Luciana Goldschmidt Costa |
Enquanto os dias se consomem em notas tristes de corrupção, ilegalidades, violência; enquanto vemos crianças padecendo abusos de toda sorte e mães chorando a dor de filhos enfermos ou mortos;
enquanto assistimos, diariamente, jovens promessas saírem de nosso país, em busca de horizontes largos para a sua criatividade, imaginação e progresso, em distantes terras, assistimos igualmente a muito desânimo tomando conta das gentes.
Gente que se refere a um país adormecido que resolveu acordar e para o pior; uma nação que não tem jeito, que nada leva a sério.
Por isso e outras tantas coisas, pusemo-nos a pensar, neste Brasil amado. E as letras foram surgindo, como numa catadupa imensa, jorrando abundantes:
A minha terra tem o céu azul, é só olhar e ver... Sou do Sul do Brasil. Cresci no país da Amazônia, no país do Pantanal.
Aprendi a amar uma bandeira com várias estrelas! Cresci com um orgulho imenso da minha gente que grita em versos e prosa o meu Brasil.
Cresci imaginando o povo heroico que bradava às margens do Ipiranga. Tenho amor pelo contorno do meu país do livro de geografia em que estudei.
Não desejo estar em outro lugar a não ser no meu país. Seja de corpo presente, seja em pensamentos, seja em orações, sinto orgulho de ser brasileiro.
Não faço distinção entre as regiões, todas tão ricas em suas diversas nuances.
Se algo desejo para este país amado é que desapareça toda ação maldosa que impede o seu crescimento.
Desejo que diminua a distância que existe entre as urnas e a compreensão do processo democrático.
Desejo que os maus governantes e todos os que abusam da fé deste povo, visando apenas enriquecer, tomem consciência ou abandonem o poder.
Desejo que percam força o preconceito, os desmandos, a intolerância. Que aprendamos que somos todos filhos do mesmo chão, abrigados pelo céu de anil e pelas estrelas do Cruzeiro.
Desejo que olhemos para o pavilhão nacional e sintamos a emoção extravasar chuva pelos olhos, enquanto os versos do hino pátrio morrem na garganta.
Desejo me sentir brasileiro ao contemplar a baía de Guanabara aos pés da estátua do Cristo Redentor.
Não quero mudar a batida do meu coração que, por diversas vezes, pulsa no ritmo do samba, nem mudar as cores da minha alma que, além de um céu azul, tem as cores do frevo, as fitas coloridas do Senhor do Bonfim, e aqueloutras dos pau-de-fitas da dança gauchesca.
Meu mais puro sentimento diz que a minha essência patriota também está regada pela garoa de São Paulo e refrigerada pelo minuano dos pampas.
Diz ainda que a minha fome de justiça e minha esperança brotaram da fenda do chão rachado do sertão nordestino.
Quero que a Asa branca venha passar férias no Sul porque quer conhecer nossas belezas e que volte, sem passaporte, para um lar digno no sertão.
Neste torrão generoso, tenho certeza de que, enquanto houver essa mistura linda de povos e culturas, enquanto tivermos energia para encher a alma com beleza, ao invés de decepções, podemos lutar unidos.
E vencer.
Eu sou do Sul e tenho um orgulho imenso disso mas, por Deus, quero você, meu Brasil, inteirinho para mim.
Redação do Momento Espírita, com base em
texto escrito por Luciana Goldschmidt Costa.
Em 30.11.2017.