domingo, 7 de dezembro de 2025

MORTES DE CRIANÇAS

Se a morte é uma das dores que mais ferem o ser humano, quando se trata de crianças a questão assume um tom de maior sofrimento. 
Vidas em flor, desabrochando, ceifadas e, algumas, de forma brusca. 
Acidentes no lar, no trânsito. 
Enfermidades que rompem de repente o fio da vida. 
Quando o problema é observado exclusivamente do lado físico, parece um enigma de solução impraticável. 
Entretanto, examinado do ponto de vista da imortalidade e do burilamento progressivo da alma, se poderá compreender. 
Por vezes, é o Espírito que solicita conscientemente certas experiências, como a da enfermidade e da morte prematura.
Ou então pode ser induzido a elas, dadas suas condições de Espírito em dívidas com a Lei. 
Em termos de imortalidade, para melhor entendermos, poderíamos recorrer a uma imagem bem terrena. 
É comum alguém se vincular durante um determinado tempo a uma certa tarefa. 
Encontramos amigos que efetuam longos cursos profissionais em lugares distantes de onde nasceram e outros que se afastam, por um prazo curto, da sua localidade para buscar especializações em outras paragens. 
Depois dos cursos, retornam ao local de origem. 
Entendamos assim que alguns Espíritos vêm para a Terra por um período muito curto para um curso especial, findo o qual regressam à sua verdadeira pátria. 
A espiritual. 
Por vezes, são Espíritos que vêm complementar vidas ceifadas prematuramente, por vontade própria, em encarnação anterior. 
É o caso de suicidas conscientes ou inconscientes. 
Criaturas que cortaram a vida vêm completar os dias, meses ou breves anos que faltaram naquela vida anterior. 
De outras vezes, são experiências que o Espírito solicita.
Sempre, contudo, os pais, de alguma maneira, se encontram envolvidos. 
No passado, terão contribuído para a loucura daquele ser ou se acham vinculados a ele por laços afetivos fortes, o que os credencia a recebê-lo na carne, agora. 
Ainda pode ocorrer a reencarnação de Espíritos com missões específicas. 
Eles vêm, como uma brisa suave e vivem conosco um breve período. 
Vêm para reconciliação dos pais, para encaminhamento dos irmãos ou outros parentes. 
Vivem e, ao partir, deixam um rastro de luz. 
São recordados como Espíritos amorosos e bons que só realizaram o bem. 
E na vida espiritual? Continuam crianças? 
Depende das condições evolutivas do Espírito. 
Alguns reassumem a forma que tinham antes de reencarnar, isto é, a adulta. 
Mas uma grande maioria permanece como criança, por um tempo mais dilatado. 
Alguns, até o momento de tornarem a ingressar na carne, em nova reencarnação.
Os Espíritos dos que morrem em tenra idade são amparados por companheiros dedicados na Espiritualidade. 
Recebem tratamento, exercícios, lições e muito carinho. 
Os meninos mais crescidos ajudam os menores e são auxiliares de enfermeiras que a todos amparam, como sendo filhos do coração. 
A melhor postura ante as mortes de crianças é a oração. 
Qual um telefonema sem fio a comunicação se faz, com serenidade e sem magoar os nossos pequenos. 
Corações de pais, dilacerados pela dor da partida, o excelente lenitivo é se tornarem pais e mães de crianças órfãs. 
Poderão não levá-las para o lar, mas assisti-las onde se encontrem, em nome dos seus próprios e como se eles fossem. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 19.12.2013.

sábado, 6 de dezembro de 2025

A MORTE NÃO MUDA NINGUÉM

Yan Stevenson
Há sempre os que afirmam que ameaçar o criminoso com a morte tem o dom de mudar sua disposição, refreando-lhe os impulsos, pelo temor de sofrer a penalidade fatal. 
Apoiados neste entendimento, defendem com vigor a pena de morte como a solução ideal para aliviar a pesada carga social de crimes e criminosos. 
O doutor Yan Stevenson, da Universidade da Virgínia, conhecido mundialmente por suas pesquisas em torno da reencarnação, teve oportunidade de dialogar com um jovem do Ceilão, que nasceu com marcas profundas pelo corpo.
Uma enorme cicatriz no peito e o braço direito atrofiado por completo. 
Tem ele recordações muito nítidas de trechos de sua vida anterior. 
Recorda-se de ter vivido antes no próprio Ceilão. 
Lembra-se de, conforme rezam as tradições daquele país, ter contraído matrimônio civil com uma jovem e marcado a data para a realização da cerimônia religiosa para alguns meses depois. 
Nesse período de tempo começou a construir a casa para onde deveria levar sua esposa e passou a sonhar com uma vida de muita felicidade. 
Contudo, com o passar do tempo, a moça apaixonou-se por outro rapaz e pediu o rompimento do compromisso. 
O jovem abandonado tomou-se de revolta e planejou terrível vingança. 
Mataria a noiva infiel e culparia o seu próprio rival. 
Assim pensou e assim fez. 
Numa noite escura, protegido pelas sombras, ele a apunhalou certeiramente no coração. 
Mas, foi visto por testemunhas. 
Foi preso, julgado e condenado a morrer pela forca. 
Renasceu como filho de seu irmão e, além da problemática física, também tinha lembranças atormentadoras do momento em que se faziam testes com a forca para ver se funcionava bem. 
Lembrava-se ainda dos dias que passou no presídio e que antecederam sua morte. 
A esse jovem, que tão bem recorda de sua morte na forca e a causa que a originou, perguntou o pesquisador doutor Yan Stevenson: 
-Se voltasse a acontecer com você o que aconteceu no passado, como você procederia? 
O rapaz respondeu prontamente: 
-Com toda a certeza, voltaria a matar. 
* * * 
Verdadeiramente, sacrificar a vida do criminoso não o educa, nem o regenera. 
A educação ou a reeducação é um processo lento, que não se realiza sem afeto e dedicação. 
Processo que se exterioriza nos atos do ser, mas que tem sua origem na intimidade da criatura. 
Para acabar com o crime, a violência, há que se percorrer o longo caminho da educação, que demanda esforço, dedicação e tempo. 
No entanto, exatamente como a medicação correta, agirá atacando o mal pela raiz, porque modifica a causa do problema e o transforma. 
* * * 
Na Bíblia encontramos anotações que nos informam que o Pai não quer a morte do pecador, mas sim a do pecado. 
E essa afirmação nos diz exatamente o caminho que devemos seguir quando pensamos em acabar com o mal que tanto nos aflige. 
Redação do Momento Espírita, com base no item A morte não muda ninguém, do Jornal Correio Fraterno do ABC, de novembro de 1998.
Em 27.08.2015.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

A FORÇA DE UMA NAÇÃO

Em 9 de abril de 1940, 
a Alemanha ocupou a Dinamarca.
Diferentemente de outros países ocupados, a Dinamarca manteve relativa autonomia. 
O governo e o rei Christian X deixaram claro que não imporiam leis antijudaicas. 
No entanto, à medida que a guerra avançava e a resistência dinamarquesa crescia, a relação sofreu alterações. 
Em agosto de 1943, o governo dinamarquês renunciou após os alemães exigirem o fim da resistência. 
Foi imposta a lei marcial. 
No final de setembro de 1943, Georg Duckwitz, um diplomata alemão, alertou líderes dinamarqueses sobre o plano de deportação dos judeus, agendado para a noite de 1º de outubro, durante a celebração do ano novo judaico. 
Essa ação contra os judeus foi vista como um ataque a todos os dinamarqueses. 
A forte integração da população judaica e o nacionalismo romântico da Dinamarca contribuíram para uma resposta unificada contra essa perseguição. 
Os dinamarqueses se organizaram para esconder os judeus em suas casas, hospitais, igrejas e barcos de pesca. 
Graças a essa solidariedade nacional, diga-se, única registrada durante o holocausto, mais de sete mil judeus escaparam para a Suécia, que ofereceu asilo. 
A travessia de Copenhague para a Suécia foi feita em barcos de pesca, com a ajuda de pescadores que transportavam os refugiados. 
Graças a essa união nacional, foram capturados pelos nazistas somente cerca de quatrocentos judeus, que foram enviados para o campo de concentração. 
Essa ação é um exemplo notável de resistência civil em massa. 
Uma nação inteira se mobilizou em solidariedade para proteger sua população judaica. 
Esse ato heroico é um farol eterno da força da união e da solidariedade humana. 
Diante da máquina de extermínio nazista, o povo dinamarquês, do rei aos pescadores, recusou-se a ser cúmplice da barbárie. 
Essa operação notável demonstra que a verdadeira grandeza de uma nação reside na sua bússola moral, não no poderio militar. 
A união em torno do valor inegociável da vida e da dignidade humana transformou cidadãos comuns em heróis. 
Eles provaram que, quando a empatia prevalece sobre o medo e o povo se levanta em nome de um ideal maior, é possível confrontar o mal. 
O resgate dinamarquês é uma lição histórica: uma nação unida faz a diferença no mundo, salvando vidas e preservando a própria Humanidade. 
* * * 
Quanto temos a aprender com esse evento. 
Aprender a nos unirmos para banir da nossa nação o terrível inimigo que a apequena, a corrupção, esse câncer que devora os recursos públicos, desviando-os da saúde, educação e segurança. 
O resultado é um desmonte dos serviços essenciais, enquanto uma minoria enriquece ilicitamente. 
Sofremos duplamente: com a falta de serviços e com a certeza da impunidade, minando nossa fé na justiça e na democracia. 
Quando nos uniremos pela honestidade, pelos princípios éticos? 
Basta querermos, começando pelo correto proceder individual.
Afinal, uma nação somente será invencível, grande e livre quando todos os seus filhos se unirem em torno do bem comum. 
Redação do Momento Espírita, com base em registros históricos. 
Em 05.12.2025

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

A MORTE NÃO EXISTE

James Van Praagh
Nos Estados Unidos, o livro Talking to heaven, que reproduz as conversas do médium Van Praagh, com os mortos, tem sido um sucesso. 
O autor do livro, que é o próprio médium, defende a tese de que não existe morte, mas apenas vida. 
A grande busca de livros como esse e outros do gênero demonstra o interesse dos homens pelo que vulgarmente se chama sobrenatural, nesta virada de milênio. 
O ser humano, trazendo em si mesmo a intuição da imortalidade, tem buscado ao longo dos tempos, provar que não é apenas um amontoado de ossos e músculos. 
Todavia, mergulhando no corpo físico, pelas portas da reencarnação, grande parte dos seres passa a duvidar da vida após a morte, quando deixa um ser querido nas portas do túmulo e dele se afasta por tempo indeterminado. 
Façamos uma comparação que talvez torne mais clara a questão da imortalidade. 
Imaginemos que um navio, carregado de emigrantes, parta para destino longínquo. 
Leva homens, mulheres e crianças de todas as condições, parentes e amigos dos que ficam. 
Algum tempo depois da partida, surge a notícia de que o navio naufragou. 
Nenhum vestígio resta dele, nenhuma notícia sobre sua sorte.
Acredita-se que todos os passageiros pereceram e o luto penetra em todas as suas famílias. 
Entretanto, a equipagem inteira, sem faltar um único homem, foi ter a uma ilha desconhecida, abundante e fértil, onde todos passam a viver ditosos.
Ninguém, todavia, sabe disso. 
Porém, um belo dia, outro navio aporta a essa terra e lá encontra sãos e salvos todos os supostos náufragos. 
A boa notícia se espalha com a rapidez do relâmpago e todos exclamam felizes: 
-Não estão perdidos os nossos amigos e familiares! 
E rendem graças a Deus. 
E, embora não possam se verem uns aos outros, correspondem-se e permutam demonstrações de afeto e, assim, a alegria substitui a tristeza e a saudade se transforma em esperança de um reencontro futuro. 
Tal é a imagem da vida terrena e da vida de Além-túmulo. 
O segundo navio, por comparação, seriam as inúmeras mensagens dos mortos, ditadas através dos médiuns, trazendo-nos a boa notícia da sobrevivência dos que partiram antes de nós. 
E, para quem busca, com sinceridade, as provas da vida após a morte, as encontrará na vasta literatura que fala sobre o assunto. 
* * * 
Durante o sono podemos manter contato com os seres que já partiram para a Pátria espiritual. 
Ao contrário do que se pensa, os encontros entre vivos e mortos são muito comuns. 
Tanto isso é uma realidade, que vários filmes e telenovelas enfocam o assunto com naturalidade. 
Assim, o fato de sabermos que as pessoas que amamos continuam vivas no Além-túmulo é, verdadeiramente, uma notícia consoladora. 
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base no item 62, do cap. I, do livro A gênese, de Allan Kardec, ed. Feb, e em Entrelinhas do jornal Gazeta do Povo, do dia 14/03/98. 
Em 17.08.2009.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

A BÊNÇÃO DOS NETOS

Rachel Naomi Remen
Sermos abençoados pela honra de receber em nosso lar Espíritos do Senhor, na forma de filhos, é uma alegria inigualável. 
Afirmam isso, fartamente, os sorrisos de mães e pais ante o recém-chegado, aguardado ansiosamente. 
Por vezes, ele surpreende, antecipando sua chegada, assustando pais jovens e de primeira viagem. 
Parentes, amigos acorrem. 
Todos querem ver o pequenino tão esperado. 
Os primeiros meses são de descobertas múltiplas. 
O primeiro sorriso, os primeiros balbucios, a primeira palavra.
Tudo se constitui alegria e surpresa.
E tudo é registrado: do primeiro banho aos primeiros passos.
Cada conquista é comemorada como uma grande vitória. Vitória de alguém que retornou para a Terra, servindo-se de um corpo frágil para adoçar ainda mais a vida dos pais.
Totalmente dependente. 
Tão frágil e tão arrebatador. 
Se, para os pais, tudo isso é enternecedor, podemos imaginar o coração dos avós? 
Conta uma médica que, quando ela nasceu, seu avô foi ao hospital para visitá-la na incubadora. 
Ela nascera prematura. 
Ele ficou fitando-a, longamente, através do vidro. 
Sua filha, vendo-o assim por longo tempo, parado, em silêncio, olhando a bebê, ficou preocupada. 
Pensou que talvez ele estivesse sentindo ansiedade ou mesmo aflição diante do minúsculo tamanho da menina.
Aproximou-se dele, no intuito de reconfortá-lo, mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele sussurrou algo. 
Ela não conseguiu ouvir exatamente e pediu que repetisse suas palavras. 
Com um sorriso, aquele avô reprisou: 
-Bendito sejas, Deus, nosso Pai, Rei do Universo, que me mantiveste vivo e me deste amparo, que me trouxeste inteiro para estar aqui neste momento. 
Era sua prece de gratidão pela dádiva da vida. 
* * * 
É maravilhoso alcançar a velhitude com a bênção de netos.
Filhos dos seus filhos. 
Tornar-se avô, avó é, de fato, uma das maiores e mais ternas venturas da vida. 
É como se o coração, maduro e experiente, ganhasse um novo e vibrante sopro de juventude, recheado de um amor que transborda e se multiplica de forma inesperada. 
É a bênção de ser pai, de ser mãe de novo, mas, desta vez, com a leveza da ausência de algumas obrigações mais pesadas. 
Os netos chegam como heranças preciosas, um presente totalmente grátis, como diz a poetisa Rachel de Queiroz, permitindo-nos desfrutar da pura alegria e da inocência infantil sem as angústias da criação. 
Os avós se permitem o prazer de paparicar, de contar aquelas histórias que só o tempo torna sábias, e de mimar sem a culpa do excesso. 
Ter um neto é como reencontrar a nossa própria criança interior. 
É voltar a ver o mundo através de um par de olhos curiosos e cheios de deslumbramento. 
É uma conexão profunda e mágica, um elo que transcende gerações, em que a sabedoria acumulada se encontra com a energia pura da vida que começa. 
O abraço de um neto é aconchego que cura, é a certeza de que o amor, o verdadeiro, se perpetua e floresce. 
É ser a raiz forte, mas também o porto seguro mais doce.
Uma infinita felicidade. 
Redação do Momento Espírita, com relato extraído da introdução do livro As bênçãos do meu avô, de Rachel Naomi Remen, ed. Sextante. 
Em 03.12.2025

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

COMO SE NÃO EXISTISSEM

Quando ansiosos, vivemos num tempo que não existe. 
Viver num tempo que não existe, na nostalgia de um passado que já foi ou na agonia de um futuro que ainda não é, é como se não existíssemos. 
Isso mesmo. 
Quando em estado de ansiedade, psiquicamente, estamos não existindo. 
Imaginemos o centro de uma grande cidade: carros, pessoas nas ruas, nos prédios e estabelecimentos. 
Então, vamos percebendo que algumas delas desaparecem, assim, do nada. 
Somem, deixam de estar ali onde estavam. 
Parece uma cena de filme ou série de ficção. 
Mas é quase uma realidade, quando pensamos em termos emocionais e psicológicos. 
Se não estamos ali, presentes, naquele instante, realizando aquela tarefa, com foco e disposição, é como se naquele instante, não existíssemos. 
Onde estaríamos? 
Falamos que a cabeça está em outro lugar.
Que lugar seria esse? 
Um lugar que não existe, que nossa ansiedade inventa por diversas razões. 
Se estamos tomando nosso café da manhã, mas não estamos saboreando o que ingerimos, nem prestamos atenção nas pessoas que estão ao nosso lado, é como se nesse momento nos tornássemos invisíveis. 
Não estamos ali. 
Pode parecer absurdo, drástico, mas quem sabe assim entendamos o quão grave é não viver o agora, não estar com as energias aplicadas em tudo o que fazemos e viver bem cada momento, extraindo tudo que ele possa nos dar. 
Isso vale para momentos bons e ruins, pois ambos são nossos professores. 
Se estamos no trânsito, ouvindo essa mensagem, ou em casa, mas nossa mente está nas questões que deveremos resolver logo mais, no problema de saúde que poderá vir a ocorrer, no medo de algo que está para chegar, estamos invisíveis. 
Invisíveis para nós mesmos. 
Vivendo num tempo que não é nosso nem de ninguém. 
Jesus, em Sua sabedoria, percebia essa nossa tendência de viver em outro tempo. 
Por isso, prescreveu: 
-Não vos inquieteis pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. 
O mestre não condena o planejamento, nem o sonho, mas a inquietação. 
Quando pensarmos no ontem ou no amanhã nos inquietando, aí estará a ansiedade, aí estará o mal. 
Como podemos constatar, desde recuados tempos tínhamos esse costume. 
Por isso, o Mestre precisou nos alertar: 
-Calma, o dia de amanhã cuidará de si mesmo. 
Em outras palavras, estava dizendo: 
-Quando for amanhã, vocês cuidarão do amanhã (que será o novo hoje). Basta a cada dia o seu mal. 
Temos tantas questões a resolver, tantas inquietações, desassossegos a serem resolvidos no tempo presente, então, por que estamos trazendo esses tormentos antecipados para nossas vidas? 
Cuidemos de nossa ansiedade. 
Suas consequências têm levado nossa paz e saúde.
Busquemos ajuda, busquemos recursos para administrar nossas emoções. Tenhamos fé. Sejamos confiantes. 
O mesmo Mestre que falou da inquietação pelo dia de amanhã também nos deu uma linda mensagem de tranquilidade, falando dos lírios do campo e das aves do céu.
O Pai os sustenta, como sustenta a todos nós. 
Por que, então, andarmos ansiosos? 
Redação do Momento Espírita com base no Evangelho de Mateus, cap. 6, vers. 25 a 34. 
Em 2.12.2025

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

QUANDO OS SINOS DOBRAM

-Quando os sinos dobram Vovó, como era no tempo da senhora, quando não tinha telefone, internet, celular ou whatsApp? Como as pessoas ficavam sabendo das coisas? Como as notícias chegavam? 
Perguntou a menina de olhos curiosos. 
A avó sorriu, ajeitou os óculos e respondeu com calma: 
-Minha querida, as notícias corriam de boca em boca, pelas conversas nas praças, pelos bilhetes entregues de mão em mão. E, quando alguém partia desta vida, havia um anúncio que ninguém deixava de ouvir na cidade: os sinos dobravam.
A neta arregalou os olhos. 
-Como assim os sinos dobravam? 
-Era assim: aquele sino grande ao lado da igreja tocava devagar, um toque compassado, profundo, que se espalhava lentamente pelo ar. Cada badalada dizia a todos: Alguém voltou para a Casa do Pai. Era como se a própria cidade parasse por um instante, em respeito e oração. 
* * * 
Há alguns anos, ainda era assim. 
Em localidades menores, ainda ocorre. 
O sino anuncia a notícia. 
Cada badalada é um convite à reflexão. 
Alguém deixou a Terra e retornou à pátria espiritual. 
Não se trata apenas de uma vida que se findou. 
É um lembrete de que todos estamos ligados. 

John Donne
O poeta John Donne escreveu que nenhum homem é uma ilha. 
A morte de qualquer pessoa afeta a todos, pois pertencemos à mesma Humanidade
Por isso, quando os sinos dobram, eles dobram por nós. 
Quando escutamos esse som, percebemos que não estamos diante de um fim absoluto, mas de uma passagem.
A vida não se encerra: ela se transforma, segue em outros horizontes, ainda que invisíveis aos nossos olhos. 
Do ponto de vista espiritual, compreendemos ainda mais profundamente esse chamado. 
Os sinos não anunciam apenas um adeus. 
Eles recordam que a vida continua. 
Aquele que parte não desaparece, retorna à verdadeira morada. 
Quando os sinos dobram, vagarosos e doloridos, nos convidam à oração pelos que seguem adiante. 
Convidam-nos também a viver melhor o presente, aproveitando o tempo para amar, perdoar e servir. 
E, para aqueles que choram a ausência de alguém querido, é preciso recordar: o amor não morre. 
O afeto não se apaga. 
Quem amamos permanece vivo, na lembrança que aquece, na saudade que é prova de ternura. 
Por vezes, o coração se revolta diante da partida repentina. Mas a fé nos recorda que ninguém desaparece. 
Aquele que se foi somente atravessou uma porta que todos um dia também atravessaremos. 
Mais cedo ou mais tarde, os sinos dobrarão por nós. 
Então, o que importará não serão as posses, os títulos ou os aplausos. 
Importará apenas o amor que semeamos, a bondade que espalhamos, a esperança que acendemos nos corações.
Portanto, se hoje os sinos dobram e nos lembram de alguém que partiu, permitamos que a saudade se transforme em oração. 
Enviemos pensamentos de paz, guardemos as lembranças felizes, confiemos que a vida é maior que a morte.
Lembremos: os vínculos do coração são eternos. 
O amor é o que permanece. 
Um dia, todos os reencontros acontecerão. 
Nesse dia, os sinos dobrarão, anunciando alegria. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 1º.12.2025