segunda-feira, 7 de julho de 2025

MULHER E DEDICAÇÃO

CHICO XAVIER
Em uma de suas mais famosas canções, o ex-Beatle John Lennon cantou a opressão que vitimava mulheres em todo o Mundo. 
Lennon foi assassinado em 1980, mas suas palavras ainda são atuais, nesses dias em que vivemos. 
No Brasil, na Arábia ou na Índia. 
Na Antiguidade ou nas metrópoles de hoje. 
Em todas as épocas e povos, a mulher sempre teve sua posição atormentada pelas dificuldades do não reconhecimento de seu valor e de seu papel. 
Esforça-se, rompe barreiras, mas continua assombrada por um certo desprezo, nascido da aparente fragilidade que carrega. 
Em alguns locais o estigma é forte, bem visível, e oprime, fere, humilha. 
Em outros, a vida parece um pesadelo com a violência que assusta, com o terror que espalha. 
Basta ligar a TV, ou abrir jornais e revistas para ter notícias dos abusos impostos às mulheres. 
Vilipendiadas, desrespeitadas, caladas à força, elas prosseguem. 
Carregam famílias, assumem tarefas, adoçam os dias com o mel que só um coração delicado pode oferecer.
Mesmo nos países em que é valorizada, facilmente se percebe um certo desrespeito, um preconceito camuflado em piadas e risos irônicos. 
Sem falar nos salários mais baixos, nas avaliações que consideram mais o corpo que a inteligência. 
Ou você nunca notou? 
Por toda a parte em que se vai, basta abrir os olhos e ver as mulheres assinaladas pelo signo da generosidade. 
Por mais que trabalhem, sejam bem sucedidas, realizadas, o selo feminino é o da dedicação que não conhece limites. 
Quer prova disso? 
Observe as mães e esposas de atletas e artistas. 
Quem na maioria das vezes os estimula, torce, sacrifica as horas? 
Quem está, invariavelmente, ao lado deles, quando ninguém quer sonhar junto? 
Quem sempre acredita? 
E os filhos deficientes? 
Você já percebeu a presença materna ali ao lado?
Onipresente, forte, protetora. 
Todos os estudos na área de deficiência física ou mental revelam que a figura materna, na maioria dos casos, é quem apoia o filho e vai em busca de alternativas, terapias, equipamentos, médicos. 
Mão estendida, voz cariciosa, presença constante. 
Mães, irmãs, avós, esposas, namoradas. 
Sempre ao lado, de mãos dadas, com brilho nos olhos e força nos braços. 
Tanta dedicação muitas vezes tem um preço caro demais. 
A mulher acostuma-se ao sacrifício o tempo inteiro. 
E fica invisível. 
Passa a fazer parte da paisagem. 
Ninguém lembra de agradecer, acarinhar, sorrir de volta. 
Mas quem disse que ela se abate? 
Mulher é entidade forte, cheia de graça e de poder, capaz de fazer nascer borboletas. 
Capaz de fazer brilhar o sol. 
* * * 
Se nos cabe reconhecer no homem o condutor da civilização e o mordomo dos patrimônios materiais, na Terra, não podemos esquecer de identificar na mulher o anjo da esperança, ternura e amor. 
A missão feminina é espinhosa. 
Mas, efetivamente, só a mulher tem bastante poder para transformar os espinhos em flores. 
Redação do Momento Espírita, com pensamento final do verbete Mulher, do livro Dicionário da alma, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. Disponível no CD Momento Espírita, v. 18, ed. FEP. 
Em 07.07.2025.

domingo, 6 de julho de 2025

O MILAGRE DO ENXOVAL

Hermínio C. Miranda
Quando Regina se uniu a um grupo, que pretendia fazer enxovais para recém-nascidos pobres, foi logo estabelecendo normas. 
O enxoval não devia ser minúsculo, com peças para uma única muda. 
Era preciso pensar nos dias seguintes. 
Também não devia ser estilo qualquer coisa serve. 
Teria que ser feito com real capricho, como se fosse para o próprio filho. 
E o enxoval chegou a ter mais de cinquenta peças. 
Todas costuradas, com tecidos apropriados, porque afinal, a pele de um bebê pobre é tão sensível e delicada quanto a de um que nasce em lar abastado. 
E os enxovais começaram a chegar aos destinos. 
Alguns deles ocasionaram verdadeiros milagres. 
Como daquela jovem que foi ao hospital, entrou em trabalho de parto e não tinha uma peça sequer de roupa para seu bebê. 
Desleixo? Indiferença? De forma alguma. 
O que ganhava, trabalhando, mal dava para alimentar-se e ao velho pai, com quem vivia. 
O namorado, com quem se iria casar, logo descoberta a gravidez, morrera atropelado. 
O pai idoso disse que não queria que a filha voltasse para casa. 
Não queria a desonra de uma criança sem pai sob seu teto. 
A situação da jovem era trágica. 
O pedido de enxoval chegou para Regina.
E a tia da gestante o veio buscar, se surpreendendo com o volume recebido. 
Pensara em poucas peças, um cobertor. 
No entanto, o pacote era grande e com um laço lindo, envolvendo-o. 
Estava resolvido o problema da roupinha. 
Mas, para onde iriam mãe e filho, saindo do hospital? 
Dias depois, Regina soube do milagre que provocara o enxoval. 
A tia o levara para a casa do pai idoso, que não queria ver nada, nem saber de nada. 
Jamais sua filha pisaria em sua casa de novo, com um filho de ninguém nos braços. 
Porém, a senhora abriu o pacote, sob o olhar dele e notou que seu semblante foi se modificando. 
De repente, ele se sentou na cama e chorou. Depois de uns minutos, falou: 
-Desde que Deus está ajudando tanto, eu não posso deixar minha filha na rua. Diga que ela pode vir com a criança. 
O enxovalzinho, tecido em amor, impregnado de carinho, alcançou o coração daquele senhor, criado à antiga, com códigos rígidos que não podiam conceber uma mãe solteira. 
O amor expresso naquelas peças, por desconhecidas, convenceu o avô a fazer a sua parte. 
Naturalmente, não resolveu todos os problemas. 
Mas, restituiu para a jovem e sua menininha o teto que estava perdido. 
Podemos imaginar como se sentiu aquele Espírito, recém-chegado à Terra, envolvido nas vibrações amorosas das peças confeccionadas pelas voluntárias, que haviam lido, no Evangelho de Mateus: Estava nu e me vestistes... 
Também o Espírito do rapaz desencarnado, que deveria estar vivendo momentos de aflição porque amava a moça, queria casar-se com ela, ampará-la e à filhinha. 
Bem podemos chamar de milagre do enxovalzinho. 
Milagre do amor que transforma disposições rudes. 
Que diz a um bebê, sem palavras, que ele é amado. 
O amor é assim. 
Simplesmente sai pelo mundo distribuindo as suas bênçãos, sem olhar a quem, sem esperar reconhecimento algum. 
Quem disse que uma boa ação não transforma o mundo?
Redação do Momento Espírita, com base na Historinha IV, do cap. XXI, do livro Diversidade dos carismas, de Hermínio C. Miranda, ed. Lachâtre. 
Em 08.08.2022.

sábado, 5 de julho de 2025

E O SEMEADOR SE TORNOU ESTRELA

Lins de Vasconcellos 
Num dia frio, ele chegou. 
No avião, um amigo lhe deu as boas-vindas. 
Um Espírito amigo do Paraná, vindo das terras paraibanas, que fez história e benefícios pelo Estado. 
Alguém que deixou corpo e alma na terra das Araucárias: Lins de Vasconcellos. 
Jovem de todo, conheceu a antiga sede da Federativa, na rua Saldanha Marinho. 
Estava tão frio quando ele foi fazer sua primeira palestra, que, de forma discreta, foi se achegando às pesadas cortinas vermelhas que ornavam o auditório, desejando se envolver nelas. 
Era maio, mês das noites, dos ventos frios curitibanos. 
E ele vestia um terno branco de linho. 
Totalmente na moda.
Estava elegante nos seus moços anos, mas gelado. 
Anos mais tarde, adentraria o mesmo local, transformado agora na Sede Histórica, visitaria seu acervo e diria das vibrações do ambiente, no qual quase se poderiam ouvir as sugestões das vozes dos pioneiros, dos trabalhadores do ontem. 
O caminho de Ponta Grossa, ele se encantou com os pinheirais, com o relevo dos Campos Gerais, exigindo que o veículo parasse um pouco, para que ele pudesse admirar a paisagem. 
Conheceu amigos, reencontrou corações. 
Estabeleceu laços afetivos e criou uma ponte aérea de amizades: Bahia-Paraná. 
Alguém o chamou, sabiamente, de Semeador de estrelas. 
Ele as fez brotar em nossas mentes, a cada conferência, em que despejava, a mãos cheias, os conteúdos evangélicos, traduzindo as vozes dos imortais, aqueles que ele afirmava que se ouve uma vez e nunca se esqueceu mais. 
Ele é Cidadão Honorário de Curitiba e da Terra das Araucárias. 
Mais que tudo, é o amigo que ilumina veredas, deixando pegadas na estrada, a fim de que percorramos o caminho com segurança, para cima, para a frente, para o Alto. 
Quantas vezes esteve entre nós? 
Algum conto? 
Ou novas conferências, seminários, encontros, entrevistas nos oferecidos? 
O que é importante? 
As estatísticas mais valiosas não estão nos números, nem nas planilhas, mas nos efeitos nas vidas. 
Ele tinha mais horas de voo do que muitos pilotos comerciais.
Tinha mais experiências de auditório do que muitos oradores.
Mas, não que Ele era mestre e doutor, não era devassar a alma. 
Ele olhou, sorriu e perguntou: 
-Olá, como vai?
E, em um minuto apenas, esquecíamos a dor que nos levava a ele, a desesperança que nos abraçava há um pouco, a tristeza que desejávamos abandonar. 
Ele tinha mais anos de serviço no Paraná do que muita vida da maioria de nós. 
Na noite silenciosa de treze de maio, ele partiu. 
Olhamos para o céu e vimos uma estrela. 
E nos perguntamos se não seria o próprio semeador a brilhar.
Sentiremos saudades da sua voz, do seu sorriso, do seu abraço. 
Mas ele merece o aconchego do Divino Mestre, que, com certeza, o veio buscar. 
Seu coração, saudoso de tantos amores partidos antes, haverá de reencontrar agora. 
E milhares de abraços dos Espíritos cujas vozes interpretaram com seu verbo, pensamentos pensamentos grafou no papel...
Até logo mais, querido Divaldo! 
Haveremos de nos reencontrar. 
Redação do Momento Espírita 
Em O5.07.2024
https://momento.com.br/pt/index.php

sexta-feira, 4 de julho de 2025

O MILAGRE DO AMOR

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Percebendo as árduas lutas por que passam seus irmãos na face da Terra, um Espírito benfeitor ditou uma mensagem que intitulou O milagre do amor, e que é mais ou menos assim:
Quando a dúvida lhe chegue, maliciosa, indague ao amor qual a conduta a seguir. 
Quando a saudade avizinhar-se, tentando macerar-lhe o coração, refugie-se no amor e deixe que as recordações felizes iluminem a noite em que você se encontra. 
Quando a aflição aturdir-lhe o íntimo, chame o amor, para que a calma e a confiança predominem nas suas decisões.
Quando a suspeita buscar aninhar-se em seu coração, dirija o pensamento ao amor e a paz dominará as paisagens dos seus sentimentos. 
Quando a cólera acercar-se da sua emotividade, recorde-se do amor e suave balada de entendimento se lhe fará ouvida na acústica da alma. 
Quando o abandono ameaçar estraçalhar-lhe os sonhos, ferindo-lhe a alma, busque o amor, que lhe dará fortaleza para prosseguir, embora a sós. 
Em qualquer situação, dirija-se ao amor. 
Só o amor possui o correto entendimento de todas as coisas e fala, em silêncio, a linguagem de todos os idiomas. 
O brilho de um olhar, um sorriso de esperança, um gesto quase imperceptível... 
Um movimento rítmico, um aceno, a presença do ausente...
Um toque, a música de uma palavra só o amor logra transformar em bênção. 
Feito de pequenos nadas, o amor é a força eterna que embala o príncipe no leito dourado e o órfão na palha úmida. 
O amor é o único mecanismo que conduz o fraco às tarefas gigantescas, que impulsiona o progresso real; que dá dignidade à vida; que impele ao trabalho de reverdecer o pantanal e o deserto... 
Que concede alento, quando a morte parece dominar soberana... 
O amor é vida, sem o qual perderia o sentido e a significação.
Quando se ama, a noite coroa-se de astros e o dia se veste de sorrisos. 
O amor colore a palidez do sofrimento e o erradica. 
Sem este milagre, que é o amor, não valeria a pena viver. 
Em tudo está a presença do amor que provém de Deus e é Deus. 
Descubra o amor, e ame. 
Ame e felicite-se, colocando na estrada do amor sinais de luz, a fim de que nunca mais haja sombra por onde o amor tenha transitado a derramar claridade. 
Por tais razões, Jesus Cristo reuniu toda a lei e todos os profetas num só mandamento, cuja estrutura comportamental e finalidade última é o "amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". 
* * * 
O amor é de essência divina, e todos nós, do primeiro ao último, temos, no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado. 
Portanto, não tenhamos medo de amar. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 4, do livro Em algum lugar no futuro, pelo Espírito Eros, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Disponível no CD Momento Espírita, v. 4, ed. FEP 
Em 20.04.2024

quinta-feira, 3 de julho de 2025

QUANDO DEUS SE CALA

Alguma vez já nos sentimos assim: sozinhos, desamparados, como em meio a um imenso deserto? 
Oramos, pedimos, suplicamos auxílio, amparo... 
E tudo o que recebemos é silêncio. 
É natural que, em momentos de dor ou incerteza, esperemos por uma resposta clara, uma palavra de consolo, um sinal evidente. 
No entanto, muitas vezes, a resposta divina vem envolta em profundo silêncio. 
Será que esse silêncio expressa ausência, descaso da Divindade, indiferença? 
Ou será uma forma sutil de presença, que somente nosso desespero ou angústia não consegue perceber? 
Alguns relatos afirmam que, certa feita, durante uma entrevista, um jornalista perguntou à Madre Teresa de Calcutá, Prêmio Nobel da Paz de 1979: 
-Madre, quando a senhora ora, o que diz a Deus? 
Ela respondeu serenamente: 
-Nada, eu só escuto. 
O jornalista então continuou: 
-E o que Deus diz à senhora? 
Com a mesma calma, ela respondeu: 
-Nada. Ele só escuta. 
* * * 
Esse diálogo, simples e profundo, revela uma verdade espiritual grandiosa: a oração não precisa de palavras. 
E o silêncio, longe de ser ausência, pode ser comunhão.
Quantas vezes buscamos uma resposta audível, imediata, quando o céu, em sua sabedoria, apenas nos convida à confiança? 
É nesse silêncio que a alma se aquieta, que a fé se fortalece, que a Presença Divina se insinua sem alarde, sem barulho, sem urgência, mas com infinita delicadeza. 
Importante nos darmos conta de que nem sempre o alívio, o socorro vem sob a forma de soluções imediatas. 
Às vezes, se apresenta no simples fato de sabermos que não estamos sozinhos. 
De outra, chega o socorro na voz de um amigo querido, uma mensagem de bom ânimo, um abraço reconfortante de alguém que nos oferece o ombro amigo para o desaguar das nossas lágrimas. 
Como uma mãe observa, em silêncio, os primeiros passos do filho, pronta para ampará-lo no tropeço, Deus também nos observa com amor. 
Permite que caminhemos… que descubramos… que cresçamos. 
Ninguém mais sábio do que Ele, para intervir exatamente quando se faz o momento devido. 
Por vezes, a resposta divina é justamente a liberdade que Ele nos concede para viver as perguntas. 
Ele não apressa nossa jornada, não encurta os caminhos.
Mas jornadeia ao nosso lado, mesmo quando não ouvimos Seus passos. 
O Seu silêncio não é ausência, nem rejeição. 
É confiança. 
É a certeza de que podemos seguir. 
Que a dificuldade que se apresenta nos servirá de aprendizado. 
Que conseguiremos vencer. 
Então, se oramos e o céu parece calado, não desanimemos.
Talvez não haja palavras, mas há presença. 
Talvez não haja respostas, mas há direção. 
Talvez não haja sinais, mas há amor – sempre. 
O silêncio de Deus também é resposta. 
É cuidado, é confiança na nossa capacidade de seguir adiante. 
Deus não se cala por indiferença. 
Ele silencia... porque ama. 
Ele silencia... porque confia. 
Somos Seus filhos, criados por amor, alimentados por amor e com um único destino: a felicidade da perfeição. 
Redação do Momento Espírita 
Em 03.07.2025

quarta-feira, 2 de julho de 2025

A canção de qualquer mãe e pai

Lya Luft
-Que nossa vida, meus filhos, tecida de encontros e desencontros, como a de todo mundo, tenha por baixo um rio de águas generosas, um entendimento acima das palavras e um afeto além dos gestos – algo que só pode nascer entre nós. 
* * * 
Tais as inspiradas e inspiradoras palavras de Lya Luft, em sua crônica intitulada A canção de qualquer mãe
Quando o mundo elege algumas datas para celebrar o amor de mãe, de pai, de namorados, a escritora prefere escrever a seus filhos, enviando uma mensagem inesquecível de carinho e reconhecimento. 
Sim, pois sempre será honra inestimável ser pai, ser mãe.
Participar da Criação de Deus, mesmo que de forma singela, é razão de júbilo intenso no coração. 
Quando se vivencia o amor de pai, o amor de mãe, tudo passa a ser diferente – nós nos transformamos. 
Serão tempos diferentes, quando todas as nossas relações forem assim, como a da mãe que diz aos filhos: 
-Que quando precisarem de mim, meus filhos, vocês nunca hesitem em chamar: Mãe! Seja para prender um botão de camisa, ficar com uma criança, segurar a mão, tentar fazer baixar a febre, socorrer com qualquer tipo de recurso, ou apenas escutar alguma queixa ou preocupação. 
Sim, serão tempos diferentes esses... 
Tempos do amor que independe da presença e do tempo.
Tempos de nova compreensão sobre presença e sobre tempo.
O amor de mãe e de pai está mudando o mundo, pois estes estão mais maduros, mais atentos, mais vivos... 
Nada será como antes, quando finalmente compreendermos e vivenciarmos esse amor com toda sua força. 
Nada será como antes, quando os pais aprenderem a olhar nos olhos de seu bebê, dizendo: 
-Não sabemos o que nos uniu nesta nova família, se a afinidade intensa ou o compromisso inadiável perante as leis maiores, mas não importa: tudo o amor irá superar. 
Este será o dia em que escolheremos amar, antes de tudo.
O amor precisa ser uma decisão dentro do lar, dentro da vida.
Que em qualquer momento, meus filhos, sendo eu qualquer mãe, de qualquer raça, credo, idade ou instrução, vocês possam perceber em mim, ainda que numa cintilação breve, a inapagável sensação de quando vocês foram colocados pela primeira vez nos meus braços: Misto de susto, plenitude e ternura, maior e mais importante do que todas as glórias da arte e da ciência, mais sério do que as tentativas dos filósofos de explicar os enigmas da existência. 
A sensação que vinha do seu cheiro, da sua pele, de seu rostinho, e da consciência de que ali havia, a partir de mim e desse amor, uma nova pessoa, com seu destino e sua vida, nesta bela e complicada Terra. 
E assim sendo, meus filhos, vocês terão sempre me dado muito mais do que esperei ou mereci ou imaginei ter. 
Redação do Momento Espírita, com base em artigo de autoria de Lya Luft, publicado na Revista Veja, de maio/2010. 
Em 02.07.2025

terça-feira, 1 de julho de 2025

O MILAGRE DA DOAÇÃO

John e Stephanie Reid
O ano de 2019 foi especialmente doloroso para o casal John e Stephanie Reid. 
Por conta de um atropelamento, o filho único, Dakota, de apenas dezesseis anos, teve morte cerebral. 
Ainda que tomados de profundo sofrimento, o casal não teve dúvidas: optou pela doação de todos os órgãos do adolescente.
Um ano se passou. 
Certo dia, John recebeu uma encomenda, cujo remetente era justamente quem recebera o coração de seu filho. 
No pacote, havia um presente e uma delicada carta de agradecimento pelo generoso gesto do casal. 
Nas gentis linhas, os dizeres: 
Eis os batimentos cardíacos do Dakota. 
Tomado de emoção, John encontrou na caixa um sorridente ursinho de pelúcia no qual se lia: 
O melhor pai do mundo. 
Ao apertar a patinha do brinquedo, a audição de uma gravação levou aquele pai a saudosas lágrimas. 
O ursinho reproduz o som dos batimentos cardíacos de seu filho, que agora bate em outro peito. 
O coração de Dakota proporcionou vida a outra pessoa. 
Seu filho está vivo. 
Vivo também em outras famílias que, igualmente, foram ajudadas pela doação dos demais órgãos do menino. 
Um fazendeiro recebeu os rins e o pâncreas. 
Um rapaz de vinte e um anos agora pode enxergar graças às córneas de Dakota. 
Em uma entrevista, o pai afirmou: 
-Quando recebi o pequeno urso, meu coração ficou cheio de alegria. Doar órgãos é continuar o plano de Deus para a família doadora e para o destinatário. 
E finalizou, comovido: 
-A doação de órgãos faz com que nós e os receptores sejamos sangue. Somos uma família.
* * * 
Diante do transe da morte, muitas famílias recusam doar os órgãos de seus familiares. 
Uma das razões predominantes é o desconhecimento a respeito dos procedimentos que envolvem a retirada dos órgãos. 
Quando ocorre a morte encefálica, os médicos consultam a família a fim de pedir autorização para a doação dos órgãos do ente querido. 
Um doador pode salvar até oito pessoas.
Se desejamos ser essa pessoa que pode auxiliar outras vidas a prosseguirem sua jornada terrena, importante que deixemos expressa essa vontade para os nossos familiares. 
Dessa maneira, no momento da nossa morte, eles poderão agir com segurança e sem conflitos.
* * * 
Num mundo que conjuga muito mais o verbo receber, é preciso coragem para se doar. 
As oportunidades de progresso que nos são concedidas são tantas que, até durante a morte, podemos avançar no caminho que nos conduz a Deus, à paz, à felicidade.
Espiritualmente, o ser que desencarna não passará nenhuma necessidade por conta da doação de seus órgãos. 
Ao contrário, o bondoso ato somente o iluminará. 
Afinal, a doação de órgãos nos torna instrumentos da Misericórdia Divina. 
Uma vida retorna às moradas celestes, uma vida permanece neste plano. 
Por um grandioso gesto de caridade e benevolência, ambas se unem pelo amor. 
* * * 
A verdade é que a vida jamais cessa. 
A morte é apenas um Até breve e o amor é um laço que jamais se desfaz, ainda que nosso coração bata em outro peito. 
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base na biografia da Família Reid e com dados colhidos no site da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos. 
Em 30.06.2020.