terça-feira, 15 de outubro de 2024

MANSUETUDE E PODER

Huberto Rohden
A mansuetude é, por vezes, confundida com fraqueza espiritual, apatia ou indiferença. 
Pensa-se que a pessoa portadora dessa virtude está impedida de reclamar seus direitos e deve tolerar com passividade todos os abusos. 
Acredita-se que a mansuetude não combina com o poder, pois este tem se confundido com prepotência, despotismo e violência. 
Contudo, mais uma vez vamos encontrar na natureza lições preciosas a nos dizer que o verdadeiro poder anda de mãos dadas com a mansuetude. 
Na natureza tudo acontece com poder e silêncio, com um silêncio poderoso. 
O sol nasce e se põe em profunda quietude. 
Move gigantescos sistemas planetários, mas penetra suavemente pela vidraça de uma janela sem a quebrar.
Acaricia as pétalas de uma flor sem a ferir e beija as faces de uma criança adormecida sem a acordar. 
As estrelas e galáxias descrevem as suas órbitas com estupenda velocidade pelas vias inexploradas do Cosmo, mas nunca deram sinal da sua presença pelo mais leve ruído. 
O oxigênio, poderoso mantenedor da vida, penetra em nossos pulmões, circula discreto pelo nosso corpo, e nem lhe notamos a presença. 
A luz, a vida e o Espírito, os maiores poderes do Universo, atuam com a suavidade de uma aparente ausência. 
Como nos domínios da natureza, o verdadeiro poder do homem não consiste em atos de violência física, mas sim numa atitude de presença metafísica. 
Não se trata de fazer algo, mas de ser alguém. Quando um homem conquista o verdadeiro poder, toda a antiga violência acaba em benevolência. 
A violência é sinal de fraqueza, a benevolência é indício de poder.
Os grandes mestres sabem ser severos e rigorosos sem renegarem a mansuetude e a benevolência. 
O Criador, que é o Supremo Poder, age com tamanha mansuetude que a maioria dos homens nem percebe a Sua ação. 
Essa poderosa força, na qual todos estamos mergulhados, mantém o Universo em movimento, cria novos mundos a cada instante, faz pulsar o coração dos abutres e dos colibris, dos bandidos e dos homens de bem, na mais harmoniosa mansuetude. 
Até mesmo a morte, mensageira da liberdade, chega de mansinho e, como hábil cirurgiã, rompe os laços que prendem a alma ao corpo, libertando-a do cativeiro físico. 
Assim se expressa o verdadeiro poder: sem ruído, sem alarde e sem violência... 
* * * 
Sempre que a palavra poder lhe vier à mente, lembre-se do sol e de sua incontestável mansuetude. 
O sol nasce e se põe em profunda quietude. 
Move gigantescos sistemas planetários, mas penetra suavemente pela vidraça de uma janela sem a quebrar.
Acaricia as pétalas de uma flor sem a ferir e beija as faces de uma criança adormecida, sem a acordar. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. Bem-aventurados os mansos porque eles possuirão a Terra, do livro Sabedoria das parábolas, de Huberto Rohden, ed. Alvorada. 
Em 10.03.2011.

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

OS MANSOS HERDARÃO A TERRA

Em seu famoso Sermão da Montanha, Jesus enunciou uma série de bem-aventuranças. 
Uma delas se refere aos mansos, que herdarão a Terra. 
É interessante observar que os bens do mundo são habitualmente tomados pelos espertos e violentos. 
Ao longo da História, há inúmeros exemplos de rapinagem, escravização e violência cometidos pelos chamados fortes.
Os povos mais pacatos e ordeiros sempre são as vítimas preferidas. 
No âmbito individual, quem não é muito dado a violências e arbitrariedades também é mais visado pelos espertalhões. 
Até agora, essa felicidade dos mansos não foi corretamente entendida e percebida. 
O Espiritismo lança luz sobre a questão, ao ensinar a respeito da pluralidade dos mundos habitados. 
Segundo essa lição, o nível evolutivo dos mundos guarda relação com o dos Espíritos que neles vivem. 
Há os mundos primitivos, nos quais ocorrem as primeiras encarnações. 
Há os de provas e expiações, em que renascem seres já intelectualmente evoluídos, mas ainda viciosos. 
Há os de regeneração e paz, os felizes e os celestes ou divinos. 
A Terra da atualidade figura entre os de provas e expiações.
Isso significa que nela encarnam Espíritos com significativa evolução intelectual, mas com moralidade vacilante, revelada por inúmeros vícios e paixões. 
A experiência terrena se destina a promover expiações e provas. 
Expiações são trânsitos dolorosos voltados a fazer surgir o arrependimento no íntimo de quem se fez vicioso. 
Provas são testes para aferir a constância no bem e o vigor na luta. 
Nesse contexto, é normal que a vida seja trabalhosa e difícil.
Fora o caso dos missionários do amor, os habitantes do planeta lutam contra si mesmos no processo de aprendizado e sublimação. 
Mas o importante é que a transição para mundo de regeneração e paz está próxima. 
Trata-se do fim dos tempos de angústia. 
Por ora, os Espíritos mais rebeldes se encontram misturados aos demais. 
É por intermédio deles que são aplicados os testes mais duros aos candidatos à paz. 
No contato com criaturas difíceis, estes desenvolvem paciência, compaixão, serenidade e fé em Deus. 
Ao final, os mansos realmente herdarão a Terra. 
Porque quem persistir no mal, quem teimar em ser violento e esperto será degradado. 
Passará a viver em mundos inferiores, nos quais sua inteligência será preciosa. 
Neles, ao contato com seres primitivos, aprenderá a lição do amor que rejeitou aqui. 
Quando se regenerar, retornará ao convívio de seus amores que permaneceram na Terra. 
Ciente dessa realidade, preste atenção em seu viver. 
Você figura entre os candidatos à paz ou entre os que, por seu egoísmo, servem à purificação dos mansos? 
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 10, ed. FEP. 
Em 26.8.2016.

domingo, 13 de outubro de 2024

SIMPLES COMO AS POMBAS

A frase partiu da boca de um Poeta. 
Não escreveu livro algum. 
Conta-se que a única vez que algo escreveu foi no solo de uma praça, ante a exigência arbitrária do julgamento de uma mulher. 
O sábio Ecologista, que vivia a essência espiritual, em toda a pujança, jamais se descuidou de Seu entorno, fossem vegetais, animais ou seres humanos. 
Seu convite remete a profunda reflexão. 
As pombas são dóceis, pacíficas, tanto que sua imagem foi abraçada como símbolo da paz. 
Elas voam pelos céus, sem dar atenção às complexidades do mundo. 
Nada que signifique ignorância ou descuido. 
Ao contrário, sabedoria de quem vive o essencial. 
Como carecemos de simplicidade. 
Simplicidade no trajar, sem desejarmos requintes nas vestes e constante troca de figurino. 
Até mesmo porque a vestimenta com a qual precisamos ter maior apuro é a túnica nupcial, aquela exigida pelo senhor das bodas ao convidado desleixado. 
E essa somente conseguimos a custo de iluminação interior, que se manifesta, então, fazendo brilhar nosso corpo espiritual. 
Simplicidade na alimentação. 
Diversidade, sem exigências. 
O que nosso bolso possa comportar: cereais, frutas, legumes, sementes variadas que enriqueçam o cardápio. Sem exagero algum. 
Sem despendermos horas de empenho para conseguir aquela marca especial, única, segundo nosso entendimento. 
Não se trata de privação, mas de nos alimentarmos com a exata dimensão do que nos é necessário para sustentar nosso precioso instrumento de trabalho, o corpo físico.
Aprendamos a saborear o que nos chega à mesa, agradecendo ao Criador, alçando os olhos da alma aos céus.
Como fazem as pombas, em alguns momentos, quando sorvem a água e contemplam as alturas. 
Simplicidade na casa que nos abriga. 
Por vezes, colocamos tantos atavios que nos perdemos nas cores, nas formas geométricas e esquecemos de olhar o céu estrelado. 
Ou o sol que se espreguiça, abrindo as cortinas das nuvens, tentando despertar a manhã. 
Simplicidade no falar. 
É bom se instruir, aprender palavras novas, aprimorar-se sobretudo no idioma pátrio. 
Tudo para bem nos entendermos com nosso próximo.
Contudo, não nos sirvamos, em nossas expressões, de vocábulos complexos, difíceis de serem entendidos por quem não tenha alcançado a nossa instrução e o nosso conhecimento. 
O maior sábio que andou por este planeta se serviu de palavras simples, imagens plenamente conhecidas dos grupos aos quais se dirigia: pastores, homens do campo, pais e mães de família, pescadores, escravos. 
Abracemos a simplicidade para tornarmos menos complexa a nossa vida. 
Para desapegarmos de certas coisas materiais que elegemos como imprescindíveis. 
A simplicidade é uma jornada de desapego, um exercício de conexão com a beleza, com o nosso entorno, com quem está conosco todo dia e nos aguarda um Bom dia, um abraço, um carinho, um agradecimento. Imitemos as aves que peregrinam pelos céus, a quem o Pai de amor, em Sua providência, alimenta com os imensos campos de trigo e cevada, com as sementes dos Seus pomares e as dessedenta com a água cristalina das Suas fontes generosas. 
Sejamos como as pombas. 
Redação do Momento Espírita 
Em 11.10.2024

sábado, 12 de outubro de 2024

A MENSAGEM DE UM MENINO

Ele tinha apenas oito anos, contudo, detinha a sabedoria das grandes almas. 
Era uma criança no corpo. 
Mas, seu Espírito já se dera conta de que breve seria sua vida sobre a Terra. 
Generoso, como todas as almas nobres, a sua era a preocupação com outras pessoas. 
Como ficaria sua mãe sem ele, por exemplo? 
Quando soprou as oito velas do seu bolo de aniversário e sofreu uma nova e grave crise que o levou ao hospital mais uma vez, Peter resolveu fazer uma lista. 
Era uma lista de alguns itens que ele desejava executar, antes de morrer. 
Dos itens constava encontrar alguém que se encarregasse de retirar a neve da frente da casa. 
E isso não foi muito difícil, porque um dos vizinhos disse que teria prazer em assumir esse encargo. 
E, porque se preocupasse com a qualidade de vida de sua mãe, desejava conseguir, de alguma forma, que ela concluísse a canção que começara a compor quando ele nascera. 
Seria o reconhecimento e a consagração dela como compositora. 
Para si mesmo, duas coisas eram muito especiais: morrer em casa, cercado de seus amigos e colocar um grande mastro, frente à sua casa, sinalizando que era ali que Peter se encontrava. 
Ele iria morrer e desejava que os anjos soubessem onde ele morava, para o virem buscar. 
A mãe, descobrindo a lista e reconhecendo a sua importância, se esmerou e, mesmo com o coração a sangrar, concluiu a canção. 
Ela a chamou de O Salmo 151
Explicou que lera os cento e cinquenta salmos da bíblia, mas que nenhum deles traduzia a alegria que ela sentira ao dar à luz a seu filho. 
A dificuldade em conclui-la se dera em função da descoberta da enfermidade de que ele era portador e do pouco tempo de vida que teria. 
Todos os recursos possíveis foram empreendidos para que o convênio de saúde aprovasse cuidados ao pequeno enfermo, no lar. 
E, numa tarde fria, enquanto Peter se despedia da vida física, os amigos se reuniram para cantar, junto com sua mãe, O Salmo 151
Quando Peter deixou exalar o último e tranquilo suspiro, os olhos dos amigos se ergueram para contemplar a bandeira tremulando ao vento. 
E, em todos os corações, havia a certeza: a bandeira indicativa era desnecessária. 
Pela forma como suportara a enfermidade e as dores, como se preparara para a morte, pelo seu desprendimento e amor, os anjos sabiam, com certeza, onde estava Peter. 
E o tinham vindo buscar. 
* * * 
Existem Espíritos que estão entre nós por pouco tempo.
Especiais, destacam-se pela sua forma de ver e sentir a vida. Vêm e vão rapidamente. 
No entanto, a sua mensagem de amor é de tal forma forte, vigorosa, que deixam o aroma da sua presença indelével entre os que tiveram a ventura de com eles conviver. 
A sua lição é do amor que não se apaga, da bondade que se preocupa com o outro e da sábia resignação ante aquilo que não pode ser alterado. 
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base no episódio O Salmo 151, do seriado televisivo O toque de um anjo. Disponível no CD Momento Espírita, v. 16, ed. FEP. 
Em 12.10.2024

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

MANIFESTAÇÃO DO AMOR DE DEUS

Nem sempre a vida transcorre como desejaríamos. 
Muitas vezes, planejamos percorrer alguns caminhos, realizar alguns sonhos, e logo nos vemos encaminhados para outras estradas e outros desafios. 
Não raro olhamos em nosso entorno e desejaríamos outra realidade. 
Desejaríamos que fossem bem diferentes os nossos dias.
Menos horas de trabalho a fim de podermos gozar um tanto mais das delícias de viagens de lazer. 
Gostaríamos de um marido ou esposa de mais fácil trato.
Queríamos filhos mais amorosos e compreensíveis. 
Anelamos um ambiente de trabalho mais adequado, tranquilo, com pessoas mais gentis e agradáveis. 
Porém nem sempre nossos desejos se realizam. 
É verdade que ao nos endereçarmos a Deus, ao orar, frequentemente dizemos:
Seja feita a Sua vontade, assim na Terra como nos céus. 
Porém, na vida prática, no cotidiano nos esquecemos que a vontade de Deus se faz sempre. 
Porque Sua vontade é pura bondade, justiça e amor. 
Ela permeia toda a nossa existência, desde nossa criação.
Vela por nós desde os primeiros dias aqui na Terra, até o momento de retorno ao mundo espiritual. 
E na continuação da vida, o amor de Deus prossegue a nos conduzir os passos. 
Porém, tomados por um imediatismo, uma falta de paciência, uma fé vacilante, vamos imaginando que nossa vida deveria ter outro destino. 
Não raro pensamos que não merecíamos passar por essa ou aquela dificuldade. 
Enumeramos as pessoas que deveriam desaparecer de nosso convívio, pois só nos prejudicam, colocando-nos na posição de vítimas da vida, como se assim pudesse ser. 
Porém o amor de Deus alcança a todos nós, em todos os instantes da existência. 
Construir esse entendimento nos faz um pouco mais dóceis e resignados perante os revezes e as dificuldades que a vida nos oferece. 
Por mais difíceis que se mostrem os caminhos, por mais desafiadoras que as provas se apresentem, teremos a todo momento o amparo amoroso de Deus, podendo a Ele recorrer sempre. 
Para nos explicar isso, Jesus usa a simbologia dos pássaros, que mesmo sem semearem nem colherem, nada lhes falta, pois Deus provê as suas necessidades. 
Refere-se ainda aos lírios dos campos, que não tecem, nem fiam. 
Contudo, Deus, Nosso Pai, os veste de forma única. 
Por isso Jesus nos aconselha a não nos inquietarmos com o amanhã, fazendo-nos compreender que cada dia naturalmente trará suas necessidades e seus deveres. 
O que devemos fazer é sempre agir com retidão e justiça; com amorosidade e paz de espírito. 
No mais, Deus proverá. 
Assim, busquemos aceitar com alegria, disposição e fé o que a vida se encarrega de colocar em nossos caminhos. 
Um cônjuge de mais fácil trato talvez não nos ensinasse a paciência que hoje aprendemos a ter. 
Filhos mais compreensíveis talvez não nos dessem a oportunidade de construir o desprendimento e o amor incondicional que temos hoje. 
E um ambiente de trabalho mais fácil e gentil quem sabe não nos provocaria a desenvolver a gentileza, a benevolência e compreensão que carregamos em nós. 
Assim, a cada desafio que a vida nos impõe, ali também está o convite amoroso de Deus, nos chamando para o progresso e melhora íntima. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 27.10.2018.

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

AUXILIARES DE DEUS

É tudo tão maravilhoso, numa corrente de auxílio, discreta, constante, que a maioria de nós considera que tudo se deve ao concerto da natureza. 
O que devemos nos indagar é quem elaborou esse plano tão espetacular, tão bem formulado. 
Um plano que conta com auxiliares operosos, incansáveis e que não se desviam do propósito para o qual foram criados.
Não há rebeldias, não há motins, não há preguiça ou paradas em feriados ou férias. 
A ordem é sempre a mesma. 
Eventual desarmonia ou interrupções acontecem por decretos dos seres humanos. 
Assim é que observamos o trabalho da gralha azul, que, de tão extraordinário, mereceu criação de lendas e se tornou símbolo de um Estado do sul do Brasil. 
Homenageada em prosa, versos e canções. 
Canta-se que o pinheiro dá a pinha. 
A pinha dá o pinhão. 
Gralha azul leva no bico.
Vai fazer a plantação. 
É a síntese do que essa ave de plumas pretas e manto azul realiza entre as araucárias. 
Ela se alimenta das suas sementes. 
Previdente, pensando no amanhã, organiza verdadeiras despensas no solo, enterrando o que resta depois da saciedade. 
Com uma particularidade: a ponta fina para cima. Também remove a cabeça do pinhão, o que impede que apodreça no solo. 
Naturalmente, por armazenar em muitos e variados lugares, o resultado é que muitos desses tesouros ocultos brotarão, surgindo novas plantas. 
E quando ela voa, levando algumas sementes no bico, perde uma ou outra pelo caminho, descobrindo-se, então, tempos depois, aqui e ali um pinheiro solitário, no meio da mata.
Semeadora. 
Como sua irmã do Norte, a cutia, que, por seu tamanho e força, consegue romper o ouriço, a cápsula dura, lenhosa e esférica, que contém de quinze a vinte e quadro castanhas.
Igualmente, o que não consome, enterra em lugares diversos.
Muitas dessas castanhas germinarão, dando origem a novas árvores. 
Nunca se viu uma ou outra parar a sua faina, resolver trocar a sua alimentação, desistir do trabalho duro para conseguir a semente. 
Por sua vez, os rios igualmente se fazem condutores de vida, levando sementes para lugares distantes, deixando-as ao longo de suas margens, abandonando-as em algum trecho do seu percurso. 
E o vento, generoso, colhe algumas aqui, outras ali, e as leva para outras distâncias, depositando-as caprichosamente em seu percurso, como se quisesse surpreender os homens, que indagarão: 
-Como esse espécime veio brotar aqui? Quem plantou esse pinheiro? Quem semeou essa floresta? 
Coisas de Deus. 
Coisas de um Criador que elaborou tudo nos mínimos detalhes, da cadeia alimentar à proliferação das espécies.
Tudo corretamente pensado, sem erros de cálculos. Um jardim de delícias, um paraíso. 
E somente o homem, para quem tudo foi feito e foi ofertado, consegue desequilibrar esse projeto infalível e inigualável, em momentos de ação predatória. 
Poderíamos aprender tanto com a natureza: disciplina, perseverança, trabalho, amor. 
Por falar nisso, já plantamos uma árvore ou semeamos um jardim? 
Cultivamos alguma espécie de flor, de vegetal, mesmo que seja num pequeno vaso na varanda de casa? 
Redação do Momento Espírita 
Em 09.10.2024

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

MANHÃ ESPECIAL

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
Era para ser mais uma manhã como outra qualquer, do cotidiano da vida. 
Mas não foi... 
O trânsito, quase sempre caótico, fazia com que os motoristas permanecessem alguns minutos parados, nos semáforos.
Ninguém, com certeza, imaginava o que viria pela frente.
Sons e cores se misturavam naquele cenário, brindado pela natureza com um belíssimo sol de outono. 
Envoltos em seus pensamentos, cada qual programava a rotina daquele dia. 
Contas a pagar, clientes a atender, documentos a assinar, relatórios a revisar, refeições, encontros. 
De repente, a novidade. 
Já haviam, por certo, passado diversos ambulantes e entregadores de panfletos comerciais, quando aquele homem chamou a atenção de todos os que estavam próximos. 
Estava trajado de modo bem simples e com um colete, contendo o nome do jornal que vendia, naquele local. 
O sinal não demoraria a abrir, quando ele se deteve, por alguns segundos, junto à janela do passageiro de um dos carros parados no semáforo. 
Debruçou-se na janela, ante a surpresa e a expectativa dos dois homens que estavam naquele veículo. 
E não era por acaso. 
O rádio deles estava com um volume relativamente alto, que permitia aos demais motoristas ouvi-lo, mesmo que estivessem com as suas janelas fechadas. 
Fechadas, é bem verdade, como as portas, travadas pelo receio que temos, todos, neste nosso presente incerto, das ameaças da violência que ronda sobre nossas cabeças. 
De repente, a mágica. 
O homem passou a cantarolar, acompanhando a música e, empolgando-se, desfilou alguns passos bem ritmados, com extrema perícia e graça. 
Afastou-se, com o desenrolar de sua surpreendente dança, e abriu um sorriso, extremamente contagiante. 
Subiu na calçada, ainda com os jornais em punho, os quais, aliás, pareciam ser o seu par naqueles passos tão definidos.
Finda a dança, ele olhou para trás, esboçou um tímido sorriso, com um radiante brilho nos olhos, como a agradecer aos tais homens, ou mesmo ao infinito, pela oportunidade de compor a sua trilha sonora daquele árduo dia de trabalho. 
* * *
Interessante como a maioria de nós, para enfrentar o dia que começa, já sai de casa amargurada, aflita, sobrecarregada, impaciente, nervosa, agitada, aborrecida. 
Pensamos nos problemas a resolver, nos débitos a saldar, nas pessoas que teremos de atender e tantas coisas desagradáveis que enchem nosso cotidiano. 
Envoltos na rotina e na agitação do mundo moderno, esquecemos de bailar, de sorrir, de apreciar o tempo passar, de observar uma flor, um pássaro ou um cão, ou um ser humano igual a gente. 
Um ser humano que, mesmo diante de dificuldades, com parcos recursos materiais, sujeito a um subemprego, exposto às intempéries e aos maus tratos e grosserias de algumas pessoas, encontra motivos simples para abrir um largo sorriso, rindo para a vida, para que essa mesma vida, em seguida, possa lhe sorrir.
* * * 
Cultiva a alegria. 
Essa alegria que independe das coisas de fora, mas que nasce na fonte cantante e abençoada do solo do coração e verte abundante como um rio de paz. 
Com o que tiveres, exalta a alegria, embelezando a vida e vive em totalidade os momentos de felicidade que a vida te oferece. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Naquela manhã, de Marco Hiel Queren, da revista Harmonia, de junho 2001, ed. ADE/SC e no verbete Alegria, do livro Repositório de sabedoria, v. 1, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 13.7.2013.