quinta-feira, 31 de julho de 2025

MINHA TERRA TEM PALMEIRAS

ANTÔNIO DE GONÇALVES DIAS
Composto em 1843, na cidade de Coimbra, Portugal, o poema Canção do Exílio é, hoje, sinônimo de seu criador, o poeta maranhense Antônio de Gonçalves Dias. 
Seus versos se misturam com profundidade em nossa cultura, e alguns deles aparecem na segunda parte do Hino Nacional. 
O crítico Agripino Grieco disse:
-Ninguém lê os poetas, mas raros são os brasileiros que não conhecem a “Canção do Exílio”. 
O poema representou, para o seu autor, um momento de grave dor e nostalgia. 
Em 1838, o maranhense havia partido para Portugal, decidido a se matricular na Universidade de Coimbra. 
Estava há quase cinco anos distante do Brasil, e quase adaptado à flora e à fauna europeia. 
Diz-se quase, porque a distância começou a lhe corroer a alma. 
Certo dia, ao se reportar à balada Mignon, de Goethe, encontrou algo como Conheces o país das laranjeiras? 
Para lá quisera eu ir! 
Retornaria ao Brasil em 1846, ano em que publicaria seu poema em sua obra de estreia, Primeiros Cantos
É sempre importante poder voltar a estudar tal peça literária, jamais com a intenção de banalização pelo insistente repetir, mas, sim, buscando aprender com suas belas reflexões nostálgicas: 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o sabiá; 
As aves que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá. 
Muitas vezes só aprendemos a valorizar o que temos, quando perdemos, ou nos afastamos daquilo em questão. 
Bens, lugares, pessoas, rotinas... 
Quando estamos mergulhados na experiência com cada uma delas, quase sempre nos falta a valorização necessária do que já possuímos. 
Alguns de nós precisamos, algumas vezes, ficar distantes de familiares para descobrir o quanto são importantes para nós.
Alguns filhos acabam precisando ficar distante dos pais por algum tempo, para reconhecer seu valor, seu amor profundo por eles. 
Alguns pais reconhecem apenas a falta que fazem os filhos, quando esses batem as asas na maturidade, e iniciam a construção de novos lares. 
Gonçalves Dias precisou estar distante de seu país, para reconhecer sua grandiosidade. 
Nestes dias de tantas críticas ao nosso país natal; nestes tempos em que se desenvolveu o vício de falar mal sempre, sem o compromisso da crítica construtiva, educadora, é necessário pensar um pouco. 
O literato brasileiro continua, em sua obra, dizendo: 
Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida, 
Nossa vida mais amores. 
Não há ufanismo pernicioso aqui, apenas a recordação de que precisamos valorizar mais o país onde tivemos a felicidade de reencarnar. 
As leis maiores do Universo nos revelam que não nascemos aqui por acaso. 
Temos papel importante a cumprir nas engrenagens sociais e morais terrenas. 
Amar o Brasil não significa elevá-lo acima dos outros. 
Não há necessidade de comparação para explicar o amor. Amar o Brasil significa fazer de tudo, fazer a nossa parte, com desvelo e abnegação, na construção de uma sociedade melhor. 
Redação do Momento Espírita, com base em pesquisa sobre Gonçalves Dias, encontrada no site www.rabisco.com.br, de autoria de Marcelo Xavier. Disponível no livro Momento Espírita, v. 8 e CD Momento Espírita, v. 33, ed. FEP. 
Em 03.09.2018.

quarta-feira, 30 de julho de 2025

NOSSA HISTÓRIA

Todos estamos escrevendo, dia após dia, a narrativa da nossa existência. 
Mesmo que não percebamos, deixamos registros no coração de cada um que encontramos ao longo da nossa jornada.
Cada escolha que fazemos é uma frase que escrevemos.
Cada atitude, uma linha. 
E o tempo vai costurando tudo, preenchendo páginas, formando capítulos. 
Capítulos felizes, de comemorações, de conquistas, de encontros e reencontros. 
Episódios de tragédias, de dores, de desconforto.
Importante que nos demos conta de que devemos ser protagonistas da nossa história, jamais meros figurantes.
Deus, com infinita sabedoria, nos concedeu o livre-arbítrio, esse poder de decidir, de mudar, de recomeçar, de fazer as melhores escolhas. 
Isso significa que não podemos ficar paralisados no passado, pensando nos capítulos já escritos e impressos. 
O que importa é o que decidirmos registrar nas páginas que ainda nos faltam redigir. 
O Mestre Jesus asseverou que somos reconhecidos pelos frutos. 
Exatamente como a árvore que não é julgada por sua aparência, mas pelos frutos que oferece ao mundo. 
Dessa maneira, não somos o que dizemos ser, mas o que apresentamos de bondade, de solidariedade e fraternidade por onde passamos. 
Narra um idoso, em fase terminal, que recebeu por semanas a visita de um vizinho. 
Ele era jovem e lhe trazia pão, flores, conforto, um sorriso, uma conversa amiga. 
Certo dia, confidenciou o jovem: 
-Penso que o senhor não se recorda. Porém, eu trago muito viva a lembrança em minha mente. Quando minha mãe ficou viúva, o senhor nos ajudou. Ofereceu-nos, por muito tempo, alimento, conforto e dignidade. Então, amigo, eu somente estou devolvendo. 
O enfermo sorriu, com os olhos marejados, e respondeu:
-Então, valeu a pena ter vivido. 
Esse homem gravara uma linda história no coração de um menino. 
Uma história feita de apoio e doação. 
Nada de grandes discursos ou palavras vazias. 
Como essa gravação ficara registrada com a tinta indelével da gratidão, soube ele, ainda nesta vida, quanto bem promovera, sem alarde. 
Pensemos, então, que capítulos estamos grafando nas entrelinhas da nossa jornada. 
O que nossos filhos, nossos amigos, nossos vizinhos poderão ler e contar a nosso respeito.
Se, por acaso, o resultado do que estamos produzindo não nos agradar, sirvamo-nos do tempo de que dispomos, ainda agora, para realizar a mudança. 
Alteremos o enredo do livro. 
Reescrevamos parágrafos, capítulos, quiçá elaboremos uma conclusão especial. 
Tudo recheado de compaixão, perdão, presença, carinho e atenção. 
O tempo presente é o cenário ideal para começar. Ou recomeçar. 
Tudo para que nos sintamos felizes, desde agora, pelas narrativas grafadas com a paixão de quem toma o lápis da vida com vontade de vivê-la, intensamente. 
Tudo para que, quando formos convidados a partir, possamos deixar sobre a mesa de cabeceira, um livro de páginas brilhantes. 
Um livro que amigos encontrarão, descobrindo como fomos um agente do bem. 
E recordem quanto influenciamos positivamente as suas vidas. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita
Em 30.07.2025

terça-feira, 29 de julho de 2025

QUANDO OFERTAMOS, POSSUÍMOS

DIVALDO PEREIRA FRANCO
JOANNA DE ÂNGELIS
A cidade de Vancouver, no Canadá, ficou marcada por uma grande tragédia no ano de 2025. 
Num festival de cultura popular, um motorista dirigiu um SUV diretamente sobre a multidão, causando um desastre de proporções gigantescas. 
Onze pessoas perderam a vida. 
Mais de vinte ficaram feridas. 
Da imensa sombra, no entanto, surgiu uma luz significativa.
Ela foi gerada por um adolescente: Andy Lee, que, naquele episódio, ficou sem o pai, a irmã e a madrasta. 
Todos vítimas do lamentável acontecido. 
Numa bela mobilização online, em pouco tempo, arrecadou-se cerca de um milhão de reais para ajudar o adolescente a recomeçar sua vida. 
Sabendo disso, ele postou um vídeo agradecendo, mas dizendo que doaria a quantia para ajudar outras famílias vítimas da tragédia, que precisavam mais do que ele. 
Como alguém pode, ou consegue, pensar nos outros num momento de tanta dor, possível revolta e estado de choque?
Só quem já descobriu a caridade verdadeira pode saber. 
Só quem conhece a arte de doar é capaz de sentir. 
* * * 
Quando ofertamos, possuímos. 
Quando recebemos, tornamo-nos devedores. 
A felicidade em poder repartir é sempre maior do que aquela que convida a acumular quando o próximo tem carência. 
A semente que se nega a sucumbir na terra, para desdobrar-se em vida, morre na inutilidade. 
Todavia, a que perece, esmagada no solo, revive com exuberância. 
Toda doação é uma sementeira para o futuro, que a vida se encarrega de multiplicar. 
Há moedas esquecidas que se podem tornar dádivas de importância: A hospitalidade fraternal. 
A expressão de cortesia. 
O gesto de amizade. 
A participação no sofrimento alheio. 
O sorriso gentil. 
Não custam dinheiro e, em certos momentos, são mais valiosos do que ele. 
 A caridade que se converte em triunfo pessoal naquele que a recebe, é sempre luz inapagável na vida de quem a pratica.
Assim, vivamos com otimismo na confiança integral em Deus e distribuamos alegria por onde passemos. 
Não deixemos ninguém se afastar de nós sem que leve um traço de bondade ou um sinal de paz da nossa vida. 
Quem se aproximou de Jesus, nunca mais foi o mesmo, jamais O esqueceu. 
* * * 
Vale a pena, de tempos em tempos, fazermos uma análise bem prática: 
O que podemos doar de nós mesmos? 
O que podemos doar do que temos e do que somos? 
De maneira periódica, é salutar realizarmos uma análise dos próprios bens, do que nos é supérfluo, do que é demais, daquilo que não mais nos seja útil. 
Tantos itens que apenas acumulamos por acumular.
Desapegar das coisas, a pouco e pouco. 
Não do que seja velho ou estragado, pois isso é quase óbvio.
Mas daquilo que está em demasia, que não nos acrescenta e pode muito bem atender ao necessário de alguém. 
O que podemos doar de nós mesmos? 
Quantas horas por semana? 
De que forma? 
Onde podemos auxiliar, fazer a diferença? 
Por vezes, a necessidade está bem próxima de nós. 
Basta que abramos os olhos para descobri-la. 
Pensemos sobre isso, lembrando: 
Quando ofertamos, possuímos. 
Quando recebemos nos tornamos devedores. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 7, do livro Momentos de renovação, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 29.07.2025

segunda-feira, 28 de julho de 2025

E SE FOR O ÚLTIMO ABRAÇO?

A vida não costuma dar certos avisos. 
Ela apenas segue. 
Às vezes, de modo suave, outras vezes abrupta, mudando o rumo dos nossos dias. 
Em nossa correria cotidiana, agimos como se houvesse tempo para tudo. 
E muitas coisas importantes elegemos para dizer em datas específicas. 
Por exemplo, falar o que sentimos, demonstrar carinho, oferecer um abraço.
Já pensamos que poderá não haver depois? 
E se o abraço dado hoje for o último? 
Essa é uma pergunta que nos confronta com o que há de mais precioso e frágil: o tempo presente. 
Quando percebemos, foi-se. 
E o instante que ignoramos se transforma em saudade. 
Foi o que viveu Rafael, ao se despedir da mãe, no aeroporto de uma pequena cidade no interior do Estado do Paraná. 
Ela seguia para atender sua própria mãe, uma senhora com noventa e dois anos, como fazia regularmente. 
Antes de embarcar, ela e o filho trocaram um abraço longo, que expressava todo o amor que os unia. 
Um gesto simples, realizado inúmeras outras vezes. 
Contudo, esse haveria de permanecer na memória, de maneira indelével. 
Horas depois, o avião caiu. 
Não houve sobreviventes. 
O que ficou para sempre foi o amor e aquele abraço, o último.
A imagem desse abraço, registrada por uma câmera de segurança, tornou-se símbolo de tudo o que não pode ser deixado para depois. 
Ao compartilhar o momento com outras pessoas, Rafael disse:
-Não sabemos quando será o nosso último abraço. 
Ele e a mãe moravam em casas de frente uma para a outra, conviviam diariamente, dividiam silêncios e afeto. 
Agora, restou a saudade, as lembranças e o sentimento que os unia, pois esse sobrevive a tudo. 
A mãe tinha mãos inchadas pela artrite, mas não deixava de ajudar os outros, de visitar doentes, de oferecer um sorriso.
Vivia com simplicidade. 
Dizia que o essencial era suficiente. 
Era tranquila, firme, serena. 
Mais de uma vez afirmara que se considerava pronta para partir quando Deus a chamasse, que acreditava ter cumprido sua missão. 
Ela partiu com a dignidade de quem viveu com amor e fé. 
* * * 
Amai-vos uns aos outros: eis toda a lei. 
Essa máxima, quando compreendida de forma integral, nos convida a amar agora. 
A não adiar gestos, palavras, perdões ou afetos. 
A entender que o amor só vale quando praticado. 
E que é nos pequenos gestos que, muitas vezes, dizemos mais que com as palavras. 
Se há algo que a brevidade da vida nos ensina, é que o mais importante não pode ser deixado para depois. 
Um olhar demorado, um eu te amo são pequenos milagres do dia a dia. 
Serão eles que permanecerão na memória do coração, do sentimento, quando a pessoa querida partir para as fronteiras do Além. 
Serão eles que permitirão, com mais facilidade, o estabelecimento da ponte entre este mundo e o outro, a fim de que amenizemos a saudade com carinhos compartilhados nas asas do sono. 
Por isso, abracemos hoje. 
Olhemos nos olhos. 
Falemos com o coração. 
Se tudo isso for o último carinho no espaço físico, que seja o mais verdadeiro, profundo e inesquecível. 
Redação do Momento Espírita, com base em fatos. 
Em 28.07.2025

domingo, 27 de julho de 2025

MINHA RELIGIÃO

Assistindo a um programa de entrevistas na televisão, registramos um fato interessante. 
O repórter estava entrevistando um ex-jogador de futebol que foi contemporâneo de Pelé, Garrincha e outros mestres desse esporte. 
A entrevista transcorria de maneira agradável, pois o repórter conduzia a conversa fazendo correlação entre o futebol e a vida cotidiana. 
Em vários momentos o entrevistado deixou transparecer a sua boa conduta perante a vida. 
Era um jogador exemplar, um esposo dedicado e fiel, um pai amável e companheiro. 
Não era dado a farras e bebedeiras. 
Sempre foi benquisto pelos colegas de profissão. 
Em cada item desses, o repórter questionava: 
-Por que você age assim? 
E ele respondia: 
-É por causa da minha religião. 
Os valores expressados pelo desportista causavam agradável impressão ao telespectador. 
O seu exemplo de vida certamente despertou a curiosidade de muitos para saber qual era a religião que ele professava. 
O repórter, como que captando a curiosidade geral, fez a pergunta tão esperada: 
-E qual é a sua religião? 
Para surpresa de todos, o ex-jogador disse convicto: 
-Minha religião é que eu não tenho religião. Como sei que a minha vida vai acabar no túmulo, quero deixar para meus familiares uma boa imagem, um bom exemplo. 
O que mais nos impressionou no depoimento daquele homem foi a sua disposição firme de ser honrado, nobre, digno, mesmo acreditando que sua vida acabaria no túmulo.
Podemos dizer que seu exemplo deve provocar sérias reflexões naqueles que professam uma religião, que acreditam na imortalidade da alma, que têm fé em Deus e não agem como tal. 
Alguns acreditam, sinceramente, que o fato de seguirem esta ou aquela religião basta para que tenham sua felicidade futura garantida. 
Para que tenham um lugar de destaque no Além. 
No entanto, podemos afirmar, sem sombra de dúvidas, que o que importa para as Leis Divinas não é a bandeira religiosa que se ostenta, mas as obras realizadas. 
As leis de Deus darão a cada um segundo as suas obras.
Nada mais. Nada menos. 
Se assim não fosse, não seria justo. 
E Deus é a Suprema Justiça. 
A religião, portanto, é um meio para que se atinja um fim, que é o aperfeiçoamento do ser humano. 
Se a missão das religiões é ocupar-se com a alma, conduzindo-a a Deus, podemos concluir que a melhor religião é a que maior número de homens de bem fizer e menos hipócritas. 
Se a pessoa tem boa índole e não deseja se vincular a esta ou aquela religião, não deixará de entrar no reino dos céus, pois o reino dos céus, como afirmou Jesus, está dentro de nós, e não fora. 
No caso do ex-jogador, sua religião é a sua própria consciência. 
E sua consciência é uma bússola segura. 
De tudo isso podemos concluir que mais importante do que ter uma religião é ser um homem de bem. 
Não queremos dizer que não existam e não existirão homens de bem no seio das religiões, isso não. 
A História registrou e ainda registrará grandes vultos no meio religioso. 
Homens livres para amar a todos, sem barreiras nem preconceitos. 
O homem verdadeiramente livre e bom entende que nós somos todos filhos de Deus. 
Quando praticarmos o amor ao próximo como a nós mesmos cumpriremos o nosso objetivo na Terra. 
Uma grande família. 
Uma família que se abraça mais e sabe respeitar a todos independente de credo, raça ou condição social. 
Quando o amor nortear nossas vidas, não precisaremos mais lutar e matar em nome de Deus. 
Estaremos mais fortes para enfrentar outros tipos de desafios.
Respiraremos ares de paz e união. 
* * * 
Procure ser melhor hoje do que foi ontem e melhor amanhã, do que está sendo hoje. 
Seja um homem de bem, tentando acertar o máximo que puder para que, quando alguém lhe perguntar qual a sua religião, você possa responder: 
-A minha religião é o amor. 
Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita. 
Em 02.11.2011.

sábado, 26 de julho de 2025

A PRESENÇA DAS QUEDAS D'ÁGUA

EMMANUEL, ANDRÉ LUIZ
CHICO XAVIER
Deus permitiu a existência das quedas d’água para aprendermos quanta força de trabalho e renovação podemos extrair de nossas próprias quedas. 
Ao contemplar uma queda d’água, por vezes, não percebemos quanta força, quanto trabalho e renovação existe naquele lugar. 
A natureza nos dá constantemente exemplos de conduta edificante. 
São lembretes do Criador, marcas que deixou, sinais, para que não nos perdêssemos no caminho a seguir. 
O encerrar da noite nos fala sobre a necessidade de finalizar ciclos. 
A renovação da manhã nos convida a renascer sempre e proclama que toda escuridão passa. 
A rotação da Terra nos apresenta dias e noites, claro e escuro, contrastes e extremos sempre presentes. 
As estações trazem as cores diferentes da existência, em cada fase de nosso tempo aqui na Terra. 
Convidam também aos necessários recomeços. 
Observando a colmeia dinâmica e disciplinada percebemos a organização do Universo, a riqueza do instinto presente em todos os seres. 
Mirando o espetáculo de polinização realizada pelos pássaros, notamos a importância dos voos para além dos espaços conhecidos. 
Acompanhando o crescer silencioso do bambu debaixo da terra, extraímos a lição da paciência e da resistência, compreendendo que tudo tem seu ritmo. 
Deus está conosco, não apenas nas quedas d’água, mas em todo gesto de amor, de proteção, de cuidado. 
A natureza é boa. 
As leis de Deus também o são. 
Quando presenciamos uma tempestade devastadora sem a compreensão necessária, enxergamos apenas destruição, incômodo e mal. 
Precisamos perceber o que acontece em cada fenômeno, em cada mudança, em cada pequeno ajuste realizado pela Divindade. 
A eficaz limpeza da atmosfera espiritual durante as grandes chuvas nos passa despercebida. 
Não nos damos conta do reequilibrar da temperatura, do regar do solo, da alegria das fontes. 
Pensamos somente no imediato, no pequeno, no individual.
Somos parte importante de um todo majestoso, mas não somos tudo.
Não somos apenas, somos também. 
A presença das quedas d’água, assim como a presença do solo árido, dos insetos e pássaros, nos contam os segredos da vida maior, da vida espiritual. 
* * * 
Inspiremo-nos na natureza esplendorosa. 
Construamos nossos dias abraçados às maravilhas do Criador. 
Permaneçamos atentos, despertos, como aprendizes aplicados nesse cosmo infinito. 
Aprendamos com a natureza. 
Resplandece o sol no alto, a fim de auxiliar a todos. 
As estrelas agrupam-se em ordem.
O céu tem horários para a luz e para sombra.
A rocha garante a vida no vale, por se resignar à solidão. 
O rio atinge os seus objetivos porque aprendeu a contornar obstáculos. 
A ponte serve ao público sem exceções, por se afirmar contra o extremismo. 
O vaso serve ao oleiro, após suportar o clima do fogo. 
A pedra brilha, depois de sofrer as limas do lapidário. 
A semeadura rende sempre, de acordo com os propósitos do semeador. 
Reflitamos a respeito. 
Redação do Momento Espírita, com transcrições do cap. 35, do livro Agenda Cristã, pelo Espírito André Luiz e do cap. 12, do livro Companheiro, pelo Espírito Emmanuel, ambos psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB e IDE, respectivamente. 
Em 26.07.2025
https://momento.com.br/pt/index.php

sexta-feira, 25 de julho de 2025

DESAPEGO

Vivemos uma época de celebridades, apelos fáceis à riqueza, ao consumismo, às paixões avassaladoras. 
Transitamos aturdidos por um mundo em que o destaque vai para aquele que mais possui. 
Os comerciais de televisão, os anúncios nas revistas e jornais, os outdoors clamam: 
-Compre mais. Ostente mais. Tenha mais e melhores coisas.
É um mundo em que luxo, beleza física, ostentação e vaidade ganharam tal espaço que dominam os julgamentos. 
Medimos a importância das pessoas pela qualidade de seus sapatos, roupas e bolsas. 
Damos mais atenção a quem possui a casa mais requintada ou situada no bairro mais famoso e rico. 
Carros somente os que têm mais acessórios e impressionam por serem belos, caros e novos. 
Sempre muito novos. 
Tornamo-nos escravos dos objetos. 
Objetos de desejo que dominam nosso imaginário, que impregnam nossa vida, que consomem nossos recursos monetários. 
E como reagimos? 
Será que estamos fazendo algo – na prática – para combater esse estado de coisas? 
Percebemos que está nos desejos a grande fonte de nossa tragédia humana? 
Se superarmos a vontade de ter coisas, caminharemos muitos passos na estrada do progresso moral. 
Experimentemos olhar as vitrines de um shopping. 
Olhemos para os sapatos, roupas, joias, chocolates, bolsas, enfeites, perfumes. 
Por um momento apenas, não nos deixemos seduzir.
Tentemos ver tudo isso apenas como são: objetos. 
E digamos para nós mesmos: 
-Não tenho isso, mas ainda assim eu sou feliz. Não dependo de nada disso para estar contente. 
Mas há também os que vemos os outros como algo a ser possuído, guardado, trancado, não compartilhado. 
Então, nos escravizamos aos parceiros, filhos, amigos e parentes. 
Exigimos exclusividade, geramos crises e conflitos. Manifestamos possessividade e insegurança. 
Extravasamos egoísmo e não permitimos ao outro se expressar ou ser amado por outras pessoas. 
É, mais uma vez, o desejo norteando a vida, reduzindo-nos a tiranos, enfeiando nossas almas. 
Outros nos deixamos apegar doentiamente às situações. 
Um cargo, um status, uma profissão, um relacionamento, um talento que traz destaque. 
É o suficiente para nos deixarmos arrastar pelo transitório.
Somos os que amamos o brilho, o aplauso ou o que consideramos fama, poder, glória. 
* * * 
Qual o segredo para libertarmo-nos de tudo isso? 
A palavra é desapego. 
Mas... como alcançá-lo neste mundo? 
Pela lembrança constante de que todas as coisas são passageiras nesta vida. 
A receita é a superação dos desejos. 
Na prática, funciona assim: pensemos que as situações passam, os objetos quebram, as roupas e sapatos se gastam.
Até mesmo as pessoas passam, pois elas viajam, se separam de nós, morrem... 
Devemos estar preparados para essas eventualidades. 
É a dinâmica da vida. 
Pensando dessa forma, aos poucos, promoveremos a autoeducação que nos ensinará a buscar sempre o melhor, sem gerar qualquer apego egoísta. 
Ou seja, amar sem exigir nada em troca. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 6, ed. FEP.
Em 25.07.2025

quinta-feira, 24 de julho de 2025

VIDA PLENA

MARTHA MEDEIROS
Quem Morre? 
Este é o título de um poema de Martha Medeiros, que diz:
Morre lentamente quem não viaja, 
quem não lê, 
quem não ouve música, 
quem não encontra graça em si mesmo. 
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos. 
Quem não muda de marca; não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece. 
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante. 
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe. 

A escritora tem razão. 
Estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar. 
Estar vivo significa lutar todos os dias e acordar cada dia com a disposição de um grande navegador, que deseja enfrentar novos mares e descobrir novos continentes. 
É entrar na livraria para constatar das novas publicações. É se deter para ler a sinopse de algumas, mesmo que não possa adquiri-las no momento. 
Estar vivo significa se permitir o tempo para ouvir uma música.
É tentar entender o significado dos versos da canção que o rádio toca, de forma insistente, porque é a música do momento. 
Estar vivo é andar por ruas nunca andadas, pelo simples prazer da exploração. 
É deliciar-se com as descobertas. 
Uma praça verdejante, um recanto romântico, um abrigo natural. 
É sorrir para quem lhe sorri, sem antes ficar se perguntando:
-Por que será que ele está me cumprimentando? Não o conheço. 
Pode ser simplesmente um solitário, tentando obter a fortuna de um sorriso para sua jornada. 
Ou alguém que deseje viver um novo momento, com inusitada alegria. 
Estar vivo é tomar a decisão de, antes de se queixar de tudo de mal que acontece, apanhar um papel e enumerar todas as coisas ruins da sua vida em uma coluna. 
Em outra, enumerar todas as coisas positivas e verificar como se é rico de oportunidades. 
Mas não esquecer nada. 
A possibilidade de andar, a ventura de abraçar, a riqueza de ouvir, ver, sentir. 
O olfato que permite ficar inebriado de prazer com o perfume das flores, o tato que permite perceber a maciez da pele do ser amado, o paladar que dá o prazer de se deliciar com um feijãozinho com arroz, uma pizza ou um cachorro-quente. 
O café quentinho. 
O sorvete gelado. 
Estar vivo é desejar saber sempre mais. 
Interessar-se. 
É jamais admitir que se está demasiado velho para aprender.
É não deixar enferrujar o cérebro, por falta de estímulo de muitos quefazeres e novos entenderes. 
Estar vivo é viver no meio das pessoas, com as pessoas, inter-relacionando-se com elas. 
É conversar, responder perguntas, mesmo que pareçam tolas.
Quem tem os ouvidos cerrados a todo som, daria tudo para ouvir, mesmo que fossem aquelas coisas que recebem os adjetivos de tolices incômodas. 
* * * 
Alegre-se com o som da voz da sua esposa, do seu filho.
Encante-se com a bagunça da criançada. 
Sorria dos pequenos contratempos que lhe aconteçam. 
Em uma palavra: viva! 
A vida é uma maravilhosa descoberta diária, para todos os que não desistiram dela. 
Para todos aqueles que a veem como uma namorada, que espera ter todas as suas virtudes, belezas e encantos descobertos a pouco e pouco pelo companheiro que a deseja conquistar. 
Lembre que somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.
Redação do Momento Espírita, com citação de versos do poema Quem morre?, de Martha Medeiros. 
Em 24.07.2025

quarta-feira, 23 de julho de 2025

MINHA PRECiOSIDADE

Robertson McQuilkin e Muriel
Como acaba o amor entre um casal? 
Essa foi a pergunta que Roberto se fez naquela manhã. 
Em sua juventude, ele lera muito a respeito, especialmente para não deixar que a chama da paixão se extinguisse, na medida da soma dos anos de matrimônio. 
Lembrava de ter lido que o amor desaparece quando não existe reciprocidade, quando a outra pessoa não se comunica, quando deixa de haver um relacionamento físico, quando uma das partes se torna um fardo para a outra. 
E ele se esforçara para que cada dia fosse único para ambos.
Lembrava de comprar flores em comemoração nenhuma, somente para surpreender a esposa e a ver sorrir. 
Telefonava, em pleno expediente, só para dizer: 
-Amor, eu te amo! 
Mas, muito cedo, Muriel, a esposa amada, sucumbira nas sombras do Mal de Alzheimer. 
Por que chegara tão cedo, apagando a luz dos seus olhos brilhantes?
Ele a olhava e via que ela continuava a ser uma mulher adorável. 
Roberto deixara a profissão para se dedicar, inteiramente, aos cuidados dela. 
No entanto, tantas vezes, ele lhe falava, lhe falava, sem que ela conseguisse entender as palavras dele e muito menos lhe responder. 
Certo dia, um aluno o encontrou, no supermercado e lhe perguntou, de chofre: 
-Reitor, o senhor não sente falta do seu cargo, da sua atividade? 
Ele jamais pensara antes a respeito. 
Lembrou do quanto lhe era gratificante seu trabalho. 
Ao mesmo tempo, se deu conta do quanto tivera que aprender para cuidar da casa, cozinhar, atender as necessidades todas de sua amada. 
Naquela noite, em suas preces, abriu seu coração: 
-Pai Celeste, eu gosto do que estou fazendo. Não tenho nenhum arrependimento. Atender a mulher que amo, estar ao lado dela, cuidá-la, me faz feliz. No entanto, meu Pai, quando o treinador deixa o jogador no banco de reservas é porque não o quer no jogo. Então, me pergunto: por que me retiraste do jogo? 
Na manhã seguinte, como habitualmente, ele saiu com a esposa a caminhar, ao redor do quarteirão. 
Andavam lentamente, dadas as dificuldades dela. 
Ele a segurava firme pelo braço, a fim de lhe transmitir segurança. 
Um casal abraçado, andando na calçada... 
Um andarilho passou por eles. 
Por um instante, olhou os dois e comentou: 
-Muito bem. Gostei. Gostei disso. 
E seguiu pela rua, repetindo: 
-Gostei disso. Muito bem. Gostei.
Quando retornaram ao lar, as palavras daquele homem voltaram à mente de Roberto. 
Foi, então, que ele entendeu. 
O Senhor havia lhe respondido por meio da boca daquele andarilho. 
Em voz alta, como se desejasse que os céus ouvissem, falou:
-Tu me respondeste, bom Deus. "Muito bem. Gostei." Essa foi a Tua mensagem. Entendi. Eu posso estar sentado no banco de reservas, mas se estás gostando disso e dizes que é bom, é isso o que importa... Com certeza, Senhor, minha vida é mais feliz do que noventa e cinco por cento dos que vivem neste planeta. Muriel é minha preciosidade. E se me permites estar ao seu lado, ouvir os seus silêncios, olhar seus olhos que parecem apagados, mergulhados no vazio, eu agradeço. Obrigado, Senhor, por me permitir cuidar tão bem da minha preciosidade. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Ela é minha preciosidade, de Robertson McQuilkin, do livro Histórias para o coração 2, de Alice Gray, ed. Limited Pres. 
Em 20.06.2023.

terça-feira, 22 de julho de 2025

MINHA ORAÇÃO

JOANNA DE ÂNGELIS
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Minha oração é onde amanheço. 
Onde me reconheço no que peço a vós. 
Minha oração é feita de asa. 
Por vezes feita em brasa, levanto a voz. 
Minha oração busca o sublime. 
Um pouco de sol que me anime... os passos. 
Orar é ir à essência. 
Do Pai e do filho. 
Feliz experiência. 
Para a alma sem brilho 
Que quer algum luar. 
Orar com paciência. 
Pois quem espera sabe ouvir. 
Conselho, consciência. 
Que nos diz para onde ir. 
E que abraça sem julgar. 
Minha oração é onde amanheço. 
E onde me despeço da noite e do breu. 
Minha oração é feita de abraço. 
* * * 
O indivíduo é sempre o resultado dos pensamentos que elabora, que acolhe e que emite. 
O pessimista se autodestrói, enquanto o otimista se autossustenta. 
Aquele que acredita nas próprias possibilidades as desenvolve, aprimora e delas se serve, com segurança.
Aquele que duvida de si mesmo e dos próprios recursos, envolvendo-se em psicosfera perturbadora, desarranja os centros de força e se exaure, especialmente quando enfermo.
A mente que se vincula à oração, se ilumina sem desprender vitalidade. 
Ao contrário, mais se fortalece e expande a claridade que possui. 
A alma em oração adquire resistências no campo de suas energias, conquista forças indispensáveis para a manutenção dos equipamentos nervosos funcionais da mente e do corpo.
A oração revigora, a oração acalma, evitando os pensamentos viciosos e as ações impensadas que quase sempre trazem consequências infelizes. 
A oração sustenta, abre possibilidades, abre horizontes novos de inspiração, de observação e sensibilidade. 
A oração cura o outro, pois a rogativa sincera se faz bálsamo suave no ser que a recebe. 
Também a nós mesmos, pois quem acende uma candeia se ilumina por inteiro quase sem querer. 
A oração esclarece, pois quando o ser apresenta o que vai no íntimo profundo, se mostra como é, mostra seus valores e assim lança luz, sobre as áreas escuras da personalidade. 
A oração é uma conexão do Espírito com sua essência e, por isso, a mais bela forma de contato com Deus. 
Orar é se perceber frágil, em construção, humilde. 
Ao mesmo tempo, se sentir forte, vivo, pertencente a um Universo grandioso e mergulhado em amor infinito. 
Quem tem o hábito de orar e ora do fundo do coração, permanece mais tempo nas sintonias benfazejas, nos pensamentos elevados que, de muitas formas, vão purificando os hábitos mentais, a própria criatura. 
Quem ora está habitando o mundo de dentro e não apenas o de fora. 
Quem ora encontra forças para prosseguir na marcha, não importa a gravidade da batalha ou a delonga da guerra. 
Quem ora se prepara melhor para agir, pois entende que tem na prece um manancial de equilíbrio e sabedoria que o faz melhor nas ações. 
* * * 
Minha oração é onde amanheço. 
Onde me reconheço e também o meu irmão. 
Em minha oração eu vos agradeço.
Pelo primeiro parto, 
Pelo diário prato, 
E pela constante consolação. 
Redação do Momento Espírita, com base no poema Minha Oração, de Andrey Cecheler e no cap. 12, do livro Momentos Enriquecedores, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 18.10.2022.

segunda-feira, 21 de julho de 2025

VIVER COMO AS ÁRVORES

Que bela seria a vida se todos pudéssemos ser generosos como as árvores... 
Da semente pequenina, emergiríamos para o mundo trazendo impresso em nós apenas o desejo de servir. 
Observe: a árvore cresce e, em torno de si, espalha sombra, perfume e cor. Doadora. 
Em seu tronco adormecem os insetos, abrigam-se os animaizinhos. 
Por entre seus galhos, pássaros fazem suas casas. 
Nascem flores em seus brotos. 
E o mundo se perfuma ao seu redor. Acolhedora. 
Gentis árvores, que estendem sombras aos que caminham sob sol forte, que oferecem frutos aos famintos, que alegram a existência de todos com suas cores. 
A árvore não escolhe a quem presentear com suas dádivas.
Não discrimina nem privilegia. Serve. 
A árvore segue o curso da natureza. Sempre produtiva e útil.
Não se detém para reparar o que fazem os outros, não anota dificuldades. Prossegue. 
Simples, precisa apenas de sol, água, ar e alimento. Nada exige. Cresce. 
E quando seus galhos se estendem em ramagens fortes, oferece-os para brincadeiras e divertimentos. 
Nela crianças fazem casas de brinquedo e balanços. 
Doa-se aos mais jovens. Concede. 
A árvore oferece tudo e nada espera em troca. 
Submete-se mesmo àqueles que, para lhe retirarem os frutos maduros, atiram-lhe pedras. 
A seiva escorre do tronco ferido, mas ela... Ah, ela tolera. 
A árvore, de raízes fortes e profundas, mostra-se firme, apesar da força das tempestades. Resiste. 
E se o velho tronco se mostra cheio de nós, apontando idade avançada, sempre há o frescor dos galhos novos, de brotos verdes-claros. Renova-se. 
Árvore cresce em toda parte, até em encostas de montanhas e em abismos perigosos. 
Mesmo em locais adversos, a árvore permanece imponente – sem perder a grandeza jamais. Forte. 
Busca na terra escura, entre pequenos vermes, lodo e estrume, o material com que faz os frutos deliciosos que saciam a fome de tantos. Transformadora. 
E se é abatida pelo machado da impiedade, ainda assim se transmuda em móveis úteis, casas seguras e calor em lareiras acesas. Perdoa. 
Silenciosa, a árvore cumpre sua trajetória. 
Deveríamos todos nós buscar nesse exemplo de generosidade, vindo da natureza, um roteiro de vida. 
Vale a pena viver assim: empenhado em ser útil, sem se deixar abater pelas tempestades emocionais, oferecendo dádivas a todos. 
Firme, dócil, generoso. 
Lembre que hoje é mais um dia de sua vida, em que surgirão dezenas de oportunidades de servir alguém, de perdoar ao outro, de ser útil e gentil, simples e amoroso. 
Seja hoje como a árvore que se cobre de flores e frutos para que os outros sejam felizes. 
* * * 
Nos quadros vivos da Terra, desde a sua formação, a árvore generosa é imagem da criação. 
É a vida em Deus que nos ama, que nos protege e nos cria, que fez a bênção da noite, e a bênção da luz do dia. 
É santa irmã de Jesus essa árvore estremecida: se vive, palpita em Deus; se morre, transmite a vida. 
Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais extraídos do cap. 43, do livro Cartilha da natureza, pelo Espírito Casimiro Cunha, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB Disponível no CD Momento Espírita, v. 14 e no livro Momento Espírita, v. 7, ed. FEP. 
Em 21.07.2025

domingo, 20 de julho de 2025

MINHA ÁRVORE DE AMIGOS

CHICO XAVIER E NEIO LÚCIO(espírito)
Existem pessoas em nossas vidas que nos fazem felizes pela simples casualidade de haverem cruzado o nosso caminho.
Algumas permanecem ao nosso lado vendo muitas luas conosco. 
Já outras, vemos apenas entre um passo e outro. 
A todas chamamos de amigos. 
Mas há muitos tipos deles. 
Cada folha de uma árvore simboliza um deles. 
O primeiro broto que nasce é o de nossos pais, que nos mostram o que é a vida. 
Depois vêm os amigos irmãos e os amigos filhos, com quem dividimos nosso espaço, para que possam florescer como nós. 
Passamos então a conhecer toda a família de folhas, a quem devemos respeitar e querer bem. 
Mas o destino nos apresenta a outros amigos, os quais não sabíamos que iriam cruzar nosso caminho. 
Muitos deles denominamos amigos de alma, de coração.
Esses são sinceros e verdadeiros. 
Sabem quando estamos bem, sabem o que nos deixa felizes.
Às vezes, um desses amigos de alma se instala em nosso coração. 
Então, o chamamos de amigo namorado. 
Esse dá brilho aos nossos olhos, música aos nossos lábios e chão aos nossos pés. 
Também existem aqueles amigos só por um tempo, talvez por umas férias, ou por uns dias, por umas horas. 
Eles também costumam colocar muitos sorrisos em nossas faces durante o tempo em que estamos juntos. 
Não podemos nos esquecer dos amigos distantes. 
Aqueles que estão na ponta dos ramos da árvore, que, quando o vento sopra, sempre aparecem entre uma folha e outra. 
O tempo passa, o verão se vai e o outono se aproxima. 
Então perdemos algumas de nossas folhas. 
Algumas nascem em outro verão, outras permanecem por muitas estações. 
Mas o que nos deixa mais felizes, são aquelas folhas que caíram e continuam à nossa volta, alimentando a nossa raiz com muita alegria, com recordações de momentos maravilhosos do tempo em que cruzaram nosso caminho.
Cada pessoa que passa em nossa vida é única, sempre deixa um pouco de si e leva um pouco de nós. 
* * * 
O verdadeiro amigo é aquele que sabe se alegrar com todas as conquistas. 
Oferece o amparo na hora da dor e da luta. 
Também sabe sorrir e partilhar alegrias. 
O amigo se faz presente nas datas significativas e deixa seu abraço como doação de si próprio ao outro. 
Incentiva sempre. 
Sabe calar e falar no momento oportuno. 
Pode estar muito distante, mas sua presença, sempre perto. 
* * * 
O verdadeiro amigo é uma bênção dos céus aos seres da Terra. 
Nos dias difíceis de Israel, Jesus conviveu com todos, sem deixar de ser Ele mesmo. 
Mostrou Sua amizade pelos discípulos e o amor pelas multidões. 
Aprendamos com a Sua vida a ser amigo de todos. 
Redação do Momento Espírita, com base em texto de José L. Borges, que circula pela Internet e no cap. 18 do livro Alvorada cristã, pelo Espírito Neio Lúcio, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. 
Em 27.02.2025

sábado, 19 de julho de 2025

QUANDO A IDADE AVANÇA

Passamos pela rua e observamos o casal de idosos parado em frente ao posto móvel policial. 
Os dois policiais jovens sorriram e responderam, cordialmente, às questões do senhor e da senhora, ambas de cabeças totalmente nevadas. 
O casal não estava ali para reclamar de alguma coisa.
Somente desejaria estabelecer um diálogo, conversar.
Sozinhos, sem ter com quem trocar ideias, em verdade, dialogam com quem quer que elas possam dar atenção.
Afinal, os filhos, tendo constituído sua própria família, estão distantes. 
Os amigos partiram quase todos para o mundo do Grande Além. 
Então, eles puxam conversa com a caixa do supermercado, no ponto de ônibus, na fila do banco, no posto de saúde.
E contam o que aconteceu no dia anterior, o pequeno acidente que quase os fez cair ao solo, os lances do último capítulo da novela, as notícias ouvidas no rádio, há pouco. 
Há quem seja gentil e os ouça. 
Até responda, demonstrando interesse. 
Mas, nem todos... 
Não pudemos nos furtar a tecer um paralelo, lembrando das crianças que saem do passeio e vão cumprimentando quem se encontrem pelas ruas. 
E insistem no cumprimento até receberem um retorno.
Acenam com a mão, mandam beijos... 
É comum acharmos graça, sorrirmos, e devolvermos os cumprimentos. 
Difícil não nos encantarmos com a fala delas, que mais parece algo despencando pela montanha abaixo. 
Isso porque elas desejam falar sem controle, misturando a narração da história que ouviram na escolinha com os personagens do desenho animado que assistiram, acrescentando ainda seus próprios comentários. 
Contam o presente que esperam ganhar no aniversário, uma festa que terão com seus amiguinhos. 
Por vezes, nem entendemos o todo da fala, mas sorrimos e nos esforçamos para dar uma resposta, fazer um comentário, que não parece tolo para esses pequenos, que têm uma lógica própria. 
E nos encantamos com eles. 
Crianças, joias de luz espalhadas pela Terra. 
Raios de sol brilhando nas nossas vidas. 
* * * 
Não é estranho que tenhamos tanta boa vontade com uma criança e nos manifestemos enfado com o idoso? 
Se atentarmos bem, ambos fazem a mesma coisa, têm a mesma atitude. 
Seria interessante que trabalhássemos nossa emoção. 
Por que agimos de maneira tão diferente? 
A criança é o botão que desabrocha. 
O idoso é uma flor que murchará, logo mais, se não receber a água da ternura, o ar do afago, o sol da compreensão. 
A criança necessita de estímulos para se desenvolver. 
O idoso necessita de atenção para obrigação de viver, para ter reabastecido seu bom ânimo. 
Olhamos a criança, contemplando o futuro, pensando no amanhã. 
Contemplamos o idoso, registrando a semana de ontem, o quanto produzido, contribuiu, ao longo dos anos, para a sociedade, para o mundo e o reverenciemos, no hoje. 
Ontem eles nos afagaram, nos atenderam, nos ouviram as mil tolices da infância, os queixumes da adolescência. 
Cabe-nos retribuir um pouco que seja. 
Pensemos: se a morte não resolver nos visitar com antecedência, teremos de chegar lá, um dia. 
E, da mesma forma, ansiaremos por quem nos dê atenção, nos ouça, tenha atitude de quem se importa. 
Semeamos para colher. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 19.07.2025

sexta-feira, 18 de julho de 2025

MIMOS DE DEUS

Já nos demos conta de como, em grande parte do dia, ou até na maioria deles, andamos com a máscara da preocupação afivelada na face? 
Quem nos veja, diariamente, talvez até pense que somos infelizes. 
Infelizes porque precisamos trabalhar muito, porque temos muitas contas a pagar, porque os filhos estão pedindo mais do que possamos dar, porque não nos sentimos realizados profissionalmente, porque não fomos aprovados no concurso para o qual estudamos tanto. 
Infelizes porque o namoro não deu certo, porque o Natal se aproxima, estamos de mal com a família e não sabemos como ou onde passaremos esses dias em que o mundo inteiro festeja, sorri, brinca, troca presentes. 
Somos, em verdade, muitos os que trazemos nos ombros o peso do mundo e vamos nos dobrando para o solo. 
No entanto, deveríamos nos exercitar, na Academia de Deus, levantando o nosso rosto. 
Se fizéssemos isso, poderíamos perceber as roseiras florindo no jardim do nosso vizinho, umas avezitas recém-saídas do ninho, ensaiando seus primeiros voos, entre os arbustos.
Poderíamos perceber que o sol brilha e sentir a carícia do calor em nossa face. 
Simplesmente, sentir. 
Oferecer mimos, sem data estabelecida, sem olhar para o calendário é próprio de quem ama. 
E ninguém nos ama mais do que Deus, nosso Pai. 
Um Pai tão amoroso que, na selva de pedra, faz brotar no minúsculo orifício do muro envelhecido uma pequenina flor.
Sozinha, mas tão viçosa. 
Para todos os que passam ela se enche de cor e se exibe. 
No gramado da praça, as pétalas caídas dos ipês criam aquarelas de beleza. 
Quando passeamos pela alameda de árvores frondosas, um vento brando sacode a ramaria e despeja pequenas folhas à nossa passagem. 
Somos uma pessoa tão importante assim, que nos é providenciada uma chuva de confetes naturais para nos saudar? 
Sim, somos muito especiais. 
Filhos do Dono do Universo. 
Filhos gerados na Luz e abençoados todos os dias com o dom da vida, com o acariciar do vento, a balbúrdia da tormenta, a composição artística das nuvens, o imenso céu azul e uma noite de estrelas. 
Tudo isso está aí, ao nosso redor. 
Somente continuamos entristecidos porque não alongamos o olhar, não levantamos a face, não nos permitimos ver a beleza que nos rodeia. 
Sim, estamos num mundo onde, conforme asseverou Jesus, teremos aflições. 
Contudo, não somente aflições. 
Para arrefecer a canícula, 
Deus providencia a brisa ligeira. 
Para amainar as dores da nossa alma, Ele nos oferece muitos mimos.
Exatamente como quem ama, o faz, a qualquer hora que o coração determine. 
São tantos mimos e tão constantes, que nos esquecemos de sermos gratos, nos esquecemos de que Ele existe e nos ama.
Quando pensarmos nisso, quando começarmos a usufruir de tantos agrados, todos os dias, sentiremos que nossas dores ficarão menos intensas, nossas cargas menos pesadas.
Aproveitemos os mimos de Deus, agora mesmo, agradecendo o dom da audição, que nos permite ouvir esta mensagem. 
O dom da visão que nos permite enxergar as maravilhas dos céus e da Terra. 
O dom da vida. 
Mimos de Deus. 
Sejamos gratos. 
Redação do Momento Espírita 
Em 28.06.2022.

quinta-feira, 17 de julho de 2025

DOUTORAS

Certo dia, uma mulher chamada Anne foi renovar a sua carteira de motorista. 
Quando lhe perguntaram qual era a sua profissão, ela hesitou.
Não sabia bem como se classificar. 
O funcionário insistiu: 
-O que eu pergunto é se tem um trabalho. 
- Claro que tenho um trabalho, exclamou Anne. Sou mãe. 
-Nós não consideramos isso um trabalho. Vou colocar dona de casa, disse o funcionário friamente. 
Uma amiga sua, chamada Marta soube do ocorrido e ficou pensando a respeito por algum tempo. 
Num determinado dia, ela se encontrou numa situação idêntica. 
A pessoa que a atendeu era uma funcionária de carreira, segura, eficiente. 
O formulário parecia enorme, interminável. 
A primeira pergunta foi: 
-Qual é a sua ocupação? 
 Marta pensou um pouco e sem saber bem como, respondeu:
-Sou doutora em desenvolvimento infantil e em relações humanas. 
A funcionária fez uma pausa e Marta precisou repetir pausadamente, enfatizando as palavras mais significativas.
Depois de ter anotado tudo, a jovem ousou indagar: 
-Posso perguntar, o que é que a senhora faz exatamente?
Sem qualquer traço de agitação na voz, com muita calma, Marta explicou: 
-Desenvolvo um programa a longo prazo, em laboratório e no campo experimental. (Na verdade ela deveria ter dito: dentro e fora de casa.) 
Pensando na sua família, ela continuou: 
-Sou responsável por uma equipe e já recebi quatro projetos. (Ela estava pensando em sua família e nos quatro filhos.) Trabalho em regime de dedicação exclusiva. O grau de exigência é em nível de catorze horas por dia, às vezes até vinte e quatro horas. 
À medida que ia descrevendo suas responsabilidades, Marta notou o crescente tom de respeito na voz da funcionária, que preencheu todo o formulário com os dados fornecidos.
Quando voltou para casa, Marta foi recebida por sua equipe: uma menina com treze anos, outra com sete e outra com três anos. 
Subindo ao andar de cima da casa, ela pôde ouvir o seu mais novo projeto, um bebê de seis meses, testando uma nova tonalidade de voz. 
Feliz, Marta tomou o bebê nos braços e pensou na glória da maternidade, com suas multiplicadas responsabilidades. 
E horas intermináveis de dedicação. 
-Mãe, onde está meu sapato? 
-Mãe, me ajuda a fazer a lição? 
-Mãe, o bebê não para de chorar. 
-Mãe, você me busca na escola? 
-Mãe, você vai assistir a minha dança? 
-Mãe, você compra? 
Mãe... Sentada na cama, Marta pensou: 
Se ela era doutora em desenvolvimento infantil e em relações humanas, o que seriam as avós? 
E logo descobriu um título para elas: doutoras sênior em desenvolvimento infantil e em relações humanas. 
As bisavós, doutoras executivas sênior. 
As tias, doutoras assistentes. 
E todas as mulheres, mães, esposas, amigas e companheiras: doutoras na arte de fazer a vida melhor.
* * * 
No mundo em que os títulos se fazem de importância, em que se exige sempre maior especialização, na área profissional, torne-se especialista na arte de amar. 
Como excelente mestra, ensine aos seus filhos, através do seu exemplo, a insuperável arte de expressar sentimentos.
Ensine a difícil arte de interpretação de choro de bebê e de secar lágrimas de adolescente. 
Exemplifique a renúncia, a paciência e a diplomacia. 
E colha, vitoriosa, ao final de cada dia, os louros do seu esforço nos abraços dos seus filhos e na espontaneidade de suas manifestações de afeto.
Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria ignorada, que circula pela Internet. Disponível no CD Momento Espírita, v. 18, ed. FEP. 
Em 17.07.2025

quarta-feira, 16 de julho de 2025

MIMO DE DEUS

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Narra uma velha lenda que Deus, após o magnífico feito da Criação, visitou o planeta azul. 
Era um dia de verão. 
O sol iluminava a natureza, traduzindo em beleza luzes, cores, perfumes e encantamentos. 
A brisa perfumada passava entre a folhagem das árvores, acariciando-as. 
As águas cantavam nos córregos, abundavam nos rios, atropelavam-se para despencar das alturas, em cascatas de tirar o fôlego. 
As aves bailavam nos ares, repousavam em ramos altos, cantando operetas recém compostas. 
As florestas exibiam sua imensa riqueza, na diversidade de espécies vegetais e animais. 
Montes altaneiros pareciam, apenas, a tudo observar, mostrando suas encostas floridas ou os picos altíssimos. 
E a Bondade Divina a tudo contemplava, jubilosa pela colaboração de tantos Espíritos que se lhe haviam associado à vontade para essa extraordinária produção. 
Então, buscou a obra-prima da Sua Criação: o ser humano, que enviara ao planeta tão amorosamente preparado para ele.
Foi encontrá-lo trabalhando o solo, com um instrumento rude.
O semblante marcado pelo cansaço e pelo suor. 
Transmitia mal-estar e desencanto. 
O trabalho lhe constituía desconforto inigualável, chegando quase a praguejar. 
Deus contemplou aquele filho amado, sabendo que lhe cabia trabalhar para seu próprio crescimento. 
No regato de água cristalina, ele tomou de um bolo de barro. Enquanto continuava olhando o homem revoltado, foi moldando, com Suas mãos, uma avezita. 
Era delicada e bela. 
O Senhor do Mundo lhe abriu o bico e determinou: 
-Tu serás a calhandra. Cantarás para que o ser humano se sinta feliz ao te escutar, espancando a tristeza e a revolta.
Lançou-a no ar e falou, com alegria: 
-Canta! 
Desde esse dia, quando o homem se aflige, recorda da calhandra. 
Então, sorri e murmura uma melodia. 
* * * 
A vida é uma bênção de Deus. 
Não importando as circunstâncias que nos envolvam, é sempre oportunidade de aprendizagem e evolução. 
Existir significa lutar, conquistar o infinito, inebriar-se de valores grandiosos e de conquistas sucessivas. 
Conseguir alcançar a vitória de viver, neste planeta, é honra que, de forma alguma, deve ser desprezada ou desperdiçada.
Dessa forma, ante as dores que nos chegam, roguemos o auxílio divino, e prossigamos. 
Ante os problemas que nos pareçam insolúveis, paremos um pouco, cheguemos à janela, contemplemos a paisagem, busquemos ouvir o canto da avezita. 
Extasiemo-nos com a melodia, emocionemo-nos com esse especial mimo que Deus nos ofereceu. 
E, gratos por respirarmos, gratos por usufruirmos de mais um dia no corpo físico, retornemos às nossas lides, enfrentando os desafios. 
Não desistamos de viver. 
Não nos permitamos esmorecer, desalentar. 
Pensemos em quantos apreciariam estar no mundo, como nós, com a possibilidade de encontrar amigos que nos sustentam, de usufruir do aconchego da família. 
A glória de viver. 
Jamais desistamos dela. 
Porque, por maiores sejam os problemas, lembremos de que tudo passa. 
O que quer que estejamos sofrendo, passará. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Suicídio, de Divaldo Pereira Franco, publicado na coluna Opinião, do jornal A Tarde, de Salvador, Bahia, em 8.9.2022. 
Em 15.03.2023.

terça-feira, 15 de julho de 2025

MILAGRE

O que nos vem à mente quando ouvimos a palavra milagre?
Algo inexplicável à luz dos sentidos e do conhecimento. 
Algo que, de alguma forma, anula as leis naturais. 
Na sua origem, o termo significava: coisa digna de se olhar, admirar. 
Apenas isso. 
Foi no decorrer dos tempos que a palavra começou a ganhar outras cores. 
As curas de Jesus, por exemplo, foram chamadas de milagres pelos observadores. 
O Evangelho de João destaca dois logo em seu início: o das bodas de Caná, com a transformação da água, por Jesus e a cura de um menino enfermo, filho de alto funcionário real.
Eram feitos sensacionais, impossíveis de serem realizados sem a ajuda divina. 
Por isso, denominados milagres. 
Esse entendimento continuou durante toda a Idade Média.
Thomás de Aquino dizia: 
-No milagre podem ser notadas duas coisas: uma é o que acontece, que é certamente algo que excede a faculdade da natureza, e neste sentido os milagres são chamados de potências ou virtudes. A segunda é a razão pela qual os milagres acontecem, ou seja, uma manifestação de algo sobrenatural. 
Algumas correntes, porém, ainda no período medieval, insistiam na ordem necessária da natureza, como aquelas que surgiram como as primeiras afirmações da ciência moderna. 
O filósofo Spinoza, no Século XVII, afirmou: 
Contra a natureza ou acima da natureza, milagre não passa de absurdo. 
Na sagrada escritura, só é possível entender por milagre a obra da natureza que supera a inteligência dos homens.
Resumidamente, de um lado tivemos aqueles que liam os milagres como acontecimentos fora da ordem natural das coisas. 
De outro, aqueles que ainda não os entendiam, mas que tinham certeza de que não eram ocorrências sobrenaturais, apenas fatos que ainda não tinham condições de serem explicados. 
Aos olhos dos ignorantes, a ciência faz milagres todos os dias.
Um físico, numa colina, com um papagaio ou pipa elétrica, provocando um raio sobre uma árvore, poderia ser chamado de milagreiro. 
Concluímos, portanto, que os milagres são apenas fatos dos quais ainda não conhecemos a causa ou como acontecem.
Antes do Espiritismo, a aparição de um Espírito ou a comunicação com alguém do além-túmulo, poderia estar na categoria das ocorrências miraculosas. 
Kardec, como homem de ciência, estudioso, buscou as causas, a natureza dos fenômenos, e nos mostrou que fazem parte das Leis Universais. 
É assim que a Doutrina Espírita vem, a seu turno, fazer o que cada ciência faz quando surge no mundo: revela leis até então desconhecidas e explica os fenômenos compreendidos na alçada dessas leis. 
* * * 
Contemplamos milagres todos os dias. 
A vida e toda sua exuberância, o corpo humano e seu funcionamento espetacular, as conquistas da inteligência que nos permitem realizar prodígios. 
São todas coisas dignas de admirarmos. 
Porém, nenhum desses milagres se compara aos que o amor pode operar. 
O amor reconstrói, o amor salva da escuridão, o amor nos faz encontrar potências na alma que não imaginávamos ter.
Dessa forma, dentre todos os milagres, os do amor serão sempre os mais grandiosos. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. XIII, do livro A Gênese, de Allan Kardec, ed. FEB; no Dicionário de Filosofia, de Nicola Abbagnano, ed. Mestre Jou e no livro De onde vêm as palavras: origens e curiosidades da Língua Portuguesa, de Deonísio da Silva, ed. A Girafa. 
Em 25.05.2020