Oramos, pedimos, suplicamos auxílio, amparo...
E tudo o que recebemos é silêncio.
É natural que, em momentos de dor ou incerteza, esperemos por uma resposta clara, uma palavra de consolo, um sinal evidente.
No entanto, muitas vezes, a resposta divina vem envolta em profundo silêncio.
Será que esse silêncio expressa ausência, descaso da Divindade, indiferença?
Ou será uma forma sutil de presença, que somente nosso desespero ou angústia não consegue perceber?
Alguns relatos afirmam que, certa feita, durante uma entrevista, um jornalista perguntou à Madre Teresa de Calcutá, Prêmio Nobel da Paz de 1979:
-Madre, quando a senhora ora, o que diz a Deus?
Ela respondeu serenamente:
-Nada, eu só escuto.
O jornalista então continuou:
-E o que Deus diz à senhora?
Com a mesma calma, ela respondeu:
-Nada. Ele só escuta.
* * *
Esse diálogo, simples e profundo, revela uma verdade espiritual grandiosa: a oração não precisa de palavras.
E o silêncio, longe de ser ausência, pode ser comunhão.
Quantas vezes buscamos uma resposta audível, imediata, quando o céu, em sua sabedoria, apenas nos convida à confiança?
É nesse silêncio que a alma se aquieta, que a fé se fortalece, que a Presença Divina se insinua sem alarde, sem barulho, sem urgência, mas com infinita delicadeza.
Importante nos darmos conta de que nem sempre o alívio, o socorro vem sob a forma de soluções imediatas.
Às vezes, se apresenta no simples fato de sabermos que não estamos sozinhos.
De outra, chega o socorro na voz de um amigo querido, uma mensagem de bom ânimo, um abraço reconfortante de alguém que nos oferece o ombro amigo para o desaguar das nossas lágrimas.
Como uma mãe observa, em silêncio, os primeiros passos do filho, pronta para ampará-lo no tropeço, Deus também nos observa com amor.
Permite que caminhemos… que descubramos… que cresçamos.
Ninguém mais sábio do que Ele, para intervir exatamente quando se faz o momento devido.
Por vezes, a resposta divina é justamente a liberdade que Ele nos concede para viver as perguntas.
Ele não apressa nossa jornada, não encurta os caminhos.
Mas jornadeia ao nosso lado, mesmo quando não ouvimos Seus passos.
O Seu silêncio não é ausência, nem rejeição.
É confiança.
É a certeza de que podemos seguir.
Que a dificuldade que se apresenta nos servirá de aprendizado.
Que conseguiremos vencer.
Então, se oramos e o céu parece calado, não desanimemos.
Talvez não haja palavras, mas há presença.
Talvez não haja respostas, mas há direção.
Talvez não haja sinais, mas há amor – sempre.
O silêncio de Deus também é resposta.
É cuidado, é confiança na nossa capacidade de seguir adiante.
Deus não se cala por indiferença.
Ele silencia... porque ama.
Ele silencia... porque confia.
Somos Seus filhos, criados por amor, alimentados por amor e com um único destino: a felicidade da perfeição.
Redação do Momento Espírita
Em 03.07.2025