele mostra, com orgulho, as cicatrizes do ventre. É como um herói ostentando as cicatrizes de batalhas enfrentadas e vencidas. João venceu. Espírito consciente do valor da reencarnação lutou para viver. E no seu caminho encontrou seres que, em nome do amor o aconchegaram, recebendo-o no próprio coração, sem temor, nem preconceito. Quando os homens acodem os seres indefesos, encontram sempre amparo, apoio, forças. Se um dia surgir uma dessas oportunidades de socorrer um pequenino, esteja atento e, se possível, atenda. Porque Deus se serve dos homens para amparar seus filhos. 
*** 
A reencarnação é abençoado e valioso ensejo para sublimação, na longa jornada da imortalidade. Por isso, a vida é oportunidade preciosa que não deve ser desperdiçada, em hipótese alguma. Os aguilhões da dor são testes e resgates que impulsionam o ser ao progresso.
Equipe de redação do momento espírita, com base no livro repositório de sabedoria, vol. 2 verbete reencarnação.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

BATALHA PELA VIDA

Têm crescido, em todos os quadrantes da Terra, os movimentos pela ecologia. No Brasil, em defesa das tartarugas existe o projeto Tamar. Para a preservação dos animais, o homem se tem esmerado. Naturalmente por descobrir que, destruindo a vida animal, está decretando problemas graves para sua própria existência sobre a Terra. O que causa estranheza é que esse mesmo homem decrete a morte do seu semelhante, nas suas nascentes. Estamos nos referindo aos movimentos pró-aborto, que falam da destruição de vidas humanas, como se não fossem coisa alguma. São vozes que se unem para exigir a morte dos que, no ventre materno, têm descobertas suas deficiências na área física ou mental. Esquecem de olhar ao seu redor tais criaturas, pois um dos cérebros mais privilegiados da atualidade é um deficiente físico que nada mais move senão a cabeça. Referimo-nos a Stephen Hawking. Outros falam, no entanto, do abortamento dito sentimental. É quando a mãe é vítima de violência e engravida. Fala-se em como ela poderá vir a amar o fruto daquele ato tão terrível. Diz-se que a visão do rebento sempre haverá de trazer à lembrança o ato agressivo por que ela passou. Contou-nos um amigo da área médica que foi procurado por uma jovem que passou por essa experiência traumática. Descobrira-se grávida e desejava o abortamento. Quis a Divindade que ela fosse ao consultório de um médico cristão, que lhe falou da bênção da vida, da sublimidade da maternidade. Após algumas horas de uma boa conversa, ela se foi. Meses depois, ele recebeu uma correspondência. Abrindo o envelope, encontrou uma foto de um bebê lindo, saudável. Atrás, em letra uniforme, bem desenhada, uma frase curta, mas extremamente significativa: Obrigada por você ter contribuído para que esta foto pudesse existir. Quatro anos depois, o médico recebeu em seu consultório a mãe e a criança. Porque a foto do bebê estivesse sobre a sua mesa, em um belo porta-retratos, a mãe disse ao filho que era ele, quando bebê. O menino pegou a foto e olhou com atenção. Depois, se aproximou do médico e perguntou: Tio, me diga onde eu estou mais bonito? Ali, naquela foto ou aqui, ao vivo? 
* * * 
Em torno do aborto existe uma verdadeira indústria. Atualmente ela se encontra entre as maiores indústrias do mundo. A jornada de nove meses realizada pelo bebê no útero materno é uma experiência psicoterapêutica para o Espírito que deseja renascer. Por isso mesmo, a não ser nos casos em que a mãe corra risco de morte, a opção deve ser sempre pela vida. Proclamemos a vida. Lutemos pela vida.
Redação do Momento Espírita, com base em fato narrado pelo Dr. Alberto Almeida, na Conferência Brasil-Portugal, em 19 de março de 2000, em Salvador, BA. Em 23.01.2012. http://momento.com.br/

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

BASTA POUCO

CHICO XAVIER E EMMANUEL
Segundo a narrativa evangélica, pouco antes de ser preso Jesus deu várias instruções a Seus discípulos. Alertou-os sobre os perigos da jornada, incentivou-os, orientou-os. Em dado momento, Judas Tadeu indagou-lhe: 
-Senhor, de onde vem que te hás de manifestar a nós e não ao mundo? 
A perplexidade do Apóstolo tinha razão de ser. Um dos fatos mais surpreendentes do Cristianismo é a posição escolhida pelo Salvador. A fim de anunciar as verdades eternas, Jesus não busca posição de destaque. Ele não aparece em decretos sensacionais ou em troféus revolucionários. Não surge no mundo em um palácio, tendo príncipes por pais. Sequer na riqueza procura Se colocar. Imagina-se que uma posição privilegiada lograria favorecer Sua tarefa. Mas Jesus chega em paz à manjedoura simples. Exemplifica o trabalho e conversa com alguns homens obscuros de uma aldeola singela. Apenas com isso, prepara a transformação da Humanidade inteira. Para o mundo incrédulo e materialista, todavia, a pergunta de Tadeu ainda é de plena atualidade. As criaturas vulgares só entendem os que se impõem aos demais. Apenas compreendem espetáculos que ferem a visão. Impressionam-se tão só com os gestos teatrais dos que dominam por um dia. Contudo, esquecem-se de que o poder mundano sempre possui a marca da transitoriedade. Todos os que o exercem caminham para o túmulo e para o esquecimento. Jesus, todavia, falou à alma imortal. Além disso, provou não ser necessária a evidência social ou econômica para o serviço de utilidade a Deus. Com reduzidos recursos externos, modificou o mundo. Para tal, bastaram-lhe os princípios edificantes e simples, uma aldeota sem nome e alguns poucos amigos. O homem de boa vontade sabe que foi esse o material com que o Cristo iniciou a remodelação da vida terrestre. Essa constatação enseja vastas reflexões. Muitas vezes, as criaturas clamam contra a providência. Reclamam que possuem pouco ou são muito exigidas. Sustentam desejar fazer e viver o bem, mas que a vida não as auxilia. Entendem que somente com grandes facilidades conseguiriam cumprir o papel que lhes cabe. Em sua visão, apenas com dinheiro, beleza e benefícios, os mais diversos, poderiam seguir um caminho ascendente. Entretanto, olvidam-se do exemplo de Jesus. Ele demonstrou ser necessário bem pouco para fazer o que realmente importa. Assim, quem exige ou espera grandes recursos está focado em questões transitórias. Embora o discurso possa ser outro, desejam atender seus apetites e brilhar no mundo. Caso desejem realmente ser úteis, os recursos de que dispõem são suficientes. Para aprender a perdoar, a servir e a entender, as necessidades não são vastas. Para fazer o genuinamente importante, pouco costuma bastar. Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap.134, do livro Caminho, verdade e vida, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. Em 10.09.2012.

domingo, 13 de dezembro de 2015

BASES PARA A REFORMA SOCIAL

Vivemos a era do desenvolvimento científico e dos avanços tecnológicos. No entanto, embora a satisfação e o conforto que os avanços proporcionam para a vida material, não conseguem preencher o vazio da alma. O homem aspira qualquer coisa de superior, sonha com melhores instituições, deseja a vida, a felicidade, a igualdade, a justiça para todos. Mas, como atingir tudo isso com os vícios da sociedade e, sobretudo, com o egoísmo imperando? O homem sente a necessidade do bem para ser feliz e compreende que só o bem pode lhe dar a felicidade pela qual aspira. Mas, como ocorrerá isso? Ora, se o reino do bem é incompatível com o egoísmo, é preciso que o egoísmo seja destruído. Mas, o que pode destruí-lo? A predominância do sentimento do amor, que leva os homens a se tratarem como irmãos e não como inimigos. A caridade é a base, a pedra angular de todo edifício social. Sem ela o homem construirá sobre a areia. Assim sendo, se faz urgente que os esforços e, sobretudo os exemplos de todos os homens de bem, a difundam. Mas como exemplificar o bem num meio corrompido pela maldade, a violência, a corrupção? Está nos desígnios de Deus que, por seus próprios excessos, as más paixões se destruam. O excesso de um mal é sempre o sinal de que chega ao seu fim. No entanto, sem a caridade o homem constrói sobre a areia. Um exemplo torna isso compreensível. Alguns homens bem intencionados, tocados pelos sofrimentos de uma parte de seus semelhantes, supuseram encontrar o remédio para o mal em certas doutrinas de reforma social. Vida comunitária, por ser a menos custosa; comunidade de bens para que todos tenham a sua parte; nada de riquezas, mas, também, nada de miséria. Tudo isso é muito sedutor para aquele que, não tendo nada, vê, antecipadamente, a bolsa do rico passar ao fundo comunitário sem cogitar que a totalidade das riquezas, postas em comum, criaria uma miséria geral ao invés de uma miséria parcial. Que a igualdade, estabelecida hoje, seria rompida amanhã pela mobilidade da população e a diferença entre aptidões. Que a igualdade permanente de bens supõe a igualdade de capacidades e de trabalho. Mas a questão não é examinar o lado positivo e o negativo desses sistemas. O fato é que os autores, fundadores ou promotores de todos esses sistemas, sem exceção, não visaram senão a organização da vida material de uma maneira proveitosa a todos. A finalidade é louvável, indiscutivelmente. Resta saber se, nesse edifício, não falta a base que, só ela, poderia consolidá-lo, admitindo-se que fosse praticável. A vida comunitária é a abnegação mais completa da personalidade. Ora, o móvel da abnegação e do devotamento é a caridade, isto é, o amor ao próximo. Um sistema que, por sua natureza, requer para sua estabilidade virtudes morais no mais supremo grau, haveria que ter seu ponto de partida no elemento espiritual. Pois muito bem, ele não o leva absolutamente em conta, já que o lado material é a sua finalidade exclusiva. Isso quer dizer que são enfeitadas com o nome da fraternidade, mas a fraternidade, assim como a caridade, não se impõe nem se decreta, é algo que existe no coração e não será um sistema que a fará nascer. Ao mesmo tempo em que isto ocorre, o defeito antagônico à fraternidade arruinará o sistema e o fará cair na anarquia, já que cada pessoa quererá tirar para si a melhor parte. A experiência aí está, diante de nossos olhos, para provar que eles não extinguem nem as ambições nem a cobiça. Os homens podem fundar colônias sob o regime da fraternidade tentando fugir ao egoísmo que os esmaga, mas o egoísmo seguirá com eles como vermes roedores. E lá, onde se acham, haverá exploradores e explorados, se lhes falta a caridade. Por todas essas razões é que nunca haverá reforma social que se sustente em sistemas que não levem em conta o elemento espiritual. É incontestável que antes de fazer a coisa para os homens, é preciso formar os homens para a coisa, como se formam obreiros, antes de lhes confiar um trabalho. Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base em discurso pronunciado por Allan Kardec, nas reuniões gerais dos espíritas de Lyon e Bordeaux, do livro Viagem espírita em 1862, ed. O clarim, 2. ed., pp.80-84. Em 14.03.2008.

sábado, 12 de dezembro de 2015

O BARBEIRO INCRÉDULO

Conta-se que, um dia, um homem foi à barbearia para cortar os cabelos e, enquanto o barbeiro o atendia, ambos mantinham uma conversa animada. Falavam de muitas coisas, até que o homem resolveu falar da vida e, para explicá-la, falou a respeito de Deus. O barbeiro, homem muito incrédulo, começou a contestar a existência de Deus e falou: 
-Deixe disso, meu caro! Deus não existe! 
-E por quê? Perguntou o homem. 
-Ora, se Deus existisse não haveria tantos miseráveis passando fome! Olhe à sua volta e veja quanta tristeza. É só andar pelas ruas e enxergar! 
-Bem, se essa é a sua maneira de pensar, eu a respeito. 
-Sim, claro. Falou rapidamente o barbeiro. 
O homem pagou o corte e ia saindo, quando avistou um maltrapilho com longos e feios cabelos, barba desgrenhada, suja, abaixo do pescoço. Não se conteve, deu meia volta e falou ao barbeiro: 
-Sabe de uma coisa? Não acredito em barbeiros! Barbeiros não existem. 
-Como assim? Perguntou surpreso o descrente.
-Sim, falou o homem, se existissem barbeiros não haveria pessoas de cabelos e barbas compridas! 
-Ora, existem tais pessoas porque evidentemente não vêm a mim! 
-Que bom! Disse o homem. Agora você entendeu. 
* * * 
Se o fato de existirem pessoas passando fome, enfrentando dificuldades, sofrimentos, dores fosse suficiente para provar que Deus não existe, estaríamos observando a realidade de um ponto de vista muito estreito. A existência de Deus é uma verdade subjetiva, e como tal, deve ser buscada com a razão e o sentimento. Cada pessoa pode encontrar Deus de maneira diferente, mas existe uma condição básica: é preciso buscá-Lo com firme desejo de encontrá-Lo. Um homem fez uma poesia que fala do seu reencontro com Deus, que diz o seguinte: 
Deus, passei tanto tempo Te procurando... Não sabia onde estavas.
Olhava para o infinito, não Te via, e pensava comigo mesmo: Será que Deus existe?
Não me contentava na busca e prosseguia.
Tentava Te encontrar nas religiões e nos templos, Tu também não estavas.
Busquei-Te através de sacerdotes e pastores, também não Te encontrei.
Senti-me só, vazio, desesperado, e descri.
E na descrença tropecei...
E no tropeço, caí...
E na queda, senti-me fraco.
Fraco, procurei socorro.
No socorro, encontrei amigos...
Nos amigos, encontrei carinho...
No carinho, vi nascer o amor.
Com amor, vi um mundo novo...
E no mundo novo resolvi viver.
O que recebi, resolvi doar...
Doando alguma coisa, muito recebi.
E recebendo, senti-me feliz.
E ao ser feliz, encontrei a paz.
E tendo paz foi que enxerguei que dentro de mim é que Tu estavas...
Foi em mim que, sem procurar, eu Te encontrei...
Redação do Momento Espírita com base em texto de autoria ignorada e em poesia de Adélio Neves. Em 08.11.2010.
momento.com.br

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

BANQUETE DOS PUBLICANOS

CHICO XAVIER E EMMANUEL
Na narrativa evangélica, dois banquetes de que Jesus participou despertam atenção. Um deles, muito famoso, consiste na última ceia com os Apóstolos. Trata-se de evento que se revestiu de singular importância. Nele, Jesus revela o caráter sublime de suas relações com os amigos de apostolado. Foi um ágape íntimo e familiar, solenizando despedida afetuosa e divina, ao mesmo tempo. No entanto, é conveniente recordar que o Mestre atendeu a esse círculo em derradeiro lugar. Ele já se havia banqueteado carinhosamente com os publicanos e os pecadores. Partilhava a ceia com os discípulos, em um dia de alta vibração religiosa. Mas antes comungara o júbilo daqueles que viviam à distância da fé. Reunira-os, generoso, e conferira-lhes os mesmos bens nascidos de Seu amor. De maneira geral, a comunidade cristã ainda não percebeu toda a significação do banquete do Mestre, entre publicanos e pecadores. Mas esse festim possui especial significado, na história do Cristianismo. Segundo o Evangelho, ao passar perto da alfândega, Jesus viu um homem chamado Mateus. Chamou-o e ele O seguiu. Mais tarde, estando ambos sentados à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores. Todos se sentaram junto com o Senhor e Seus discípulos. Ao verem a cena, os fariseus indagaram aos Apóstolos a razão pela qual Jesus comia com publicanos e pecadores. O próprio Cristo respondeu que os sãos não necessitam de médico, mas sim, os doentes. Com isso, demonstrou que abraça a todos os que desejam a alimentação espiritual nos trabalhos de Sua vinha. Sinalizou que não só nas ocasiões de fé permanece presente entre os que O amam. Em qualquer tempo e situação, está pronto para atender às almas que O buscam. Em alguns meios religiosos, parece haver certa tendência em considerar menos importantes as atividades do mundo. Neles se entende que o homem se encontra com Deus no templo ou na igreja. Entretanto, o serviço Divino está em todo lugar. O empresário honesto, em seu labor, está na presença de Deus. O professor, ao ensinar com dedicação e responsabilidade, também está em contato com o Divino. Do mesmo modo, a mãe, ao cuidar de seus filhos. Não há como cindir a vida em duas. Uma sem responsabilidades definidas para com o bem e o belo. E outra, momentânea e restrita, na qual a criatura se preocupa com sua alma imortal. Jesus Se banqueteou primeiro com os considerados profanos. Com isso, sinalizou a importância de que se cuide muito bem dos deveres comezinhos do mundo. É inútil buscar o Divino, com esquecimento das tarefas básicas da vida. Para ser bom cristão, é preciso ser bom pai, filho, profissional, esposo e cidadão. Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 137, do livro Caminho, verdade e vida, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. Em 18.09.2012.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

BANDA LARGA E MENTE ESTREITA

JOANA DE ÂNGELIS
E
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Toda banda larga é inútil, se a mente for estreita. Eis a ideia veiculada numa determinada campanha publicitária nacional, que toca numa temática bastante interessante. Nos tempos de desenvolvimento tecnológico incessante e revolucionário; nos tempos da velocidade da informação, e da conectividade em tempo real com o mundo todo, é necessário pensar. Pensar se tudo isso, realmente, está sendo utilizado em favor do desenvolvimento humano, ou é apenas mais uma distração criada pela alma imatura do homem terreno. Sim, pois, se pouco ou nada nos acrescenta como Espíritos, no que diz respeito ao nosso progresso moral, ao nosso melhor comportamento, de que nos adianta? De que nos adianta ter a facilidade no acesso à informação, se não sabemos o que fazer com ela? De que adianta ficar sabendo de tantas e tantas coisas, se não sabemos selecionar o que eu quero e o que eu não quero para mim? Toda banda larga é inútil, se a mente for estreita. A mente estreita é esta que se perde em meio a tantas possibilidades, sem saber para onde ir. Naufragam ao invés de navegarem na Web. Gastam seu tempo querendo saber da vida dos outros, do que aconteceu aqui ou ali, inaugurando apenas uma nova forma de voyeurismo e fofoca - apenas isso. A mente estreita lê, mas não pensa sobre o que leu, não emite opinião, apenas aceita... A mente estreita prefere o contato virtual, dos perfis raramente sinceros, do que a conversa olho no olho, sem barreiras, sem máscaras. A tecnologia está à nossa disposição para nos ajudar. É o conhecimento intelectual engendrando o progresso moral, propiciando o adiantamento do ser humano, e não sua destruição. A chamada informação nunca foi tão fácil e farta, é certo, mas será ela, por si só, suficiente? O que mudou em nós, seres humanos, as agilidades tecnológicas da nova era? Tornamo-nos melhores? Mais caridosos? Mais dispostos a nos vermos todos na Terra como irmãos? Talvez para alguns sim, os de mente larga e coração amplo. Tantas comunidades do bem na rede, tantas propostas nobres ligando pessoas em todo o mundo! Inúmeras mensagens de consolo, de esclarecimento, diariamente cruzam os ares virtuais da internet, e levam carinho e alegria a muitos lares infelizes. São muitos os exemplos de como os avanços intelectuais podem ser bem utilizados em favor do desenvolvimento humano. Sejamos nós estes de mente larga, que querem e trabalham pelo bem comum, das mais diferentes formas possíveis, e que se utilizam de mais este instrumento, para viver o amor. 
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O Universo é a condensação do amor de Deus, e somente através do amor poderá ser sentido, enquanto pela inteligência será compreendido. Conhecimento e sentimento unindo-se, harmonizam-se na sabedoria que é a conquista superior que o ser humano deverá alcançar. Busquemos a plenitude intelecto-moral, conforme tão bem acentua o nobre Codificador do Espiritismo, Allan Kardec. 
Redação do Momento Espírita com citações do cap. Desenvolvimento científico, do livro Dias gloriosos, do Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Disponível no livro Momento Espírita, v. 8, ed. Fep. Em 28.12.2009.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

O BAMBU CHINÊS

O bambu chinês (bambusa mitis) é uma planta da família das gramíneas, nativa do Oriente. Destacamos aqui uma particularidade muito interessante, relativa ao seu crescimento. Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada por aproximadamente 5 anos, exceto um lento desabrochar de um diminuto broto a partir do bulbo. Durante 5 anos, todo crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu. O que ninguém vê, é que uma maciça e fibrosa estrutura de raiz, que se estende vertical e horizontalmente pela terra, está sendo cuidadosamente construída. Então, lá pelo final do quinto ano, o bambu chinês cresce, até atingir a altura surpreendente de 25 metros. Quantas coisas em nossa vida são similares ao bambu chinês... Trabalhamos, investimos tempo, esforço, dedicação, e às vezes não vemos resultado algum por semanas, meses ou anos. Quem sabe, se lembrarmos desta lição que a natureza nos dá, através do bambu chinês, teremos a paciência necessária para esperar o tal quinto ano. Assim não deixaremos de persistir, de lutar, de investir em nós mesmos, sabendo que os frutos virão com o tempo. Muitos ainda somos imediatistas, desejando o retorno fácil, a conquista instantânea. Esquecemos que todas as grandes e valorosas conquistas da alma demandam tempo, exigem esforço de muitos e muitos anos, e às vezes de muitas vidas. Este hábito de não desistir de nossos objetivos, de continuar tentando, de não se abalar perante os inevitáveis obstáculos, constitui uma virtude. Continuar, persistir, manter constância e firmeza, fazem parte da importantíssima virtude da perseverança. A perseverança é o combustível dos vencedores. Mas não dos vencedores mundanos, de vitórias superficiais e transitórias. Mas daqueles que vencem a si mesmos, que vencem dificuldades no anonimato. Thomas Edison, homem perseverante, afirmou que nossa maior fraqueza está em desistir, e que o caminho mais certo para vencer é tentar mais uma vez. E quantas centenas de vezes ele tentou fabricar sua lâmpada, sem sucesso... E o mais interessante é que as muitas tentativas frustradas lhe davam mais forças ainda. 
-Eu não falhei. - dizia ele. Encontrei 10 mil soluções que não davam certo. 
Em outro momento afirmou que os três grandes fundamentos para se conseguir qualquer coisa são: primeiro, trabalho árduo; segundo, perseverança; terceiro: senso comum. Aprendamos com esses expoentes que muito conseguiram, não vislumbrando apenas os louros da glória, ou apenas admirando contemplativamente. Respeitemo-los por suas aquisições valorosas, e enxerguemos o caminho todo que trilharam até conseguir seu sucesso. 
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Não asseveres: É-me impossível fazer! Não redargas: Não consigo! Nunca informes: Sei que é totalmente inútil aceitar. Nem retruques: É maior do que as minhas forças. Para aquele que crê, o impossível é tarefa que somente demora um pouco para ser realizada, já que o possível se pode realizar imediatamente. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 39, do livro Convites da vida, pelo Espírito Joanna de Angelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 13.03.2008.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

A BALSA

Na História da Humanidade encontramos acontecimentos que nos levam a profundas reflexões. Em 1816, uma fragata francesa encalhou próxima à costa do Marrocos. Não havia número suficiente de botes salva-vidas. Os restos do navio foram a única balsa que manteve vivas cento e quarenta e nove pessoas. A tempestade as arrastou ao mar aberto por mais de vinte e sete dias sem rumo. A dramática experiência dos sobreviventes impressionou a um artista. Theodoro Gericault realizou um estudo substancial dos detalhes para produzir a pintura. Ele entrevistou os sobreviventes, os enfermos e, inclusive, viu os mortos. Horrorizado, reproduziu a íntima realidade humana nessa situação. Seu quadro, intitulado A balsa de Medusa, retrata não somente o naufrágio do navio A Medusa, ocorrido no dia dois de julho de 1816, mas um acontecimento que comoveu a França e trouxe repercussões que tocaram o mais profundo da alma humana. Na pintura, pode-se ver as diferentes atitudes humanas que se manifestam nos momentos cruciais da vida. Alguns dos sobreviventes se apresentam deitados, em total abandono, sem reação alguma. Parecem simplesmente aguardar a morte inevitável. Outros se mostram desesperançados, alheios aos demais. O olhar distante, perdido no vazio, demonstra que perderam a vontade de viver e de lutar. Um punhado deles, no entanto, mantém a esperança acima de tudo. Tiram do corpo as próprias camisas e as agitam com força, fixando um ponto no horizonte, como se desejassem ser vistos por alguma embarcação, por alguém. O curioso, entretanto, é que embora eles estejam balançando as vestes brancas, não há nenhum navio à vista. Nada que indique que eles serão resgatados. 
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A balsa é como o planeta Terra. Os tripulantes são a Humanidade e as atitudes que cada um toma diante da vida. Podemos ser como os desesperançados, quando atravessamos situações difíceis e nos decidimos a simplesmente nos entregar sem luta alguma. Podemos estar enquadrados entre aqueles que acreditam que não há solução e, assim, também não há porque se esforçar para melhorar o estado de coisas. Podemos também ser os que duvidamos de tudo e de todos. Ou, finalmente, ser aqueles que mantemos a esperança acima de tudo, esforçando-nos para chegar à vitória, embora ela pareça estar muito, muito distante. Afinal, decidir pela vitória em toda circunstância que a vida nos coloca é atitude de esperança. 
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 Quando os problemas se multiplicam no norte da vida e os desafios ameaçam pelo sul, as dificuldades surgem pelo leste e os perigos se multiplicam no oeste, a esperança surge e resolve a situação. Mensageira de Deus, torna-se companheira predileta da criatura humana, a serviço do bem. É a esperança que, ante os quadros da guerra, conclama ao trabalho e à paz. Em meio ao inverno rigoroso, inspira coragem e aponta a estação primaveril que, logo mais explodirá em cor, perfume e beleza. Nunca se afaste da esperança! 
Redação do Momento Espírita, a partir do texto A balsa, de autoria desconhecida e pensamentos do cap. 19 do livro Perfis da vida, pelo Espírito Guaracy Paraná Vieira, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 16.8.2013.