segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

HISTÓRIA DE FÉ

Catarina de Hueck
Quando a revolução comunista, no ano de 1919, criou uma situação política muito ruim, na Rússia, uma extraordinária jovem de apenas vinte anos decidiu abandonar o seu país. Seu nome era Catarina de Hueck e ficou conhecida somente pelo seu título, A baronesa. Chegou a Londres grávida do primeiro filho e sem recursos. Um tio que residia na América do Norte lhe falou de Nova Iorque, onde a riqueza era tanta que os dólares caíam das árvores. Ela foi viver em Nova Iorque. Trabalhou numa lavanderia onde ganhava oito dólares, dos quais mandava dois para o marido e o filho, que tinham ficado no Canadá. Tentou escrever para jornais, contando casos de guerra da Rússia que tão bem conhecia, mas ninguém se interessou. Buscou uma instituição de caridade, onde foi maltratada e humilhada. Nesse dia, pensou em se suicidar. Dirigiu-se até o rio Hudson e ficou olhando as águas. Foi quando ouviu uma voz: 
-Ei, loirinha, o que você está fazendo aí? 
Era um motorista de táxi. 
-Quer que eu a leve para algum lugar? 
Ela respondeu: 
-Não tenho para onde ir, nem dinheiro para pagar o táxi. 
-Diga a verdade, continuou o homem, você estava pensando em pular na água. Nota-se pela sua cara de fome. 
Ele a convidou para comer um hambúrguer. Ela desconfiou. Ele insistiu. Era um pai de família e religioso praticante. Ela foi para a casa dele e passou dois dias com sua família. Depois, ele lhe emprestou dinheiro para pagar a pensão. Ela voltou a procurar emprego e, no frio da manhã, foi orando: 
-Meu Deus, perdoa-me aquele pensamento de desespero ao lado do rio. Ajuda-me a arranjar um emprego. 
Naquele momento, um vento forte lhe lançou no rosto um pedaço de papel. Era uma folha de anúncios de jornal, pedindo empregadas domésticas. Catarina se animou. Era a primeira vez que ela via uma resposta a uma oração em vez de vir do céu, vir do chão, trazida pelo vento, num pedaço sujo de jornal. Ela pensou: 
-Deus é muito estranho mesmo. Manda motoristas de táxi atrás de uma jovem desesperada, fala na voz dos ventos, e responde até pelo jornal.
Mais tarde, se tornou rica, proferindo conferências pela América, contando a sua história. Em outubro de 1930, ela fundou as Casas da Amizade e, mais tarde, numa ilha que lhe foi doada, no Canadá, o Madonna House, uma obra que ampara criaturas necessitadas. 
* * * 
Por mais difíceis sejam os problemas, jamais pense em suicídio. 
Sempre existe alguém que pode ajudar você. 
E quase sempre essa pessoa está muito perto. 
Olhe, procure, conte a sua dificuldade. 
Seja qual for a provação, entregue-se a Jesus em confiança. 
Ele é o caminho. 
Aguarde um pouco mais, na fé e o auxílio alcançará você. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Deus e a baronesa, de Adilton Pugliese, da Revista Internacional de Espiritismo, ed. O clarim, de outubro de 2000 e no cap. 19 do livro Momentos de renovação, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 02.07.2012.

domingo, 30 de janeiro de 2022

HISTÓRIA DE ANACLETA

No livro Missionários da luz, do Espírito André Luiz, narram-se várias histórias passadas no plano espiritual. 
Uma delas se refere a Anacleta, que programa sua próxima reencarnação.
Anacleta é apresentada como um exemplo vivo de ternura e abnegação.
Ao defrontar-se com essa descrição, o leitor imagina se tratar de uma alma em boa situação. Entretanto, ela prepara uma nova vida extremamente difícil e trabalhosa. 
Segundo a narrativa, ela se complicou por alguns excessos de meiguice desarrazoada. 
Na última encarnação, foi uma senhora de posses e esposa de um homem honrado. Também foi mãe de quatro filhos saudáveis, três rapazes e uma moça. O pai tentava exercer uma salutar influência sobre os filhos. Desejava encaminhá-los ao trabalho e discipliná-los na vida reta. Mas Anacleta, embora devotadíssima e desejosa da felicidade dos filhos, contrariava a influência do pai. Ela entendia que os filhos podiam gastar seu tempo em obrigações sociais. Incentivava-os na busca de divertimentos e passatempos. Ocorre que eles possuíam importantes fragilidades morais. Sem ocupação útil, desvirtuaram-se na busca de prazeres. Dilapidaram o tesouro da saúde e desencarnaram cedo e em tristes condições. Terminaram em baixas regiões do Plano Espiritual, em estado de grande sofrimento. Anacleta, ao retornar à pátria espiritual, compreendeu o desatino que cometera. Conscientizou-se de que o dever dos pais é educar os filhos para Deus, e não para os prazeres humanos. Gastou mais de trinta anos para resgatá-los e programar a futura reencarnação. Nessa, seriam todos muito pobres. Os três rapazes teriam graves problemas físicos, pelo mau uso do corpo na vida anterior. Anacleta ficaria viúva precocemente e teria uma vida de muito trabalho e sacrifício. Em sua labuta, contaria apenas com a ajuda da filha, também portadora de marcantes conflitos. 
* * *
Essa história evidencia o quanto o amor, apartado da razão, pode ser pernicioso.
Ele corre o risco de se converter em venenosa pieguice. 
A vida física não constitui um passeio ou uma estação de lazer para o Espírito imortal. 
Todo renascimento envolve preparação e projetos de trabalho e aprendizado. 
Por isso, a tarefa educativa dos pais é importante e grave. 
Eles devem orientar seus pupilos sobre o perigo da liberdade sem responsabilidade. 
Ensiná-los que todo trabalho edificante é Divino e que todo desperdício constitui falta grave. 
Tudo com o propósito de criar um adulto responsável e decente. 
Alguém cuja presença seja positiva no mundo. 
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 12 do livro Missionários da luz, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. 
Em 14.07.2012.

sábado, 29 de janeiro de 2022

UMA HISTÓRIA DE AMOR

Roger Patrón Luján
Um soldado se encontrava em uma frente de batalha, quando foi chamado pelo seu comandante, que lhe informou que seu pai estava para morrer. Dessa forma, ele seria rapidamente enviado de volta ao lar, para assistir os últimos momentos do seu genitor, desde que ele era o único familiar existente. Com o coração em sobressalto, amargurado, o jovem soldado chegou à sua cidade e logo se dirigiu ao hospital. Conduziram-no à Unidade de Terapia Intensiva e lhe indicaram um leito. O rapaz se aproximou e observou o ancião, semiconsciente e cheio de tubos. Parecia estar sofrendo muito. Ao aproximar-se um tanto mais e contemplar o rosto dorido do enfermo terminal, o soldado percebeu que alguém havia cometido um tremendo engano ao chamá-lo. Aquele homem não era o seu pai. Aproximou-se do médico e perguntou: 
-Quanto tempo lhe resta de vida? Algumas horas, quando muito. Você chegou a tempo. 
O soldado tornou a postar-se ao lado do leito. Pensou no filho daquele velho, que deveria estar lutando sabe Deus a quantos quilômetros dali. Pensou que, possivelmente, aquele ancião estaria se aferrando à vida com a única esperança de ver o seu filho, uma última vez, antes de morrer. Tomou então, uma decisão. Inclinou-se sobre o moribundo, tomou uma de suas mãos e lhe disse, suavemente: 
-Pai, estou aqui, voltei. 
O ancião, agarrando com força aquela mão, abriu seus olhos sem vida, para lançar um último olhar à sua volta. Um sorriso de satisfação iluminou seu rosto e assim permaneceu até que, ao fim de quase uma hora, morreu pacificamente. 
* * * 
Assim é o amor. 
É um sentimento que brota de forma espontânea. 
Floresce através de ações benéficas, capazes de gerar bem-estar e alegria. 
Manifesta-se como gesto de ternura, doando-se a quem necessita. 
Em todos os tempos, a Humanidade registrou a abnegação de homens e mulheres notáveis, cujas vidas, iluminadas pelo amor, tornaram-se exemplos edificantes e inesquecíveis. 
E todos os que experimentam o amor, nunca mais tornam a ser os mesmos, porque o amor é de essência Divina. 
Na verdade, todos os seres, do primeiro ao último, têm, no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado. 
Quando descobrirmos que o amor é a meta que devemos alcançar e nos entregarmos à sua realização, haveremos de felicitar nossas vidas e toda a Humanidade.
 * * * 
O fruto do silêncio é a oração, o fruto da oração é a fé, o fruto da fé é o amor, e o fruto do amor é servir aos demais. 
Assim, sintamos o que vamos dizer com carinho, digamos o que pensamos com esperança, pensemos o que fazemos com fé e façamos o que devemos, com amor. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 16, do livro Momentos de iluminação, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL; no cap. XI, item 9, do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB; e no cap. Um soldado, do livro Um presente especial, de Roger Patrón Luján, ed. Aquariana.
Em 4.8.2018.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

A FUGA

JOANNA DE ÂNGELIS
E
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Num desses dias agitados, em que se tem mil coisas diferentes para fazer, aquele menino de quatro anos estava muito irrequieto. Por diversas vezes, o pai pediu que ele sossegasse um pouco. Finalmente, acabou colocando-o de castigo, no canto da sala. Justin chorou, esperneou, emburrou. Finalmente, gritou: 
-Vou embora desta casa. 
Irritada, a mãe falou: 
-Ah, vai é? 
Então, olhou para o filho, encolhido no canto, triste, e sentiu partir o seu próprio coração. Ele era tão pequeno, tão indefeso... Sua memória voou para dias de sua própria infância, quando ela também quisera sair de casa, por se sentir não amada e não compreendida. Largou tudo que estava fazendo. Deu-se conta de que ao anunciar seu desejo de ir embora de casa, Justin estava dizendo: 
-Por favor, prestem mais atenção em mim. Façam com que eu me sinta desejado e amado incondicionalmente. 
Ela se aproximou e falou baixinho: 
-Tudo bem, Justin, você vai poder fugir de casa. 
Ao mesmo tempo, foi apanhar umas roupas no seu armário e as colocou numa sacola. 
-O que você está fazendo? – Foi a pergunta do menino. 
-Bem, se você vai fugir de casa, vou com você porque não quero ver você sozinho pelas ruas. Gosto muito de você. 
Quando o abraçou, ele perguntou, surpreso: 
-Por que você quer ir comigo? 
Com carinho, respondeu a mãe: 
-Porque gosto muito de você e vou ficar muito, muito triste se você for embora. Também quero tomar conta de você para que nada de mal aconteça. 
Então começaram as indagações do pequeno: 
-Papai também pode ir? 
A mãe explicou que papai deveria ficar em casa para tomar conta da casa. Também para trabalhar. 
-E o meu hamster pode ir? 
Ante nova negativa da mãe, Justin pareceu pensar um pouco. Depois, perguntou: 
-Mamãe, podemos ficar em casa? 
-Claro, Justin, podemos ficar em casa. 
-Mamãe, - disse ele suavemente - eu amo você. 
-Eu amo você também, querido, muito, muito, muito. 
Naquele instante, ela percebeu a maravilhosa dádiva que é ser mãe. E como é fundamental levar a sério a responsabilidade sagrada de ajudar uma criança a desenvolver o sentido de segurança e o amor-próprio. Abraçando mais intensamente o filho, sentiu que, em seus braços, tinha o tesouro inestimável da infância. Era uma pessoinha que dependia do amor e segurança que recebesse, do atendimento de suas necessidades, do reconhecimento de suas características únicas para se tornar um adulto feliz. Naquele dia, com aquela situação, ela aprendeu que, como mãe, jamais deveria fugir da oportunidade de mostrar ao filho o quanto é amado, desejado e importante. Um precioso presente de Deus. 
* * * 
Não te poupes esforços na educação dos filhos. 
Os pais assumem, desde antes do berço, com aqueles que receberão na condição de filhos, compromissos e deveres que devem ser exercidos.
Serão, também, por sua vez, meios de redenção pessoal perante a consciência individual e a cósmica, que rege os fenômenos da vida, nos quais todos estamos mergulhados. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A fuga, de Lois Krueger, do livro Histórias para aquecer o coração, v. 2, de Jack Canfield e Mark Victor Hansen, ed. Sextante e no cap. Deveres dos pais, do livro S.O.S Família, pelo Espírito Joanna de Ângelis e outros Espíritos, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 28.1.2022.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

HÁ DOIS MIL ANOS

Há dois mil anos, houve Alguém, na face da Terra, que amou a Humanidade como jamais ninguém amou. 
Ele conhecia e respeitava as leis da vida. 
Para aqueles que O chamaram de subversivo, esclareceu: 
-Eu não vim destruir a lei, mas dar-lhe cumprimento. 
Ele sabia que a Humanidade se debateria em busca de soberania e poder. 
Que se precipitaria nos despenhadeiros das guerras cruéis e sangrentas, causando dor e sofrimento. 
Por isso, disse: 
-Minha paz vos deixo, a minha paz vos dou. 
Ele sabia que caminharíamos em busca da felicidade e, embora rodeados de pessoas, haveria momentos em que a solidão nos visitaria. 
Por isso, afirmou: 
-Nunca estareis a sós. Vinde a mim. 
Ele compreendia que, na escalada para a perfeição, em alguns momentos, não saberíamos ao certo que caminho seguir. 
Então, se ofereceu: 
-Eu sou o Caminho. 
Ele conhecia as fraquezas humanas e entendia que densas nuvens se abateriam sobre nossas consciências, e que poderíamos nos perder na noite escura dos próprios desatinos.
Por isso declarou:
-Eu sou a luz do mundo
Como pastor, Ele compreendia a fragilidade dos Seus tutelados, que facilmente se deixariam levar pelo brilho das riquezas materiais e escorregariam nas armadilhas da desonra e da insensatez.
Por essa razão, Ele advertiu: 
-De nada vale ao homem ganhar a vida e perder-se a si mesmo. 
Por conhecer a indocilidade do coração humano, que se tornaria presa fácil da prepotência e se comprometeria negativamente com os preconceitos e a soberba, criando cadeias para a própria alma, assegurou, com ternura: 
-Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará. 
Há dois mil anos houve Alguém que amou a Humanidade como ninguém jamais amou... 
E, por saber que, na intimidade de cada ser humano, há uma centelha da chama divina, aconselhou: 
-Brilhe a vossa luz. 
Por ter ciência plena da destinação de todos nós, orientou: 
-Sede perfeitos como vosso Pai Celestial é perfeito. 
Conhecedor da nossa capacidade de preservar e dar sabor à vida, afirmou: 
-Vós sois o sal da Terra. 
Há dois mil anos houve Alguém que amou tanto a Humanidade que voltou, após a morte, para que tivéssemos a certeza de que o túmulo não aniquila os nossos amores. 
Ele nada impôs a ninguém. 
Convidou, simplesmente assim: 
-Quem quiser vir após mim, tome a sua cruz, negue-se a si mesmo, e siga-me. 
Sem estabelecer ilusões, nos esclareceu sobre as dores que o mundo nos ofereceria, dos enganos que poderíamos ser levados a abraçar. 
 Acenou, de forma clara, que os que perseverassem até o fim, esses seriam salvos. 
* * * 
Esse Espírito ficou conhecido na Terra pelo nome de Jesus, o Cristo. 
Habita mundos sublimes, onde a felicidade suprema é uma realidade. 
Mas, por ter afirmado que jamais nos deixaria órfãos, continua amparando e socorrendo a todos nós, independente de crença, raça, posição social ou cultura. 
Sua promessa ainda repercute pela Terra e soa aos nossos corações: 
-Nenhuma das ovelhas que o Pai me confiou se perderá. 
Ovelhas do mesmo pastor, prossigamos em nossa jornada, até alcançarmos as estrelas.
Nosso destino é a perfeição. 
Sigamos resolutos. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 27.1.2022.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

A HISTÓRIA DAS MÃES FELIZES

Narra famoso escritor árabe que uma jovem mãe iniciou a grande jornada pela estrada incerta da vida. Trazia no peito apreensões pois não tinha certeza se teria condições de educar bem os seus filhos. A existência lhe transcorria feliz, em companhia de seus pequenos. Brincava com eles, colhia para eles as mais lindas flores. O sol brilhava, inundando a Terra com torrentes de luz. Ela agradecia a Deus, acreditando que jamais poderia ser mais feliz do que era. No entanto, veio a noite com seu manto pesado e sombrio. Desabou o temporal. O vento gritava alto. A natureza toda parecia enfurecida, num concerto desesperador. Os pequenos se encolhiam, trêmulos de medo e choravam. A jovem mãe os aconchegou contra o peito e os agasalhou com sua própria túnica. As crianças se acalmaram, sentindo-se seguras no regaço materno. A mãe, sorridente, ergueu uma prece aos céus, por ter podido proteger os seus filhos e lhes lançar nos corações a lição da confiança e da coragem. Os dias se sucederam, cada qual com sua lição preciosa de vida. Finalmente, um grande cataclismo aconteceu. Fez-se noite em pleno dia. A morte começou a visitar todos os lares, rondando por toda parte. As crianças se apavoraram e começaram a chorar. Mas a mãe lhes dizia: 
-Confiai em Deus, confiai. Ele não nos abandonará. 
Os pequenos confiaram em Deus. Oraram e se acalmaram. Nesse dia, a mãe teve muito a agradecer a Deus. Agradeceu pela grande oportunidade de ter ensinado aos seus filhos a respeito da confiança em Deus, na Sua misericórdia. E acreditou que aquele sim era o dia mais feliz de sua vida. Os anos se sucederam. A jovem mãe nevou os cabelos e traçou rugas no rosto. O passo foi se tornando cansado, mais lento e dificultoso. Mas os filhos eram bons e dedicados. Um dia, a boa velhinha partiu para o mundo espiritual. Despediu-se e com serenidade abandonou o corpo. Os filhos tiveram a nítida impressão de que largos portões se abriram para lhe receber o Espírito. E, enquanto ela ingressava feliz na Espiritualidade, olharam-se, dizendo: 
-A lembrança de nossa mãe viverá para sempre em nossos corações.
Eduquemos os nossos filhos como ela nos educou: na bondade, na obediência, no amor, na confiança em Deus. 
* * * 
Será que temos aproveitado todos os momentos de dificuldades para ensinar valores positivos aos nossos filhos? 
Será que temos lembrado de, ante o desemprego que a tantos atinge, ensinar aos nossos filhos o valor do esforço para viver honestamente, enfrentando a adversidade? 
Temos lhes falado a respeito do valor moral do dinheiro? 
De como o devemos empregar, sem abusos ou excessos? 
Temos lhes ensinado o valor da oração? 
Temos lhes falado da fé que remove as montanhas, vence os abismos e nos permite superar os desafios da vida? 
Pais e mães: lembremo-nos da nossa missão que é conduzir para o Criador os Espíritos dos filhos que foram confiados por Ele, à nossa guarda. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto A parábola das mães felizes, de Malba Tahan. 
Em 24.1.2019.

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

O SONHO DE KARINA

Desde pequena, Karina só tinha uma paixão: dançar e ser uma das principais bailarinas do Ballet Bolshoi. Seus pais haviam desistido de lhe exigir empenho em qualquer outra atividade. Tudo era deixado de lado pelo objetivo de se tornar bailarina do Bolshoi. Um dia, Karina teve sua grande chance. Conseguiu uma audiência com o diretor master do Bolshoi, que estava selecionando aspirantes para a Companhia. Nesse dia, ela dançou como se fosse seu último dia na Terra. Colocou tudo o que sentia e que aprendera em cada movimento, como se uma vida inteira pudesse ser contada em um único passo. Ao final, aproximou-se do renomado diretor e lhe perguntou: 
-Então, o senhor acha que posso me tornar uma grande bailarina? 
Na longa viagem de volta à sua aldeia, Karina, em meio às lágrimas, imaginou que nunca mais aquele não deixaria de soar em sua mente. Meses se passaram até que pudesse novamente calçar uma sapatilha, ou fazer seu alongamento em frente ao espelho. Dez anos mais tarde, Karina, uma estimada professora de ballet, criou coragem de ir à performance anual do Bolshoi, em sua região. Sentou-se bem à frente e notou que o senhor Davidovitch ainda era o diretor master. Após o concerto, aproximou-se dele e contou-lhe o quanto ela queria ter sido bailarina do Bolshoi e quanto lhe doera, anos atrás, ter ouvido dele que ela não seria capaz disso. 
-Mas, minha filha... – disse o diretor – eu digo isso a todas as aspirantes.
Com o coração ainda aos saltos, Karina não pôde conter a revolta e a surpresa dizendo: 
-Como o senhor pôde cometer uma injustiça dessas? Eu poderia ter sido uma grande bailarina se não fosse o descaso com que o senhor me avaliou! 
Havia solidariedade e compreensão na voz do diretor, mas ele não hesitou ao responder: 
-Perdoe-me, minha filha, mas você nunca poderia ter sido grande o suficiente, se foi capaz de abandonar o seu sonho pela opinião de outra pessoa. 
* * * 
Quando estabelecemos metas específicas é muito maior a nossa chance de conquistarmos nossos sonhos. 
Dedicação e empenho também são requisitos indispensáveis nessa dura jornada. 
No entanto, mais importante do que tudo é acreditarmos, efetivamente, na própria capacidade de alcançarmos os objetivos propostos. 
Muitos serão aqueles que, pelas mais variadas razões, colocarão obstáculos em nossa caminhada. 
Alguns dirão que nosso sonho é uma grande bobagem. 
Ou, ainda, que se trata de muito esforço à toa. 
Outros falarão que não somos capazes de alcançá-lo e que deveríamos optar por objetivos mais fáceis. 
E assim, muitos desistem da luta, por medo, por preguiça. 
Ou porque acreditaram nas previsões negativas dos outros. 
No entanto, nossos sonhos continuarão lá, dentro de nossos corações e diante de nossos olhares. 
Mesmo que deixemos de nos esforçar para ir ao encontro deles, eles permanecerão fazendo parte de nós, como uma tarefa não cumprida.
Projetos nobres e ideais justos não devem ser abandonados nunca.
Convictos de sua importância perante a vida, esforcemo-nos para alcançá-los, não importando quantas tentativas sejam necessárias para isso.
Redação do Momento Espírita, com base no livro Parábolas eternas, organização Legrand, ed. Sóler. 
Em 25.1.2022.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

UMA HISTÓRIA CHINESA

Divaldo Pereira Franco
Lin casara-se e podia se dizer feliz, se não fosse um pequeno detalhe: sua sogra. Lin amava seu marido mas não desejava aquela sogra. Especialmente porque, conforme a velha tradição chinesa, a nora deve servir a sogra. Os meses foram se passando e o que, de início, era um desconforto, um mal-estar, foi se transformando em um terrível sentimento. Lin odiava sua sogra e não podia conceber ter que servi-la ano após ano, na soma cadenciada dos dias. Por isso, ela procurou um velho sábio e lhe disse que precisava de ajuda, precisava se livrar da sua sogra. O sábio a escutou, com paciência. Depois, providenciou algumas ervas e as entregou à jovem esposa. 
-Essas ervas – explicou – são venenosas. Elas devem ser deixadas em infusão e servidas, uma vez ao dia, todos os dias.
-E o que acontecerá? – Perguntou ansiosa a consulente. 
-Ora, ao cabo de seis meses, sua sogra morrerá. No entanto, muito cuidado deve ser tomado a fim de que as desconfianças a respeito da morte não venham a cair sobre você. Por isso, trate muito bem a sua sogra e quando ela morrer, chore bastante.
A jovem foi para casa feliz e, no dia imediato, começou a servir o chá com aquelas ervas para a sogra. Conforme fora orientada, começou a tratá-la muito bem. Os dias foram passando e três meses depois, Lin se deu conta que a sogra estava diferente. Ela não era mais tão complicada, nem chata, nem arrogante. Quando estavam para se completar os seis meses, um grande pavor tomou conta de Lin. Ela não queria que a sogra morresse. Afinal, se transformara numa mãe para ela. Lin correu ao sábio. Contou o que acontecera e do seu arrependimento. Novamente, o sábio a escutou, com calma e lhe disse que, em verdade, não fora a sogra que mudara, mas ela mesma. Ao se casar, ela olhava a sogra como uma rival, alguém a quem seu marido pertencera e continuava pertencendo. Tomara-se de raiva por ter que servi-la e passou a projetar nela o ódio que a si própria consumia. Mas, a partir do momento que decidira tratá-la bem, tudo isso se evaporara. 
No entanto, o que fazer agora? 
Ela envenenara a mãe de seu marido, ao longo daqueles meses. O ancião a sossegou: 
-Não eram ervas venenosas, ao contrário, de poder vitamínico. Pode continuar a servi-las no chá. 
E a nora, tranquila, retornou ao seu lar, para prosseguir a viver em paz, usufruindo do amor daquela que se transformara em mãe atenciosa. 
 * * * 
Nada mais destrutivo, para si e para os que a cercam, do que o ódio que a criatura conserva e alimenta no coração. 
Por isso, Francisco de Assis, compreendendo esse campo psíquico de tormenta e de loucura, firmava-se na proposta do amor. 
E dizia: 
-Onde houver ódio, consenti que eu semeie amor. 
Pensemos nisso e semeemos o bem imbatível e o inefável amor, que falam da presença de Deus no mundo. 
E sejamos felizes, desde agora. 
Redação do Momento Espírita, com base em palestra do orador espírita Divaldo Pereira Franco. 
Em 7.1.2016.

domingo, 23 de janeiro de 2022

HIGIENE MENTAL

Toda vez que pensamos algo, um sentimento correspondente àquela ideia se apresenta. 
A higiene mental se faz através da reflexão sobre os tipos de pensamentos que estamos tendo e quais os sentimentos que eles despertam em nós: de alegria, paz e tranquilidade ou de raiva, contrariedade e ciúme. 
A análise diária do conteúdo, com o qual preenchemos a nossa mente, é de extrema importância para a nossa saúde física, mental e espiritual. 
Ao identificar o pensamento como energia que emite vibrações, se exterioriza e sintoniza com outros do mesmo teor, entendemos o quanto somos capazes de influenciar o nosso semelhante e os ambientes.
Recebemos de modo direto e permanente as vibrações dos pensamentos que emitimos. 
Nosso ser impregna-se, pouco a pouco, das qualidades dessas vibrações, sejam elas boas ou más.
Por essa razão, nos sentimos bem quando nos aproximamos de pessoas que se habituam a manter a mente elevada, nutrida de bons sentimentos.
Se mantemos com frequência ideias inspiradas por maus desejos, vamos acumulando a energia emitida por elas, podendo ocasionar desordens físicas e até doenças. 
Num movimento contrário, podemos direcionar a mente no sentido da superação e cura de enfermidades. 
Ela atua modificando a nossa natureza íntima. 
É com frequência que vemos pessoas acometidas de doenças graves que apresentam uma recuperação surpreendente, pois mantêm uma atitude mental muito positiva e voltada para o bem. 
Assim, de acordo com a nossa vontade, podemos fazer em nós luz ou sombra. 
Os ambientes também são influenciados pela projeção dos pensamentos de cada um e ficam impregnados das qualidades boas ou más. 
Assim se explicam os efeitos que se produzem em lugares de reunião.
Toda assembleia é um foco de irradiação de vários pensamentos. 
Se o conjunto é harmonioso, com certeza irá causar uma impressão agradável e boas sensações. 
Por isso nos sentimos bem ao adentrarmos em templos religiosos, onde é constante a comunhão com Deus. 
Também em lares em que as pessoas que ali vivem prezam o amor, a harmonia e a paz. 
É pelo mesmo mecanismo que, por vezes, nos sentimos desconfortáveis em ambientes onde predominam conversas desagradáveis e insignificantes. 
Ou onde as pessoas estão sob o efeito de bebidas alcoólicas. 
Carregamos o remédio aplicável a essas situações. 
O pensamento salutar, a prece sincera, o silêncio ou a palavra edificante são fontes permanentes à nossa disposição. 
Usando esses recursos, podemos modificar o ambiente em que estamos, influenciando-o com a pureza dos sentimentos. 
Evitemos então as palavras vãs, as discussões e as leituras frívolas.
Aprendamos a fiscalizar os nossos pensamentos, a discipliná-los, a imprimir-lhes uma direção determinada, um fim nobre e digno. 
Somos o que pensamos, pois é o pensamento que gera nossas palavras e nossas atitudes. 
Com ele construímos, dia a dia, o presente e o futuro. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. XXIV, do livro O problema do ser, do destino e da dor, de Léon Denis, ed. Feb e no cap. XIV, do livro A gênese, de Allan Kardec, ed. Feb. 
Em 08.02.2012.

sábado, 22 de janeiro de 2022

HERÓIS TAMBÉM PRECISAM DE AJUDA

Quinn Callander
Vivemos, na Terra, um momento jamais imaginado, com a invasão de um inimigo, que exige um imenso exército de soldados especiais para o seu combate. 
O front é constituído por profissionais da saúde de todos os setores. 
E devem estar a postos, incansáveis, diligenciando a acolhida dos pacientes, o atendimento, a medicação. 
Colaborando com as medidas legais, somos convidados a permanecer em nossos lares. 
O intuito é evitar a contaminação em massa. 
Nesse panorama, algumas pessoas se sobressaem, com sua criatividade, auxiliando um tanto mais, como o escoteiro canadense Quinn Callander.
Para todos os que, por sua atividade, precisam fazer uso constante da máscara, alguns inconvenientes se apresentaram. Por exemplo, a pele atrás das orelhas começou a ficar esfolada. O jovem decidiu auxiliar. Servindo-se de uma impressora três D, criou uma pequena peça, leve e muito útil, para proteger os usuários desse desconforto. Trata-se de um dispositivo plástico, com ganchos nas pontas onde se prendem as alças das máscaras. Parece uma extensão da própria máscara. Isso confere alívio e conforto. De imediato, o engenhoso modelo foi compartilhado para quem o desejasse copiar e os hospitais receberam muitas doações. 
 * * * 
Um jovem criativo, uma máquina avançada, uma ideia que se torna realidade, oferecendo conforto a quem está na tarefa de aliviar o sofrimento alheio. Enquanto nos encontramos isolados em nossos lares, atendendo às normativas sanitárias, em total colaboração, não podemos esquecer dos tantos profissionais em trabalho constante. 
São médicos, enfermeiros, faxineiros, garis, cozinheiros, higienizadores, motoristas, auxiliares variados. 
Podendo colaborar, de alguma forma, que o façamos. 
Seja confeccionando máscaras para os hospitais, ou espalhando mensagens sobre a correta higienização das mãos. 
Elaborando recados de esperança para um mundo em aflição. 
Um mundo amedrontado, que não tem certeza do que lhe trará o amanhã.
Não esquecer a comunicação contínua com pais e avós idosos a fim de saber de que necessitam, se estão bem, inclusive emocionalmente.
Organizar ou aderir a grupos virtuais de oração e de meditação, contribuindo com a boa palavra, a boa vibração. 
Orar em prol da Humanidade, pelos que sucumbem e pelos seus familiares, que permanecem, com a alma estraçalhada pela partida do ser amado. 
Nessa contingência, todo auxílio é bem-vindo.
E precioso. 
Um telefonema, uma mensagem de voz, um texto encorajador. 
São luzes de amor, de paz e fraternidade que devem brilhar em todas as direções. 
E nós as devemos promover. 
Afinal, os braços de Deus contam com os nossos para a distribuição das Suas bênçãos. 
Bênçãos cantadas, musicadas, bênçãos de todas as formas, para muitos ou para poucos. 
Que possamos consolar um coração, acalmar uma dor, secar uma lágrima e nosso dia terá sido especial. 
Pensemos a respeito e nos disponhamos, dentro das nossas possibilidades, a fazer algo, diante do panorama de necessidades tão variadas que se faz presente. 
Redação do Momento Espírita.
Em 13.6.2020.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

FLOR DE ESTUFA

É natural o desejo de viver em paz e ser feliz. 
Todos almejam levar a vida sem maiores percalços e desafios. 
Entretanto, a realidade é bem diversa. 
Qualquer que seja o contexto econômico ou social em que a criatura se apresente, ela enfrenta alguns problemas. 
Esse fenômeno precisa ser entendido em sua justa configuração. 
O instinto de conservação, inerente aos seres vivos, indica-lhes que devem buscar preservar-se ao máximo. 
Trata-se de um recurso providencial, para que bem aproveitem a experiência terrena. 
Caso não se cuidem como podem e devem, correm o risco de perecer antes do tempo. 
Com isso, deixam de aprender a lição do momento em sua integralidade.
Ocorre que o aprendizado e o aprimoramento são a finalidade do existir. 
O Espírito não renasce para se recrear, mas para se melhorar. 
Assim, a condição de flor de estufa não lhe assenta. 
Se fosse para permanecer em doce repouso, não necessitaria de um corpo físico. 
As injunções materiais tornam necessárias certas atividades que viabilizam o progresso.
Porque precisa se manter, o homem disciplina-se a trabalhar. 
Como os postos de trabalho são disputados, ele se habitua a estudar e a se aperfeiçoar constantemente. 
Para se manter no emprego, precisa respeitar inúmeras regras. 
Com isso, gradualmente incorpora em seu ser diversas virtudes.
Disciplina, polidez, humildade e todos os valores e talentos humanos não são presentes, mas conquistas. 
Em sentido geral, as exigências ordinariamente se apresentam. 
Algumas crises sempre precisam ser vividas e superadas. 
Nesse contexto de desenvolvimento amplo e constante, dificuldades não são tragédias. 
Elas representam uma lição preciosa. 
Todo Espírito possui um destino glorioso. 
Nele dormem os princípios das virtudes angélicas. 
Constitui uma tola ingenuidade achar que se transitará pela vida ao abrigo de preocupações. 
Os problemas que surgem não são injustiças e nem perseguições. 
Seu sereno enfrentamento, em contexto de dignidade, é o próprio objetivo da existência. 
O homem não pode ser uma flor de estufa, delicada e de pouco perfume.
Seu destino é se assemelhar a uma árvore frondosa, de madeira perfumada, cheia de frutos e flores. 
Integralmente útil, qualquer que seja o contexto. 
Na pobreza, pleno de dignidade e com muito amor ao trabalho. 
Na abastança, modesto e disposto a partilhar e a se fazer instrumento do progresso. 
Assim, não se ressinta dos desafios que se apresentam em sua vida.
Entenda-os como testes cuja solução exige apenas disciplina e serenidade. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 11, ed. FEP. 
Em 21.1.2022.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

CABOS E LUZES EM UMA CAIXA

Edward Murrow
Há cerca de cinquenta anos, um discurso tornou-se célebre, no ambiente de rádio e telejornalismo americanos. Tratava-se da fala do âncora Edward Murrow sobre rádio e televisão. As transmissões de TV ainda davam seus primeiros passos, e traziam à tona muitas discussões no que dizia respeito à programação, e ao objetivo dessa nova mídia na época. 
Na ocasião, o jornalista da rede CBS falou a uma grande plateia de membros e diretores das principais empresas do setor, nos Estados Unidos. Afirmou que, se dentro de meio século, historiadores analisassem vídeos das grandes redes americanas, encontrariam provas da decadência, escapismo e alienação das realidades do mundo que vivemos. 
No discurso, que ficou conhecido como Cabos e luzes em uma caixa, Murrow expressava receio de que o poder do rádio e da TV fosse usado de maneira danosa à sociedade e à cultura. Especialmente sobre a TV, ele foi ainda mais fundo. Disse ele: 
-Este veículo pode ensinar, iluminar. Sim, pode até inspirar. Mas só pode fazê-lo se os seres humanos estiverem determinados a usá-lo para estes fins. De outro modo – acrescentava ele – são meramente cabos e luzes em uma caixa. 
O âncora ainda acrescentou: 
-Há uma grande batalha e talvez decisiva, a ser travada contra a ignorância, a intolerância e a indiferença. Esta arma, a televisão, poderia ser útil. 
* * * 
Meio século se passou, e como estamos em relação a essa questão no mundo? 
A televisão passou a fazer parte da vida diária de bilhões de pessoas.
Porém, será que está sendo utilizada com esses fins nobres, idealistas, apontados pelo jornalista? 
Será que colocamos essas descobertas da ciência, as novas facilidades na obtenção de informação, rapidez de comunicação, a serviço de nossa evolução moral? 
Ou tudo isso, em grande parte, foi seduzido pelo antigo desejo do homem velho, de ter cada vez mais e mais? 
É importante que reflitamos. 
Deus permite que conquistemos as melhorias materiais das ciências, da tecnologia, do conhecimento, com um único fim: o nosso crescimento moral. 
São instrumentos que facilitam a vida material do homem – ou, deveriam facilitar – para que esse se preocupe mais com a conquista das virtudes da alma. 
A verdade é que acabamos nos hipnotizando pela caixa com cabos e luzes. 
De meio, de instrumento, ela virou veículo de alienação, de escapismos. 
E assim vimos fazendo com tantas outras conquistas da tecnologia, pois a alma humana ainda está vazia, perdida. 
Vale a pena repensar tudo isso. 
Vale a pena procurar saber se não estamos alimentando uma indústria de inutilidades mil. 
A mudança desse panorama virá de cada um de nós, primeiramente como receptores mais exigentes que precisamos ser. 
Depois, como transmissores, na esfera que nos caiba, dessa ideia de que todos esses meios de comunicação devem ser veículos do bem. 
É tempo de despertar, mudar de canal ou desligarmo-nos das tomadas do mundo, e nos religarmos a Deus e aos nossos objetivos maiores aqui.
Redação do Momento Espírita. 
Disponível no livro Momento Espírita, v. 8, ed. FEP. 
Em 20.1.2022.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

13 COISAS PARA PENSAR QUANDO A VIDA ESTIVER DIFÍCIL

Sidarta Gautama
1) AS COISAS SÃO O QUE SÃO 
A nossa resistência às coisas é a principal causa do nosso sofrimento. Este acontece quando resistimos às coisas como elas são. Se não se pode fazer nada, relaxe. Não lute contra a correnteza, aceite ou então se consuma em seu sofrimento. 
2) SE VOCÊ ACHA QUE TEM UM PROBLEMA, VOCÊ TEM UM PROBLEMA 
Repare que tudo é olhado através de uma perspectiva. Em um determinado momento as coisas parecem difíceis, no outro não. Sabendo disso, caso tenha uma dificuldade escolha entendê-la como um desafio, uma oportunidade de aprendizado. Se enxergá-la como um problema, essa dificuldade será certamente um problema. 
3) A MUDANÇA COMEÇA EM VOCÊ MESMO Seu mundo exterior é um reflexo do seu mundo interior. Temos o hábito de achar que tudo ficará bem quando as circunstância mudarem. A grande verdade, no entanto, é que as circunstâncias só mudarão quando essa mudança ocorrer em nosso interior. 
4) NÃO EXISTE APRENDIZADO MAIOR DO QUE FALHAR 
O fracasso não existe!!! Entenda isso de uma vez por todas. Todas as pessoas de sucesso já falharam diversas vezes. Aproveite suas falhas como um grande aprendizado. Se fizer isso, na próxima vez estará mais perto do sucesso. A falha é sempre uma lição de aprendizado. 
5) SE ALGO NÃO ACONTECE COMO O PLANEJADO, SIGNIFICA QUE O MELHOR ACONTECEU 
Tudo acontece de forma perfeita, até quando dá errado. Muitas vezes, quando olhamos para trás, percebemos que aquilo que consideramos errado, na verdade foi o melhor que podia ter acontecido. No entanto, quando dá certo, certamente estamos alinhados com nosso propósito de vida. O universo sempre trabalha a nosso favor. 
6) APRECIE O PRESENTE 
Nós só temos o momento presente! Portanto não o deixe passar perdendo tempo com o passado. Valorize seu momento presente pois ele é único e importante. É a partir dele que cria sua vida futura. 
7) DEIXE O DESEJO DE LADO 
A maioria das pessoas vive a vida guiadas pelos desejos. Isso é extremamente perigoso, um desejo não satisfeito transforma-se em uma grande frustração. Frustação desencadeia uma energia negativa muito forte e retrai seu crescimento. Procure entender que tudo o que precisa vai chegar até você se cultivar sua felicidade incondicional. Pratique uma mente isolada, só assim suas emoções permanecerão felizes ou neutras.
8) COMPREENDA SEUS MEDOS E SEJA GRATO POR ELES 
O medo é o contrário do amor, é quem mais atrapalha sua evolução caso não saiba entendê-lo. No entanto ele é importante na medida em que fornece uma grande oportunidade de aprendizado. Quando enfrenta e vence o medo, se torna mais forte e confiante. Superar seus medos requer prática, o medo é apenas uma ilusão e, acima de tudo, é opcional. 
9) EXPERIMENTE ALEGRIA 
Existem pessoas que se divertem com tudo o que lhes acontece. Mesmo na pior situação, riem de si mesmas. São pessoas felizes que enxergam crescimento em tudo. Essas pessoas aprenderam que é importante focar na alegria e não nas dificuldades. O resultado é que atraem muito mais situações felizes do que tristes. 
10) NUNCA SE COMPAREM COM OS OUTROS 
Você é único, veio aqui com uma missão só sua. E ela é tão importante quanto a de qualquer outra pessoa. Mesmo assim se não conseguir evitar comparações, compare com quem tem menos que você. Isso é uma ótima estratégia para perceber que tem sempre muito mais do que precisa para ser feliz. 
11) VOCÊ NÃO É UMA VÍTIMA 
Você é sempre o criador de suas experiências! Tudo o que lhe acontece foi atraído por você mesmo e extremamente necessário pra seu aprendizado. Quando algo que considera desagradável acontecer com você, agradeça e pergunte: “Por que será que atraí isso para minha vida?”, “O que preciso aprender com essa experiência?”. 
12) TUDO MUDA 
Isso também vai passar…palavras de Chico Xavier. Tudo nessa vida é dinâmico, tudo muda em um segundo. Portanto, não fique se lamentando. Caso não saiba o que fazer, não faça nada. O Universo não para de mudar, crescer e se expandir, sendo assim espere, por que tudo vai passar. 
13) TUDO É POSSÍVEL 
Milagres acontecem todos os dia, e nós mesmos é que somos responsáveis por eles. Confie e acredite nisso. Na medida em que conseguir sua mudança de consciência, encontrará em você o poder de realizar milagres. É tempo de mudar e entender sua importância, a possibilidade que você tem de mudar o mundo. Acredite!!!! 
Esse texto foi baseado na obra “13 things to remember when life gets rough“ “13 coisas para lembrar quando a vida fica difícil”. 
POR SIDARTA GAUTAMA....

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

O UNIVERSO NUMA CASCA DE NOZ

Stephen Hawking
-Eu poderia viver recluso numa casca de noz e me considerar rei do espaço infinito. 
Assim disse Hamlet, o inesquecível personagem de Shakespeare. Stephen Hawking, o célebre astrofísico inglês, inicia exatamente com esta ideia, sua obra O Universo numa casca de noz. 
No livro, o matemático explica, com uma linguagem acessível, os princípios que controlam o Universo. 
Porém, primeiramente, Hawking apresenta-se como profundo admirador desse misterioso cosmos, questionando se ele realmente é infinito, ou apenas enorme. 
Se ele é eterno ou apenas tem uma longa vida. 
E como nossas mentes finitas poderiam compreender um Universo infinito.
O autor acredita que ainda existam muitas coisas a serem descobertas. 
A casca de noz de Hamlet representa a pequenez de nossa compreensão, da extensão de nossas forças. 
Também demonstra a capacidade do ser humano de utilizar sua mente para explorar todo esse Universo. 
E avançar, audaciosamente, por ele, por onde até mesmo Jornada nas estrelas teme seguir. 
Por enquanto, somos os encantados com tantas descobertas. Encantados com a grandeza de Deus e Suas leis, que fazem com que tudo esteja onde deva estar, e no tempo certo. 
Vejamos quantas maravilhas: 
O planeta Júpiter, o maior do nosso sistema, que comportaria em seu interior mil planetas Terra, quando foi criado, poderia ter se transformado em estrela. Caso isso tivesse ocorrido, teríamos dois sóis, ao invés de um, e um dia permanente, sem noite alguma, o que impossibilitaria a vida neste mundo. 
Podemos falar sobre as distâncias do espaço, que certamente nos deixarão desnorteados. 
Tomemos, por exemplo, a estrela mais próxima da Terra, depois do sol, Alfa Centauri. Ela está a apenas quatro anos luz da Terra. Parece pouco, não? Porém, se tomarmos um foguete na Terra, viajando na velocidade de cem mil quilômetros por hora, rumo a essa nossa vizinha, teríamos uma jornada de cerca de vinte e quatro mil e seiscentos anos para alcançá-la.
Não é surpreendente? 
Devemos nos sentir insignificantes perto de tudo isso, desses bilhões de galáxias existentes? 
Certamente que não. 
Ao contrário, devemos nos sentir privilegiados por viver num Universo tão grandioso, de fazer parte dele como Espíritos em evolução constante. 
A próxima conclusão, sábia e racional, será a de que não podemos ter a pretensão de nos imaginarmos sozinhos nesse espaço sem fim. 
Seria um imenso desperdício de espaço, como afirma o cientista Carl Sagan. 
Assim, temos nesse macrocosmo mais uma prova da existência de uma Inteligência Suprema, de uma causa primária de todas as coisas, que rege nossas vidas, através de leis perfeitas.
* * * 
Deus povoou de seres vivos os mundos, concorrendo todos esses seres para o objetivo final da providência. 
Acreditar que só os haja no planeta que habitamos fora duvidar da sabedoria de Deus, que não fez coisa alguma inútil. 
Certo, a esses mundos há de ele ter dado uma destinação mais séria do que a de nos recrearem a vista. 
Nada há, nem na posição, nem no volume, nem na constituição física da Terra, que possa induzir à suposição de que ela goze do privilégio de ser habitada, com exclusão de tantos milhares de milhões de mundos semelhantes. 
Redação do Momento Espírita, com base na obra O Universo em uma casca de noz, de Stephen Hawking, ed. Mandarim e no item 55, de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 18.1.2022.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

HEROISMO MATERNO

Foi em dezembro de 1944 que tudo começou. 
Caminhões chegaram no campo de concentração de Bergen-Belsen e despejaram cinquenta e quatro crianças. A mais velha tinha quatorze anos e havia muitos bebês. No alojamento das mulheres, Luba Gercak dormia. Acordou sua vizinha de beliche e lhe perguntou: 
-Está escutando? É choro de criança. 
A outra lhe disse que voltasse a dormir. Ela devia estar sonhando. Todos conheciam a história de Luba. Ainda adolescente se casara com um marceneiro e tiveram um filho, Isaac. Quando veio a guerra, os nazistas lhe arrancaram dos braços o filho de três anos e o jogaram em um caminhão, junto com outras crianças e velhos. Todos inúteis para o trabalho e, portanto, com destino certo: a câmara de gás. Logo mais, ela pôde ver um outro caminhão arrastando o corpo, sem vida, do marido. No primeiro momento, desistira de viver. Depois, a fé lhe visitou a alma e ela percebeu que Deus esperava muito mais dela. Então, passou a ser voluntária nas enfermarias. Agora, Luba ouvia choro de crianças. 
Quem seriam? 
Abriu a porta do alojamento e viu meninos, meninas, bebês apinhados, em choro, no meio do campo. Separados de seus pais, se encontravam desnorteados e tinham fome e frio. Luba as trouxe para dentro. E porque protestassem as demais ocupantes do infecto alojamento, ela as repreendeu, dizendo: 
-Vocês não são mães? Se fossem seus filhos, diriam para que eu os deixasse morrer de frio? Eles são filhos de alguém. 
Em verdade, o que suas companheiras temiam era a fúria dos soldados da SS. Luba agradeceu a Deus por lhe ter enviado aquelas crianças. O seu filho morrera, mas faria tudo para que aquelas crianças vivessem. Foi até o oficial da SS no acampamento e lhe contou o que fizera. Pôs sua mão no braço dele e suplicou. Ele se deu conta que ela o tocara, o que era proibido, e lhe aplicou um soco em pleno rosto, fazendo-a cair. Ela se levantou, o lábio sangrando e falou: 
-Sou mãe. Perdi meu filho em Auschwitz. Você tem idade para ser avô. Por que há de querer maltratar crianças e bebês? 
-Fique com elas, foi a resposta seca do oficial.
Mas ficar com elas não era suficiente. Era necessário alimentá-las. Nos dias que se seguiram, todas as manhãs, ela ia ao depósito, à cozinha, à padaria, implorando, barganhando e roubando alimentos. Os meninos ficavam à janela e quando a viam chegar diziam uns aos outros: 
-Lá vem irmã Luba. Ela traz comida pra nós! 
À noite, ela cantava canções de ninar e as abraçava. Era a mãe que lhes faltava. As crianças, que falavam holandês, não entendiam as palavras de Luba, que era polonesa, mas compreendiam seu amor. Em 15 de abril de 1945, os tanques britânicos entraram no campo, vitoriosos, e em seis idiomas passaram a rugir os alto-falantes: 
-Estão livres! Livres! 
Luba conseguira salvar cinquenta e duas das cinquenta e quatro crianças que adotara como filhos do coração. 
* * * 
Em abril de 1995, cinquenta anos após a libertação, cerca de trinta homens e mulheres se reuniram na Prefeitura de Amsterdã para homenagear aquela mulher. 
Recebeu, em nome da rainha Beatriz, a Medalha de Prata por Serviços Humanitários. 
No entanto, declarou que sua maior recompensa era estar com aqueles seus filhos que, com o apoio de Deus, conseguira salvar da sombra dos campos da morte. 
Por isso tudo nunca pensemos que somos muito pequenos para lutar pelas grandes causas ou que estamos sós. 
Quem batalha pela justiça, tem um insuperável aliado que se chama Deus, nosso Pai. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Uma heroína no inferno, publicado na Revista Seleções do Reader’s Digest de março de 1999. Disponível no CD Momento Espírita, v. 18, ed. FEP. 
Em 18.7.2013.

domingo, 16 de janeiro de 2022

HEROÍSMO E VALORES

São heróis anônimos de todos os dias. 
Mereceriam ser condecorados, pelo amor ao semelhante que demonstram, arriscando suas próprias vidas. 
Vez ou outra, quando um deles realiza um ato tido como heroico e é filmado, recebe homenagens. 
No entanto, eles arriscam suas vidas todos os dias, adentrando em meio às chamas, à fumaça, para retirar crianças, velhos, adultos de situações de risco. Dominam alturas ou descem a baixadas, entram em túneis, tudo em nome do amor. 
Sim, porque alguém que assim procede, arriscando-se todos os dias, não pode simplesmente fazê-lo pelo salário que recebe. 
Necessita, e muito, amar a sua profissão e as pessoas. 
São criaturas sensíveis que, vez ou outra, realizam partos de emergência e se emocionam. 
São homens que enfrentam o perigo para salvar vidas e quando resgatam crianças, bebês, as levam ao colo, como se fossem seus próprios filhos.
São os heroicos bombeiros. 
Recordamos que, em 5 de janeiro de 1996, um bombeiro americano em busca de sobreviventes, em um apartamento, encontrou a morte em meio às chamas. 
Ele tinha apenas 38 anos e sua esposa estava grávida do terceiro filho.
Filho que ela daria à luz no mês seguinte. 
Jimmy Williams era um homem de 1 metro e 92 e realizava sua tarefa com amor. Tinha formas interessantes de enfrentar o perigo. Chamava um incêndio de um passeio na fumaça e brincava com o tamanho dos demais colegas, dizendo que os oficiais de resgate estavam cada vez menores. Para o seu funeral, um outro bombeiro escreveu um poema que traduzia exatamente o pensamento de Jimmy: 
-Irmão, quando chorares por mim lembra-te de que tinha de ser assim. Enterra-me antes de ir embora. E lembra-te de que estarei contigo a toda hora. E enquanto enxugas os olhos tem em mente todos os anos que passei prazerosamente. E por haver realizado o trabalho que amava tanto, rezo para que essa certeza te alivie o pranto.
 * * * 
Jesus afirmava que não havia maior amor do que o do amigo que dá a vida por seu amigo. 
Que se poderá dizer desses seres extraordinários que arriscam a sua vida para salvar uma vida ou muitas vidas? 
Vidas de criaturas que eles não conhecem, jamais viram ou ouviram falar.
Jesus também afirmou que aquele que desejar salvar sua vida, perdê-la-á e aquele que a perder, salva-la-á. 
Os bombeiros são, sem sombra de dúvida, lições vivas de doação de si mesmo, por amor aos seus irmãos. 
Quando orarmos, no altar do nosso coração, pelos amigos, pelos amores, recordemos de envolver em vibrações de gratidão esses homens, soldados do fogo, devotados servidores do bem. 
Oremos por eles, por suas famílias, esposa, mãe, filhos. 
Seja esse o nosso preito de gratidão por tanta dedicação. 
Redação do Momento Espírita, com base em fato extraído do artigo Passeio na fumaça, de Seleções Reader´s Digest, setembro de 1998. 
Em 01.02.2010.

sábado, 15 de janeiro de 2022

HEROIS INVISÍVEIS

Já se perdem as vezes, em nossa memória, das notícias trazidas pelos jornais, rádio, televisão e Internet a respeito dos dramas e das dificuldades humanas. 
Não são poucos os veículos de informação, quando não a sua totalidade, a dar preferência e destaque para o escândalo, o crime, a violência. 
A cada dia, as notícias invadem nosso cotidiano, de forma intensa e, se superando dia após dia, como se o grotesco, o chocante e a degradação dos hábitos não tivesse limites. 
A enxurrada de informações é de tal monta, que, não raro, temos a impressão de que todos no mundo agem de uma forma errada, sem valores, sem padrões éticos e morais. 
É comum se destacar na imprensa, salvo valorosas exceções, o crime, o descalabro, a infâmia e o erro. 
E a falta de reflexão, de análise nos leva a conclusões que não correspondem à realidade. 
Devido a isso, são muitos a fazer coro em um discurso pessimista, avaliando a sociedade e o mundo como decadentes, sem valores e egoístas. 
E, por repetirem tantas vezes tais conceitos, acabam se convencendo dessas falsas verdades, tornando-se também, por sua feita, pessoas individualistas, egoístas, quando não, com valores centrados somente em si mesmos e nos seus interesses. 
O que ocorre é que essas mesmas pessoas deixam de perceber, perdem a capacidade de enxergar inúmeros grandes heróis, que, anonimamente, agem no mundo, todo dia, a cada dia. 
Não se tornam manchete inúmeros cidadãos comuns que utilizam suas horas de folga, seu horário de lazer, após cumpridas as obrigações profissionais e familiares, para se dedicar ao próximo. 
Quantas são as pessoas anônimas que vão visitar outras pessoas, que não são suas conhecidas, colegas ou amigos. 
Pessoas que se encontram em solidão, em um leito hospitalar ou em um asilo. 
Fazem isso em nome da solidariedade. 
Quantos são os que buscam recursos, preparam lanches, elaboram entretenimentos para os pequeninos, que se encontram em centros de educação infantis, em lares transitórios, preteridos de abraços e chamegos maternais. 
Apenas agem assim em nome da fraternidade. 
Não são poucos aqueles que são capazes de arrecadar fundos, buscar doações, amealhar colaboradores para a construção de instituições, que abrem suas portas para o auxílio dos menos favorecidos, dos mais variados matizes. 
E só agem assim em nome do amor. 
Dessa forma, é importante, antes que estejamos a repetir frases prontas de pessimismo, de descrédito com nossa sociedade atual, que percebamos que são muito mais numerosos aqueles que operam no bem do que aqueles que agem no mal. 
Apesar de o mal ser barulhento e escandaloso, o bem age de maneira sutil, segura e efetiva, semeando os valores nobres que todos trazemos em gérmen, na intimidade do coração. 
Nesses dias desafiadores, onde o avanço tecnológico une todos e tudo, que possamos, cada um de nós, optar para que o nosso proceder seja aquele que divulgue os valores nobres que desejamos para o nosso planeta. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 25.06.2011.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

BATALHA PELA VIDA

DR.ALBERTO ALMEIDA
Têm crescido, em todos os quadrantes da Terra, os movimentos pela ecologia. 
No Brasil, em defesa das tartarugas, existe o Projeto Tamar. 
Para a preservação dos animais, o homem se tem esmerado.
Naturalmente por descobrir que, destruindo a vida animal, está decretando problemas graves para sua própria existência sobre a Terra. 
O que causa estranheza é que esse mesmo homem decrete a morte do seu semelhante, nas suas nascentes. 
Estamos nos referindo aos movimentos pró-aborto, que falam da destruição de vidas humanas, como se não fossem coisa alguma. 
São vozes que se unem, por exemplo, para exigir a morte dos que, no ventre materno, têm descobertas suas deficiências na área física ou mental. 
Esquecem de olhar ao seu redor tais criaturas, pois um dos cérebros mais privilegiados que nosso mundo conheceu, foi um homem com grandes deficiências. 
Referimo-nos a Stephen Hawking, que morreu em 2018, aos setenta e seis anos. 
Seu problema, é verdade, teve início aos vinte e um anos de idade. Mas, nada o deteve. Ele foi o responsável por grande parte das maiores descobertas relacionadas à astrofísica moderna. Em suas últimas publicações, sentado em uma cadeira de rodas, o físico usava o movimento do queixo para digitar, em média, uma palavra por minuto. Sua obra Uma breve história do tempo mereceu tradução para quarenta idiomas. 
Mas, há outros que defendem o abortamento, nos casos em que a mulher é vítima de violência e engravida. 
Fala-se em como ela poderá vir a amar o fruto daquele ato tão terrível.
Diz-se que a visão do rebento sempre haverá de trazer à lembrança a violência sofrida. 
Contou-nos um amigo da área médica que foi procurado por uma jovem que passou por essa experiência traumática. Descobrira-se grávida e desejava o abortamento. Quis a Divindade que ela fosse ao consultório de um médico cristão, que lhe falou da bênção da vida, da sublimidade da maternidade. Após algumas horas de uma boa conversa, ela se foi. Meses depois, ele recebeu uma correspondência. Abrindo o envelope, encontrou a foto de um bebê lindo, saudável. Atrás, em letra uniforme, bem desenhada, uma frase curta, mas extremamente significativa: 
-Obrigada por você ter contribuído para que esta foto pudesse existir.
Quatro anos depois, o médico recebeu, em seu consultório, a mãe e a criança. Porque a foto do bebê estivesse sobre a sua mesa, em um belo porta-retratos, a mãe disse ao filho que era ele, quando bebê. O menino pegou a foto e olhou com atenção. Depois, se aproximou do médico e perguntou: 
-Tio, me diga: onde eu estou mais bonito? Ali, naquela foto ou aqui, ao vivo? 
* * * 
Nossa opção deve ser pela vida. 
Dessa forma, a não ser nos casos em que a mãe corra risco de morte, a opção deve ser sempre pela vida. 
E se não desejar mesmo o bebê, sempre o poderá oferecer para adoção.
Muitos corações almejam a maternidade e a paternidade e agradecerão terem essa oportunidade de amar. 
Proclamemos a vida.
Lutemos pela vida. 
Redação do Momento Espírita, com base em fato narrado pelo Dr. Alberto Almeida, na Conferência Brasil-Portugal, em 19 de março de 2000, em Salvador, BA. 
Em 14.1.2022.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

A FAIXA PRETA

Alexandre Rangel
O dia, tão esperado, afinal chegara. 
O disciplinado aluno de artes marciais preparou-se para receber a faixa preta. Contudo, antes de recebê-la das mãos do seu mestre, lhe foi dito que precisaria passar por um derradeiro teste. Deveria responder a uma pergunta: 
-Qual é o verdadeiro significado da faixa preta? 
O jovem respondeu, de imediato, com uma pontinha de orgulho. Afinal, ele se esforçara para chegar a esse ponto. Ela representa o fim de minha jornada. Será uma recompensa merecida por meu bom trabalho. Logo percebeu que a sua resposta não satisfizera ao seu professor. O silêncio constrangedor foi interrompido pela sentença: 
-Você não está pronto para receber a faixa preta. Volte dentro de um ano.
Desapontado, o aluno se foi. Ansioso, um ano depois, tornou a se apresentar, com a certeza de que, agora, lhe seria entregue a tão desejada faixa preta. Como da vez anterior, lhe foi feita a pergunta: 
-Qual é o verdadeiro significado da faixa preta? 
Ele se preparara para isso e respondeu, com convicção: 
-É o símbolo da excelência e o nível mais alto que se pode atingir em nossa arte. 
O silêncio disse ao jovem que, novamente, a sua resposta não fora satisfatória. 
-Você ainda não está pronto para a faixa preta. Volte daqui a um ano.
Foi o que ouviu. 
Pela terceira vez, passado o tempo exigido, chegou ele diante do seu mestre. Para a indagação habitual, respondeu, respirando fundo: 
-A faixa preta representa o começo. É o início de uma jornada sem fim de disciplina, trabalho e busca por um padrão cada vez mais alto. 
Com um sorriso, o mestre lhe entregou a faixa. Agora, lhe foi dito, ele estava pronto para recebê-la e iniciar o seu trabalho. 
* * * 
Todos nos encontramos a caminho. 
A caminho do progresso, da elevação moral, do crescimento intelectual.
Alguns percorremos um longo trecho. 
Outros, nos encontramos apenas nos primeiros quilômetros da grande jornada. 
De toda forma, olhando para trás, vemos o quanto realizamos, o quanto vencemos. 
Atravessamos vales extensos, rios de correnteza inclemente, desfiladeiros traiçoeiros, pântanos sombrios. 
Enquanto estávamos na tribulação, na dificuldade, talvez, mais de uma vez, tudo tenha parecido impossível de ser alcançado ou superado. 
É possível que tenhamos pensado, em algum momento, que seríamos derrotados.
E desejamos abandonar a luta. 
Entretanto, nessa retrospectiva da vida, também lembramos de termos andado pelos campos floridos da amizade, pelas praias de areia branca do apoio de familiares. 
Lembramos dos que se transformaram em árvores frondosas oferecendo-nos sombra e abrigo. 
Tudo parece distante. 
Algumas paisagens nos enchem de saudade. 
Outras nos sinalizam a nossa força, a nossa determinação. Continuamos a caminho. 
A jornada somente finda no último passo. 
Olhamos para frente e cenários novos se apresentam. 
O que nos reservarão as curvas da estrada? 
Dores esperam por nós. 
Apoio, conquistas, alegrias também. 
Vencemos tantos quilômetros. 
Haveremos de vencer todos os demais que nos estão estabelecidos a percorrer, nesta vida. 
Sigamos. 
Em frente.
Redação do Momento Espírita, com base no livro As mais belas parábolas de todos os tempos, v. II, organizado por Alexandre Rangel, ed. Leitura.
Em 13.1.2022.